“É a ausência de uma verdadeira democracia no mundo árabe e muçulmano, é o autoritarismo de chefes ilegítimos, é a acumulação de injustiças sociais intensificadas pela corrupção e pela arbitrariedade que vão se conjugar para engendrar aberrações como o “Estado” Islâmico. Mas sem a invasão do Iraque pelo exército norte-americano em março de 2003, o país não teria se tornado esse campo de ruínas, plataforma do terrorismo internacional.” Tahar Ben Jelloun, romancista, poeta e ensaísta
tarefa de regeneração do pensamento, que compreende necessariamente uma regeneração do pensamento político. Mesmo sem esperança, é vital empreendê-la, e empreendê-la faria renascer a esperança – uma esperança frágil, por certo, mas uma esperança.” Edgar Morin, filósofo e sociólogo PARIS, 13 DE NOVEMBRO DE 2015, menos de um ano depois das
matanças de janeiro no Charlie Hebdo, 130 pessoas são assassinadas em restaurantes e numa sala de concertos por homens frios e determinados. Esses novos terroristas, que, de agora em diante podem irromper a qualquer momento nas grandes cidades ocidentais, reivindicam seu pertencimento ao Estado Islâmico. Pela violência de seus atentados em solo francês e por sua expansão territorial no Iraque e na Síria, o EI – ou Daesh – não apenas aterroriza como também intriga. Quais são os objetivos dessa organização que se autoproclama Estado Islâmico e afirma querer restabelecer o califado do século VIII a que toma emprestadas a bandeira preta, a perseguição sanguinolenta aos infiéis e a prática da decapitação? Quem são os pais e os padrinhos desse monstro apocalíptico que cultua a morte mais do que o islã, cujo espírito deturpa? Como o EI reabre as feridas deixadas pelas guerras norte-americanas no Oriente Médio? Como se aproveita da fratura ideológica entre xiitas e sunitas? Que estratégias adotar para combatê-lo? Através das análises de grandes especialistas em Oriente Médio e islã, de textos de escritores, historiadores e filósofos reunidos pelo semanário Le 1 e de um dossiê contendo informações essenciais para compreender a natureza do Daesh e sua história, este livro oferece uma visão rica e esclarecida desse estranho e amedrontador grupo que irrompeu na cena mundial, suplantando a Al-Qaeda como nova potência do terrorismo internacional. ISBN:978-85-8217-869-0
9 788582 178690
Quem é o Estado Islâmico?
“Não se deve assumir a responsabilidade de abater um regime a não ser que se saiba pelo que ele será substituído. [...] Só se pode ‘libertar’ um país caso se esteja disposto a acompanhar sua reconstrução a longo prazo.” Jean-Christophe Rufin, escritor e diplomata
“Impõe-se a nós uma grande e pesada, mas necessária,
Éric Fottorino (org.)
“A visão é simplista. Uma islamofobia maciça se desencadeará. Os muçulmanos então se alinharão atrás dos mais radicais, dando início à guerra civil. E finalmente o califado triunfará. Os terroristas querem polarizar a população. Querem que a extrema-direita ataque as mesquitas, que os muçulmanos da França se reúnam atrás dos grupos mais radicais e que surjam guerras de enclaves e de guetos.” Gilles Kepel, cientista político
Quem é o Estado Islâmico? Compreendendo o novo terrorismo
Éric Fottorino (org.) · Edgar Morin · Tahar Ben Jelloun Olivier Roy · Régis Debray · Hélène Thiollet · Michel Foucher Hosham Dawod · Michel Onfray · Dounia Bouzar Laurent Greilsamer · Raphaël Liogier · Dominique Schnapper Henry Laurens · Jean-Christophe Rufin · Gilles Kepel Leïla Slimani · Gérard Chaliand · Olivier Weber Jean-Pierre Filiu · Robert Solé
“Agora, todo mundo se chamava Charlie: os padres e os militares, os rabinos e os imames, os babacas e os politiqueiros, enfim, todos aqueles cujos traseiros Charlie, jornal que estava à beira da falência, chutava toda semana!” Michel Onfray, filósofo “É hora de levantar a cabeça de novo e assumir nosso DNA cultural. Não digo cólera, não digo compaixão, digo orgulho coletivo. Não somos como os outros, e isso é ótimo. Permaneçamos o que somos e honremos nossa herança. [...] No fundo, a questão é: como afirmar a si mesmo sem negar o outro, como se assumir sem se fechar?” Régis Debray, filósofo e escritor “Longe de ser o resultado de ódios ancestrais entre comunidades, grupos religiosos ou tribos, as dinâmicas de recomposição social e política ao redor do Estado Islâmico são recentes e alimentadas pelas predações econômicas e pela privação de representação política.” Hélène Thiollet, cientista política “É muito simples: religião vem de ‘religar’ e de ‘acolher’, seita vem de ‘seguir’ e de ‘separar’. A partir do momento em que um discurso, por mais que se diga religioso, leva à autoexclusão e à exclusão dos outros, estamos diante de uma deriva sectária.” Dounia Bouzar, antropóloga