Parte 1: Contexto de trabalho pedagógico com a obra literária
J Enredo
O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga é um romance infantojuvenil que remete às famosas epopeias (Ilíada e Odisseia, de Homero) dentro de uma atmosfera de ficção científica, pois os personagens principais, os irmãos Ana e Carlos, fazem uma viagem no tempo para o período da Grécia Antiga.
O título faz referência a uma das aventuras enfrentadas por Odisseu (herói da famosa obra homérica Odisseia) na qual o grego precisa lidar com os cantos de sereias que encantam os navegadores, levando-os à morte. Com a ajuda de Carlos e Ana, Odisseu não sucumbe ao canto, ainda que tenha relutado a usar cera de abelha para tampar seus tímpanos.
As sereias são só um dos obstáculos enfrentados por Odisseu, seus companheiros, e os gêmeos Carlos e Ana. Eles ainda terão que lidar com um odioso ciclope, uma feiticeira que transforma pessoas em porcos e toda sorte de inimigos.
A proposta literária de O canto das sereias assemelha-se às produções de Monteiro Lobato, que insere os personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo (a boneca Emília, Pedrinho e Visconde de Sabugosa) em uma viagem ao tempo que os levará ao mito dos Doze Trabalhos de Hércules. Emília, Visconde e Pedrinho voltam mais de dois mil anos no passado para ajudar o herói, filho de Zeus, a cumprir a sua primeira tarefa: matar o Leão de Nemeia. Os personagens do sítio, em especial a intelectual boneca Emília, vão ajudar o semideus a cumprir seus outros onze trabalhos. A obra de Silvia La Regina em muito se assemelha com o que foi escrito por Monteiro Lobato há mais de 70 anos, posto que Carlos e Ana interferem no sucesso da jornada de Odisseu em seu retorno para casa, após ter vencido a Guerra de Troia.
J Gênero literário
A obra analisada é um romance, já que é uma história longa e que tem por objetivo produzir um efeito quando o(a) leitor(a) incorpora muitas experiências com a leitura. Essas experiências são proporcionadas por múltiplos
REPRODUÇÃO/YELLOWFANTE
Capa
incidentes na narrativa, pelo enredo completo e pelos diversos personagens que aparecem na história. Para produzir esses efeitos, a autora usa diversas estratégias técnicas na escrita, proporcionando um olhar aprofundado da vida.
O romance é infantojuvenil porque, a despeito de toda a complexidade desse tipo de narrativa ficcional, possui uma adequação à referida faixa etária, sem perder os princípios essenciais do romance. O que diferencia é o universo juvenil, que pode ser identificado pela linguagem, pelos personagens (que são adolescentes) e pelas referências típicas desse universo.
O gênero dominante é o romance infantojuvenil, mas ele é atravessado por referências do gênero epopeia, especificamente remonta às famosas obrasprimas de Homero: Ilíada e Odisseia. O que caracteriza esse gênero é o caráter heroico, o que o diferencia dos gêneros da ficção. Na epopeia, mitos, heróis e deuses se misturam em um universo fantástico e maravilhoso.
Como dito anteriormente, O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga remete a mitos que consistem em relatos reveladores da história de um mundo anterior ao atual, procurando explicar as leis da natureza de forma alegórica. Nos mitos, os heróis possuem um fim trágico irreversível e são homens notáveis, fora da média comum, responsáveis por façanhas extraordinárias e que revelam um enorme amor à pátria. Esse gênero tem origem na oralidade e na sabedoria popular e é transmitido de uma geração para outra. O mito envolve intervenções naturais e sobrenaturais na vida humana e pode ser pagão (envolvendo divindades maléficas e protetoras) ou cristão (com anjos, santos e demônios).
A ficção científica que perpassa o romance fica por conta da viagem no tempo por meio de um artefato, o agregador, da cientista Ana, irmã de Carlos. Os irmãos são transportados para o final da Guerra de Troia e vão acompanhar a jornada de Odisseu, o herói da obra-prima Odisseia, de Homero.
De acordo com o site Espaço do conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais, Frankenstein, de Mary Shelley (1797-1851), publicado em 1818, foi o marco inicial da ficção científica. Apesar de ser uma obra de terror, as características da ficção são reveladas pela trama de um cientista que cria um homem por meio de partes do corpo humano, assim é possível ver a ciência promovendo o inimaginável.
Depois do romance de Shelley, outra obra que marca o início da ficção científica é Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, que também escreveu Vinte mil léguas submarinas. As obras de Verne exploram o fantástico a partir do científico. Em Vinte mil léguas submarinas, o autor escreve sobre invenções como submarinos, máquinas voadoras e até descreve a viagem à Lua, antes mesmo de isso acontecer!
Como podemos observar, a partir dos exemplos das primeiras obras do gênero, a ficção científica adentra o mágico, extrapolando o palpável e apresentando novas realidades. A ficção científica seria, portanto, a descrição de um mundo atual por meio de experimento mental que não objetiva, necessariamente, prever o futuro.
