Panorama da Primeira Infância
O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida
Em 2025, ano em que celebra 60 anos, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal encomendou ao Datafolha uma pesquisa para entender as percepções, conhecimentos e práticas da população brasileira em relação à primeira infância.
A primeira infância é o período que compreende os seis primeiros anos de vida.
Trata-se da fase de maior desenvolvimento do ser humano, na qual bebês e crianças aprendem de forma intensa, criando as bases para a saúde física, socioemocional e cognitiva que terão na infância e ao longo da vida.
Uma primeira infância bem cuidada é fundamental para que bebês e crianças possam alcançar todo o seu potencial no presente e no futuro, beneficiando toda a sociedade.
De abrangência nacional, a pesquisa ouviu 2.206 pessoas, sendo 822 responsáveis pelo cuidado de bebês e crianças de 0 a 6 anos. Os dados foram coletados em abril de 2025, por meio de entrevistas presenciais, realizadas em pontos de fluxo populacional.
Confira um resumo com alguns dos principais resultados.
42% dos brasileiros não sabem o que significa o termo “primeira infância”
2% sabem que a primeira infância corresponde ao período de 0 a 6 anos de idade O que é primeira infância
84% não identificam a fase de 0 a 6 anos como a de maior desenvolvimento físico, emocional e de aprendizagem do indivíduo. Entre eles, a maioria afirma que isso ocorre na idade adulta (41%). Só 15% dizem que a primeira infância é a fase de maior desenvolvimento
O termo "primeira infância" ainda é pouco compreendido no Brasil. A maioria acredita que o desenvolvimento humano ocorre na vida adulta e poucos reconhecem a importância dos primeiros anos para a aprendizagem, saúde e bem-estar ao longo da vida.
Relação do adulto com a criança Atividades do dia a dia e uso de telas
Amor
(43%) e
carinho
(33%) são os aspectos mais citados espontaneamente como sendo essenciais na relação com bebês e crianças
Ensinar a respeitar os mais velhos é a prática mais valorizada para o desenvolvimento infantil, considerada muito importante por 96% da população
Essa escolha aparece à frente de outras ações que a ciência comprova como essenciais para o desenvolvimento infantil, como:
Conversar com a criança
Frequentar creche/pré-escola
Deixar a criança brincar
Os adultos reconhecem a importância da interação e do afeto para a construção do vínculo, fator essencial para o desenvolvimento infantil. Mas ainda há aspectos pouco compreendidos, como o brincar, que também é fundamental para o desenvolvimento de bebês e crianças.
Métodos disciplinares
Por dia, as crianças passam, em média:
5 horas na creche/ pré-escola
3 horas brincando sozinhas ou com outras crianças
2 horas assistindo TV ou usando o celular
Uso diário de telas por crianças
4 a 6 anos
56% dos cuidadores dizem que o uso de telas afeta a saúde da criança 42% relatam que limita o contato social e outros 42% dizem que a tela deixa a criança agressiva
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Confira aqui o levantamento completo
O tempo médio de duas horas por dia em frente às telas é o dobro do recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. A maioria dos cuidadores reconhece que o uso de telas gera impactos negativos, como danos à saúde, ao convívio e ao comportamento da criança.
95% dizem que conversar e explicar o erro funciona para disciplinar as crianças e 96% utilizam esse método
Outros 85% consideram eficaz acalmar a criança e 93% dizem praticar essa abordagem
Ainda assim, as punições físicas persistem: 41% dos cuidadores brigam ou gritam para disciplinar, embora apenas 10% considerem essa prática eficaz; 29% admitem dar palmadas, mas só 17% acreditam que isso realmente funciona
43% dizem que a violência física torna as crianças mais agressivas, mas 24% consideram que as crianças que apanham aprendem a obedecer e respeitar
As práticas não violentas, baseadas no diálogo e na escuta, são as mais valorizadas pelos cuidadores. Mas há uma contradição entre o que consideram eficaz e o que de fato praticam, já muitos adotam métodos agressivos, mesmo desconsiderando a sua eficácia.
Realização:
