FINAL- Ratéorio 3- LEEI

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AVALIAÇÃO EXTERNA DO CURSO DE LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Pesquisadora responsável:

Sandra Zákia Sousa

Pesquisadoras Colaboradoras:

Cláudia Oliveira Pimenta

Maria Helena de Aguiar Bravo

Curso de Leitura e Escrita na Educação Infantil no município de Boninal/BA.

RELATÓRIO 3

AGOSTO DE 2023

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de cursistas por aula. Município de Boninal. 2023. 14

Gráfico 2 – Percentual de participantes em cada encontro síncrono em relação ao número de matriculados. Município de Boninal. 2023. 16

Gráfico 3 – Número de participantes e quantidade de encontros frequentados. Município de Boninal. 2023............................................................................................................. 17

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Dimensões e aspectos orientadores da coleta de informações da Avaliação Externa. Município de Boninal. 2023. 8

Quadro 2 – Informações relativas às entrevistas e entrevistados/as. Município de Boninal. 2023. ................................................................................................................ 10

Quadro 3 – Síntese das sugestões para o Curso LEEI, por grupo de profissionais. Município de Boninal. 2023........................................................................................... 49

Quadro 4 – Sugestões dos grupos profissionais entrevistados, relativas à estrutura do Curso. Município de Boninal. 2023. 51 Quadro 5 – Sugestões dos grupos profissionais entrevistados, relativas à interlocução e articulação com e na rede educacional. Município de Boninal. 2023.............................51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Organização do espaço físico da sala de aula. Município de Boninal. 2022.31

INTRODUÇÃO

O presente relatório trata da terceira e última etapa da avaliação externa do Curso de extensão e aperfeiçoamento profissional “Leitura e Escrita na Educação Infantil” (LEEI), realizado no município de Boninal-BA, entre março de 2022 e abril de 2023, conforme delineamento estabelecido no plano de trabalho acordado com a coordenação do Curso, o qual se realiza sob a responsabilidade da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, com apoio da Fundação Itaú Social.

O referido curso, estruturado em 120 horas e oferecido na modalidade a Distância, pautou-se pelo objetivo de formar professoras de Educação Infantil para que possam desenvolver, com qualidade, o trabalho com a linguagem oral e escrita, em creches e préescolas. Dessa forma, a avaliação foi delineada com o propósito de trazer elementos que propiciem“conheceraeficáciadocursoapartirdadefiniçãodeindicadores quepermitam aferir a sustentabilidade da concepção desenvolvida nas práticas docentes, no coletivo da escola e nas estruturas intermediárias de gestão” (UFMG, p. 7).

As atividades avaliativas se organizaram em três etapas, correlatas ao desenvolvimento do curso. No Relatório 1, entregue em setembro de 2022, foi analisado o contexto de implantação do curso. No Relatório 2, entregue em dezembro de 2022, foram analisadas as ações implementadas, buscando-se subsídios para manutenção, fortalecimento e/ou correção de rumos.

O delineamento adotado, os procedimentos de execução e os resultados das etapas anteriores da avaliação constam de relatórios próprios, cujo conteúdo foi divulgado e discutido com a coordenação do curso, com o propósito de subsidiar decisões de seu aprimoramento em processo.

Neste Relatório Final, entregue em agosto de 2023, após o término das atividades formativas, temos por objetivo a apreciação de resultados e efeitos do curso, de acordo com a percepção das diversas profissionais envolvidas em sua realização.

Não obstante, as dimensões sobre as quais se levantou informações para a avaliação externa permaneceram as mesmas ao longo da avaliação da implementação do curso, ou seja, no início do curso, durante a sua realização e ao seu término, de modo a “apreender fatores intervenientes na formação e apoiar decisões quanto à necessidade –ou não – de redirecionamento das ações” (SOUSA, PIMENTA, BRAVO, 2022, p. 5),

seja na sua oferta no município de Boninal, seja na sua oferta em outros municípios do país.

Em diálogo com as evidências trazidas por meio das atividades realizadas nas etapas anteriores da avaliação, a avaliação de final de curso buscou, por meio de entrevistas semiestruturadas com a equipe da Secretaria de Educação, com diretoras escolares, coordenadoras pedagógicas, professoras e tutoras do curso, coletar elementos que permitissem analisar e inferir suas repercussões em nível individual e coletivo, respectivamente: i) nos participantes em relação ao nível de satisfação com as atividades de formação ofertadas, às aprendizagens dos conteúdos e habilidades trabalhadas1 e à sua aplicação no trabalho da escola e/ou da rede de ensino; ii) nos planos, programas e organização do trabalho em nível da escola e da rede.

As informações e análises obtidas constam do presente relatório que, além desta introdução e das referências, se organiza em onze seções:

● NotasMetodológicas,queexplicitaosprocedimentosdecoletadedados eformas de análise empreendidas nesse relatório;

● Histórico e características da rede / sistema de ensino de Boninal para a Educação Infantil, que trata de informações coletadas no início da implementação do curso Leitura e Escrita na Educação Infantil e ao seu final, referentes ao grau de institucionalidade da rede de educação municipal de Boninal (BA), seu porte, oferta e atendimento à Educação Infantil e aos anos iniciais do Ensino Fundamental, espaço físico e infraestrutura das escolas, tecnologias e recursos digitais, bem como a organização, condições de trabalho e formação dos profissionais da educação infantil;

● Adesão à oferta do curso, onde são registrados dados sobre a frequência, nos encontros síncronos, das profissionais inscritas no Curso LEEI, que se realizaram on-line;

● Proposições e recursos relativos à leitura e escrita existentes na rede, que trata das propostas voltadas para a leitura e a escrita na Educação Infantil, existentes na rede municipal de educação de Boninal, anteriores ao Curso de Leitura e

1 As informações sobre resultados das avaliações de aprendizagem e outros dados relativos às atividades do curso serão trabalhados pela coordenação do curso, em relatório próprio, e as análises aqui apresentadas devem ser cotejadas com essas informações.

Escrita na Educação Infantil (LEEI), bem como de recursos que permitiram e/ou facilitaram a sua implementação;

● SuporteinstitucionaldaSecretariadeEducaçãonaofertadocurso,queexpõe aspectos referentes às condições institucionais que se evidenciaram importantes para a consecução dos propósitos da formação, as quais merecem atenção no planejamento de futuras ofertas do LEEI;

● Organização do espaço físico da escola e da sala de aula, que trata do planejamentoedaorganizaçãodoespaçofísicodaescolaesaladeaula,bem como da presença de estímulos à leitura e à escrita das crianças;

● Profissionais cursistas: concepções e discursos sobre ensino de leitura e escrita,queabordaaspossíveismudanças deconcepçãodasprofessoras cursistas, quanto à leitura e à escrita na Educação Infantil, o que poderia ter repercussões no trabalho escolar;

● Implementação do curso na visão das profissionais da rede, onde são registradas suas opiniões e sugestões sobre e para o Curso2

● Sugestões para futuras ofertas do Curso Leitura e Escrita na Educação Infantil, que sistematiza contribuições recebidas das diversas profissionais da rede para futuras ofertas do LEEI;

● Considerações e recomendações da avaliação externa, apresenta contribuições da equipe de avaliação externa para novas realizações do LEEI.

● Sobreocaminhotrilhadonaavaliação,registrasucintamenteastrilhas adotadas na avaliação, seguindo-se a apreciação das coordenadoras do curso sobre as opções feitas nessa trajetória.

1. NOTAS METODOLÓGICAS

A escolha dos procedimentos a serem adotados na condução da terceira e última etapa da avaliação externa levou em conta as contribuições oriundas das duas etapas

2 Buscou-se, também, coletar informações sobre autoavaliação das cursistas em relação à sua assiduidade nos encontros síncronos e sobre a realização e pontualidade na entrega das atividades solicitadas. No entanto, as manifestações obtidas não trouxeram novos elementos em relação aos explorados, pelas entrevistadas, em outros tópicos.

anteriores, delineando-se a sua organização com base nas evidências e revelações reunidas no decorrer do processo avaliativo.

Como procedimento para a coleta de informações sobre o desenvolvimento do curso, adotamos a entrevista semiestruturada e coletiva com profissionais envolvidas direta ou indiretamente com o curso, quais sejam: integrantes de equipes técnicas da Secretaria de Educação, diretoras escolares, coordenadoras pedagógicas, professoras e tutoras responsáveis pela sua execução das atividades. Também se solicitou que a coordenação do curso apresentasse um depoimento escrito sobre a condução dada ao processo de avaliação do curso e sobre as contribuições e limites das trilhas adotadas. Roteiros semiestruturados foram organizados para orientar a interação das integrantes da equipe de avaliação com os diversos grupos de entrevistados.

Além das informações oriundas das entrevistas, foram coletados dados para caracterizar como se deu a trajetória de acompanhamento do curso pelas participantes, identificando-se a frequência e a participação nas atividades síncronas. Esses dados decorreram de interpretação de planilhas disponibilizadas pela coordenação do curso, que registram a presença das cursistas em cada um dos encontros síncronos, bem como datas de matrícula e desligamento do curso.

Foram ainda levantadas informações sobre o contexto municipal, cotejando-as com a caracterização e análise apresentada no primeiro relatório, visando identificar alterações ocorridas nas condições, propostas e práticas vigentes na rede que possam ser relacionadas a orientações disseminadas no desenvolvimento do curso.

A coleta de informações relativa a indicadores educacionais se deu por meio de consulta ao Censo Escolar referente ao ano de 2022 e resultou em uma descrição comparativa, no início e ao final do curso, do porte da rede e de alguns fatores que expressam as condições de oferta da educação infantil em Boninal.

Com o propósito de identificar proposições e recursos existentes na rede no início e final do curso, em particular, projetos em realização pela Secretaria de incentivo à leitura e escrita na EI e/ou orientações pedagógicas sobre leitura e escrita na educação infantil disseminadas às escolas, foram incluídas questões nessa perspectiva nos roteiros de entrevista.

A definição do escopo da coleta de dados considerou as dimensões e dados que orientaram a avaliação desde a realização de sua primeira etapa3, reproduzidos no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1 – Dimensões e aspectos orientadores da coleta de informações da Avaliação Externa. Município de Boninal. 2023.

DIMENSÕES

HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DA REDE / SISTEMA DE ENSINO DE BONINAL –EDUCAÇÃO INFANTIL

ADESÃO À OFERTA DO CURSO

PROPOSIÇÕES E RECURSOS EXISTENTES NA REDE

SUPORTE INSTITUCIONAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA OFERTA DO CURSO

ORGANIZAÇÃO DAS ESCOLAS

PROFISSIONAIS CURSISTAS:

ASPECTOS A SEREM IDENTIFICADOS

Regulamentação / grau de institucionalidade da rede/sistema de ensino

Porte da rede municipal de educação de Boninal

Oferta e atendimento à Educação Infantil e aos anos iniciais do Ensino Fundamental do município de Boninal

Espaço físico e Infraestrutura das escolas do município de Boninal

Tecnologias e recursos digitais

Organização, condições de trabalho e formação dos profissionais da educação infantil

Informações sobre a frequência, nos encontros síncronos on-line, das profissionais inscritas no Curso LEEI

Iniciativas com foco em leitura e escrita na Educação Infantil

Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental

Condições institucionais para a consecução dos propósitos da formação

Planejamento Institucional

Organização do espaço físico da escola e da sala de aula

Acervo e materiais pedagógicos das escolas

Concepções de leitura, escrita e processos de alfabetização na Educação Infantil

3 Ver Relatório 1, Quadro 1 - Dimensões e aspectos caracterizados e respectivas fontes de dados.

CONCEPÇÕES, DISCURSOS E IMAGENS DE PRÁTICAS DE ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

IMPLEMENTAÇÃO

DO CURSO NA VISÃO DAS

PROFISSIONAIS DA REDE

SUGESTÕES PARA FUTURAS OFERTAS DO CURSO LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Atividades relativas à leitura e escrita ou que incidem sobre a leitura e a escrita, usualmente realizadas

Manifestações dos diferentes sujeitos, suas opiniões e sugestões

Autoavaliação das cursistas em relação à sua assiduidade nos encontros síncronos, realização e pontualidade na entrega das atividades solicitadas e participação no processo coletivo de aprendizagens (Ver nota de rodapé n 2).

Contribuições recebidas das diversas profissionais da rede para futuras ofertas do LEEI

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Destaca-se que, na terceira etapa da avaliação foram acrescentadas, em relação ao desenho inicial, as dimensões “implementação do curso na visão das profissionais da rede” e “sugestões para futuras ofertas do Curso Leitura e Escrita na Educação Infantil”.

Asinformações coletadas foram organizadas para análisecom basenos propósitos do curso LEEI e nas expectativas expressas por seus coordenadores em relação às condições necessárias para a sua oferta de modo remoto, por meio de atividades síncronas e assíncronas.

Espera-se que as análises produzidas com a avaliação venham a suscitar sugestões a serem apresentadas à secretaria de educação de Boninal que possam se constituir rm incentivoàaplicaçãodeproposiçõesdoCursoLEEI,bem comovenhamaapoiardecisões da equipe coordenadora do curso relativas à sua oferta por outros municípios do país.

AS ENTREVISTAS

As entrevistas foram realizadas entre os dias 10 de abril de 2023 e 11 de maio de 2023, deformaon-line,com o uso do aplicativo Google Meet. Foram obtidas informações e opiniões de técnicos atuantes na secretaria de educação, diretoras escolares, coordenadoras pedagógicas, professoras e tutoras do Curso Leitura e Escrita na Educação

Infantil em Boninal. Os roteiros utilizados nas entrevistas com as profissionais da rede e responsáveis pela oferta do curso são apresentados no Anexo A.

Foram entrevistados quatro técnicos/as da Secretaria de Educação, quatro diretoras de escola, cinco coordenadoras pedagógicas, sete professoras e três tutoras. As manifestações obtidas nas entrevistas foram transcritas na íntegra, com base em orientações fornecidas à responsável pela transcrição, relativas aos dados de identificação a serem anotados (data, duração, entrevistadoras, entrevistadas), sobre marcação de tempo e forma de registro de interjeições, modo de destaque de palavra ou expressão pronunciada com ênfase, entre outras indicações. O detalhamento das informações relativas às datas das entrevistas, entrevistadas, cargo/função, formação e experiência profissional estão registrados no Quadro 2, a seguir.

Quadro 2 – Informações relativas às entrevistas e entrevistados/as. Município de Boninal. 2023.

DATA ENTREVISTADOS/AS CARGO FUNÇÃO

10/04/2023 Erika

10/04/2023 Eliene

10/04/2023 Mariana

10/04/2023 Vassilane

12/04/2023 Andréa

12/04/2023 Cárcia Araújo

12/04/2023 Claudiana Reis

12/04/2023 Emílio Marques

12/04/2023 Jussara de Matos Dourado

12/04/2023 Flavia Mesquita

12/04/2023 Laine

12/04/2023 Rosangela Medeiros

12/04/2023 Norma

18/04/2023 Soraya Faria

18/04/2023 Maria do Carmo

18/04/2023 Rita

Diretora de Escola

Diretora de Escola

Diretora de Escola

Diretora de Escola

Técnica da Secretaria – Supervisora da Educação Infantil

Técnica da Secretaria

Técnica da Secretaria – Diretora Pedagógica

Técnico da Secretaria – Supervisor do Ensino Fundamental 1 e 2

Coordenadora Pedagógica

Coordenadora Pedagógica

Coordenadora Pedagógica

Coordenadora Pedagógica

Coordenadora Pedagógica

Tutora do curso

Tutora do curso

Tutora do curso 11/05/2023 Carla Pereira

Diretora de Escola 11/05/2023 Celma Rocha

Diretora de Escola 11/05/2023 Carlene

11/05/2023 Erilaine

Diretora de Escola

Diretora de Escola 11/05/2023 Bruna

Diretora de Escola 11/05/2023 Lucimar

Diretora de Escola 11/05/2023 Neilaine

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Diretora de Escola

As manifestações coletadas durante as entrevistas são apresentadas ao longo deste relatório, de acordo com as dimensões temáticas exploradas.

2. HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DA REDE / SISTEMA DE ENSINO DE BONINAL – EDUCAÇÃO INFANTIL

Esta dimensão trata de informações coletadas no início da implementação do cursoLeitura eEscritana Educação Infantil (LEEI)e ao final daimplementação do curso, referentes ao grau de institucionalidade da rede de educação municipal de Boninal (BA), seu porte, oferta e atendimento à Educação Infantil e aos anos iniciais do Ensino Fundamental, espaço físico e infraestrutura das escolas, tecnologias e recursos digitais, bem como aorganização, condições detrabalho eformaçãodos profissionais daeducação infantil.

De forma geral, não se observaram modificações nas características políticas e organizacionais da rede entre estas duas coletas de informações sobre o contexto municipal.

O município de Boninal possui sistema próprio de ensino, instituído pela Lei nº 737, de 11 de dezembro de 2017; Plano Municipal de Educação (PME) de Boninal, estabelecido pela Lei 718/2015 e alterado pela Lei nº 745/2018; Conselho Municipal de Educação de Boninal, estabelecido pela Lei nº 740, de 22 de março de 2018, com caráter consultivo e deliberativo; Conselhos do Fundeb e de Alimentação; Estatuto do Magistério, regulamentado pela Lei nº 454, de 07 de agosto de 1998 e Plano de Carreira e Vencimentos, regulamentado pela Lei nº 756, de 03 de fevereiro de 2020. A existência de tais normativas indica que o sistema municipal de educação de Boninal está devidamente regulamentado e institucionalizado o que, contudo, não significa que as normativas que referenciam a etapa da Educação Infantil esclareçam proposições e ações que vêm sendo conduzidas pelo município. O detalhamento das informações pode ser consultado no Relatório 1, de julho de 2022.

Também em relação ao porte da rede, nem pelos dados coletados pelo Censo e nem pelas entrevistas realizadas com as profissionais da Educação Infantil no município, se observaram modificações significativas no porte da rede, na estrutura física das escolas e em seus recursos pedagógicos.

De acordo com dados do Censo Escolar, referentes ao ano de 2022, a rede municipal de Boninal é composta por 22 escolas em atividade, todas vinculadas à Secretaria Municipal de Educação, sendo que parte considerável das unidades é multisseriada. A Educação Infantil é ofertada em 16 unidades e apenas uma delas é exclusiva para a etapa.

Em relação à Educação Infantil, até 2015 o município atendia somente a préescola. Em 2022 constata-se ampliação da faixa etária atendida, embora o município continue sem acolhimento para crianças de zero a um ano e 11 meses. Apenas uma creche atende crianças com dois e três anos, nas demais 15 escolas só são aceitas matrículas a partir de três anos de idade.

Além de limitações no acesso à escola, as condições de acolhimento também são precárias. Das 536 matrículas registradas na Educação Infantil em 2022 (154 em creches e 382 em pré-escola), 50,3% destas (59 matrículas na creche e 211 em pré-escola) são ofertadas nazonarural, ondeo atendimento das crianças éfeitoem classes multisseriadas, nas quais a professora acolhe simultaneamente, na mesma turma, estudantes em diferentes etapas de ensino, com idades, necessidades, interesses e níveis de conhecimento distintos.

Dentre as características das condições das escolas e das salas de aula, registradas no decorrer do Relatório 1, é oportuno destacar algumas que incidem diretamente nas possibilidades de as professoras acolherem, em suas práticas, as proposições sugeridas ao longo do Curso de Leitura e Escrita na Educação Infantil.

As escolas de Boninal carecem de espaços físicos voltados à esta etapa, pois, a quase totalidade não possui área verde, parque infantil, espaço de descanso para as crianças, sala de leitura ou biblioteca. No Censo Escolar 2022 não há registro de escolas que possuam sala de artes, música ou dança. Contudo, durante as entrevistas, as profissionais indicaram que como prática pedagógica, após a oferta do curso, houve reorganização de espaços pedagógicos, tópico que será abordado mais adiante neste relatório.

Ainda, não há programas específicos do município que propicie livros, materiais pedagógicos e brinquedos adequados à faixa etária das crianças e em quantidade suficiente, sendo que, nesse sentido, as profissionais da rede destacam os materiais recebidos no âmbito do LEEI.

a gente recebeu também uma grande quantidade de livros que foram doados pelo Itaú Social, em parceria com esse curso. Foi maravilhosa essa iniciativa, ampliou, sim, os acervos. E aí a gente conseguiu reativar essa sala, uma sala

pequenininha, não é ainda espaço, espaço físico não é ideal, mas aqui na sede a gente está tendo um aumento significativo de matrículas, muitos pais estão vindo da zona rural, o êxodo rural e, também, algumas firmas que estão vindo aqui, que vêm fazer construções, estão na cidade, estão vindo para cá. (Técnica da SME)

Nessa questão de material, assim, nós tínhamos alguns materiais, mas não da secretaria. Então, nós tivemos o material do Curso de Leitura e Escrita, o Itaú disponibilizou livros para os meninos, o que também ajudou, porque tinham muitas crianças que não tinham livro em casa, não tinha esse estímulo. (Professora)

Por iniciativa própria de determinadas professoras, alguns materiais dessa natureza são disponibilizados às crianças. Não se constatou a existência de recursos específicos para a educação indígena, educação do campo e educação especial

Sobre tecnologias, recursos e equipamentos digitais disponíveis nas escolas há evidências de que estão disponíveis em número insuficiente e demandam atualização e manutenção. Seu uso preponderante é para atividades administrativas e não para atividades pedagógicas. Foi mencionado que, durante a pandemia, houve uma formação sobre mídias digitais para subsidiar encaminhamento das atividades escolares por meio de ensino remoto. O detalhamento das informações pode ser consultado no Relatório 1, de julho de 2022.

3. ADESÃO À OFERTA DO CURSO

Neste tópico são registrados dados sobre a frequência, nos encontros síncronos, das profissionais inscritas no Curso LEEI, que se realizaram on-line. Depoimentos obtidos por meio das entrevistas com cursistas, que versam sobre o monitoramento da permanência ou abandono do Curso pelos técnicos da secretaria, coordenadoras pedagógicas e diretoras das escolas de Boninal serão explorados no decorrer do relatório. Para realização da análise de assiduidade das cursistas de Boninal, foram coletados dados de presença referentes aos encontros síncronos on-line, realizados entre o mês de março de 2022 e o mês de abril de 2023 (25 encontros). Não foram analisados dados das demais atividades, como tertúlias, oficinas, entre outros. Em Boninal, as cursistas foram alocadas em duas turmas (turma 7 e turma 8), com tutoras específicas. Entretanto, dada a redução no número de participantes em ambas as turmas, ao longo da implementação do Curso, ao início do segundo semestre de 2022 as cursistas foram agrupadas em apenas uma turma para a realização do restante do curso.

Inicialmente foram matriculadas 64 cursistas (29 na turma 7 e 35 na turma 8) e, ao longo dos primeiros encontros, houve aumento nas matrículas, chegando a 70 matriculadas no início do mês de junho (32 na turma 7 e 38 na turma 8).

Os encontros de 1 a 6, realizados entre março e junho de 2022, registram os maiores números de frequência às aulas, contudo, registravam pouco menos de 50% de assiduidade. A partir da aula 7, realizada em 07 de junho de 2022, 31 cursistas foram desligadas pela equipe gestora do curso, devido à sua abstenção, restando 39 professoras vinculadas ao curso até o final.

As informações referentes ao número de cursistas por aula síncrona on-line (inscritos, presentes e ausentes) ao longo de todo o Curso, 17 de março de 2022 a 26 de abril de 2023, podem ser observadas no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Número de cursistas por aula. Município de Boninal. 2023.

Fonte: Informações fornecidas pela Coordenação do Curso LEEI. Elaborado pelas autoras.

Os maiores números de abstenção foram registrados ao final do 1º semestre do ano de 2022, o que pode ter relação com a finalização do semestre letivo na rede e, também, com as festividades de São João, que são muito importantes na região e ocupam, nessa época, grande parte do trabalho das escolas e dos municípios.

E aí nós percebemos que quando vai lá para o finalzinho do ano essa curva também cai. Que é justamente o período de relatórios... relatórios individuais dos alunos. Enfim… E eu não sei se essa questão de final de unidade [...] esse

fechamento de unidade, reuniões de pais, relatórios das crianças, preenchimento de cadernetas, todas essas questões, impactam. (Técnica da SME)

As tutoras do Curso também apresentaram suas impressões sobre a baixa frequência e/ou desistência de parte das cursistas. Segundo elas, uma das explicações pode se relacionar à dificuldade de compreensão dos conteúdos tratados no Curso e outra ao fato de algumas pessoas, provavelmente, terem sido obrigadas a fazê-lo.

A gente percebeu do início do curso pra cá, que as pessoas que entenderam, permaneceram.Easpessoasqueentraramnocurso,talvez,porquetenhamsido obrigadas, ou porque achavam que se tratava de um outro assunto, acabaram desistindo. (Tutora do Curso LEEI)

[...] Quem queria participar, mesmo quando ficou infrequente, justificou e tentou recuperar de alguma forma. Agora, tem pessoas que entraram nessa formação que eu não sei te dizer se elas foram forçadas, porque elas foram no primeiro encontro e nunca mais apareceram. (Tutora do Curso LEEI)

Além disso, segundo as tutoras, o contexto cultural local parece ter colaborado paraabaixafrequênciaa partirdomêsdemaiode 2022,com oadvento das festasjuninas.

A participação de Boninal foi muito efetiva. Nos primeiros encontros, até quando começou o esvaziamento propriamentedito, por volta de final de maio, princípiodejunho;tinhatodoumcontextodefestasedecoisasqueelastinham que fazer por lá. (Tutora do Curso LEEI)

São João, minha filha. O São João na Bahia. É o evento. Tanto é que as férias delas são em junho [...]. (Tutora do Curso LEEI)

[...] a queda realmente em junho foi vertiginosa, tanto que a gente fez a aglutinação das duas turmas. [...] E a gente mandando recadinho e buscando as pessoas, e não tinha uma resposta. Aí a gente teve a informação de que tinha um movimento lá com relação às festas juninas, para eles é igual carnaval no Rio de Janeiro. Eles param tudo e se mobilizam. (Tutora do Curso LEEI)

Considerando a relação entre o número de matriculadas e o número de participantes em cada encontro síncrono, ao longo do curso, observa-se que em nenhum obteve-se 100% de presença, com variações no decorrer do período: três encontros contaram com até 50% de presença das cursistas; 7 encontros entre 50% e 60%; 11 encontrosentre61%e70%;etrêsencontroscompresençaacimade71%.Asinformações detalhadas são apresentadas no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Percentual de participantes em cada encontro síncrono em relação ao número de matriculados. Município de Boninal. 2023.

Fonte: Informações fornecidas pela Coordenação do Curso LEEI. Elaborado pelas autoras.

Com relação ao número de encontros em que as professoras participaram, observa-se no Gráfico 3 que 29 delas esteve presente de 0 a 3 encontros e apenas 13 professoras participaram de 19 encontros ou mais, o que representaria 75% do curso, percentual este estabelecido para a obtenção da certificação. Nesse cenário, 18% das professoras inicialmente matriculadas no curso o concluíram.

Gráfico 3 – Número de participantes e quantidade de encontros frequentados. Município de Boninal. 2023.

Fonte: Informações fornecidas pela Coordenação do Curso LEEI. Elaborado pelas autoras.

Com o propósito de minorar a evasão do curso, segundo as técnicas entrevistadas, uma das pessoas da equipe de coordenação do Curso enviava relatórios periódicos para a SME com informações sobre quantas pessoas estavam ativas no Curso, de modo que a Secretaria pudesse acompanhar e encetar encaminhamentos. Tais relatórios indicavam as cursistas que não estavam frequentando o Curso ou que haviam desistido. A constância dessa informação causou constrangimento à equipe da SME, segundo eles, dada a percepção que tinham sobre a qualidade do LEEI.

[...] chegou um momento, inclusive, que nós ficamos constrangidos. Porque a gente percebia a qualidade do curso e a gente percebia a dificuldade desses professores. Conversamos com a equipe,conversamos coma Ana Cláudia, [...] e a equipe que estava lecionando o curso, [...] porque estávamos constrangidos em perceber que muitos das nossas professoras, de acordo com os relatórios de Ana Cláudia, não estavam conseguindo acompanhar. (Técnica da SME)

A equipe técnica da Secretaria efetuou reuniões para pensar em encaminhamentos possíveis para garantir a permanência e a frequência das professoras no LEEI, tais como realizar pesquisa com as professoras para verificar a adequação dos horários do curso, disponibilizar horário na rotina das professoras para que estas pudessem estudar, além de estabelecer um diálogo mais direto com a gestão escolar para que esta pudesse ser mais flexível e parceira em relação às professoras inscritas no curso.

Aí com isso fizemos essa reunião, a gente pedindo ajuda, a equipe, e eles também pedindo a nossa ajuda. Foi onde surgiram algumas sugestões, por exemplo, de verificar o horário do curso, fazer uma pesquisa com os

professores, se aquele horário estava adequado, se preferiam mudar, de ter um momento específico, disponibilizar um momento específico na rotina desses professores para que eles pudessem estudar e tivemos um diálogo mais direto com os diretores para eles também serem parceiros nessas possíveis flexibilidades. Também reservamos - cada escola em acordo com as professoras - uma hora, se não me engano, por dia, para dentro da própria rotina, para que eles pudessem se dedicar ao curso, fazer grupos de estudos. A gente não teve condição de acompanhar isso depois, como que fluiu. Mas a gente teve essa flexibilidade, tivemos esse cuidado (Técnica da SME)

Além disso, a equipe da SME visitou as escolas e conversou com professoras e gestores, de modo a reforçar a importância da participação no Curso.

Fizemos visitas às escolas, tivemos encontros, não foi possível ir em todas, mas pelo menos aquelas escolas em que tinha o maior número de professores [faltantes]. Conversamos diretamente, com os professores, com coordenação pedagógica e com os diretores, todo mundo junto, para reforçar a importância do curso e pedir a participação deles. (Técnica da SME)

As tutoras também realizaram um acompanhamento da frequência das cursistas, tanto no que se refere à presença e participação nos encontros síncronos, quanto na realização das atividades assíncronas. Uma das ações encetadas com base neste acompanhamento foi o envio de mensagens, via chat do Moodle, para o e-mail e celular das cursistas.

A gente construiu uma planilha para fazer o controle de quem estava participando pelo Moodle e da frequência das cursistas. A gente tem uma planilha onde a gente organiza tudo. Então, quando começou a evasão, a gente começou a mandar mensagens pelo chat do Moodle para o e-mail e para o contatodascursistas[...][...]Eogrupode WhatsApp,perguntandooqueestava acontecendo. (Tutora do Curso LEEI)

Aindade acordocom as tutoras doCurso, a coordenação doLEEIpassou a excluir das planilhas de controle de frequência as cursistas que haviam se afastado por um longo tempo ou que não tinham acessado a plataforma por muitos dias, inclusive, algumas pessoas da própria secretaria de educação.

[...] E assim, na nossa planilha, a coordenação central foi excluindo as pessoas depois de um determinado período de afastamento. Então, tinham, sei lá, 40 dias, 30 dias que iam ao Moodle e não participaram de X encontros, elas foram sendo cortadas. (Tutora do Curso LEEI)

[...] Inclusive, algumas das pessoas que foram retiradas, foram pessoas da Secretaria de Educação que só foram no Seminário Inicial e na primeira aula, depois nunca mais apareceram. (Tutora do Curso LEEI)

O que me deixou muito intrigada foi porque as pessoas da Secretaria de Educação se afastaram [...]. Eu pensei, num primeiro momento, que as professoras de escola multisseriada, dessa realidade de educação do campo, escolas rurais, então, eu imaginei que essas professoras seriam as primeiras a desistir, e a gente teve muitas que se mantiveram e se sentiram valorizadas. (Tutora do Curso LEEI)

Em função da baixa frequência e da desistência de parte das cursistas, as tutoras assinalaram que a coordenação geral do curso permitiu juntar as duas turmas de Boninal (turmas 7 e 8), para que se pudesse realizar discussões mais “consistentes”.

[...] houve também flexibilização por parte da coordenação geral do curso e foi permitidofundiressasturmas,paraqueagenteconseguissecaminharcomuma discussão mais consistente. (Tutora do Curso LEEI)

Registra-se que os esforços da SME e da coordenação e tutoras do curso, por meio de iniciativas voltadas para garantir engajamento das cursistas, não foram capazes de evitar o grande número de desistências ao longo de sua implementação, inclusive das próprias técnicas da secretaria.

4. PROPOSIÇÕES E RECURSOS RELATIVOS À LEITURA E ESCRITA EXISTENTES NA REDE

Esta dimensão trata das propostas voltadas para a leitura e a escrita na Educação Infantil, existentes na rede municipal de educação de Boninal, anteriores ao Curso de Leiturae Escritana Educação Infantil (LEEI), bem como de recursosquepermitiram e/ou facilitaram a sua implementação

Quanto a ações com foco em leitura e escrita, identificou-se que a rede municipal de educação de Boninal/Ba, lócus da implementação do Curso LEEI, possui outras ações de formação com este foco, de acordo com manifestações dos diferentes sujeitos que participaram das entrevistas coletivas, realizadas na terceira fase de avaliação externa do referido curso.

Segundo uma das técnicas da Secretaria Municipal de Educação (SME), a partir de agosto/setembro de 2022, foram encetadas ações de formação voltadas para as coordenadoras pedagógicas da rede, envolvendo leitura e alfabetização, ministrados por uma formadora contratada para este fim. A ideia inicial, segundo ela, era de que o curso se voltasse para as coordenadoras da educação infantil e do ensino fundamental, no entanto, dada a presença do LEEI no município, priorizou-se tratar questões mais relacionadas ao ensino fundamental.

[...] houve outras ações, mais voltadas para os coordenadores pedagógicos, que aí tinham todos os coordenadores da Educação Infantil e do Fundamental. Só que comoopessoal daEducação Infantil estavajánesse curso [LEEI],eramais voltado para o Fundamental. Mas, dentro do Fundamental, praticamente todas as nossas coordenadoras elas trabalham com o Fundamental e trabalham com a Educação Infantil. Então, houve, além das formações continuadas previstas

pela Secretaria, mais direcionado para a questão da leitura mesmo, a contratação de uma formadora que trabalhou com foco na leitura e na alfabetização. [...] Tivemos alguns registros das produções, das observações dos coordenadores, só que, assim, foram formações voltadas para os coordenadores e, automaticamente, eles foram fazendo essa multiplicação, com a leitura colaborativa, foi mais um foco mesmo em leitura colaborativa. Isso a partir de setembro/agosto do ano passado [2022]. (Técnica da SME)

Uma das coordenadoras entrevistadas, além de reforçar que essa formação foi mais voltada para o ensino fundamental, assinalou que ela ocorre uma vez ao mês: “[...] vem uma formadora uma vez no mês, faz essa formação com a gente. [...] Ela [a formação] é mais voltada do 1° ao 5° (primeiro ao quinto), mas acaba incluindo todos”.

(Coordenadora Pedagógica)

Outra ação voltada para leitura e escrita, que já existe há algum tempo na rede, é o Projeto Institucional de Leitura (PIL), desenvolvido em todas as escolas que, por sua vez, definem coletivamente – com a participação das professoras, coordenadoras, diretoras –quais ações serãorealizadas aolongo doano.Nas palavras deumadas técnicas da SME,

É um Projeto Institucional de Leitura. E aí cada escola faz, reúne o grupo de professoras, coordenador e diretor, e constrói esse Projeto Institucional de Leitura. Então, é algo institucionalizado, não é algo que professora A ou professora B faz isoladamente. É decidido no coletivo e são definidas quais são as ações para o ano que vão ser trabalhadas a partir desse PIL. As sessões simultâneas, as rodas de leitura, a família na escola, a contação de histórias, enfim, as tertúlias, todas as ações voltadas para a leitura são definidas coletivamente e sistematizadas nesse projeto, que é o PIL Projeto Institucional de Leitura. (Técnica da SME)

De acordo as coordenadoras pedagógicas, o projeto surgiu a partir de uma formação ofertada no município, pelo Instituto Chapada, para as coordenadoras pedagógicas da rede, que articularam a implantação do projeto em todas as escolas. Cada unidadetratou deelaboraredesenvolver ações voltadas paraa(s)etapa(s)porela atendida (s).

Esse projeto surgiu de uma formação que foi feita no município. Ele foi trabalhado com os coordenadores e foi implantado nas escolas. [...] Aí cada escola construiu o seu e desenvolveu ações relacionadas com esse curso, [...] de acordo com a realidade de cada escola, porque nem todas tinham... Aí a gente foi fazer levantamento de acervo e algumas modalidades leitoras dentro dessa ação do projeto institucional. [...] É um projeto que é alimentado todos os anos, dentro das formações, dentro dos planejamentos, [...] ao longo do ano, a gente vai sustentando esse projeto. (Coordenadora Pedagógica)

Outra coordenadora assinalou que o projeto foi construído para tentar diminuir os altos índices de analfabetismo, configurando-se, também, como uma forma de estimular a leitura, proporcionando o contato das professoras e das crianças com diferentes modalidades leitoras. Além disso, ela considera que o LEEI, apesar de não ter sido o

indutor da criação do PIL, tem contribuído para melhorar ações no âmbito do referido projeto.

Ele [o PIL] foi criado antes, muito antes [do Curso LEEI]. É o Instituto Chapada que era responsável pela formação do município. Ele [o PIL] vem para suprir a carência desses índices altos de analfabetismo e ele vem como estímulo à leitura também. E aí foi nele que a gente teve o contato com Tertúlia e algumas outras modalidades leitoras. Leitura de sessões simultâneas, de leitura que são feitas nas escolas. E foram todas essas ações, a gente participou e foram implantadas, desde a Educação Infantil até... Só que com o curso [LEEI], [...] as nossas ações, as nossas reflexões, as nossas ressignificações vão melhorando. (Coordenadora Pedagógica)

As técnicas da SME informaram que o PIL estava “paralisado” em parte das escolas. Uma delas assinalou que algumas professoras tentavam dar continuidade, mas não abrangia a escola como um todo. Outra informou que as formações realizadas pela formadora do Instituto Chapada, em conjunto com uma das técnicas da SME, ajudaram na retomada do PIL em todas as escolas.

[...] Alguma professora ou outra estava dando continuidade, por conta própria que a gente via que era bem interessante as ações que foram desenvolvidas dentro desse projeto. Então, algumas professoras vinham tentando dar continuidade a essas ações, mas não estava a escola como um todo. Depois a gente retomou esse PIL, esse projeto que é da instituição, então todas eram trabalhadas simultaneamente por todas as turmas lá da escola. Foi bem interessante. Foi um movimento que aconteceu em todas as escolas. (Técnica da SME)

Na creche, [...], se eu não me engano, não tinha o PIL, [o projeto] foi criado mesmo ano passado. Outras escolas já tinham o PIL, só que ele estava adormecido. Aí, a partir dessas formações, a partir desses encontros, tanto com [a formadora externa] como com Andrea, aí ele foi reativado em todas as escolas. [...] É claro que algumas, cada uma com seu ritmo, algumas com mais intensidade, outras com menos intensidade, enfim, então teve um pouco disso também. Querendo ou não, teve a influência dessa formação também. (Técnica da SME)

As diretoras, por sua vez, manifestaram que a rede possui um projeto que elas nomearam de Sacola Literária, mas que, na verdade, parece ser o PIL. Depreende-se que o projeto do qual tratam é o PIL e que a Sacola Literária é uma de suas ações que foi incrementada com os livros recebidos pela rede, no âmbito do LEEI.

Pega a rede toda. Não sei se as meninas estão acompanhando, mas foi um projeto que foi imposto na rede toda. Eles trabalham bastante também após o curso[LEEI].Elesestãofazendosacolinhasliteráriasqueincentivamosalunos a estarem levando livros para casa, a dar um retorno. Mandam um caderninho, junto nessa sacolinha literária, vai os livros, vai um caderninho para que os pais leiam para essa criança, para que os pais anotem ali como que foi esse momento de leitura em família, qual proveito se tirou disso, como foi a ação, como que a criança reagiu. (Diretora de escola)

[...] tem a sacola literária, só que a sacola, eu acredito que já é algo que já é trabalhado há algum tempo na rede e continua fazendo esse incentivo de leitura. E também tem as rodas, as rodas onde tem a escolha dos livros, que as

crianças vão optar pelo livro que quer ouvir a história e eu acho/acredito também no desenvolvimento da tertúlia. Esse ano eu vi a coordenação falar sobre a questão das tertúlias, só que eu não sei explicar, de fato, como será realizado esse processo, ainda (Diretora de escola)

Quanto ao recebimento de livros nas unidades que atendem à Educação Infantil no município de Boninal, as diretoras registraram que, além dos livros recebidos por intermédio do Curso LEEI, a SME também comprou algumas obras e disponibilizou para as escolas. No entanto, não souberam informar a quantidade adquirida pelo referido órgão.

[...] nós tivemos, nós recebemos na verdade, no ano passado bastante livrinhos literários, mandados pela secretaria pra que a gente viesse a fazer essas ações de leituras com os meninos. Recebemos os do Itaú e recebemos outros também [adquiridos pela própria secretaria]. (Diretora de escola)

É, mas a parte maior foi do Itaú. Aquela caixa lá com cem (100) livros. (Diretora de escola)

E da Secretaria, vocês têm ideia de quantos [livros] eles distribuíram a mais?

(Equipe de Avaliação)

Não, a quantidade não... (Diretora de escola)

Outra diretora teceu considerações sobre as contribuições que os livros novos tiveram para despertar o interesse, entre as crianças, pela leitura.

Acho que todas as escolas do município receberam esses livros do Itaú, e também da Secretaria. Acredito que todos os municípios [referindo-se à Boquira e Mucugê]. Foram livros muito bons, que chamaram bastante a atenção das crianças e, através desses livros, a gente vê que tem mais interesse, os alunos têm mais interesse em procurar livros pra ler, mesmo os que não sabem ler, através de figuras ou de alguém da família. (Diretora de escola)

Sobre as orientações da SME para as escolas, em relação à leitura e escrita na educação infantil, as diretoras assinalaram que o órgão solicitou para que as escolas fizessem rodas de leitura com as crianças e que organizassem os livros para que as crianças possam levá-los para casa, com a finalidade de estimular as famílias a lerem também. Além disso, elas disseram que a SME pediu para que as ações desenvolvidas nas escolas fossem registradas por meio de fotografias, dentre elas, aquelas voltadas para a leitura e a escrita. O diálogo abaixo ilustra essas questões:

[...] assim é, os livros mesmo [a SME] pedia pra gente tá fazendo roda de leituras com eles [as crianças], para [as crianças] levarem [os livros] pra casa, [para] incentivar também a família. (Diretora de escola)

A gente tira fotos, a gente tem aquela sessão, aquele momento de leitura pra ser registrado “ah, é pra registrar alguma coisa do momento de leitura na escola!”. A gente tinha momento de leitura, a gente registrava através de foto pra tá passando pra Andreia. (Diretora de escola) Ahh! Vocês fotografaram esses momentos [cita o nome da diretora]? A professora tirava a foto, é isso? (Equipe de Avaliação) Sim, a gente também reunia osalunos no pátioda escola ... (Diretora de escola)

Todo mundo tem esse tipo de registro? Ou foi uma iniciativa só da escola que a [cita o nome da diretora] dirige? (Equipe de Avaliação)

Foi um pedido da secretaria que registrássemos esses momentos. (Diretora de escola)

É assim, toda ação que nós fazemos na escola, eles pedem para fotografar, para mandar para eles. (Diretora de escola)

Não só de leitura escrita? (Equipe de Avaliação)

Isso, são todas. Todas as ações que a gente faz, eles pedem. A gente tira as fotos e manda para eles estarem acompanhando. (Diretora de escola)

[As fotos e registros] é pra ficar lá na secretaria. Ai quando nós temos, por exemplo,formações,quandotem algodo tipo, elespassam,mostram pragente. As ações que foram feitas, se estava dando certo. Aí é apresentado pra gente. (Diretora de escola)

Ao ser questionada sobre a existência de orientações da SME sobre leitura e escrita,na escola,umaprofessora assinalou quecadadocentetem autonomiapara realizar o trabalho pedagógico e que, no caso dela, aproveitou o que aprendeu no Curso na implementação de suas ações.

Eu acho que fica a cargo de cada uma. Cada uma tem seu jeito. Eu acho que a gente tem muita autonomia. Ésua sala de aula. Os encontros nas reuniões eram legais. Mas cada professor faz do seu jeito, da sua visão. Cada professor tem sua/constrói sua prática. A minha, eu construí pautada no curso. Porque foi a minha experiência. Eu atravessei o curso mesmo. [...] (Professora)

5. SUPORTE INSTITUCIONAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA OFERTA DO CURSO

São abordados nesta dimensão aspectos que se referem a condições institucionais que se evidenciaram importantes para a consecução dos propósitos da formação, as quais merecem atenção no planejamento de futuras ofertas do LEEI. Dentre as condições mencionadas pelas entrevistadas há aquelas que estiveram presentes em Boninal e as que foram destacadas como desejáveis, embora não tenham sido atendidas no referido município.

Indagados sobre alterações no planejamento da secretaria de educação, decorrentes da implementação do curso, foram mencionados aspectos relativos à composição da equipe de coordenação e aspectos de infraestrutura e material de suporte para atividades de leitura e escrita.

Asmanifestaçõesdetécnicosdasecretaria,coordenadoraspedagógicas ediretoras realçaram a importância de se ter uma supervisora, especificamente voltada para a educação infantil, função esta implantada quando do início do curso, pois “o município

de Boninal sempre teve um supervisor só, para a educação infantil e para o ensino fundamental. O supervisor é que faz o trabalho formativo conosco, coordenadores, e nós fazemos com as professoras” (Coordenadora Pedagógica).

As entrevistadas destacaram a importância da atuação da supervisora da educação infantil no acompanhamento do Curso LEEI, pois ela assumiu o monitoramento da participação dos inscritos, buscou incentivar a não desistência dos participantes, fazia o acompanhamento do curso e esclarecia dúvidas de coordenadoras e professoras, sejam as de acesso à plataforma, sejam de conteúdo. Uma das entrevistadas disse:

Era a Andrea que fazia articulações, até da entrega do livro, era a Andrea que juntava com a gente para fazer movimento na entrega do livro, para chamar também a família, sempremais,daSecretaria,semprefoimaisaAndrea.EraaAndreaqueestavasempre fazendo a ponte, até perguntando, ‘tem algum professor que está faltando?’. E ela também participava do curso. (Coordenadora Pedagógica)

As coordenadoras lembraram que a secretaria, no início do curso, falou que ia disponibilizar uma pessoa para ficar nas escolas tirando dúvidas dos professores. Só que ficou na fala. [...] a secretaria disse no início que ia colocar alguém e não colocou. O que eu fazia? Eu recorria sempre a Andrea, quem me salvava aqui na escola era Andrea. [...] Não estava conseguindo, ligava pra Andrea, então, Andrea foi muito mão na roda nesse sentido (Coordenadora Pedagógica).

As entrevistadas informaram que esta supervisora não está mais na secretaria de educação e foi substituída por uma profissional da rede, que “era coordenadora da Educação Infantil e tem muita experiência, tanto na sala de aula como na coordenação da educação" (Diretora de escola).

Uma iniciativa que foi reconhecida pelas coordenadoras como oportuna para que pudessem estar mais bem preparadas para apoiar as professoras na realização do LEEI, implantada já no decorrer do curso, foi a realização dos encontros mensais entre coordenação do curso, tutoras do curso e as coordenadoras pedagógicas. Assim disseram: Ajudou, porque a linguagem era mais voltada para a coordenação, então, ela tentava amarrar tudo o que o curso vinha trazendo, as discussões que eram feitas no curso, ela trazia na perspectiva da formação do coordenador, para que nós, coordenadores, pudéssemos estar sustentando aquilo com os professores. Então, ela vinha, vamos dizer, costurando os conteúdos que eram trabalhados. Ajudou muito! (Coordenadora Pedagógica).

A importância da participação de técnicos da secretaria de educação e das coordenadoras pedagógicas como condição para viabilizar e enraizar a proposta do Curso na rede foi observada no segundo relatório da avaliação externa e, em decorrência desta observação, foram implantados encontros formativos com esse grupo para que pudessem atuardemodo ativonaformaçãodasprofessoras,oquesemostrouumainiciativapotente.

Outro aspecto comentado pelas diretoras foi que o seu contato com as ofertantes do curso se deu apenas “no início do curso" (Diretora de escola). Foi “para falar do curso, para apresentar o curso, falar quais eram os professores que iam participar” (Diretora de escola). Esse parece ser um aspecto que pode receber mais atenção dos proponentes do curso, pois o acolhimento das diretoras à proposta se constitui em um fator facilitador para seu enraizamento na escola.

Os dados coletados anteriormente à implementação do curso, em 2022, indicavam que, no que tange aos livros, materiais pedagógicos e brinquedos, havia necessidade de maior investimento na aquisição e disponibilização desses materiais, em quantidade suficiente para todas as escolas e crianças. Além disso, também seria necessário atentar para a qualidade desses materiais e para sua diversidade, de modo a contemplar todas as crianças em suas singularidades.

Quando a temática foi retomada com as entrevistadas ao final da realização do Curso, observou-se que não foram realizadas ações de aquisição de materiais por parte da Secretaria de Educação, mantendo a condição de insuficiência destes recursos em relação à quantidade de crianças.

As professoras comentaram sobre a carência de material para realizar o trabalho, em especial, livros, como ilustram as manifestações:

Em relação a materiais vindos da Secretaria, eu não posso falar que teve. Todo mundo sabe, professor sempre acaba saindo do bolso do professor quando é Educação Infantil, porque a gente sabe que a escola pública é complicada em relação a material, a verba, então, sempre acaba saindo mais do bolso do professor. Apesar da escola ter material, a gente sempre quando quer algo diferente a gente acaba comprando. Não só por mim, mas também outros colegas quando queriam fazer um trabalho, algo diferente, compravam material. (Professora)

Nós ganhamos alguns livros do Itaú, mas, assim, não são livros para a gente ter um bom acervo dentro da própria sala. Nós temos a biblioteca, a salinha de leitura, só que os livros também já são livros mais antigos, mas é sempre bom essa possibilidade de estar renovando, e ainda mais agora, após o curso, que nós passamos a ter uma nova visão sobre alguns livros. (Professora)

Nessa questão de material, assim, nós tínhamos alguns materiais, mas não da secretaria. Então, nós tivemos o material do Curso de Leitura e Escrita, o Itaú disponibilizou livros para os meninos, o que também ajudou, porque tinha muitas crianças que não tinham livro em casa, não tinha esse estímulo. Essa semana mesmo eu recebi o livro/ um vídeo de uma aluna minha, ela agora começou a fazer, já fazia a leitura de algumas palavras, algumas frases no ano passado, só que esse ano ela já conseguiu fazer a leitura do livro e a mãe sempre faz vídeo e está mandando. Então, ela não tinha livro em casa e a partir do momento que elas passaram a ter, que foram os livros disponibilizados pelo Itaú, eles passaram a ter esse acesso ao livro. (Professora)

O acervo literário. Tem que estar sempre equipando o acervo com novos livros, diversidades textuais e material, material que a gente usa no dia a dia, que às vezes falta.” (Professora

Falta mudar, na verdade, é ter mais livros em todos os ambientes da escola. A gente percebeu por meio do curso que não tem no banheiro, não tem na recepção para as crianças lerem [...] eu acho que falta mais livros. Jornal também não tem na escola. (Professora)

De acordo com dados do Censo Escolar 2022, nenhuma escola de Boninal conta com acervo multimídia, conjunto de materiais científicos, instrumentos musicais e materiais pedagógicos para a educação indígena, do campo ou direcionados às crianças com deficiência. Duas escolas, ambas rurais, não contam com quaisquer dos recursos investigados.

Essas constatações sugerem a necessidade de se estabelecer alguns combinados com a Secretaria de Educação, em futuras ofertas do curso, dentre eles, uma condição que é fundamental para o trabalho com leitura e escrita é a garantia de acervo e de recursos para a sua contínua manutenção e ampliação.

Outro aspecto interveniente na relação estabelecida pelos participantes com o curso foi a precariedade de equipamentos, pois alguns professores dispunham apenas do celular para acesso à plataforma e a realização das atividades previstas. Ainda, foi comentado que alguns participantes tinham acesso precário a internet. Essas limitações, na visão das entrevistadas, influenciaram para a desistência do curso. Uma das professoras disse: "Eu moro na zona rural, então, de vez em quando, era muito ruim, mas era por conta da minha internet, mas assim, foi muito produtivo."

As tutoras também mencionaram essas dificuldades:

Eu acho que a dificuldade técnica mesmo foi uma coisa que contribuiu muito para abandonar [...] Tempo também, sinal de internet que permitisse fazer, hábito de fazer e de ver que aquilo temum prazo, tem um tempo que abre, que fecha o módulo. Então, eu acho que foi uma novidade para elas e que não foi fácil. (Tutora do Curso LEEI) [..] inicialmente nos assustou muito, porque elas colocaram no relatório inicial que elas tinham acesso à internet. Inclusive falaram em banda larga, E na hora do vamos ver, que era a hora da formação, isso não acontecia, era uma instabilidade. Entravam e caíam e não mantinham. Então, houve toda uma flexibilidade por parte da coordenação também em destacar grupos que pudessem atuar diretamente com essa parte de trazer mais próxima a realidade de uma formação que pretendia ser 100% online como foi realmente [...] (Tutora do Curso LEEI)

As técnicas da secretaria comentaram que a equipe do curso perguntou sobre acesso à internet, antes de seu início e a informação que demos foi que todas tinham acesso. Mas, “sobre a qualidade do acesso, só se descobriu no decorrer do curso”, ou seja:

Foram surgindo algumas situações que a gente foi percebendo no decorrer, que nem elas [equipe do curso] previam, como a gente também não. Por exemplo, foi perguntado pra gente se todos tinham acesso à internet. A gente disse que sim, eles perguntaram isso. Só que aí nós respondemos que sim, porque realmente todos tinham acesso à internet. Só que foi uma pergunta e uma resposta genérica, porque todos têm

acesso à internet, ótimo, mas a internet não é a mesma qualidade no município todo, a gente foi perceber isso no decorrer. (Técnica da SME)

A questão das ferramentas, como notebook, celular, não é a mesma coisa também. Então, isso foi percebido no decorrer do curso. Obviamente, houve essa preocupação, houve essa pergunta, mas muitas coisas nós fomos percebendo no decorrer do curso. (Técnica da SME)

Assim como no caso dos acervos literários, esses registros indicam que sendo o curso ofertado à distância se faz necessária uma cuidadosa avaliação das condições disponibilizadas pela secretaria, aos participantes, para o seu acompanhamento. Uma tutora até questionou: "E eu não sei, por exemplo, em que medida esta formação era um desejo de mudança da secretaria de educação. Porque, muitas vezes, tem uma formação, traz um monte de coisa e depois as pessoas não têm espaço para poder levar aquilo para a prática” (Tutora do Curso LEEI)

Além disso, as tutoras observaram que seria desejável que as cursistas tivessem acesso ao material impresso, comentando: “O material impresso, eu acho, faria toda a diferença, principalmente nessa realidade em que o celular é que comanda. Fazer a leitura desses textos via celular é uma coisa de extrema dificuldade” (Tutora do Curso LEEI)

Também, levantaram a possibilidade de se organizar o curso de modo "semipresencial”. Disseram:

Não precisaria ser todo, mas a gente precisava um pouco mais se aproximar dessa realidade, pra gente conseguir uma ressonância maior [...]. Demandou muito tempo e isso presencialmente poderia ter encurtado, que iniciasse com o seminário presencial, que houvesse essa possibilidade de que o material físico chegasse até as cursistas. (Tutora do Curso LEEI)

Nessa direção, atenção também deve ser dada ao preparo das participantes para utilização da plataforma. Em comentário das tutoras, ficou evidenciada a “dificuldade de entrar na plataforma Moodle e localizar onde que estava o acesso. Em todo encontro a gente acessava o Moodle com elas e mostrava. [...] Esse ano, é que a gente não precisou fazer isso mais, mas o ano passado inteiro, todo encontro, a gente entrava na plataforma para mostrar onde estavam as coisas, explicava" (Tutora do Curso LEEI).

Algumas manifestações das professoras reiteram essa constatação:

Eu achei muito difícil a plataforma, foi uma das coisas que me deram uma surra [...] eu sinto dificuldade também, o problema também está comigo, só que a própria plataformaeuacheidifícil.Sempreeutinhaqueprocurarajudadealguémparaalguma coisa. Eu achei que ia ser só no início, mas acabou sendo o curso todinho. (Professora)

Eu já tinha feito (curso on-line), mas por outros [recursos digitais], mais fáceis. O que eu fiz, o link vinha no WhatsApp e tal, era mais fácil para entrar em contato com as pessoas. E, assim, já fiz pelo YouTube e tal, alguns cursos assim, já vem o link e que também era mais assistindo, não tinha que estar enviando, não era curso como esse [...], vamos dizer, mais elaborado [...]. (Professora)

Assim, uma coisa que me desestimulava muito, porque eu ia, às vezes, demorava de entrar, quando ia postar, às vezes, não conseguia, precisava depender dos outros. Eu não desisti, porque eu percebia da maravilha que era o curso, que eu gostei muito e aí continuei, permaneci, mas se não fosse, se fosse uma coisa que eu não estivesse gostando, eu teria desistido por conta da plataforma. (Professora)

[...] poderia facilitar um pouco em relação a essa plataforma, inicialmente, para você entrar, e as atividades também, uma aba só para atividade, porque lá é dividido por módulos, né? Aí, cada módulo tem atividade, tem um espaço só para as atividades, aí você clica em cada atividade, cada módulo, eu acho que poderia também ser interessante. Por exemplo, fóruns, um local só para aqueles fóruns, porque é tudo muito dividido por unidade. Por quinzena, então,naquela quinzena, aí, às vezes, quem não acompanhar certinho, que tiver um pouco de dificuldade, vai falar "ai meu Deus, qual é a quinzena? Eu entro aonde? Eu entro aqui? Eu vou encontrar?" (Professora) E Bento é apessoa (daorganização docurso)queficavadisponível para ajudar agente nesse processo (de acesso à plataforma). Ele também sempre estava ajudando, quando tinha dificuldade, mandava mensagem, ele sempre estava tentando resolver. [...] (Professora)

Uma sugestão apresentada por uma professora foi a de se ter uma pessoa em cada escola que fosse preparada para auxiliar as colegas no uso da plataforma. Disse que esta iniciativa estava prevista antes do curso ter iniciado, mas não se concretizou.

Ter uma assistência também dentro da escola, uma pessoa específica que já conheça a plataforma ou que receba um curso antes para estar auxiliando as demais. Então, ter aquele suporte presencialmente, que eu acho que foi algo que se pensou, no início, mas que, na nossa turma, acabou não acontecendo. Eu me lembro que me chamaram para estar auxiliando, para estar ajudando, bem no início, só que acabou não tendo esse suporte.

Além disso, as professoras mencionaram a limitação de tempo para se dedicar aos estudos, bem como a inadequação do horário em que se davam os encontros síncronos.

Seguem falas que trazem elementos a serem considerados em futuras ofertas do LEEI: E por falta de tempo, porque, assim, eu trabalho oito horas por dia, aí tem família, filhos pequenos, então, chega em casa, aquela luta pra preparar a aula pra semana e tudo. Então, assim, eu sinto muito por não ter sido possível me dedicar da maneira que eu gostaria. [...] (Professora)

No meu caso, eu sinto muito por ter o meu tempo ser curto e não poder, às vezes, me dedicar como eu gostaria. Tipo, ler todos os textos, assistir todos os vídeos, de maneira, assim, tranquila. Em um lugar sossegado, onde eu fosse me concentrar bem. Porque, às vezes, a gente lê os textos na escola, onde estava o maior barulho, quando eles deram o tempo lá pra gente. Eu não achei o tempo da escola, no horário, que fica um monte de gente lá, muito produtiva, por conta disso. Às vezes, a gente ia ler, não conseguia concentrar, ia assistir, não dava, sabe? [...]. (Professora)

E os encontros também serem um pouco mais cedo. Eu acho que é muito longo o horário que começa e o horário que termina, porque é uma demanda, que às vezes a dona de casa está ali, tem que fazer jantar, tem filho, tem marido, tem aquele monte de coisas. Se esses encontros fossem em horário, não sei, tentar encaixar na rotina da escola um dia assim... ter uma conversa igual no final do nosso, que ficou um dia na semana, que dispensava um pouquinho mais cedo para ter o curso, de repente, se conversasse com as secretarias das escolas, encaixar isso dentro do horário, se der para encaixar, eu acho que seria legal também. Diminuir um pouquinho o horário do

encontro, encontros semanais, e dentro do horário que a professora estaria na escola. (Professora)

Quanto ao horário em que ocorriam os encontros síncronos, as coordenadoras observaram que esta foi uma escolha do município, dizendo que “quando o curso veio, ele questionou qual seria o melhor horário para a gente. Então, a gente teve a opção... quer dizer, a opção não, nós colocamos” (Coordenadora Pedagógica). No entanto, “o que eu acredito é que o município é que não conseguiu muitas vezes sustentar, mas o curso sim. No início, perguntou qual era a disponibilidade, falou a questão de horários, foi acordado a questão das oficinas. Então, eu acho que o curso cumpriu a sua função” (Coordenadora Pedagógica).

Astutorasreiteraramser alimitaçãodetempodas professorasumfatorqueincidiu na sua dedicação ao curso, comentando:

Elas sempre falavam ‘é tudo muito lindo’, elas faziam leituras, mas elas não tinham um momento, depois, onde elas pudessem discutir isso para vir para o encontro, sabe? [...] Quer dizer, teve algumas que elas mesmas se movimentaram, mas elas não tinham tempo para estudar, para discutir. Quem não entendia muito bem, acho que não teve, assim, um momento. [...]

Buscando minorar os efeitos da limitada disponibilidade de tempo das professoras para o processo de formação, a secretaria municipal de educação de Boninal liberou parte do horário de reuniões escolares para realização de atividades demandadas pelo curso. Foi uma iniciativa oportuna para favorecer a aprendizagem das cursistas, inclusive por meio da promoção de ações cooperativas entre elas, em especial, propiciando oportunidade de trocas e de contribuição àquelas professoras que vinham encontrando maior dificuldade na realização das atividades.

[...] mais ou menos após uns dois ou três meses de curso, que foi levantada essa possibilidade (grupos de trabalho na escola), e aí foi disponibilizado na quarta-feira, a gente saia mais cedo, uma hora pela manhã, ficava dentro do ambiente da escola, e a gente tinha uma hora no horário da manhã e uma hora no horário da tarde, na quartafeira. [...] E isso facilitou muito, porque a gente tinha essa troca, a gente conversava, e na creche também, nós tínhamos a liberdade de uma conversar com a outra, de perguntar, aí lembrava, falava, "olha, Lú, tem atividade?" Aí Lú me perguntava. (Professora)

[...] a gente estava questionando muito, falando muito que não ia dar tempo, aí foram formados os grupos [dentro da escola]; para tirar dúvidas e tudo, umas colegas ajudarem outras. (Professora)

Na opinião das diretoras essa alternativa “acabou que não resolveu muito para efeito das atividades” [...] “porque um estava participando do curso o outro não estava; não eram todos que estavam participando” (Diretora de escola). Disseram que as

professoras que estavam participando “acabavam fazendo em casa mesmo” (Diretora de escola).

Com basenessa experiênciaumaprofessorasugeriuqueem futuras ofertas docurso as atividades síncronas fossem acompanhadas pelo grupo de cada escola, com participação conjunta das cursistas, dizendo:

Mas, como agora nós estamos aqui no intuito de pensar nas próximas escolas, nas próximas turmas ... já leva essa proposta desde o início, eu acho que é super interessante, formar grupos na escola, para os encontros serem com todas juntas, por exemplo, transmissão de um vídeo, liga umacâmera, todas as professoras estão dentro da sala, naquele horário, então, o grupo está presencial, as formadoras estão à distância, mas o grupo está ali, se você está ali, se você está vendo um vídeo, uma troca, então, está todo mundo junto no horário da aula. [...] (Professora)

Em complementação a essa sugestão, as professoras realçaram ainda a importância da atuação da coordenadora da escola para o incentivo e o apoio as professoras. A professora de uma das escolas que contou com envolvimentoda respectiva coordenadora disse: “A coordenadora, eu senti que ela incentivava a gente a estar colocando, porque ela participou também do curso, e ela incentivava os professores a estar colocando na sala de aula” (Professora).

A coordenação da escola assumir a proposta do curso foi realçada como condição essencial para que sejam incorporadas nas práticas escolares a concepção de leitura e escrita explorada no LEEI. No caso de uma escola em que houve troca da coordenação de um ano letivo para outro, uma professora comentou:

[...] a nossa coordenadora do ano passado, ela fez o curso, só que esse ano ela mudou, ela saiu da coordenação e veio outra coordenadora. [...] A coordenadora que está agora, ela não participou do curso. Então, se a outra tivesse continuado, eu acho que seria mais fácil para poder estar indo na mesma linha. [...]. (Professora)

Além da relevância da participação da coordenadora, foi referida a oportunidade do envolvimento da diretora da escola:

A minha sugestão é que os coordenadores participem para estar incentivando, acompanhando, e os diretores também. Acho que faz grande diferença quando o diretor, a diretora e a coordenação estão participando porque eles conseguem ali ter acesso (às propostas). No caso da nossa escola foi tranquilo. Mas, outras, tiveram algumas dificuldades de implantar as atividades do curso por conta do diretor. Então, eu acho que uma coisa fundamental é a participação do coordenador e do diretor no curso, porque eu acho que faz toda a diferença. (Professora)

Essas considerações fazem sentido, pois, como comentaram as tutoras, o curso não só trata de referenciais usualmente desconhecidos das professoras como, além disso, supõe a implantação de abordagem teórico-metodológica que tende a não ser familiar às escolas. As falas que suscitaram essa interpretação são a seguir transcritas: Quando você traz a cultura e traz os sujeitos reconhecendo-os como sujeitos constituídos e constituintes dessa cultura, então, acho que isso é a diferença desse

material. É um materialdenso,não é um material paraleitura,é um material dificílimo de ser compreendido sem mediação, porque quando você traz Bakhtin para falar da linguagem, quando você traz Walter Benjamin, Vygotsky ... [...]. (Tutora do Curso LEEI)

Os primeiros módulos e, de alguma forma, se repetem em todos os módulos, quando a gente discute a linguagem, quando a gente discute a importância da criança na centralidade, de entender que leitura não é para codificação e decodificação, mas para entender contexto, para se sentir no mundo, para interpretar, foi o que as professoras podem vivenciar nesse curso. Não só dos conteúdos e dos conceitos, mas da EXPERIÊNCIA, de experimentar leituras, de experimentar a sensação de SER um sujeito importante, de TER um papel importante, [...] delas descobrirem a intencionalidade pedagógica, eu acho que isso também é um ponto fundamental. (Tutora do Curso LEEI)

Eoutracoisaqueagentepensou,assim,comoeletemumaproposta,queédepesquisa mesmo, não é um curso só para eu ter aquele material e recorrer. Não, eu acho que ele tem ali uma questão da pesquisa junto. [...] Teve muitos que falaram assim, "é a primeira vez que eu tenho uma formação nesse nível". Então, nós tivemos que dar uma viradinha,umaparada,nomomentoemque agentepercebeu que tinhaquetrazer uma prática delas para dizer: "Está vendo quando a gente fala de elementos da cultura constituindo osujeito? Então,quais são os elementos da cultura aí quesão fortes nesse município? Então, como que isso está dentro da escola? Ou como trazer isso para dentro da escola, se ainda não está? (Tutora do Curso LEEI)

6. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA E DA SALA

DE AULA

No Relatório 1, de julho de 2022, via aplicação de questionário, quando perguntadas sobre a organização do espaço físico da sala de aula e presença de estímulos à leitura e escrita, a maioria das professoras indicou concordar e concordar fortemente com todas as afirmativas disponibilizadas no questionário.

Tabela 1 – Organização do espaço físico da sala de aula. Município de Boninal. 2022.

DISPOSIÇÃO DOS MATERIAIS

Livros infantis estão organizados e dispostos em local de fácil acesso para as crianças

Estão dispostos, nas paredes, lembretes escritos para as crianças

Estão dispostos os nomes das crianças escritos

Concordo e Concordo fortemente

Discordo e Discordo fortemente Não sei responder

Estão dispostos, nas paredes, desenhos das crianças 13 2 2

Estão dispostas as legendas de imagens e fotos 11 6 0

São encontrados materiais escritos de interesse das crianças

Fonte: Questionários aplicados às professoras, 2022.

Contudo, a partir da análise das fotografias de ambientes das escolas, realizadas anteriormente à implementação do Curso, em 2022, por um profissional residente no município e interpretadas pela coordenadoras do Curso LEEI, observou-se que a cultura escolar em Boninal ainda apontava para a carência de marcas da cultura local (artefatos culturais da região; de grupos culturais locais; experiências familiares de artesanatos, culinária ou outros; enfim de marcas identitárias das crianças e suas famílias etc); com forte presença de referências da cultura de massa, tais como heróis e personagens de desenhos animados que implicam em relações homogeneizadoras e padronizadas.

Também se destacava a fragilidade quanto às marcas da cultura infantil, com brinquedos industrializados e poucos objetos não estruturados. Na maior parte das fotos identificaram-se imagens padronizadas, servindo como elementos de decoração das salas de atividades, não estando presentes produções das crianças, sejam espontâneas ou direcionadas.

Antes da implementação do Curso, Cantinhos de Leitura já eram organizados por parte das professoras da Educação Infantil, mas de acordo com os técnicos da Secretaria, nem todas as salas tinham espaço adequado ou livros em quantidade suficiente e apropriados para as faixas etárias da creche e da pré-escola. As diretoras escolares, inclusive, consideravam esses Cantinhos muito simples “[...] coloca-se um tapete, com uma caixa e os livros dentro” (Diretora de escola). Após a implementação do curso, observa-se que, agora, todas as escolas têm um espaço de leitura, como biblioteca ou sala de leitura. Isso também ampliou a possibilidade de as crianças levarem livros para casa e lerem com familiares.

[...] além da ampliação do acervo pra quem já tinha, muita das nossas escolas que não tinham ainda uma biblioteca, passaram a ter, então, hoje a gente pode dizer que praticamente todas as nossas escolas têm uma bibliotecazinha, tem o seu acervo literário que antes não tinha. (Técnica da SME)

Então, falando assim do cenário da creche, na qual eu atuava como coordenadora. Quando a gente assumiu, em 2021, lá em meados de 2020, final de 2019, a sala de leitura tinha sido desativada. A gente já tinha uma sala de leitura há muitos anos, desde 2010, se não me engano, mas aí uma outra

diretora que estava lá, devido ao número de alunos, isso e aquilo, ela acabou desativando essa sala e dizendo que ia buscar um outro cantinho, jogou esses livros lá no depósito e não se empenhou também, depois veio a pandemia, então, tudo isso. Quando a gente assumiu, não tinha mais sala de leitura, embora a gente já tivesse um bom acervo lá na creche. E aí, com isso, veio dando aquele entusiasmo, isso e aquilo, e a gente foi tendo mais essa empolgação, essa vontade de poder estar colocando os alunos em contato com esses acervos que a gente já tinha. (Técnica da SME)

Sim, na parte da leitura, como todas as salas têm os cantinhos de leitura, aí os alunos têm mais interesse em estar pegando livros pra levar pra casa, pra ler. Eles levam os livros que vão na sacola literária também. Cada dia vai para a casa de uma criança, onde eles levam os livros e os pais leem para eles em casa. Além dos da sacola, eles pegam outros livros também na biblioteca para estar levando para casa para ler. E ajudou bastante. (Coordenadora Pedagógica)

Sobre a existência de orientações comuns, vigentes na escola, para a organização das salas de aula da Educação Infantil, uma das professoras afirmou que as práticas pedagógicas utilizadas dependem de cada uma das professoras:

Eu acho que fica a cargo de cada uma. Cada uma tem seu jeito. Eu acho que a gente tem muita autonomia. "É sua sala de aula". Os encontros nas reuniões eram legais. Mas cada professor faz do seu jeito, da sua visão. Cada professor tem sua/constrói sua prática. A minha, eu construí pautada no curso. Porque foi a minha experiência. Eu atravessei o curso mesmo. (Professora)

Ainda, de acordo com as tutoras e professoras, houve ampliação da exposição de produções das crianças nos espaços da escola e passou-se a reconhecer a importância de tal prática, algo que antes do curso era muito incipiente:

Mas foi interessante uma que falou com a gente: ‘eu ainda não sou capaz de mudar a minha prática desse jeito, mas eu já sei como que ela tem que ser’. Olha que coisa bacana da gente escutar. Ela percebeu e ela falava assim, ‘mas, então, a gente pode colocar na parede da escola coisa escrita pelas crianças, mesmo que elas ainda não saibam escrever certinho’. Então, não tinha essa autoria das crianças nas produções que estavam ali. [...] (Tutora do Curso LEEI)

A gente percebeu também que o curso ajudou a gente nisso, de enxergar maneiras diferentes da arrumação da sala, do que deve ser exposto no pátio das escolas. [...] Por exemplo, os trabalhos das crianças, que às vezes a gente coloca só na sala, a gente aprendeu que isso deve ser exposto no pátio da escola, para todo mundo ver, para as próprias crianças apreciarem. No caso, os meus alunos apreciarem o dos outros, o dos outros apreciar o meu, e as mães, a família. Quem visita a escola, através do próprio muro da escola, das paredes da escola, já chega e sabe o que a gente trabalha, como trabalha, de que forma, já dá para enxergar. Isso aí também foi bem no curso. (Professora)

Essas mudanças no espaço físico também foram acompanhadas de mudanças de rotina, onde os espaços de leitura e espaços de brincadeiras livres ganharam mais relevância:

A gente mexeu nas rotinas das escolas também. A rotina de leitura em sala de aula; a rotina do dia de brincar, um pouco mais fora da sala de aula e trazer

atividades fora, porque ela tem muita resistência, principalmente do Fundamental I. De proporcionar esses momentos, que são momentos pedagógicos com intencionalidade pedagógica, que vão trazer muitos aprendizados aos meninos, mas que não necessariamente vão estar em quatro paredes." (Técnica da SME)

7. PROFISSIONAIS CURSISTAS: CONCEPÇÕES E DISCURSOS

SOBRE ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

Esta dimensão trata das possíveis mudanças de concepção das professoras cursistas, quanto à leitura e escrita na Educação Infantil, o que teria efeito sobre seus discursos e práticas no cotidiano escolar.

De acordo com uma das técnicas da SME de Boninal, algumas professoras já tinham consciência de que não se podia acelerar processos de alfabetização na Educação Infantil. No entanto, o Curso LEEI contribuiu para que elas pudessem aprofundar esta visão e construir argumentos mais robustos para defender esta posição, em especial, junto aos familiares das crianças que, no pós-pandemia, cobravam as escolas para alfabetizar.

E esse curso veio para trazer esse embasamento de calma, ‘espera aí, não é bem assim, a gente não pode acelerar os processos, a gente não pode colocar o carro na frente dos bois, vamos com calma, porque a gente tem que fazer isso de forma científica, de forma bem planejada’. E o curso trazia essa coisa, um curso de Leitura e Escrita na Educação Infantil. A gente vai ter a Leitura e a Escrita na Educação Infantil, mas de forma organizada, de forma didática. Então, foi um suporte muito bacana para os professores. Alguns dos nossos professores já tinham essa consciência. ‘Calma, na leitura, na Educação Infantil, ainda não é o momento da gente alfabetizar’. Mas não tinha tanto aquela argumentação de como convencer os pais. E os pais, por um distanciamento da questão da didática, da pedagogia, fazia aquela pressão, ‘ tem que alfabetizar, eu quero meu menino letrado com quatro anos, com cinco anos de idade’ e esse curso trouxe esse respaldo bem bacana para a gente, inclusive isso vai influenciar bastante na construção do PPP [Projeto Político Pedagógico]. Com certeza, quando as pessoas forem falar sobre leitura escrita na Educação Infantil, a grande referência que a gente vai ter, vai ser o curso [LEEI] (Técnica da SME)

Também, segundo outra técnica, o curso contribuiu para modificar o pensamento de muitas professoras em relação à leitura e à escrita e às demais ações/atividades na Educação Infantil.

Esse olhar para muitas professoras, assim, que ainda tinham essa mente muito fechada, não ter tempo para o brincar, as atividades impressas, o conteudismo, a questão da experiência, porque foi tratado lá de uma forma tão minuciosa, de umaformatãolegal, queagentefalaassim,gente,quebeleza!Vocêficaassim, maravilhada, não é balela não... A gente tinha aqui um grupo de estudos, as professoras que dão um suporte. A gente chama banca. Aí [os pais] colocaram essas crianças na banca para fortalecer, porque não estavam valorizando tanto essa questão dos campos de experiência, de como é o fazer pedagógico na Educação Infantil. E lá no início, inclusive, algumas professoras, e até algumas

professoras que já tinham um certo tempo de carreira, essa cobrança de que não, que tinha as atividades conteudistas, que tinha era que ensinar o ler e escrever, o ba, be, bi e toda aquela atividade voltada mesmo mais para o mecânico. Então, à medida que muitos desses professores foram adentrando nesse curso, foram tendo, como o [cita o nome do outro técnico] falou, essa bagagem de argumentação e, também, esse olhar, até para conseguir mostrar paraessasprofessorasaformacomoquesefazotrabalhonaEducaçãoInfantil. (Técnica da SME)

Para outra técnica, houve mudanças, inclusive, na visão das professoras em relação à infância.