J Temas
Pela descrição do gênero, já deu para perceber a multiplicidade de temas que emergem desta poderosa narrativa. Vamos aos temas suscitados pela obra:
• Família, amigos e escola: Ana e Carlos, apesar de suas notáveis diferenças na personalidade, são unidos e superam todas as aventuras que se passam em um período histórico desafiador e perigoso (a Guerra de Troia). Apesar de não revelarem explicitamente seus sentimentos, são notáveis as várias passagens da história em que os irmãos demonstram um sentimento genuíno e fraternal que têm um pelo outro. Além disso, eles se completam: Carlos domina a língua grega e conhece tudo sobre a Grécia Antiga e Ana sempre tem uma solução científica para os momentos mais tensos da aventura.
• Aventura, mistério e fantasia: Todas as três características são garantidas na narrativa. A aventura é presente em toda a história já que os irmãos viajam no tempo e enfrentam todos os desafios que Odisseu, principal personagem da Odisseia, precisou encarar, como ciclopes e sereias. O mistério fica por conta da viagem no tempo que acontece abruptamente, sem que eles a fizessem de forma consciente. O mistério ainda aparece todas as vezes que se deparam com figuras mitológicas do período helenístico. A fantasia está presente no próprio mito e na forma como Silvia La Regina encontra a solução dos desafios enfrentados por Odisseu, como foi o caso do antiácido dado aos porcos para que estes voltassem à forma humana.
• Diálogos com a história e com a filosofia: O berço da cultura ocidental é o plano de fundo da história. Para que você possa compreender bem a narrativa ficcional, é preciso que conheça a história da Grécia Antiga e o período helenístico. Ter alguma noção da mitologia e das obras de Homero farão com que você compreenda o que é adaptação e invenção da autora e o que aconteceu de fato na Ilíada e na Odisseia.
• Mitologia: A jornada de Odisseu, com a qual Carlos e Ana se
envolvem logo após a viagem no tempo, integra a mitologia grega. Isso porque Odisseu participou da famosa Guerra de Troia, da qual saiu vencedor, e ainda enfrentou aventuras em seu retorno para a sua casa e a sua família. Diversos mitos perpassam a história contada por Homero, a começar pela própria razão que motivou a Guerra de Troia: amor de Páris por Helena, que foi promovido pela deusa Afrodite após ganhar o título da mais bela do Olimpo dado por Páris em um julgamento conhecido por “pomo da discórdia”. Para ganhar o título, Afrodite prometeu a Páris o amor da mulher mais linda, que no caso seria Helena de Esparta, esposa de Menelau. Verifique na seção “Sugestões de referências complementares” as obras que abordam a mitologia grega.
J Sobre a autora
Silvia La Regina nasceu em Roma e cursou faculdade de Letras. A escolha pelo curso não foi fácil, pois ela gostava de história, informática e adorava animais (queria ser veterinária). Decidiu-se, então, pelo curso de Letras porque adora ensinar, ler e escrever. Sendo assim, o seu trabalho de conclusão de curso foi sobre o poeta baiano Gregório de Matos e depois disso foi morar em Salvador, na Bahia. Por causa disso, Silva considera-se uma baiana de adoção.
Silvia já trabalhou em instituições como a Universidade Federal da Bahia (UFBA), em que foi professora de Língua e Literatura Italianas, e foi professora adjunta de Língua Portuguesa, Literaturas Portuguesa e Brasileira e tradução da Università Gabriele d’Annunzio di Pescara, na Itália, entre 2009 e 2011.
La Regina ainda foi a primeira decana pro tempore do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A autora também trabalhou como diretora da Rede de Centros de Idiomas e coordenadora do programa Idioma sem Fronteiras, ambos na UFSB. Atualmente, é professora no curso de Letras da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Silvia já publicou textos acadêmicos sobre Literatura Brasileira, Literatura Italiana e Literatura Comparada. Ainda traduziu obras brasileiras para o italiano.
O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga não é o primeiro romance infantojuvenil de Silvia. Ela também escreveu Perdidos no tempo: dois brasileiros na Roma Antiga (2014), o primeiro volume da saga de Ana e Carlos, que foi selecionado pelo PNLD Literário 2018.
DIVULGAÇÃO
J Sobre a ilustradora
Christiane Costa nasceu em 1983 em Belo Horizonte, onde vive e trabalha. É designer gráfica, formada pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), e artista gráfica, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trabalha na área editorial há alguns anos.
Costa já ilustrou outras obras, como Você é livre (2012); Nós 4 (2014); Amor e Guerra em Canudos (2021) e Perdidos no tempo: dois brasileiros na Roma Antiga (2014), sua primeira parceria com Silvia La Regina.
Parte 2: Propostas de atividades
Antes da proposição de atividades, precisamos refletir sobre o ensino de Literatura. Para isso, nos propomos a retomar as orientações de Coutinho (2015) a fim de alcançar nosso objetivo. Segundo o autor, há muitas maneiras de ensinar Literatura. As mais conhecidas formas – histórica e filológica – são criticadas por Coutinho (2015) posto que, na primeira, a literatura é reduzida à memorização de nomes, títulos e datas, ou a alguns fatos biográficos. Na segunda forma, filológica, os textos literários servem de pretexto para o trabalho com a gramática prescritiva, fazendo com que a literatura fique em segundo plano. Assim, Coutinho (2015) propõe o estudo pelos estilos em vez de quadros panorâmicos e superficiais de toda uma literatura nacional, o que favorece a visão da história literária por cortes transversais em épocas estilísticas, permitindo o critério crítico comparatista. O autor aconselha dois critérios de abordagem que seriam: o literário genológico e o estilístico.
Na abordagem genológica, valorizou-se o método de ensino pelos gêneros (em inglês, types approach) (Coutinho, 2015). Esse método consiste em colocar o(a) educando(a) em contato direto, desde o início, com o texto literário, através dos gêneros. Coutinho (2015) adverte que os gêneros, por serem relativamente estáveis, podem ser usados ou renovados pelos autores e o(a) leitor(a) aceita e compreende.
Já na abordagem estilística, a escolha e a distribuição das obras devem ser feitas associando os gêneros literários aos estilos. Assim, os textos literários são apresentados para estudo e análise por grupos de gêneros dentro do período estilístico. Ainda: as obras deverão ser analisadas nas suas características e
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evolução dentro dos estilos. Para Coutinho (2015), literatura é forma, sendo assim, é preciso analisar as formas no interior dos estilos. O autor, considerando que a língua é apenas um instrumento do ensino da literatura, prescreve alguns procedimentos didáticos:
1. Deve servir para ensinar a leitura: leitura expressiva, leitura interpretativa, leitura dialogada. Pondo, desde o início, o(a) aluno(a) em contato direto com o texto literário, fazendo-o(a) adquirir a familiaridade com a língua e a coisa literária, levando-o(a) a adquirir o gosto pela literatura.
2. Deve conduzir à análise literária, que é a decomposição das obras, segundo o gênero a que pertencem, na sua estrutura, nos seus elementos componentes e distintos, com vistas à interpretação e julgamento.
Considerando as orientações de Coutinho (2015), pretendemos, a seguir, apresentar atividades para os momentos de pré-leitura, leitura e pós-leitura resguardando um trabalho que favorece a análise do gênero e o estilo adotado pelo autor ou pela autora.
J Habilidades e competências indicadas na BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para os Anos Finais apresenta o currículo da Língua Portuguesa inserido a um campo maior: o da linguagem. Esta área tem por finalidade possibilitar aos(às) estudantes a participação de práticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas (Brasil, 2018).
Relativamente ao componente curricular Língua Portuguesa, a perspectiva enunciativa-discursiva é assumida pela BNCC em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Sendo assim, defende-se uma proposta de centralidade do texto, sempre relacionando-o aos seus contextos de produção e articulando o desenvolvimento de habilidades ao uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e produção de textos em várias mídias e semioses (Brasil, 2018). Acima de tudo, cabe ao componente Língua Portuguesa proporcionar aos(às) estudantes experiências que contribuam para a ampliação dos letramentos, de forma a propiciar participação efetiva nas diversas práticas sociais permeadas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens (Brasil, 2018).
A BNCC nos alerta para a prática de linguagem contemporânea que está cada vez mais permeada por gêneros textuais multissemióticos e multimidiáticos.
Além disso, com as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) acessíveis a quase todos e todas, é possível produzir conteúdos a partir de diversas ferramentas de edição de texto, áudio e vídeos. A BNCC propõe:
Depois de ler um livro de literatura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar de perto seu trabalho: podemos produzir playlists, vlogs, vídeosminuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos mostrar um booktuber, dentre outras muitas possibilidades (Brasil, 2018, p. 68).
O componente Língua Portuguesa é dividido em eixos, a saber: Leitura, Produção de texto, Oralidade e Análise Linguística/Semiótica. Ademais, na BNCC, a organização das práticas de linguagem se efetiva por campos de atuação: artístico-literário, das práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático e atuação na vida pública.
A disciplina Literatura, portanto, será explorada pelo campo artístico-literário que apresentará competências específicas para cada ciclo. De acordo com a BNCC, o campo artístico-literário possibilita o contato com as manifestações artísticas em geral e, de forma particular, com a arte literária. Trata-se ainda de um campo que é responsável pela continuidade da formação do leitor literário, com destaque ao desenvolvimento da fruição, de modo a vivenciar a condição estética desse tipo de leitura (Brasil, 2018).
Considerando que a obra O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga adequa-se à categoria 1 (6º e 7º anos), pretende-se propor atividades que contemplem as seguintes habilidades:
BNCC
Língua Portuguesa
Leitura
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EF67LP20) Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente, usando fontes indicadas e abertas.
(EF67LP27) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos
e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores. (EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/ recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs. (EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.
Produção de textos
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EF15LP08) Utilizar software, inclusive programas de edição de texto, para editar e publicar os textos produzidos, explorando os recursos multissemióticos disponíveis.
(EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de romances,
contos, mitos, narrativas de enigma e de aventura, novelas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando as rubricas para caracterização do cenário, do espaço, do tempo; explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens e dos seus modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de variação linguística (dialetos, registros e jargões) e retextualizando o tratamento da temática.
