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“Gosto do que vejo no espelho!”, diz
a musa Priscila Mathias
Show! A beldade ocupa o cargo há cinco anos na União
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OCarnaval se aproxima e as beldades que esbanjam beleza, carisma e samba no pé vão despontando na expectativa de um grande desfile com as suas escolas. Uma festa tão democrática, que abraça todos os gêneros, raças e classes sociais, também tem espaço para todas as idades. Com um público feminino bastante dedicado em fazer bonito, as musas da folia estão rompendo as barreiras da juventude e dando show de vitalidade. Afinal, no reino de Momo, quem tem história tem vez.

É o caso de Priscila Mathias que, aos 42 anos, desliza na ponta do pé no cargo de musa em uma escola de samba, mais especificamente da União da Ilha. Priscila começou a vida no samba quando tinha apenas 4 anos de idade e cresceu vendo as mulheres da família fazendo shows, saindo em jornais, ganhando concursos e participando de programas de TV. Logo, a menina de 10 anos desfilava pela primeira vez na escola insulana.
A trajetória no samba a levou para ser passista da escola por quatorze anos, mas também foi composição de carro alegórico, semidestaque, e desde 2018, musa da sua escola de coração. Aeroviária de profissão, Priscila completa 33 anos de União da Ilha e diz que não vê barreiras para ser musa aos 40. “As tias Baianas e da Velha-Guarda ainda me vêem como a mesma menina que começou e é assim que me sinto”, conta empolgada.
da Ilha do Governador
Em homenagem ao enredo da Lins Imperial, o artista Gato de Salto (foto: Anaiara Gois), realizou ensaio fotográfico especial na tarde da sexta (27). Inspirado em Madame Satã, tema da escola para o carnaval deste 2023, Gato encarnou e recriou o personagem nos Arcos da Lapa, Centro do Rio. Honrado com o convite, o paulistano, de 30 anos, que vive na Europa dando aulas de samba, destaca a emoção de fazer parte do maior espetáculo da terra, tendo Madame Satã como tema. “Me sinto feliz de participar em um enredo com tanto peso”. Satã foi um transformista brasileiro, uma figura emblemática e um dos personagens representativos da vida noturna da Lapa carioca na primeira metade do século XX. Um homem à frente do seu tempo, que deixou história e até hoje é reverenciado pelo legado de luta e resistência. “Minha vida e a da Satã são muito diferentes, mas o preconceito que eu enfrento é o mesmo que ele enfrentou. Ele se sentia realizado nos shows de cabaré na Lapa que fazia vestido da maneira que queria, da mesma forma que eu me sinto realizado ao sambar de salto alto. E ambos sofremos preconceito, ataques de ódio e homofobia por ser quem somos. Ele revidava com muito mais valentia e golpes de capoeira certeiros e eu uso minha imagem para continuar a luta por aceitação”, conclui.
A Lins Imperial será a segunda escola a desfilar na sexta de carnaval, 17 de fevereiro, na Sapucaí.
Sob olhares e aplausos, Priscila desliza na ponta do pé e não economiza empolgação (Foto: Léo Cordeiro @sambaflashes)
Preparação intensa para aguentar o tranco na avenida
A preparação visando o Carnaval requer a disciplina que toda musa, independente da idade, deve possuir para aguentar o ritmo e estar em forma. Mas Priscila diz que o hoje tem que suar um pouquinho mais. “Sinto diferença no meu corpo; sou adepta da musculação e antes o resultado que conseguia com o mínimo de esforço, hoje preciso me dedicar ao máximo. Exercícios de cardio e dieta entraram na minha rotina”. Segundo a Musa, a oportunidade tem sido exemplo de autoestima e feminili- dade. “Eu me sinto bem pra idade que tenho. Estou me redescobrindo aos poucos. O que funciona é o que não dá mais resultado. Estou gostando do que vejo no espelho, mas continuo na corrida pra gostar mais ainda”, completa.

Terça-Feira 31 de Janeiro de 2023