Outracoisatambémque[...]éassim,aquestãodavisão dainfância,eu acredito que foi um ganho muito grande e é algo que eu até falo como um ganho e até faço um pedido também pra vocês, de reforçarem essa questão da visão mesmo, do respeito à infância, à imaginação. (Técnica da SME)

Para ela, o que foi discutido no Curso LEEI deveria ser também assumido pelo ensino fundamental, tanto pelas professoras quanto pelas coordenadoras. Ao que parece, parte das profissionais que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental e que frequentaram o curso, também tiveram mudanças de visão.

[...] porque muitas vezes nós nos deparamos[...] as professoras do Ensino Fundamental, como também algumas coordenadoras, não tiveram tanta adesão ao curso, até mesmo quando fala assim “Leitura e Escrita na Educação Infantil”, então, mesmo aquelas que tentaram entrar, ficaram, muito presas na questão de que era só na Educação Infantil, digamos assim... Embora o trabalho, o foco foi na Educação Infantil, só que até o segundo ano é o período de alfabetização e, às vezes, em nossas escolas, a gente percebe alguns discursos que quer adultizar muito rápido essas crianças. Como se chegou lá no terceiroano,chegoulánosegundo ano,então,vamosdiminuiros cantinhos, vamos diminuir a leitura, porque agora é mais conteúdo, é a coisa do ler e escrever mesmo... Então, essa visão da questão da imaginação, da criatividade, do deleite da leitura, do ouvir as histórias... eu vejo que foi algo positivo e ao mesmo tempo eu peço esse reforço pra vocês, darem foco, continuarem dando foco nessa importância mesmo da visão da infância para as profissionais da educação. (Técnica da SME)

Outra contribuição do curso, segundo ela, foi o desenvolvimento da percepção, pelas professoras, que as docentes se percebam como pesquisadoras e leitoras.

[...] o curso traz essa bagagem de que o professor precisa ser um pesquisador o tempo todo, ele precisa ser um leitor, ele precisa beber em algumas fontes para sustentar e para referenciar o seu trabalho e qualificar o seu trabalho... que ao mesmo tempo dialoga com a capacitação científica. Esse professor leitor já vai dialogando com esse outro ponto positivo que é a profissionalização mesmo do docente. A capacitação científica onde ele teve possibilidades de ter respaldos, de ter referências pra sustentar o seu argumento enquanto profissional da educação. [...], mas isso, muitas vezes, o professor não tem o respaldo, ele não tem uma referência, às vezes pela ausência dessa profissionalização leitora, que ultrapassa ali a academia. Fica muito preso a academia, mas depois que sai da academia, como continuar essa profissionalização?Então,umacontribuiçãomuitogrande[docurso].(Técnica da SME)

Por fim, a técnica destaca a valorização da cultura local como um aporte importante do Curso LEEI.

Outra contribuição do curso é a questão da valorização da cultura local no ambiente escolar. Nós ouvimos [...] muitos relatos, de muitos professores, falando da importância de ver a cultura de Boninal dentro da sala de aula, de dialogar mesmo com os saberes populares, tentar fazer estreitar o diálogo entre os saberes populares e a literatura, então, foi muito bom isso também. (Técnica da SME)

Quanto às mudanças nas práticas de alfabetização das professoras, uma das diretoras relatou que as crianças estão mais interessadas nos livros e que sempre os levam para casa.

Sim, na parte da leitura, como todas as salas têm os cantinhos de leitura, aí os alunos têm mais interesse em estar pegando livros pra levar pra casa, pra ler. Eles levam os livros que vão na sacola literária também. Cada dia vai para a casa de uma criança, onde eles levam os livros e os pais leem para eles em casa. Além dos da sacola, eles pegam outros livros na biblioteca para estar levando para casa para ler. E ajudou bastante. (Diretora de escola)

Sobre a leitura em casa, indagou-se se os pais dominavam leitura e as diretoras informaram que “a maioria é alfabetizada” e complementaram: “Acontece de ter [pais não alfabetizados], mais nas escolas isoladas, que ficam na zona rural; na zona rural ainda tem. Tem pais que não são alfabetizados. Mas, em casa, tem um irmão que consegue ler, uma tia que lê para ele” (Diretora de escola).

Uma professora afirmou que ficou encantada com o Curso e que buscava aplicar o que aprendia junto às crianças. Além disso, ela declarou ter modificado seu olhar sobre as crianças. Em suas palavras:

[...] Foi meu primeiro momento na escola, dentro da sala de aula, desse contato com a Educação Infantil, e eu estava disponível de fato a aprender. Eu estava alinocursoeeu absorviomáximo.Então,mudoucompletamentetodaaminha visão do que é ser professora e dessa minha prática. Desde o primeiro momento, eu ficava encantada com cada encontro, com cada percepção que eu tinha de criança que foi sendo transformada. [...] Uma das principais é olhar a criança com aquele olhar mais sensível, ter aquela percepção que a criança, de fato, é protagonista. [...] Eu fiz muita experiência com os meus alunos. Toda semana era uma proposta encaixada com o que o curso oferecia. (Professora)

O depoimento de uma das tutoras do Curso corrobora a fala da professora, de que parece ter havido uma mudança de pensamento sobre o lugar a ser ocupado pela criança, na Educação Infantil.

Eu acho que um dos objetivos mais fáceis de alcançar, o que a gente conseguiu perceber, foi entender a importância da criança na centralidade da construção do próprio processo. Eu acho que esse objetivo foi alcançado. [...] Então, esses objetivos do curso relativos à docência, eu acho que eles foram atingidos. (Tutora do Curso LEEI)

Outra tutora relevou a importância da compreensão, pelas professoras, das singularidades da leitura e da escrita na primeira etapa da educação básica.

Mas, a partir do momento em que elas foram compreendendo que a leitura e a escrita estão além dessa coisa de a gente decodificar signos, e que as crianças podem trabalhar juntas em determinado momento, que depende muito ali da questão, da linguagem, dentro de um contexto social, dentro de um uso, eu acho que elas até começaram a perceber que muita coisa [...] poderia ser uma proposta de literatura, uma proposta de uma escrita espontânea, que poderia ser dado assim. (Tutora do Curso LEEI)

Notadamente, as professoras entrevistadas explicitam as influências do Curso LEEI em suas práticas, informando as mudanças que ocorreram com elas. Uma delas assinalou que essas mudanças dizem respeito a uma maior valorização da cultura local de sua cidade – questão já citada por uma das técnicas da SME – e a escuta mais atenta das crianças e de suas famílias. Em suas palavras:

Eu passei a valorizar mais a cultura local da minha cidade através do curso, e ouvir mais a criança, a família, e trazer essa cultura deles para a sala de aula. (Professora)

Outra professora reforçou a questão da escuta das crianças e disse que o Curso a ajudou a “ouvir a criança, registrar as vivências do dia a dia, intensificar essas práticas que a gente já vinha fazendo...” (Professora).

Uma das professoras asseverou que “a contação de história também melhorou depois do curso. Aprendi bastante a escolher um livro, foi muito produtivo” (Professora).

A manifestação de outra professora indica mudanças em várias práticas, de cunho cultural, na apreensão da leitura e na escolha dos livros.

[...] E quanto a aprender as práticas, melhorar as práticas, foram em vários momentos, em várias coisas [...], na cultura, na leitura, em escolher os livros, e muitas outras coisas que àsvezes a gente acaba,nomomento, não lembrando, mas foram muitos aprendizados. (Professora)

Outra professora destacou o engajamento das colegas em colocar em prática os aprendizados do Curso LEEI.

Mas eu senti toda a equipe engajada e colocando as práticas do curso, a teoria do curso nas práticas de sala de aula. [...] Eu vi cada uma das minhas colegas trazendo as vivências do curso para dentro da sala de aula. Trazendo a cultura local, trazendo a maneira de ler os livros, a maneira de ver a sensibilidade das crianças, registrando e tudo que era colocado no curso. (Professora)

Na entrevista, as diretoras comentaram sobre alterações na escola ou na sala de aula que pudessem ser atribuídas à participação no curso. Destacaram que o incentivo às crianças para a leitura se intensificou, por meio da organização do Cantinho de Leitura, estímulo para leitura em casa com familiares, contação de histórias, tertúlias e retomada do projeto “sacola literária” que já existia na rede. Seguem os comentários das diretoras.

Professores se empenham bastante na formação do cantinho da leitura. Eles trabalham bastante também após o curso. Eles estão fazendo sacolinhas literárias que incentivam os alunos a estarem levando livros para casa, a dar um retorno. Mandam um caderninho junto também nessa sacolinha literária; vão os livros, vai um caderninho para que os pais leiam para essa criança, para que os pais anotem ali como que foi esse momento de leitura em família, qual proveito se tirou disso, como foi a ação, como que a criança reagiu. Eu percebo que o incentivo à leitura dentro da escola em si está bem maior. Isso tá. Tanto na prática como no visual. Elas tentam, assim, fazer um lugarzinho aconchegante, decorado, pra eles quererem estarem ali sentadinhos, com um livrinho, lendo. A prática da leitura colaborativa, por imagem, eu vejo um incentivo bem maior nas turmas. Isso eu vejo. (Diretora de escola)

Aqui nós temos também o cantinho da leitura, que é tipo mini biblioteca, numa salinha, mas todas as salas têm um cantinho da leitura. Então, assim, tem dois espaços. Elas, às vezes, elas intercalam entre a brinquedoteca e o cantinho da leitura, que é uma salinha que a gente tem aqui, para as crianças poderem ter acesso aos livros e também tem a sacola literária, só que a sacola, eu acredito, é algo que já é trabalhado há algum tempo na rede e continua fazendo esse incentivo de leitura. E também tem as rodas, as rodas onde tem a escolha dos livros, que as crianças vão optar pelo livro que querem ouvir a história e eu acho, também, no desenvolvimento da tertúlia. Esse ano eu vi a coordenação falar sobre a questão das tertúlias, só que eu não sei explicar, de fato, como será realizado esse processo. (Diretora de escola)

Olha, o cantinho da leitura e a sacola literária, eu acredito que acontece em todas as escolas da rede, do município, o cantinho da leitura começou a ser organizado desde o início do curso. Assim que começou o curso, aí todas as salas tinham o canto da leitura montado. E a organização das cadeiras também, nas turmas de Educação Infantil, das mesas. (Diretora de escola)

Alterou, sim. Então, agora há pouco a gente tinha uma turma de Educação Infantil de cinco anos. E assim, como a turma é bem grande, as crianças não estavam sentando em grupos, sentavam em círculos. Ai, agora, depois que a coordenadoraorganizoucomaprofessora,emgrupos,juntouasmesas,aíficou bem melhor. Mudou bastante. (Diretora de escola)

Foi ainda mencionado que, após a realização do Curso, as profissionais da

Secretaria de Educação a as professoras passaram a reconhecer a importância da seleção e curadoria dos materiais pedagógicos, além de ampliarem seus conhecimentos para tal.

[...] a forma de ver os livros, escolher os livros para... quais livros a gente poderia estar levando para esse público? Saber fazer seleção desses livros, então, foi algo onde assim, ampliou muito o nosso olhar. Já tínhamos um olhar sobre, mas eu fico encantada, porque apesar de muitos anos de trabalho já na área da educação, já ter passado por outras formações, a gente já tinha uma visão sobre a escolha dos livros, mas veio ampliar muito o nosso olhar. (Técnica da SME)

Onde mais elas conseguiram perceber aimportânciadaseleção foi deumaobra literária compreendida e com toda a sua potência de arte e humanizadora. Que não serve qualquer livro, que não serve qualquer ilustração, que não serve qualquer forma de contar história. [...] não é mais aquele livrinho barato de fácil acesso, o livro tem que ter um conteúdo, a literatura, ela tem que estar completa, não pode ser um resumo do resumo com uma imagem padrão, que não representa. (tutora)

Para uma das tutoras, ainda que algumas professoras possam não ter conseguido modificar suas práticas de imediato, o Curso lhes deu a possibilidade de outras compreensões sobre o trato com a Educação Infantil. Ela relata o seguinte:

Mas foi interessante uma que falou com a gente: “eu ainda não sou capaz de mudar a minha prática desse jeito, mas eu já sei como que ela tem que ser”. Olha que coisa bacana da gente escutar. Ela percebeu e ela falava assim, ‘mas, então, a gente pode colocar na parede da escola coisa escrita pelas crianças, mesmo que elas ainda não saibam escrever certinho’. Aquele lugar do professor, como quem escreve tudo. Então, não tinha essa autoria das crianças nas produções que estavam ali. (Tutora do Curso LEEI)

Por fim, uma das técnicas da SME contou que o município de Boninal tinha um projeto denominado “Arte Despertar”, antes do LEEI, que versava sobre contação de histórias. Segundo ela, o LEEI acabou por explicar, de modo mais didático, como a contação de histórias pode ser utilizada na Educação Infantil, colaborando para um maior entendimento do outro projeto.

Uma outra contribuição muito grande, no período da pandemia, antes do projeto Leitura Escrita, a gente estava sendo assistido aqui por um projeto, que era um projeto do Arte Despertar, de uma equipe de São Paulo, que trabalhava com a questão da contação de histórias, que também teve uma participação muito bacana. E aí a gente pôde ver a importância da coisa da contação de histórias, do lúdico e tal, e esse projeto ele veio e complementou com uma leitura, com uma coisa mais didática, com um formato mais pedagógico, que antes a gente ficava muito naquela da contemplação da história e o projeto leitura escrita para as professoras que puderam acompanhar, principalmente da Educação Infantil, puderam perceber mais didaticamente, pedagogicamente, aquela coisa da contação de história como uma ferramenta pedagógica para ser trabalhada em sala de aula. (Técnica da SME)

8. IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO NA VISÃO DAS

PROFISSIONAIS DA REDE

Esta dimensão trata de aspectos que se referem a fatores intervenientes na execução do curso e apreciações manifestas pelas entrevistadas quanto a contribuições trazidas pela formação para as participantes no que concerne à questões relativas ao planejamento do ensino.

Considerando que o fluxo de comunicação entre os envolvidos no curso –profissionais da equipe ofertante, técnicos da secretaria de educação, coordenadoras pedagógicas e profissionais das escolas – é um elemento importante no desenvolvimento das atividades previstas, buscou-se esclarecer como essa comunicaçãofoi percebidapelas profissionais.

As técnicas da secretaria, com base em comentários de professoras que participaram do curso, fizeram observações que indicam ter ocorrido diálogos entre tutoras e cursistas, que se caracterizaram pelo respeito e compreensão de características do contexto local, dizendo:

Eu não tenho tanta propriedade pra falar sobre isso, mas ouvindo alguns relatos, era percebido sim essa preocupação com o contexto, principalmente cultural do município, principalmente cultural ... (Técnica da SME)

Tinha muito assim, essa sensibilidade, estava sempre entrando em contato com a gente, conciliando, tentando conciliar o máximo possível as agendas dos encontros com a gente, também com as festividades, com os recessos, com as demandas do município em si. E a gente percebeu que erampessoas que tinham sim uma linguagem bem próxima da gente, as culturas, quando vinham abordando os costumes da nossa terra com a delas; a gente acabou que parece que a gente se conhece, parece que é o pessoal que faz parte da nossa família. Não teve esse distanciamento. (Técnica da SME)

Tem também a bagagem delas, assim, a história de vida é bem próxima da gente, então, assim, a gente sentia essa segurança, sentia, como se diz, liberdade para ter esse diálogo, elas nos deixavam sempre à vontade para dialogar, colocar nossas dificuldades, “ah, eu não estou podendo entregar minha atividade por isso e por isso”. Elas tiveram sempre essa parte humanizada, todos tinham esse acesso. (Técnica da SME)

Os costumes, elas estiveram sempre buscando quais eram as nossas culturas, o que tinha de cultura, quais os costumes que a gente tinha no nosso município, e valorizando,paraqueagentepudesseestartrabalhando,vendoumavisão deeducação infantil, uma visão de leitura eescrita, dentro dabagagem cultural que a gente já tinha. Então, elas faziam com que a gente tivesse esse olhar, para que a gente valorizasse o que a gente já tem no nosso município, qual é a nossa cultura de leitura escrita. Elas tiveram sim esse cuidado de não estar só trazendo de fora, mas fazendo a gente ter esse olhar do quanto que a gente já tem de leitura, que é uma leitura de mundo. Eles estavam valorizando o nosso contexto, sim, eu percebi esse cuidado da parte deles. (Técnica da SME

Então, a gente percebeu sim essa preocupação, as meninas sempre perguntavam sobre os feriados locais, sobre as rotinas, quantos professores de 40 horas, de 20 horas, teve essa preocupação. (Técnica da SME)

As técnicas da secretaria observaram, também, que a equipe do curso foi compreensiva com as dificuldades apresentadas no ano de 2022, em decorrência do retorno às atividades presenciais na escola, suspensas nos anos anteriores devido a pandemia de Covid 19. Comentaram:

Houve, também, essa questão mesmo do ano em si. Por exemplo, saindo um pouco do curso, a nossa realidade aqui enquanto secretaria, a forma como nós começamos 2022 e a forma como estamos começando 2023 é completamente diferente. A leveza de 2023 está outra, a gente percebe, desde as primeiras reuniões nas escolas, as primeirasvisitas,agentejápercebeu essaleveza.E2022realmentefoiumanoatípico, a gente se prendeu muito em 2021 por conta da pandemia, mas esse retorno também foi extremamente atípico. Foram situações que a gente foi percebendo no decorrer. Mas eu entendo que houve sim uma certa preocupação do curso e houve, também, flexibilidade nas adequações, muita compreensão. Toda vez que a gente falava, estamos com dificuldades, estamos envergonhados porque o nosso grupo não está

frequentando, estamos preocupados, a gente percebia muitoum acolhimento por parte do curso, uma flexibilidade, um entendimento por parte nossa, por parte da equipe como um todo, de compreender aquele contexto. (Técnica da SME)

As coordenadoras realçaram que a comunicação mais constante se deu entre elas e a supervisora da Educação Infantil da secretaria de educação, pois “era ela que fazia articulações,atédaentregadolivro,eraelaquejuntavacomagenteparafazermovimento naentregadolivro,parachamartambémafamília[...]queestavasemprefazendoaponte, até perguntando, ‘tem algum professor que está faltando?’. E ela também participava do curso” (Coordenadora Pedagógica).

Entretanto, no decorrer do curso, acolhendo sugestão trazida pela avaliação externa,passaramaocorrerencontrosmensaisentreaequipedocursoeascoordenadoras, iniciativa essa que foi destacada como produtiva para apoiar a ação das coordenadoras junto às professoras. Nas palavras de uma das coordenadoras, esses encontros ajudaram [...]porquealinguagemeramaisvoltadaparaacoordenação,então,elatentava amarrar tudo o que o curso vinha trazendo, as discussões que eram feitas no curso, ela trazia na perspectiva da formação do coordenador, que é que nós, coordenadores, poderíamos estar sustentando aquilo com os professores. Então, vamos dizer, vinham costurando os conteúdos que eram trabalhados.

Ajudou muito! (Coordenadora Pedagógica)

As diretoras informaram que as responsáveis pela oferta do curso fizeram “uma reunião com as diretoras no início do curso” (Diretora de escola). Esta reunião foi “para falar do curso, para apresentar o curso, falar quais eram os professores que iam participar. Elas fizeram bastante perguntas” (Diretora de escola). Mas, durante o curso, não tiveram mais contato com essa equipe.

Apreciações das profissionais da rede em relação ao curso ofertado foram positivas e poucas menções foram feitas a dificuldades encontradas para acompanhar os conteúdos trabalhados, embora, nesse caso, houve destaque à importância que tiveram os encontros síncronos para o esclarecimento de dúvidas.

Técnicas da secretaria manifestaram que têm muitas expectativas “que o curso continue com a gente independente do que acontecer” (Técnica da SME). Também comentaram que

“valeu muito a pena o apoio de vocês, essas avaliações que foram feitas. Para estar dando esse novo olhar para o curso, reformulando alguns pontos. Que a gente teve aquele encontro lá atrás e a partir desse encontro a gente veio revendo alguns pontos que precisavam ser melhorados e contribuiu demais com o nosso município, foi, assim, é um prazer, uma alegria, é muito gratificante ter participado desse curso, um curso tão maravilhoso (Técnica da SME).

As coordenadoras expressaram satisfação com o curso ofertado, com falas como: “eu acho que o curso cumpriu a sua função”; “Os módulos são de fácil entendimento. Muito bom. Não é difícil"; "As tutoras também trazem nos encontros falas, que ficam mais fáceis para a gente conseguir entender. Fica bem tranquilo.”; “Uma coisa que todo mundo sempre gostou, as oficinas”. (Coordenadoras Pedagógicas)

As diretoras, embora não tenham feito um acompanhamento das professoras no decorrer do curso, disseram ter observado algumas mudanças no trabalho em sala de aula, a partir da frequência ao curso, principalmente o incentivo às crianças para a leitura, por meio da organização do Cantinho de Leitura, indicação de leitura em casa com familiares, contação de histórias, tertúlias e reativação do projeto “sacola literária”. Fizeram ainda referência à disposição das cadeiras e mesas na sala de aula, nas turmas de Educação Infantil.

As professoras manifestaram apreciações positivas em relação ao curso, como ilustram as falas a seguir:

Eu achei que foi muito rico, assim, todos, sabe? Era um ambiente de muitas trocas. Pelo menos, eu, sempre que estava presente nas aulas, tirava minhas dúvidas, era uma linguagem tranquila, tanto a parte teórica quando era discutida, quanto a parte prática. (Professora)

Eram aulas interessantes, tinha muito conteúdo bacana, sabe? (Professora)

Eram aulas muito bem pensadas, muito bem elaboradas, nós vimos as propostas das cidades. No curso, eles sempre procuravam trazer o melhor para a gente. Foram as videoaulas que contribuíram, não só essas videoaulas, mas também os seminários que nós tivemos on-line. Também foi bem interessante. (Professora)

E essa dinâmica de cada encontro ser uma prática diferenciada, também, isso é muito bom, porque não fica cansativo. Então, toda semana tem uma proposta diferente, de atividades diferentes, eu achei um ponto muito positivo. (Professora)

As tutoras também trazem nos encontros falas, que ficam mais fáceis para a gente conseguir entender. Fica bem tranquilo. (Professora)

Os encontros síncronos ... eu achei que foi muito rico, assim, todos. Era um ambiente de muitas trocas, pelo menos eu, sempre que estava presente nas aulas, tirava minhas dúvidas, era uma linguagem tranquila, tanto a parte teórica quando era discutida, quanto a parte prática. [...] Eram aulas interessantes, tinha muito conteúdo bacana, sabe? (Professora)

Eram muitoprodutivos os encontros. (...)achoqueagente aprendia mais.(Professora) Todoomaterialdocursofoimuitobemplanejado.Não écansativo,tudomuitolúdico, interessante. A forma como foi o cronograma de todas as aulas, tudo foi muito certinho. Às vezes, alguns vídeos que são muito longos acabam ficando um pouco cansativos, sabe? [...] Gostei, achei bem interessante. Os vídeos, o material cinemático. Um complementa o outro. Tudo muito amarradinho. Tem um vídeo, tem um texto, aí tem um roteiro que a gente lê antes. Então, essa parte foi muito bem pensada, muito bem organizado. (Professora)

Foi bem importante a assistência que as nossas tutoras deram, estavam ali o tempo inteiro, sempre estiveram disponíveis. Às vezes eu ficava com vergonha de incomodar, de estar perguntando, mas as meninas foram muito acessíveis. (Professora)

As tutoras comentaram sobre a evolução das participantes no decorrer do curso:

Os primeiros fóruns e o princípio do trabalho de percurso, na instrução, na consigna, elas (as professoras) não respondiam o que estava sendo perguntado. Aí a gente entrava com uma mediação, traduzindo um pouco para elas darem conta. Nos últimos, elas já estavam conseguindo tranquilamente. Então, você vê claramente uma evolução. [...] A escrita delas estava mais autoral, com compreensão do pedido. (Tutora do Curso LEEI)

Quanto ao alcance dos objetivos do curso, disseram:

Eu acho que os objetivos mais fáceis de ofertar, o que a gente conseguiu perceber, foi entender a importância da criança na centralidade da construção do próprio processo. Eu acho que esse objetivo foi alcançado. [...] Então, esses objetivos do curso relativos à docência, eu acho que eles foram atingidos. (Tutora do LEEI)

[...] eu acrescentaria também como objetivo alcançado, perceber da importância de refletir sobre a própria prática, que parece que é tudo posto e tudo dado. [...] E elas perceberam, eu acho que isso foi importante, que o currículo é o cotidiano, que para além daquele currículo estruturado, escrito, que a gente tem um currículo que se faz na interação, na experiência e no cotidiano. (Tutora do LEEI)

O que eu acho que a gente não conseguiu atingir [...] é uma compreensão mais aprofundada do que os teóricos dizem sobre a linguagem, sobre a experiência, como entender esses conceitos. Acho que a gente ainda ficou muito na superfície, não tivemos tempo e nem elas tinham condição de entender a fundo, mas, aí, não são só elas. (Tutora do LEEI)

9. SUGESTÕES APRESENTADAS PARA FUTURAS OFERTAS DO CURSO LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Nas entrevistas, as profissionais foram instigadas a apresentar sugestões relativas àofertadocurso,quepossamviraserincorporadaspelasproponentesem futurasedições. As contribuições recebidas contemplaram diferentes aspectos e serão a seguir indicados.

Hásugestõesqueforamapresentadaspormaisdeumacategoriadeprofissionaleoptamos por repeti-las, para ilustrar sua relevância na ótica das entrevistadas.

❖ Sugestões das Técnicas da Secretaria

-Mudaronomedo cursoparaqueasprofessorasdosanosiniciaissesintam contempladas

Se for só Leitura e Escrita, eu não sei, infantil… ou na Infância... (Técnica da SME)

Porque, assim, até construir esse conceito, levou alguns meses, sabe? Levou alguns meses [...] e, assim, [...] eu acho que o efeito para as multisseriadas foi muito bom. Mas, para as seriadas, o Fundamental I não teve tanto efeito, entendeu? [...] A gente veio conversando, [...] a gente veio desconstruindo, tentando trazer essa ponte sobre a infância, que as crianças que estavam no Fundamental I precisavam desse acolhimentotambém,dessa ludicidadepara aprender.E agente tevemuitaresistência, teve muita resistência porque já é uma construção antiga que veio se solidificando nas mentalidades, nos olhares pedagógicos desses professores. (Técnica da SME)

E, não sei se seria muita, assim, arrogância, ousadia. Eu senti que, no início do curso, a gente teve muita dificuldade da adesão do Fundamental I, os anos iniciais, de professoras ecoordenadorasque eram sódesse ciclo,porqueelas, pelonomedocurso, diziam que era leitura e escrita Infantil. (Técnica da SME)

- Prever reuniões com as Coordenadoras Pedagógicas, desde o início do curso

Eu acho que, para iniciar o curso, para um outro ciclo, vocês já deveriam adotar o que a gente adotou a partir do segundo semestre, que era uma reunião específica com as coordenadoras, porque isso é importante. Talvez, tenha ficado um pouco quebrado essemovimento,comonemtodasestavamparticipandoativamente,deelascolocarem nos seus planejamentos [...] esses olhares do que o curso trazia para o seu grupo de professores por não estarem participando do início. Mas foi muito importante. (Técnica da SME)

- Prever reuniões com a Equipe Técnica da Secretaria

Além dessa questão dos encontros com os coordenadores pedagógicos, com foco mesmo na coordenação, desse/nesse contexto voltado para a leitura, se fosse possível, também, ter esses momentos com a equipe técnica, porque ... Sandra começou perguntando sobre como foi esse diálogo com a equipe, foi muito bom, mas pode ser melhorado. Não ficar apenas no administrativo, porque geralmente a gente fica cuidando mesmo do administrativo, da rotina, de como vai ser, de como não vai ser, mas para a gente ser introduzido nesse contexto pedagógico mesmo, mas voltado para a equipe técnica, da gestão, dessa gestão pedagógica, voltada para a questão da leitura e da escrita. Então, eu acho que seria bem bacana se a gente tivesse esses momentos também, não somente os coordenadores, mas a equipe técnica, porque seria uma linguagem mesmo da leitura para a gestão. (Técnica da SME)

- Prever participação das Diretoras Escolares no curso ... colocando também os diretores das instituições, não só os coordenadores, mas os diretores, que têm diretores que têm uma mente bem ... ainda voltada muito para o conteudismo, não sabe argumentar com os pais, às vezes, tem diretores que assumem escolas, direção deescolas, mas que pedagogicamente,principalmente quando se trata da infância, quando vem aquela questão de ver o brincar de uma forma como é trabalhada com a Educação Infantil. (Técnica da SME)

A gente vê que tem diretores de outras unidades que ainda tem a mente muito fechada, principalmente na questão da transição, quando as crianças saem da Educação Infantil e vão para o Fundamental. Na Educação Infantil a gente tem toda uma dinâmica do chão das escolas de Educação Infantil, que é voltada para o lúdico, voltada para as brincadeiras, para as interações, e que as crianças participam de uma forma, como se diz, mais soltas, mais voltadas mesmo para o aprender brincando. Quando elas vão para o Fundamental, infelizmente, a gente percebe muito, de certa forma, ter um… como se tivesse assim, desfazendo, a palavra é essa, como se se desfizesse até um pouco do trabalho da Educação Infantil, essa é a realidade. Não aceitam que as crianças devem estar mais soltas. (Técnica da SME)

A gente vê relatos de alguns diretores que acham, ‘ah, não, isso é errado, fazer sessão simultâneas de leitura é errado, está brincando demais, rodinhas de leitura está perdendotempo,ascriançastêmqueestarmaisenfileiradas,têmqueestartrabalhando mais no conteúdo, é mesmo a questão das classes gramaticais, é isso e aquilo’. Agora mesmo a gente está vendo ainda um depoimento de algumas coordenadoras que está tendo essadificuldadeem introduzirumtrabalhomais voltadoparao lúdico,porconta de alguns diretores, então, eu penso assim, que os diretores eles precisam sim estar andando juntos com a coordenação, com os professores, porque vai dar esse apoio. Quando o coordenador vem com uma proposta que é voltado mais para o lúdico, em que as crianças precisam estar brincando, a gente vê que muitos diretores ainda emperramessa proposta e nãodão aquele apoio,e ocoordenadordentrodainstituição, sem apoio da direção, fica bem difícil, é bem complicado. (Técnica da SME)

❖ Sugestões das Coordenadoras Pedagógicas

- Rever a modalidade de oferta

O curso ser presencial; contemplar mais aulas síncronas. (Coordenadora Pedagógica) Uma coisa que não é possível ... ser presencial! (Coordenadora Pedagógica)

- Viabilizar o envolvimento das diretoras, com reuniões específicas para este segmento

Garantir que os diretores tenham uma reunião específica sobre o curso, assim como as coordenadoras, porque isso ajuda na articulação; (Coordenadora Pedagógica)

Outra sugestão que eu dou é assim, do mesmo jeito que teve uma pessoa do curso para fazer essa costura com a coordenação, eu acho que tinha que ter também alguém para fazer isso com a gestão, com a direção das escolas. Porque se a gente for analisar, nenhum diretor participou, e faz falta. Porque na hora de sustentar algumas coisas na escola, você precisa do diretor. Então, deveria ter também alguém com perfil para ir fazendoamesma discussão, sóquevoltadapara aquestão dadireção.Minhasugestão. Porque às vezes o diretor não está lá, e a gente leva uma proposta e acaba que eles ficam meio com o pé atrás. Acaba até não querendo fazer, questionando. Se tivesse esse momento com os diretores, facilitaria muito. (Coordenadora Pedagógica)

E eles (diretores) participarem do curso também. Porque eles todos foram inscritos, todos forem inscritos ...eu nãosei a realidadedevocês,mas adiretoraqueeu trabalho, ela não ficou. Então fica a cargo do coordenador. (Coordenadora Pedagógica)

Isso mesmo. A gente fica cobrando, fica correndo atrás. [...] Então, fica em cima do coordenador fazendo essas cobranças de participação, de como isso está indo. E, até mesmo, na hora de levar um trabalho, ele participando, os dois fazendo a participação, tanto o coordenador, como o diretor, facilitaria. E falando na mesma língua. E aí não ficaria um sem entender o que o outro estava falando. (Coordenadora Pedagógica)

- Rever a periodicidade e a duração das oficinas/encontros

Eu acho que uma coisa que todo mundo sempre gostou foram as oficinas. Eu acho que essas oficinas deveriam ser com menos tempo e quinzenal.Menos tempo, porque para nós, por exemplo, coordenadores, também para os professores... A gente já tinha uma jornada durante o dia e ainda ficava o terceiro turno em casa, mas na internet. E às vezes o papo estava tão bom, o negócio estava tão bom que às vezes estendia um pouco mais.... (Coordenadora Pedagógica)

Se fracionasse... talvez, se fracionasse o tempo. (Coordenadora Pedagógica)

Também eu acho que as oficinas eram muito bacanas. Eu acho que deveria ter mais oficinas e menos plataforma. (Coordenadora Pedagógica)

É verdade. Menos plataforma, menos trabalho e mais oficina ... (Coordenadora Pedagógica)

Aí até facilita para a gente. E é um momento tão gostoso que mesmo sendo [...] no terceiro turno a gente acaba ficando mais, a gente se empolga e conversa. (Coordenadora Pedagógica)

- Ter mais tempo para se dedicar ao curso, o que pode suscitar uma revisão do modo de organizar a oferta

Olha, pelo pouco que eu participei, eu queria ter mais tempo para poder fazer. Infelizmente, eu não tive, na época, talvez agora, se fosse para eu retornar, eu conseguiria, porque ficou mais leve a minha dinâmica, a minha questão logística... seria isso, porque o que me fez desistir do curso foi isso, assim, a demanda, porque você quer fazer, quer fazer bem feito, você não quer fazer de qualquer jeito, então, aí fica difícil. (Coordenadora Pedagógica)

-Disponibilizar material impresso

Aqui é uma dificuldade minha. Eu tenho uma dificuldade enorme de ler coisas no celular... no celular, no notebook. Então, se o material fosse impresso, igual outros cursos que nós já fizemos, igual o Pacto, por exemplo, vinha os caderninhos para a gente. Eu amava, porque aí lá mesmo eu estudava, rabiscava, fazia minhas notas. Então, é uma coisa que eu tenho dificuldade. Eu acho que pode repensar também a questão do material, porque é um material riquíssimo, riquíssimo, riquíssimo, riquíssimo. Então, se viesse encadernado, se viesse mesmo o material físico... (Coordenadora Pedagógica)

❖ Sugestões das Diretoras Escolares

- Rever a modalidade de oferta

Eu acho que o curso foi ótimo. Eu acho que o problema, mesmo, é por ter sido online. Se tivesse sido presencial, eu acho que teria tido mais resultado. Até para estar tirando dúvida, aquela parte dos professores terem dificuldades para lidar com as ferramentas digitais, não ia acontecer esse tipo de coisa. (Diretora de Escola)

Se fosse no presencial, aí a secretaria arrumava um jeito de ... um dia disponível pra todo mundo, no sábado, pra estar atendendo todo mundo, para não atrapalhar os horários de aula. (Diretora de escola)

❖ Sugestões das professoras

- Rever a periodicidade das oficinas/encontros

Uma sugestão, eu acho que deveria ser encontros semanais. Igual era quinzenal na quinta-feira, mas eu acho que deveria ser semanal. Porque eu acho que nos encontros era mais produtivo para a gente, a gente acha que a gente aprendia mais naqueles encontros. Então, a sugestão seria essa. (Professora)

- Explorar os cadernos com atividades

[...] o material é maravilhoso, os cadernos são perfeitos, dói o coração de não ter lido, assim, o tanto que deveria, porque o material é bem extenso, é bem interessante. Acho que poderia explorar mais, ter algumas atividades, assim, que a gente discutisse mais esses cadernos, porque eu acho que, às vezes, não dava o material e não dava tempo da gente ler na demanda do dia-a-dia, na correria a gente não lê tudo, e é muito interessante. (Professora)

- Diminuir o número de atividades

É muita, muita atividade. São atividades uma atrás da outra e, às vezes, não dava tempo de fazer a leitura do material, explorar mais o material. A gente faz aquela leitura correndo, só para responder a atividade. [...] Então, se diminuísse um pouco a quantidade de atividades e aprofundasse mais, eu acho que seria interessante [...]. (Professora)

- Citar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

O curso é maravilhoso, o material é maravilhoso. Agora, eu penso que se o curso foi elaborado antes da BNCC, eu sei que as diretrizes são as mesmas, mas, colocar nos próximos a BNCC... Eu sei que o conteúdo é todo voltado para a BNCC, mas ele foi elaborado antes da BNCC. Então, agora, nesse próximo ano, que vou colocar a BNCC bem visível, apesar de ter todos os conteúdos, tudo que diz na BNCC, ele está dentro. [...] (Professora)

Sugestões das Tutoras

-Uso de meio de comunicação ágil com as cursistas, para facilitar o acesso às atividades

Nós, a princípio, nem pensávamos em trazer o WhatsApp. Mas, enquanto ferramenta de trabalho, tivemos que trazer o WhatsApp e desenvolvemos várias estratégias para possibilitar guia de leitura, oferecendo chave de leitura do material que a gente ia trabalhar, para facilitar a leitura delas. Mas a gente percebia que, muitas vezes, elas vinham para o encontro síncrono sem ler o material. Muitas vezes isso acontecia, inclusive nas tertúlias também. A gente ficava um pouco chocada com isso e aí fomos investindo evendo ummovimento dereversão disso, comum interesse maior. (Tutora do Curso LEEI)

Olha, teve encontro que a gente geralmente não disponibilizava o link no grupo de WhatsApp [...]. E aconteceu de a gente disponibilizar individual e essa pessoa disponibilizar no grupo de WhatsApp e, de repente, aumenta sensivelmente a quantidade de pessoas, quer dizer, o próprio acesso ao Moodle pra elas, por mais que a gente tenha batalhado pra suprir essa carência, ainda se tornou ainda um impeditivo. [...] (Tutora do Curso LEEI)