História
A invenção do mundo clássico e o contraponto com outras sociedades (EF06HI09) Discutir o conceito de Antiguidade Clássica, seu alcance e limite na tradição ocidental, assim como os impactos sobre outras sociedades e culturas.
J Proposta 1 | A pré-leitura
Inicie a leitura da obra convidando os(as) estudantes a analisarem os elementos paratextuais como capa, quarta capa, orelhas, lombada e outros. Incentive os(as) jovens a lerem as informações contidas na quarta capa que dão pistas sobre o universo da narrativa e as características dos personagens principais.
Sugerimos que, após a leitura dos paratexto, os(as) estudantes sejam incentivados(as) a lerem algumas saliências textuais, como o nome dos capítulos. Oriente os(as) alunos(as) a fazerem uma leitura das imagens e peça que verifiquem a semelhança da técnica da ilustradora com as artes plásticas da Grécia Antiga. Não deixe de explorar outra saliência textual importantíssima: o título da obra. Com a atividade de curadoria que será descrita a seguir, os(as) estudantes poderão compreender o porquê da escolha do título para a narrativa que mimetiza as obras homéricas.
Depois disso, recomendamos o trabalho de intertextualidade para despertar o interesse pela leitura da obra. Sendo assim, a ação a seguir permite que os alunos e as alunas sintam-se interessados em conhecer um pouco mais do universo retratado na referida obra.
A leitura da obra escrita por Silvia La Regina pode exigir do(a) jovem leitor(a) alguns conhecimentos prévios sobre história da Grécia Antiga e da mitologia grega. Para isso, indicamos a leitura das obras Ilíada e Odisseia para jovens (ver “Sugestões de referências complementares”) e para você, professor(a), indicamos a leitura da obra original escrita por Homero (caso ainda não tenha lido). Isso se deve ao fato de que as aventuras de Ana e Carlos iniciam
com o envio do cavalo de Troia ao final da Guerra, retratada na Ilíada, e a narrativa tem seu fim nos momentos derradeiros da jornada de Odisseu, assim como acontece em Odisseia.
A leitura dessas obras pode ser feita em parceria com o(a) professor(a) de história. Uma sugestão interessante seria o desenvolvimento de projeto interdisciplinar entre os componentes curriculares História e Língua Portuguesa, em que no primeiro fosse explorada a Grécia Antiga, os heróis e a mitologia e, no segundo, o estudo dos textos homéricos, dos mitos e das epopeias. Juntamente com a leitura das obras indicadas, aconselhamos que leia atentamente a seção “Aprofundamento” no final deste texto. Lá você pode fazer uma consulta rápida aos nomes dos(as) principais deuses e deusas, heróis e mitos. Muitos deles serão citados na obra O canto das sereias, e conhecer um pouco da biografia, das características físicas, da personalidade e dos feitos podem ajudar a compreender as referências deixadas pela obra, além de amparar a imaginação. Professor(a), além da consulta à seção “Aprofundamento”, recomendamos fortemente a leitura das obras sobre mitologia grega (Bulfinch, 2020; Graves, 2018; Grimal, 2013; Kerényi, 2015; Kury, 2010). A consulta ao Dicionário de Mitologia Grega e Romana, de Kury (2010), será pertinente para o desenvolvimento da atividade 1, que descreveremos logo a seguir. Além das leituras, sugerimos filmes, séries e podcasts em uma linguagem audiovisual e bem atrativa para o público jovem. O filme Troia, estrelado por Brad Pitt como o semideus Aquiles, pode ser exibido em sala de aula antes da indicação das leituras como uma boa estratégia para despertar a curiosidade da garotada. Para o fim de semana, você pode sugerir que os jovens “maratonem” a série Troia: a queda de uma cidade, produzida pela BBC de Londres e disponível na Netflix. Ainda é possível assistir a um filme sob o ponto de vista da belíssima mulher grega causadora do conflito, Helena de Troia. Os podcasts indicados, especialmente Noites gregas, podem ser ouvidos em casa ou em sala de aula, sempre buscando os episódios que abordaram deuses, heróis ou mitos que estão implicados na história O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga. Depois de toda essa imersão no mundo helenístico, é preciso comentar e discutir cada uma das obras indicadas. A cada material estudado (seja livro, podcast, série ou filme), sugerimos uma roda de debate para que a turma identifique as semelhanças, isto é, todas versaram a Guerra de Troia e seus personagens: Helena, Agamemnon, Páris, Aquiles, Menelau, Odisseu, Atena e Apolo. Também discutam as diferenças nas narrativas: algumas indicações apenas abordaram a Guerra de Troia, outras apresentaram a jornada de Odisseu volta ao lar. Feito isso, vamos nos preparar para a primeira atividade: uma curadoria de todas as informações levantadas nessas diferentes fontes. Detalhamos mais a seguir.
ATIVIDADE 1: CURADORIA – PRODUÇÃO DE UM GLOSSÁRIO
Como dito anteriormente, conhecer um pouco da história da Grécia Antiga vai ajudar os(as) estudantes a compreender quem é Odisseu e toda a sua jornada. A literatura está presente não só na própria natureza do livro que você tem em mãos, mas também há vários outros textos literários consagrados que possuem relação direta com a história de Ana e Carlos. Como já dissemos anteriormente, as duas reconhecidas obras Ilíada e Odisseia são imprescindíveis para a compreensão da história contada por Silvia La Regina, especialmente a segunda. Além disso, o suposto autor das epopeias, Homero, é também um personagem em O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga. Carlos, um jovem admirador e estudioso da Grécia Antiga, leu Ilíada e Odisseia e reconhece um homem como sendo Homero em uma de suas aventuras. Sendo assim, com a consulta de todas as referências apresentadas neste material você poderá realizar um trabalho de curadoria com os(as) estudantes. A curadoria deve resultar em verbetes enciclopédicos, isto é, um glossário da mitologia grega, com enfoque nos personagens que estão envolvidos na obra O canto das sereias. Sugere-se fortemente que este trabalho seja feito em parceria com o(a) professor(a) de História.
J Proposta 2 | A leitura
Professor(a), após esta breve contextualização, indique para seus(suas) alunos(as) a leitura de O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga. Combine com a turma dois momentos para a leitura da obra e o tempo estimado para a realização de cada etapa. Em um primeiro momento, é importante que cada estudante leia a obra completa para que possa vivenciar a experiência estética da linguagem em sua individualidade. Posteriormente, a leitura pode ser realizada no formato “círculo de leitura”: em sala de aula, cada estudante destaca um capítulo ou uma parte da aventura de Carlos e Ana que mais chamou sua atenção. Professor(a), neste ponto, é importante que os(as) alunos(as) reflitam sobre o porquê de terem escolhido determinado texto: o que chamou a atenção? Perguntas prévias podem servir para aumentar o envolvimento com a atividade, bem como permitem uma autorreflexão fundamental no processo formativo do(a) leitor(a). De acordo com Rildo Cosson (2014), o “círculo de leitura”, também conhecido como “comunidade de leitores” ou “clube de leitura”, refere-se a uma prática de leitura coletiva. Seria algo parecido com o que vimos no famoso filme Sociedade dos poetas mortos, em que um grupo de amigos que gostam de ler se encontram em uma caverna. Sendo assim, os “círculos de leitura” podem ser de
três tipos: estruturados (os participantes seguem um roteiro), semiestruturados (controlados por um condutor) e não estruturados (a condução é do grupo, sendo definida, antecipadamente, a obra a ser lida).
Professor(a), escolha qual tipo de “círculo de leitura” irá propor. Sugerimos o semiestruturado, em que você será o condutor, mas dará maior liberdade ao grupo. O clube da leitura pode ser realizado em qualquer lugar, então, que tal ir para a biblioteca da escola ou para algum lugar mais arborizado? A experiência será ainda mais significativa e prazerosa.
Conduza este momento da leitura, atentando-se aos personagens e à possível identificação que os(as) estudantes podem ter com eles. A narrativa conta com dois personagens principais que são os irmãos Carlos e Ana: um é tagarela e gosta de artes; a outra é metida a durona e gosta de ciências – mas, ao mesmo tempo, Carlos tem um viés prático, enquanto Ana tem uma relação privilegiada com os animais, com o irracional e, timidamente, se encanta com as pessoas. Destaque o narrador-personagem, que na obra é Carlos. Ele conta ao(à) leitor(a) toda a aventura que vivenciou e suas impressões sobre cada personagem, em especial, sobre sua irmã gêmea, Ana. Chame a atenção para o fato de que em dois capítulos da obra outra voz assume a função de narradora-personagem, Ana. São dois capítulos em que Ana precisa tomar o turno da fala já que a feiticeira Circe transformou seu irmão em porco. Neste trecho, é também importante destacar o protagonismo de Ana, que salva o irmão e os companheiros de jornada, revertendo o feitiço de Circe com um antiácido.
J Proposta 3 | A pós-leitura
Professor(a), após a leitura do livro em dois momentos, é importante a realização de algumas atividades que sedimentem e ampliem o conhecimento tanto sobre os textos em si quanto sobre o gênero literário, enfatizando aspectos linguísticos e literários e também as intencionalidades que permeiam os inúmeros usos das linguagens. Sendo assim, propusemos duas atividades para este momento posterior à leitura.
Segundo as orientações de Coutinho (2015), sugerimos uma abordagem que envolva o estudo do gênero literário considerando o estilo adotado pela autora e a intergenericidade identificada na narrativa.
Posteriormente, prescrevemos uma atividade de retextualização (transposição do texto escrito para o oral) em que os(as) estudantes farão um podcast sobre a jornada de Odisseu, apresentando curiosidades mitológicas.