[...] Então, sempre tem aquelas que participam o tempo todo, em todo encontro e que falam muito. E tem outras que falam uma coisa, falam outra, participam lá no chat um pouquinho. Foi interessante, no grupo do WhatsApp elas começavam a mandar coisa, perguntando, falando do que tinha gostado, elogiando o material... (Tutora do Curso LEEI)

- Realizar formações direcionadas às coordenadoras das escolas

A gente teve o depoimento da coordenadora [...] ela começou a organizar momentos de leitura e de estudo. Elas começaram a fazer as atividades do Moodle junto coma as professoras, porque boa parte das professoras saia de lá e ia para a zona rural, porque morava na zona rural e não tinha acesso à internet. Eles começaram a reorganizar os tempos e os espaços dentro da própria escola. E a participação também melhorou, eu acho que com a coordenadora mais formada, quer dizer, o papel da coordenação é puxar o grupo, então, ela tem que estar à frente. Com essa coordenadora mais

instrumentalizada, ela conseguiu organizar os espaços de estudo, eu acho que isso fez toda a diferença. (Tutora do Curso LEEI)

[...] muitas vezes a gente conversava da falta que fazia a coordenadora pedagógica da escola ter, no tempo de estudo da escola, a condição de dedicar pelo menos um momento à nossa formação. [...] Que ela pudesse disseminar esses conceitos, o trabalho que foi realizado naquele determinado tempo, sabe? [...] a gente tinha que ter pessoas que pudessem fazer uma condução das demandas do curso. [...] (Tutora do Curso LEEI)

[...] E essas coordenadoras saíam desses encontros mais empoderadas e começaram a exercer uma liderança diferenciada. Eu sei que não cabe ao LEEI, mas ... (Tutora do Curso LEEI)

- Analisar o grau de complexidade do material do curso considerando especificidades dos participantes

[...] é um material pelo qual eu tenho muito apreço, pelo que ele traz, pela concepção que ele tem da educação, de criança, da aprendizagem, da linguagem, da vida, da arte. Para mim são todas as coisas que nunca poderiam ficar de fora da formação de qualquer professor, em qualquer nível de formação. Mas, eu acho que os conteúdos são muito densos no livro, [...] mesmo para quem já tinha muita experiência na Educação Infantil, para quem está numa trajetória de estudos. A leitura só foi possível com mediação, então, além do curso do LEEI, a gente tinha um grupo que se reunia e discutia. [...], eupenso que, às vezes, a linguagem ficaum pouco distante da realidade, sevocêpensaemcomunidadesafastadasdosgrandescentros.(TutoradoCursoLEEI)

Com relação ao material, eu queria só acrescentar uma coisa, o material é riquíssimo, é um material de uma qualidade indiscutível, mas para a gente conseguir atingir mesmo, ele não pode ser tão condensado, é um curso que teria que ser feito em módulos, [...] porque não é só falar da leitura e escrita de qualquer jeito, é dizer de toda a importância que a sua vida, que o seu território, que a sua região tem, para que você se constitua como leitor e, a partir daí, ver quais são as leituras que você faz, a leitura de mundo, não é só a decodificação, a compreensão do que você lê, como essa leitura se reflete em você, quais são os pontos que vocês encontram de concordância, de empatia ou de discordância plena, então, eu acho que é um processo que precisaria ser mais lento, assim, não é nem é fragmentar. (Tutora do Curso LEEI)

- Rever a modalidade de oferta

O formato completamente à distância deixa a desejar, tanto para a gente como tutora, quanto para as cursistas. E existe a questão da dificuldade na plataforma [...]. Para quem está em lugares mais distantes ou de maior vulnerabilidade, [...] acabou não podendo aproveitar tudo o que foi ofertado em função de uma condição técnica, que independia dos formadores e que independia dos cursistas. [...] A gente sabe que o EaD, que à distância, permite um alcance maior, mas ele não permite um diálogo tão profundo ou uma participação tão intensa. (Tutora do Curso LEEI)

[...] quando a gente fez a experiência de juntar as turmas, ela foi muito positiva. Porque, de alguma forma, as pessoas que estavam lá, elas se sentiram acolhidas, respaldadas por ter mais gente por perto. [...] Propiciou, por exemplo, mais encontros entre elas, e isso, na nossa percepção, foi positivo. Acho que a troca entre elas no momento dos encontros, parece que foi interessante. (Tutora do Curso LEEI)

Fazermos encontros presenciais faz toda a diferença. Tanto para a gente, enquanto tutora, para conhecer a realidade, quanto para elas, faz muita diferença o encontro presencial. (Tutora do Curso LEEI)

- Considerar no planejamento da execução do curso a formação anterior das cursistas

[...] a gente teve [...] tanto pessoas que tinham um nível de compreensão bacana do que estava lendo, como aquelas pessoas que têm uma leitura muito primária e que são professoras. E a escrita também. E, assim, professoras de uma realidade que demandaria uma formação muito específica e muito mais abrangente, porque elas trabalham, por exemplo, com turmas multisseriadas. O que a gente percebe nas pessoas que ficaram na formação é um esforço muito grande para compreender e, sem a mediação, elas não teriam conseguido entender nada. (Tutora do Curso LEEI)

É uma dificuldade com concordância, com as questões da escrita mesmo, questões ortográficas. [...] Uma conta, assim, que a avó tinha um quadro em casa e juntava os meninoseelajácuidavadascrianças.Elacomeçouaensinarascriançasaescreverem. Quer dizer, aquela coisa que vem mesmo característica desses lugares. Ali, quem sabe ler, sabe escrever, pode ensinar o outro a ler. (Tutora do Curso LEEI)

[...] a gente tem que garantir que na graduação a pessoa teve uma base muito boa para chegar lá e fazer isso, e poder se apropriar e botar em prática toda a riqueza que tem esse material. [...], mas, é pensar de uma forma que atinja mais as pessoas que estão nessa condição que a gente viu, de dificuldade, inclusive de leitura e de escrita. (Tutora do Curso LEEI)

É um curso de formação continuada, mas a formação inicial dessas cursistas, de um modo especial, é muito defasada. Muitas delas tiveram curso de formação não presencial, então, isso também fez com que essa formação não estabelecesse parâmetros para que elas dessem conta de um curso de formação continuada tão exigente. (Tutora do Curso LEEI)

De modo a sintético, observa-se que as coordenadoras pedagógicas e as tutoras foram as entrevistadas que mais sugeriram mudanças no Curso LEEI e as diretoras as que menos o fizeram, talvez, pelo seu menor envolvimento com o Curso, como foi possível depreender aolongo desterelatório.O conjuntode profissionais entrevistadas apresentou, ao todo, 15 diferentes sugestões, sendo que a “revisão da modalidade de oferta do Curso” foi a mais recorrente, seguida da “revisão da periodicidade das oficinas/encontros”, como registrado no Quadro 3, a seguir.

Quadro 3 – Síntese das sugestões para o Curso LEEI, por grupo de profissionais. Município de Boninal. 2023.

Técnicas da SME Coordenadoras Pedagógicas Diretoras Professoras Tutoras Mudar o nome do curso para que as professoras dos anos iniciais se sintam contempladas

Prever reuniões com as coordenadoras pedagógicas, desde o início do curso

Prever reuniões com a equipe

Realizar formações direcionadas às coordenadoras das escolas

técnica da secretaria

Prever participação das diretoras no curso

Viabilizar o envolvimento das diretoras, com reuniões específicas para este segmento

Rever a periodicidade e a duração das oficinas/encontros

Ter mais tempo para se dedicar ao curso

Rever a modalidade de oferta

Disponibilizar material impresso

Rever a periodicidade das oficinas/encontros

Rever a modalidade de oferta

Diminuir o número de atividades

Rever a modalidade de oferta

Explorar os cadernos com atividades Analisar o grau de complexidade do material do curso considerando especificidades dos participantes

Citar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Uso de meio de comunicação ágil com as cursistas, para facilitar o acesso às atividades

Considerar no planejamento da execução do curso a formação anterior das cursistas

Fonte: Elaborado pelas autoras.

A análise das sugestões evidenciou, ao menos, dois grandes eixos que oferecem elementos para reflexões da Coordenação do Curso de Leitura e Escrita na Educação

Infantil (LEEI), quais sejam:

● Estrutura do curso: que congrega sugestões de mudança do nome do Curso, sobre a modalidade de oferta, a periodicidade e o tempo destinado para os encontros síncronos, além daquelas relativas ao material disponibilizado e às atividades solicitadas;

● Interlocução e articulação com e na rede educacional: que reúne sugestões concernentes à necessidade de organização de ações específicas do Curso para os diferentes segmentos da rede educacional, bem como referentes ao planejamento da execução do Curso.

De modo a elucidar esses eixos, reorganizamos as sugestões nos Quadros 4 e 5, apresentados a seguir.

Quadro 4 – Sugestões dos grupos profissionais entrevistados, relativas à estrutura do Curso. Município de Boninal. 2023.

Sugestões Técnicas da SME Coord. Pedagógicas

Mudança no nome do curso

Modalidade de oferta

Periodicidade e tempo destinado aos encontros

Mudar o nome do curso para que as professoras dos anos iniciais se sintam contempladas

Materiais do Curso

Atividades do Curso

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Rever a modalidade de oferta

Rever a periodicidade e a duração das oficinas / encontros

Disponibilizar material impresso

Diretoras Professoras Tutoras

Rever a modalidade de oferta

Rever a modalidade de oferta

Rever a periodicidade das oficinas / encontros

Citar a BNCC Analisar o grau de complexidade do material do curso considerando especificidades dos participantes

Explorar os cadernos com atividades

Diminuir o número de atividades

Quadro 5 – Sugestões dos grupos profissionais entrevistados, relativas à interlocução e articulação com e na rede educacional. Município de Boninal. 2023

Sugestões Técnicas da SME Coordenadoras Pedagógicas

Organização de ações específicas do Curso para os diferentes segmentos da rede educacional

Prever reuniões com as coordenadoras pedagógicas, desde o início do curso

Prever reuniões com a equipe técnica da secretaria

Diretoras Professoras Tutoras

Realizar formações direcionadas às coordenadoras das escolas

Prever participação das diretoras no curso

Viabilizar o envolvimento das diretoras, com reuniões específicas para este segmento

Planejamento da Execução do Curso Ter mais tempo para se dedicar ao curso

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Uso de meio de comunicação ágil com as cursistas, para facilitar o acesso às atividades Considerar no planejamento da execução do curso a formação anterior das cursistas

Os eixos aqui tratados são retomados e discutidos na próxima seção, onde outros elementos são incorporados a eles, para além das sugestões trazidas pelos grupos de profissionais que foram entrevistados.

10.CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ORIUNDAS DA AVALIAÇÃO EXTERNA

Este relatório apresenta os resultados da terceira etapa de avaliação externa do Curso de Extensão e Aperfeiçoamento Profissional “Leitura e Escrita na Educação Infantil” e de sua implementação no município de Boninal/BA, o qual foi conduzido pela equipe da Universidade Federal de Minas Gerais, com o apoio da Fundação Itaú Social.

O Curso teve como objetivo geral formar professoras de Educação Infantil para que estas possam desenvolver, com qualidade, o trabalho com a linguagem oral e escrita, em creches e pré-escolas. Em Boninal, o Curso foi ofertado, também, para professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Com base na análise do conteúdo das entrevistas realizadas com diferentes grupos de profissionais (Técnicas da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoras

Pedagógicas da Rede, Diretoras Escolares, Professoras e Tutoras do Curso), em dados sobre a rede municipal de educação – coletadas em bancos de dados consolidados, como o Censo Escolar – e informações sistematizadas sobre a frequência das cursistas, fornecidas pela Coordenação do LEEI, foi possível organizar recomendações que abrangem aspectos relativos à estrutura do Curso, bem como os concernentes a sua interlocução e articulação com e na rede de ensino.

Aspectos relativos à estrutura do Curso:

● Modos de oferta: a oferta do Curso em formato totalmente remoto parece não garantir um envolvimento das cursistas, especialmente no pós-pandemia, onde as professoras ficaram expostas às telas por um longo período, o que indica a necessidade de se refletir sobre possíveis caminhos a serem adotados em edições posteriores, sendo o formato híbrido uma possibilidade, com algumas ações presenciais, tanto para o planejamento do curso, como também estimular interações entre os participantes;

● Periodicidade dos encontros síncronos: a realização de encontros com menor intervalo de tempo parece ter potencialidade para garantir as rotinas de estudos, o que seria uma medida a ser pensada, onde o curso poderia ocorrer em menos tempo, em períodos nos quais as cursistas não estivessem envolvidas em atividades detrabalho quedemandam suamaiorparticipação.Nocaso deBoninal, os meses de maio e junho, por exemplo, são dedicados à organização e realização das festas juninas, onde as escolas participam ativamente e dependem do trabalho das professoras para sua consecução;

● Disponibilização de materiais impressos: o contato com os materiais do curso apenas pelo modo virtual, parece ter dificultado os estudos das cursistas, em especial porque parte delas só possui o aparelho celular, onde a visualização do material fica comprometida e impede um aproveitamento maior das informações nele constantes;

● Necessidadedeanalisaracomplexidadedomaterial: omaterialdoCurso LEEI foi considerado muito bom pelas cursistas, no entanto, elas reportaram dificuldades que tiveram para compreender o seu conteúdo, dada a densidade das discussões propostas, informação também corroborada pelas tutoras do curso. Essa é uma indicação que denota a necessidade de reflexão sobre sua

complexidadeeformasdetratá-lodemodoafacilitaracompreensãodascursistas, revendo as metodologias de ensino e, também, destinando maior tempo para cada material. Também, a elaboração de um diagnóstico prévio da rede, em que se considere, dentre outras questões, a formação das cursistas, pode ser uma iniciativa útil para o planejamento do uso do material;

● Articular o conteúdo do Curso com à BNCC: a despeito dos debates e embates em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as redes educacionais têm envidado esforços para sua implementação, dado seu status normativo em âmbito nacional e a exigência, de gestoras, junto aos profissionais de educação, para que façam uso da Base em sua prática pedagógica. Desse modo, indica-se a necessidade de se tecer considerações sobre ela, problematizando suas indicações e estabelecendo conexões com o conteúdo do Curso;

● Analisar a adoção e o uso da plataforma Moodle: em uma formação remota, o uso de plataformas virtuais é imprescindível para a disponibilização, realização e postagem de atividades, para acesso aos materiais e para esclarecimentos de dúvidas, entre outras ações. Todavia, parece importante que, além da plataforma “oficial” do Curso, sejam utilizados outros meios de contato, para avisos e, até mesmo, para o envio de materiais e atividades, desde o início do curso. No caso de Boninal, o uso do WhatsApp parece ter sido uma estratégia mais potente para essefim, inclusive, com oenvio dos links dos encontrossíncronos que,nocomeço do Curso, estavam disponibilizados apenas no interior da Plataforma Moodle, ferramenta mais complexa de uso, segundo os grupos de profissionais entrevistados;

● Rever a organização das atividades previstas: a falta de manejo de recursos digitais pode ter implicado em dificuldades para a realização e postagem das atividades solicitadas às cursistas. Nesse quesito, recomenda-se a organização de materiais autoinstrucionais que possam auxiliar os estudos sem mediação constante. Articuladas à possibilidade de trabalhar com cada caderno por um tempo mais alargado, indica-se a realização de parte das atividades de modo síncrono,reservandoos momentosassíncronosparaatividades emqueascursistas possamaplicaros conhecimentos apreendidos no Cursoeregistraras experiências realizadas;

● Repensaro nomedoCurso: umadas sugestões apresentadas pelas entrevistadas, mais precisamente pelos técnicos da SME de Boninal, foi a de mudança do nome

do Curso, para atrair as professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, demodo queestas profissionais possam refletir eacolher as crianças da Educação Infantil e realizar o processo de transição, de uma etapa para a outra, sem interrupções abruptas na forma de ensino e de aprendizagem de leitura e a escrita;

Interlocução e articulação do Curso com e na rede de ensino

● Realizar um diagnóstico robusto das reais condições da rede para implementação do Curso: realizar um diagnóstico das condições existentes na rede (acesso a equipamentos tecnológicos e internet com qualidade; materiais pedagógicos que apoiem o desenvolvimento, nas escolas, de ações aprendidas no Curso, como livros e salas para estudo, por exemplo) para implementar o Curso é uma das recomendações da avaliação externa. Sabe-se que houve essa preocupação, contudo, as manifestações das entrevistadas denotam que algumas questões não foram detalhadas, como, por exemplo, a qualidade da internet em cada espaço do território onde o Curso foi desenvolvido, o que trouxe implicações relativas ao acesso e à estabilidade da rede para a participação nos encontros síncronos e realização das atividades assíncronas na plataforma Moodle, especialmente para as cursistas residentes na zona rural do município. Outro exemploéanecessidade dediagnosticar a priori aformaçãodasprofessoras,tanto por meio de indicadores educacionais do INEP (Indicador de Adequação da Formação Docente), quanto por meio da coleta de informações junto ao município, o que possibilitaria, além de conhecer a formação das professoras, saber sobre suas experiências com a Educação Infantil e com a leitura e escrita nesta etapa educacional, o que favoreceria a elaboração do planejamento das oficinas e das atividades a serem desenvolvidas. Lembra-se aqui as contribuições trazidas para o desenvolvimento do curso, de imagens (fotos) das salas de aula e outros espaços escolares, utilizadas como fonte na avaliação externa.

● Proporcionar encontros específicos de formação para os técnicos da SME, diretoras e coordenadoras: no primeiro relatório da avaliação externa do LEEI, foi recomendado que o Curso realizasse reuniões com as coordenadoras pedagógicas com a finalidade de mostrar qual o papel que deveria ser exercido por elas na discussão sobre leitura e escrita na educação infantil, de modo que estas profissionais pudessem estimular as professoras a participarem do curso,

auxiliá-las na realização das atividades propostas e discutir formas de implementar ações na escola, a partir do aprendizado do Curso. Esta parece ter sido umarecomendação adequada,de acordo com as manifestações dos diferentes grupos de entrevistadas, sendo que a indicação deles é a de que o Curso realize reuniões específicas também com as diretoras escolares e a equipe Técnica da Secretaria para que cada um destes sujeitos possa, do lugar em que ocupam na rede, contribuir para a implementação das propostas veiculadas no Curso;

● Negociar com as redes a designação de tempo na jornada de trabalho das professoras, não só para viabilizar melhores condições para que estas realizem o Curso como, ademais, propiciar ações colaborativas no processo de aprendizagem no decorrer do curso e induzir o trabalho conjunto entre as profissionais: a exemplo do aspecto anterior, aqui também a avaliação externa fez indicações, no primeiro relatório de avaliação do Curso, de a Secretaria da Educação destinar um tempo dentro da jornada de trabalho das professorascursistas, para que estas pudessem se dedicar às atividades do Curso. Esta foi uma recomendação acatada pelos técnicos da Secretaria, que orientaram as escolas a efetivá-la. Todavia, em parte das unidades escolares, esta orientação não foi atendida, o que denota fragilidades na articulação entre a SME e as escolas, necessitando de um acordo mais robusto entre a Coordenação do Curso e a SME;

● Organizar canais de comunicação direta entre a equipe do Curso e as cursistas, de modo a agilizar a troca de informações, esclarecer dúvidas e obter informações quanto às possíveis ausências e desistências do Curso.

À despeito dos obstáculos e desafios que se colocaram para a implementação do Curso de Leitura e Escrita na Educação Infantil, em Boninal, já relatados neste relatório, o Curso obteve boa repercussão entre os profissionais de educação.

As profissionais entrevistadas reportaram a reorganização das salas de educação infantil, com diferentes disposições das cadeiras e carteiras, por exemplo, e a retomada ou a criação dos Cantinhos de Leitura, especialmente montados com os livros doados no âmbito do LEEI.

Os livros doados e as discussões realizadas no Curso potencializaram projetos voltados para a leitura e a escrita já existentes na rede, que abrangem a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, envolvendo as famílias das crianças nas ações encetadas, além de revigorar e diversificar as ações realizadas com elas, na escola.

Por meio de afirmações das entrevistadas, depreende-se ter havido mudanças na concepção de alfabetização existente na rede, fornecendo elementos argumentativos para aquelas profissionais que compreendiam as especificidades da leitura e da escrita na Educação Infantil, mas que tinham dificuldades para explicar essa questão àqueles que defendem a alfabetização nesta etapa educacional, nos moldes do que é realizado no ensino fundamental.

A redescoberta e a revalorização da cultura local/regional foi outra contribuição do Curso LEEI, que forneceu elementos para que as profissionais cursistas pudessem, por exemplo, refletir sobre as brincadeiras e atividades desenvolvidas com as crianças e problematizar o uso de brinquedos e objetos industrializados na sua consecução, promovendo um contato mais substancial das crianças com culturas que estruturaram seu território de pertencimento.

Ademais, as informações prestadas pelasentrevistadas sugerem queoCurso LEEI contribuiu para um trabalho colaborativo entre as professoras, de trocas de informações e compreensões sobre a leitura dos livros indicados no Curso, no estímulo para que as colegas que ainda não haviam lido, lessem e pudessem debater os conteúdos tratados nas obras. Articulada a essa constatação, desvelou-se um entendimento de que as professoras devem ser professoras-leitoras-pesquisadoras, inclusive para ter elementos e segurança para realizar contações de histórias e desenvolver ações voltadas para a leitura e a escrita na Educação Infantil, respeitando as singularidades da primeira etapa da Educação Básica.

Esses aspectos denotam a potência do Curso LEEI que, apesar de todas as adversidades do contexto em que foi implementado, conseguiu envolver as cursistas e deslindar caminhos para qualificar o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas de Boninal.

Os elementos trazidos nesta e nas seções anteriores, que abarcam considerações sobre a rede de ensino, escolas e profissionais direta ou indiretamente envolvidos com o curso, precisam ser lidos de modo articulado, para que possam subsidiar decisões e ações nessas três esferas em que incide a proposta de leitura e escrita.

Sugere-se à equipe de coordenação do LEEI que aspectos explorados no presente relatório sejam apresentados e discutidos com integrantes da secretaria de educação de Boninal com vistas a sugerir e incentivar a formulação e execução de iniciativas capazes de retroalimentar concepções de leitura e escrita exploradas no curso.

11.SOBRE O CAMINHO TRILHADO NA AVALIAÇÃO

Finalizando este relatório retoma-se, de modo sucinto, as trilhas adotadas na avaliação, seguindo-se a apreciação das coordenadoras do curso sobre as opções feitas nessa trajetória.

A expectativa anunciada no projeto de avaliação externa do curso, tal como expressa pelos seus proponentes, foi assim anunciada:

[...] trazer elementos que propiciem “conhecer a eficácia do curso a partir da definição de indicadores que permitam aferir a sustentabilidade da concepção desenvolvida nas práticas docentes, no coletivo da escola e nas estruturas intermediárias de gestão” (Projeto LEEI, p. 7). A expectativa é a “Construção de desenho amplo de avaliação que abarque tanto os processos de avaliação de desempenho das cursistas, quanto da implementação do curso Leitura e Escrita na EducaçãoInfantil.” (Projeto LEEI, p. 12)

Informações sobre resultados das avaliações de aprendizagem, como previsto, foram produzidas pelos ofertantes do curso e merecem uma leitura articulada com os elementos trazidos no presente relatório.

Além disso, esperava-se que a avaliação viesse a cumprir uma perspectiva educativa, ou seja, (...) prever processos e procedimentos capazes de produzir informações úteis, a serem analisadas pelos proponentes do curso e pelos cursistas, a fim de apoiar decisões, sejam as de reiterar trilhas adotadas e/ou desencadear ações de correção de rumo para garantir o alcance dos objetivos do projeto de formação. (Projeto da Avaliação, p. 2)

Nessa perspectiva a avaliação se efetivou desde o início do curso, durante a sua realização e ao seu final e cada etapa resultou em relatórios específicos.

No Relatório 1, entregue em setembro de 2022, foi analisado o contexto de implantação do curso, que se pautou pelos seguintes objetivos:

- Conhecer as motivações que apoiaram a decisão das redes de ensino para a promoção do curso aos profissionais da Educação Infantil, bem como as mudanças que se pretende ocorram nas práticas escolares;

- Caracterizar e analisar condições contextuais das redes de ensino, condicionantes de uma ambiência favorável para implantação da proposta do curso, relativa ao trabalho com a linguagem oral e escrita, em creches e pré-escolas;

- Mapear características e tendências de concepções e práticas dos profissionais da educação infantil, vigentes nas escolas, por meio de registros escritos, análise documental e imagens.

No Relatório 2, entregue em dezembro de 2022, foram analisadas as ações implementadas, buscando subsídios para manutenção, fortalecimento e/ou correção de rumos. Esta segunda coleta de informações pautou-se pelos seguintes objetivos:

- Acompanhar o desenvolvimento do curso nas dimensões: i) proposta pedagógica; ii) gestão e iii) recursos humanos;

-ApoiarinferênciassobreacontribuiçãodoCursoparaoaprimoramentodeinfraestrutura propiciada pela secretaria de educação para o trabalho escolar e atividades didáticas;

- Apoiar inferências sobre repercussões do curso em práticas pedagógicas das docentes participantes;

- Subsidiar a análise e a proposição de adequações do curso, a fim de fomentar a melhoria qualitativa da formação dos participantes.

O relatório 3, ora apresentado, reúne informações sobre condições existentes na rede para suporte ao trabalho com leitura e escrita, opiniões de profissionais da rede sobre o curso e indícios de alterações nas práticas escolares, que apoiam sugestões à equipe de coordenação do LEEI em iniciativas futuras de sua oferta, em outros contextos.

Nessa perspectiva a avaliação se efetivou desde o início do curso e durante a sua realização, buscando apreender fatores intervenientes na formação e apoiar decisões quanto à necessidade – ou não – de redirecionamento das ações e, ao seu final, incluindo avaliação de aprendizagem dos participantes4 e sua opinião sobre a utilidade e a aplicabilidade da proposta em seu contexto de trabalho.

Sobre o processo de avaliação, assim se manifestaram as coordenadoras do LEEI:

Avaliação externa curso Leitura e Escrita na Educação Infantil Ponderações sobre a condução do processo de avaliação do curso e sobre contribuições e limites das trilhas adotadas.

Consideramos que o desenvolvimento do trabalho se deu por meio de uma parceria respeitosa e cooperativa. O desempenho das atividades pode ser complementar sem que as atribuições da equipe de avaliação externa se sobrepusessem às atividades e atribuições da coordenação pedagógica.

Desde o início, as definições acerca dos recortes a serem realizados, delineando o desenho do processo avaliativo externo, foram assertivas. As percepções iniciais, que vieram a ser

4 Informações sobre resultados das avaliações de aprendizagem foramproduzidas pelos ofertantes do curso

confirmadas por dados quantitativos e também qualitativos, não somente confirmaram como, principalmente, ampliaram as “intuições” da equipe pedagógica.

O trabalho da equipe de avaliação externa foi de grande valor para a compreensão mais detalhada e aprofundada da conjuntura político-pedagógica em que as escolas e profissionais do município de Boninal se encontravam. O que foi extrapolado para os demais municípios participantes.

A realidade dos municípios da Chapada Diamantina apresentou grandes desafios que foram sendo tratados no próprio processo da formação. Alguns deles talvez permaneçam ainda obscuros, como a enorme evasão vivenciada. Não apenas pela dificuldade de se investigar, à distância, a relação das participantes com o curso. Como também, e talvez principalmente, pela complexidade dos fatores que levaram à evasão.

Mas, estratégias propostas durante o percurso (como exemplo, podemos citar os encontros extras realizados com as coordenações pedagógicas) foram estratégias construídas conjuntamente que visavam mitigar as dificuldades vivenciadas. O que aponta para o bom aproveitamento dos diálogos construídos entre as duas equipes, durante a formação.

A estratégia da etapa final, cujo relatório ainda vamos receber, também é um exemplo de construção coletiva das duas equipes acerca da metodologia mais favorável à investigação da implementação da formação e de sua efetividade junto às cursistas. A decisão de realização de rodas de conversa (grupos focais?) pareceu-nos uma escolha muito favorável à produção de dados e informações de caráter mais qualitativo, conforme esperamos. Inclusive, possibilitando eventuais evidências de posturas paradoxais e contraditórias das participantes.

Sabemos que os relatórios produzidos aportam lastro às reflexões da equipe pedagógica, elevando todo o processo da formação a um patamar mais qualificado e melhor fundamentado, inclusive para que sejam apontadas mudanças na própria estrutura do curso.

Atenciosamente,

Mônica Correia Baptista

Ana Cláudia Figueiredo Brasil Silva Melo

REREFÊNCIAS

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA. Sinopse Estatística da Educação Básica 2021. Brasília: Inep, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dadosabertos/sinopses-estatisticas/educacao-basica. Acesso em: 21 jun. 2023

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Lei nº 454, de 07 de agosto de 1998. Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores do Magistério Público de Boninal e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Boninal, BA, 07 de ago. de 1998

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Lei nº 737, de 11 de dezembro de 2017. Organiza o sistema municipal de ensino, nos termos do parágrafo segundo do artigo 134 da Lei Orgânica Municipal, define a estrutura da secretaria municipal de educação, dispõe sobre os órgãos colegiados que indica e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Boninal, BA, n. 302, 14 jun. 2018.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Lei nº 740, de 22 de março de 2018. Dispõe sobre o Conselho Municipal de Educação de Boninal, Estado da Bahia, e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Boninal, BA, n. 264, 22 mar. 2018.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Lei nº 745/2018, de 30 de outubro de 2018. Altera anexo único da Lei Municipal nº 718/2015 e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Boninal, BA, n. 335, 30 out. 2018.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Lei nº 454, de 07 de agosto de 1998. Dispõe sobre o Plano de Carreira e Remuneração dos Servidores da Administração Direta, das Autarquias e Fundações Públicas do Município de Boninal e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Boninal, BA, n. 486, 05 fev. 2020.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BONINAL. Secretaria Municipal de educação. Documento de Avaliação do Plano Municipal de Educação de Boninal – Bahia: Período 2015 – 2017. 2021. Mimeo.

SOUSA, Sandra Zákia; PIMENTA, Claudia de Oliveira; BRAVO, Maria Helena de Aguiar. Avaliação externa sobre o Curso Leitura e Escrita na Educação Infantil Projeto. 2022. Mimeo.

SOUSA, Sandra Zákia; PIMENTA, Claudia de Oliveira; BRAVO, Maria Helena de Aguiar. Avaliação externa sobre o Curso Leitura e Escrita na Educação Infantil. Relatório 1. 2022. Mimeo.

SOUSA, Sandra Zákia; PIMENTA, Claudia de Oliveira; BRAVO, Maria Helena de Aguiar. Avaliação externa sobre o Curso Leitura e Escrita na Educação Infantil. Relatório 2. 2022. Mimeo.

UFMG. Proposta de parceria estratégica com Itaú Social. 2021. Mimeo.

ROTEIROS DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM PROFISSIONAIS DA REDE DE BONINAL

1. ROTEIRO PARAENTREVISTACOMTÉCNICOS/AS DASECRETARIA DE EDUCAÇÃO, COORDENADORAS PEDAGÓGICAS E DIRETORES/AS DE ESCOLA

Introdução: Boas-vindas, apresentação da equipe e da pesquisa em curso

Autorização para gravação: iremos gravar a reunião para que possamos transcrever as informações para o desenvolvimento do estudo. Os dados serão utilizados apenas para a finalidade de pesquisa e o compartilhamento do vídeo não será permitido com nenhuma pessoa jurídica ou pessoa física, além das pesquisadoras da equipe de avaliação. Nenhum sujeito presente nesse ambiente virtual será identificado. Se alguém tiver qualquer discordância,poderádesistirdeparticipardessaconversa.Casoaceitemostermos,iremos dar continuidade à coleta de dados.

1. Monitoramento da adesão ao curso, permanência e abandono (por função e etapa de ensino)

1.1. Vocês acompanharam a frequência ao curso? Se sim, de quais grupos profissionais?

Se sim, como? Se não, por quê?

1.2. Vocês tiveram iniciativas para estimular a frequência ao curso? Se sim, de quais grupos profissionais? Se sim, quais?

1.3. Mostrar os dados do monitoramento de frequência e perguntar a que atribuem as desistências. (dados gerais e por escola)

2. Quais pistas trazidas pelo Curso vocês consideram que contribuíram para a atuação dos profissionais da rede em leitura e escrita?

(Aguardar manifestação espontânea).

Especialmente, coletar informações sobre:

2.1. Organização do espaço físico da escola e da sala de aula. (Mudou? O que mudou? Acham a mudança positiva?)

2.2. Acervo e materiais pedagógicos das escolas (Alterou? Ampliou? Se sim, o que/quais?) Adequação do tipo e quantidade de materiais? Disponíveis?

2.3. Alteração nos critérios específicos para seleção de: a) mobiliário; b) materiais pedagógicos; c) brinquedos?

2.4. Concepção de alfabetização – Mudou? Se sim, em que? Como obteve essas indicações de mudança (conversa com professoras; alguém relatou; observação de aulas ou atividades propostas aos alunos ...). Se não mudou, razões. (solicitar indicações de “não mudança”)

3. Que outras ações além daquelas relacionadas ao Curso LEEI a secretaria vem desenvolvendo na área de leitura e escrita?

3.1. projetos em realização pela Secretaria de incentivo à leitura e escrita na EI (voltados às crianças, às professoras e às famílias)

3.2. orientações pedagógicas sobre leitura e escrita na educação infantil vigentes na rede

3.2. iniciativas intersetoriais para promoção da leitura em Boninal, envolvendo a Biblioteca Pública, os centros culturais, entre outras instituições.

4. A participação das professoras e coordenadoras que atuam na EI e no EF, no curso, propiciou articulação destas etapas nas ações relativas à leitura e escrita? Se sim, deem exemplos. Se não, quais os fatores que dificultam esta articulação?

(Organizar dados por escola e número de participantes por etapa de atuação)

5. - Na secretaria de educação, no último ano, houve alteração no organogramauma equipe ou divisão específica para a EI? Se sim, quais?

Como está hoje constituída a equipe que é responsável pela educação infantil na secretaria?

Houve alteração na equipe de coordenação? E nas direções das escolas?

6. No decorrer do curso, como se deu a comunicação entre a equipe que está oferecendo o Curso com a secretaria de educação, coordenadoras pedagógicas e profissionais das escolas?

(se pertinente, pedir exemplos dessa interação)

7. Se e como a implantação do curso levou em conta o contexto municipal? Ou seja, a implantação do curso foi pensada em articulação com esse contexto?

(obter elementos para analisar realismo e exequibilidade das decisões, tendo em conta a estrutura e a organização da rede e das escolas, a formação e experiência dos participantes, os recursos e o tempo disponíveis, bem como indícios de concepções e práticas dominantes na rede em relação ao trabalho com leitura e escrita)

8. O que mudaria no curso?

(sugestões para próximas edições, em outros municípios)

9 FINAL: Vocês gostariam de comentar aspectos não tratados nesta conversa?

2. ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM AS PROFESSORAS PARTICIPANTES DO CURSO

Introdução: Boas-vindas, apresentação da equipe e da pesquisa em curso

Autorização para gravação: iremos gravar a reunião para que possamos transcrever as informações para o desenvolvimento do estudo. Os dados serão utilizados apenas para a finalidade de pesquisa e o compartilhamento do vídeo não será permitido com nenhuma pessoa jurídica ou pessoa física, além das pesquisadoras da equipe de avaliação. Nenhum sujeito presente nesse ambiente virtual será identificado. Se alguém tiver qualquer discordância, poderá desistir de participar dessa conversa realizado. Caso aceitem os termos, iremos dar continuidade à coleta de dados.

Sobre o Curso:

(Aguardar manifestação espontânea).

Especialmente, coletar informações sobre:

1. Acesso e uso da plataforma Moodle;

2. Encontros síncronos virtuais do Curso;

3. Materiais e recursos utilizados no Curso: cadernos e textos; vídeos diversos; videoaulas; Moodle; grupo de WhatsApp);

4. Conteúdo do Curso;

5. Instrumentos de apoio às cursistas: plano de estudos; checklist; guia de leitura das unidades.

6. Atividades propostas no Curso;

7. Relação teoria e prática no Curso;

8. Orientações fornecidas pelas tutoras;

9. Influências do Curso na organização das escolas e das salas de Educação Infantil;

10. Influências do Curso na revisão de documentos da escola;

Sobre o papel/participação/apoio da Secretaria:

1) Equipamentos (computadores, notebooks, celulares) para uso no Curso;

2) Fornecimento de cópias impressas das unidades a serem lidas

3) Tempo para dedicação ao Curso;

4) Apoio na articulação das atividades do Curso com as práticas cotidianas.

5) projetos em realização pela Secretaria de incentivo à leitura e escrita na EI

6) orientações pedagógicas sobre leitura e escrita na educação infantil vigentes na rede

As cursistas

1. Sua assiduidade nos encontros síncronos (fatores intervenientes);

2. Sua pontualidade na entrega das atividades solicitadas (fatores intervenientes);

3. Concepção de Leitura e Escrita na Educação Infantil, antes e depois do Curso (exemplos);

4. Influências do Curso na sua prática em sala de aula (exemplos);

5. Trocas de experiências e indicações de leitura com as demais professoras. Se sim, como se deu?

Sugestões para aprimoramentos a serem introduzidos no Curso LEEI, em edições futuras

3. ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM AS TUTORAS DO CURSO

1. Considerando os objetivos do Curso LEEI, manifestem sua opinião abordando, dentre outros aspectos:

a) os conteúdos selecionados; b) os textos e materiais indicados; c) a abordagem aos temas e as atividades realizadas.

2. Vocês têm elementos para afirmar que os objetivos do curso foram alcançados? Se sim, quais? Se não, por quê?

3. Avalie a participação das alunas, envolvendo seu comprometimento com: assiduidade nos encontros síncronos, pontualidade, leitura dos textos obrigatórios, realização de tarefas, participação em aula no processo coletivo de aprendizagem.

4. Vocês monitoraram a adesão ao curso pelas cursistas (permanência e abandono)?

4.1. Acompanharam a frequência ao curso? Se sim, como? Se não, por quê?

4.2. Tiveram iniciativas para estimular a frequência ao curso? Se sim, quais? Se não, por quê?

4.3. Mostrar os dados do monitoramento de frequência e perguntar a que atribuem as desistências. (dados gerais e por escola)

5. Apontem o que avaliam ser possível ajustar na dinâmica e materiais deste Curso para um melhor aproveitamento do tempo e da respectiva proposta pelos participantes.

(Conteúdos selecionados; Textos e materiais indicados; Forma de abordagem aos temas; Atividades realizadas; ...)

6. Como você analisa a sua atuação como tutora, neste Curso?

7. Há alguma outra questão que vocês gostariam de mencionar?

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