ATIVIDADE 1: IDENTIFICANDO OS GÊNEROS E OS ESTILOS
Professor(a), após “círculo de leitura” em que abordamos os personagens da história e os narradores, é hora de trabalhar com a turma as características predominantes no gênero romance, além da presença de outros gêneros que atravessam a história, como a epopeia, o mito e a ficção científica. Sugere-se que tal abordagem seja feita de modo dinâmico, assim, comece perguntando aos alunos e às alunas que características formais e linguísticas perceberam no texto literário a partir da leitura. À medida que os(as) estudantes forem comentando, anote no quadro os aspectos mencionados (estimule-os(as) sugerindo que observem traços de coloquialidade, uso de diálogos, uso de recursos expressivos como adjetivos e verbos, entre outros), numa espécie de tempestade de ideias, e, a partir disso, convide à reflexão das características do gênero. O objetivo desta atividade é que o conhecimento seja construído a partir do reconhecimento de pistas textuais, bem como do conhecimento prévio e das inferências feitas pelos(as) próprios(as) estudantes. A seguir, apresentamos conceitos e informações que podem auxiliar você, professor(a), nessa discussão.
a) O que é um romance?
Demonstre que a narrativa é predominantemente um romance, isso porque apresenta múltiplos incidentes na história, possui enredo completo e diversos personagens.
b) O que é um mito?
Explique que a história é predominantemente um romance voltado para o público jovem, entretanto é atravessado pela mitologia grega quando, durante a jornada de Carlos, Ana e Odisseu, os ciclopes, monstros, sereias e feiticeiras surgem para obstaculizar o trajeto.
c) O que é uma epopeia?
Apesar de não ser uma epopeia, o romance escrito por Silvia La Regina mimetiza e reconta as epopeias Ilíada e Odisseia, de Homero, que é enaltecido na história logo que Carlos o avista em uma das suas aventuras.
d) O que é ficção científica?
Esta é identificada pela extrapolação da realidade e sugestão do novo. Em meio a uma turbulência, em uma viagem para a Grécia, os irmãos Carlos e Ana são transportados para o período helenístico, no momento exato da Guerra de Troia. A viagem no tempo se deu pelo fato de Carlos estar com o pensamento na Grécia Antiga e por transportar em sua mochila o agregador da irmã cientista, Ana. O somatório desses eventos – o pensamento focado no período helenístico, o artefato e a turbulência – resulta
em uma inevitável viagem no tempo que só será revertida quando estiverem sob as mesmas condições. Portanto, a ficção científica fica por conta da viagem no tempo, estratégia muito utilizada por obras desta natureza, como a famosa película De volta para o futuro (1985).
ATIVIDADE 2: RETEXTUALIZAÇÃO – PODCAST
Para finalizar o trabalho com a obra O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga, recomendamos um trabalho de retextualização. A transposição de um gênero discursivo a outro implica alterar sua estrutura linguística e formal, sua função sociocomunicativa, sua intencionalidade. Para Marcuschi (2001, p. 48), retextualização seria “uma ‘tradução’, mas de uma modalidade para outra, permanecendo-se, no entanto, na mesma língua”. Professor(a), evidenciamos que a retextualização possibilita um trabalho efetivo de leitura e produção de texto, já que permite o uso da linguagem para se expressar em diferentes situações sociocomunicativas.
Posto isso, a ideia é organizar com a turma um podcast no qual os(as) estudantes deverão criar um roteiro e gravar um ou mais episódios contando a saga de Odisseu na versão dada pela obra O canto das sereias: dois brasileiros na Grécia Antiga. Adicionalmente, os(as) alunos(as) podem entreter os ouvintes apresentando curiosidades sobre a mitologia grega. Para isso, basta consultar a produção da Atividade 1 proposta neste material, isto é, o glossário de mitologia grega. O trabalho pode ser feito em grupos, em que cada equipe pode ficar responsável por alguns capítulos.
Após a correção dos roteiros, os(as) estudantes podem criar seus podcasts por meio do aplicativo Anchor, que permite ao usuário a gravação do áudio, edição e mixagem de sons. A plataforma automaticamente distribui o podcast em diversos streamings logo após o fim da edição. Recomenda-se também que o trabalho seja divulgado nas redes sociais da escola para que toda a comunidade possa ouvir a jornada de Odisseu e dos gêmeos Ana e Carlos.
Parte 3: Aprofundamento
Professor(a), nesta seção, apresentamos a você subsídios que possam permitir uma leitura aprofundada da obra O canto das sereias e de seu contexto de produção. Como já dito anteriormente, é interessante conhecer os personagens mitológicos que compõem a Ilíada e a Odisseia antes da leitura do livro.
Odisseu
Ulisses (Odisseu) se revelou o mais astuto dos homens, mas não tão astuto que escapasse da guerra penosa e dolorosa que o separaria de Penélope e terminaria, para ele, em sua famosa e aventurosa jornada. Quando Ulisses nasceu na casa de Laerte, Autólico estava passando ali algum tempo como hóspede do genro e da filha. Eles colocaram a criancinha nos joelhos do avô e pediram-lhe que achasse um nome para o recém-chegado. Diz-se que o velho salteador replicou então: “Como o ódio de tanta gente me assistiu aqui, ele será chamado Ulisses (Odysseus)”. A palavra grega para “odiado” é odyssomenos, e assim o poeta da Odisseia explicou o nome do herói (Kerényi, 2015, p. 291).
Aquiles
Filho de Peleu e descendente de Zeus pelo lado paterno e da deusa Tétis, filha de Oceano. Sua mãe o banhou nas águas do rio Estige, um dos rios dos infernos, cuja água tornava invulnerável tudo que se molhava nela. Entretanto, o calcanhar por onde Tétis o segurou não entrou em contato com a água miraculosa e continuou vulnerável. Essa é a origem da expressão “calcanhar de Aquiles” (Kury, 2010, p. 32).
A mãe de Aquiles relutara em deixá-lo partir contra Ílio. Agamemnon e seus aliados tinham feito o possível para induzi-lo a participar da guerra e persuadir Peleu a mandá-lo com eles. Sabiam da origem de Aquiles e que ele era filho único de uma deusa. Tétis, por outro lado, previa claramente o destino de Aquiles, que não poderia vencer impunemente Heitor, baluarte da cidade protegida por Apolo. Aquiles, o mais belo dos heróis reunidos diante de Troia, “nascido para um curto período de tempo”, que merecia, acima de todos os outros, ser chamado o “herói mortal”, manteve em face da morte, e aceitando-a para si, a sua forma semidivina com a sombra escura que ela trazia (Kerényi, 2015, p. 313).
Pátroclo
Ele fora enviado por Peleu como um seguidor mais velho para servir Aquiles. Mas, a partir de então, tendo esse servidor demonstrado a sua coragem, o herói mais jovem nunca mais consentiu em separar-se dele no campo de batalha. No entanto, o mais velho, que deveria estar a serviço do mais jovem, descuidou-se e foi ferido por Télefo (Kerényi, 2015, p. 307).
Agamemnon
Comandante-chefe dos gregos, irmão de Menelau e que se envolvera na guerra para vingar os sofrimentos do irmão. Durante a ausência, sua esposa, Clitemnestra, o traiu, e quando Agamemnon voltou de modo inesperado, ela e seu amante, Egisto, tramaram a sua destruição e mataram-no durante
o banquete que foi organizado para celebrar o seu retorno (Bulfinch, 2020, p. 478).
Menelau
Filho do rei de Esparta, marido de Helena. Após o fim da Guerra de Troia, Menelau e Helena chegaram sãos e salvos a Esparta, reassumindo sua dignidade real, e viveram e reinaram com esplendor; e, quando Telêmaco, filho de Ulisses, que saíra à procura do pai, chegou a Esparta, encontrou Menelau e Helena celebrando o casamento de sua filha Hermíona com Neoptólemo, que era filho de Aquiles (Bulfinch, 2020).
Helena
Filha de Zeus e Leda, esposa de Menelau, raptada por Páris, foi a causa da Guerra de Troia. Em Homero, Helena esteve em Troia durante os dez anos da guerra, vivendo com Páris como sua esposa. Príamo e Heitor, sabendo que tudo fora obra da vontade dos deuses, tratavam-na cordialmente; o povo troiano, entretanto, detestava-a por considerá-la a causadora da guerra. No íntimo, ela era favorável aos gregos e, do alto da muralha, apontou e descreveu para os troianos com palavras elogiosas os principais chefes gregos que comandavam o cerco à cidade. Seu favorecimento aos gregos apareceu com maior nitidez na noite da queda de Troia (Kury, 2010, p. 151).
Páris
Também chamado Alexandre, era o filho mais novo de Príamo e de Hécuba. Sua mãe, nas vésperas de dá-lo à luz, viu em sonho sair de suas entranhas uma tocha acesa que incendiava a cidade de Troia. Príamo perguntou a Áisaco – seu filho com Arisbe, dotado de poderes divinatórios – o significado do sonho; a resposta foi que o filho esperado seria a ruína de Troia, e, portanto, seus pais deveriam exterminá-lo por ocasião do nascimento. Quando Páris nasceu, Hécuba, em vez de matá-lo, mandou uma serva abandoná-lo no monte Ida. Alguns pastores da região acharam-no e resolveram criá-lo. Algum tempo depois, quando todos os deuses e deusas estavam reunidos para o casamento de Peleu e Tétis, Êris (a Discórdia) lançou um pomo de ouro (o “pomo da discórdia”) entre as deusas, dizendo que ele deveria ser entregue à mais bela, a ser escolhida entre Atena, Hera e Afrodite. Ninguém se atrevia a decidir entre as três, e Zeus incumbiu Hermes de conduzir as deusas competidoras até o monte Ida, onde Páris as julgaria. Cada uma delas fez-lhe promessas de presentes e vantagens; Hera comprometeu-se a dar-lhe toda a Ásia para ser seu reino; Atena ofereceu-lhe a vitória em todos os combates e sapiência ímpar; Afrodite disse-lhe apenas que lhe entregaria Helena de Esparta, a mais bela de todas as mulheres, e inspiraria nela uma paixão ardente por ele; depois de ouvi-las Páris não hesitou em
declarar Afrodite a mais bela, seduzido pela promessa de ter Helena como sua mulher (Kury, 2010, p. 262).
Príamo
Filho mais novo de Laomêdon, rei de Troia, e de Estrimó, filha do deus do rio Escamandro, ou de Leucipe. De sua segunda mulher, Príamo teve numerosos filhos e filhas, sendo os dois primeiros Heitor e Páris. Na época da Guerra de Troia, Príamo já era muito idoso para participar de combates, limitando-se a presidir as reuniões dos chefes guerreiros. Príamo, que era um rei bom e simples, mostrou-se generoso e cavalheiresco em relação a Helena, atribuindo ao destino o seu rapto por Páris, causa da guerra que aniquilaria sua pátria (Kury, 2010, p. 290).
Homero
[...] teria sido um poeta grego a quem é atribuída a autoria de duas grandes obras clássicas da Antiguidade: os poemas épicos A Ilíada e A Odisseia. As primeiras referências indiretas ao poeta e citações de seus épicos datam de meados do século 7 a.C., por isso, especula-se que, se ele existiu realmente, deve ter vivido por volta dos séculos 8 ou 9 a.C. Essa hipótese é sustentada pela análise do estilo e do conteúdo das obras homéricas (Redação Mundo Estranho, 2022).
Atena
Filha de Zeus, a deusa participou dos combates na Guerra de Troia ajudando os gregos porque o troiano Páris dera o prêmio de beleza a Afrodite e não a ela no julgamento do monte Ida. Seus protegidos principais entre os gregos eram Aquiles, Diomedes, Menelau e Ulisses. Sua interferência fez-se sentir com maior intensidade na volta de Ulisses a Ítaca; para proteger o herói, a deusa tomou a aparência de vários mortais, deu-lhe uma beleza extraordinária para comover Nausícaa, inspirando-a em sonhos para salvar Ulisses, que fora vítima de um naufrágio e induziu Alcínoo a dar-lhe uma nau para a continuação da viagem, pedindo os favores de Zeus para seu protegido. Os apetrechos de Atena eram a lança, o capacete e a égide. Seu animal preferido era a coruja, símbolo de Atenas. Além de inspirar a bravura nos heróis, Atena favorecia as manifestações de inteligência, sendo considerada no mundo grego a deusa protetora das atividades filosóficas (Kury, 2010, p. 42).
Hades
O deus e rei dos mortos, filho de Cronos e de Rea e irmão de Zeus, de Hera, de Poseidon, de Héstia e de Deméter. Na partilha do universo após a vitória dos deuses sobre os Titãs, coube a Hades o domínio do mundo subterrâneo (o inferno ou Tártaro), enquanto Zeus recebia o céu; e Poseidon, o mar.
Na luta contra os Titãs ele usou um capacete feito pelos Ciclopes, que tornava invisível quem o tinha. Serviram-se depois desse capacete outras divindades – Atena, por exemplo –, e até um HERÓI – Perseu (Kury, 2010, p. 144).
Poseidon
Um dos deuses olímpicos, filho de Cronos e de Rea e rei dos mares. Poseidon teria sido criado pelos Telquines, demônios da ilha de Rodes, e por Cêfira, filha de Oceano. Poseidon trabalhou durante um ano, juntamente com Apolo e com o mortal Éaco, na construção da muralha de Troia. Finda a obra, Laomêdon negou-se a pagar o salário prometido. Para vingar-se, Poseidon fez sair do mar um monstro que dizimou a população troiana; desde então esse deus mostrou-se um inimigo implacável dos troianos, principalmente na Guerra de Troia, na qual viria a proteger ostensivamente os gregos. Ainda ressentido com estes últimos, ele se manteve durante algum tempo à margem da guerra, mas, quando os gregos passaram a ser acuados pelos troianos, o deus veio socorrê-los, até que todos os deuses receberam ordens de Zeus para se afastarem dos combates. Mais tarde, quando Eneias estava na iminência de ser morto por Aquiles, Poseidon cobriu os olhos de Aquiles com uma névoa e levou Eneias para o acampamento dos troianos (Kury, 2010, p. 288).
Ciclopes
Os ciclopes eram gigantes que habitavam uma ilha da qual eram os únicos possuidores. Seu nome significa olhos redondos, e esses gigantes eram assim conhecidos porque tinham um único olho que ficava no centro da testa. Eles viviam em grutas e se alimentavam de produtos naturais de sua ilha, além do que os rebanhos forneciam, pois eram também pastores (Bulfinch, 2020, p. 490).
Circe
Uma feiticeira filha de Hélios (o Sol) e de Perseis (filha de Oceano ou de Hecate) morava na ilha de Aiaie (provavelmente a atual península de Monte Circeu, perto de Terracina, na Itália). Quando Ulisses passou pela costa italiana em suas viagens erráticas de volta da Guerra de Troia, ancorou suas naus na ilha de Circe, onde a feiticeira transformou vários de seus companheiros em porcos, cães e leões. Ulisses, protegido por Hermes, escapou aos sortilégios de Circe; esta, apaixonada pelo herói, deteve-o em sua ilha durante um mês idílico (algumas fontes mencionam um ano) e devolveu aos seus companheiros a figura humana. Dos amores de Circe e Ulisses nasceu Telégono, que nas lendas italianas fundou a cidade de Túsculo. Depois a feiticeira ensinou ao herói o caminho de volta e o deixou partir com os companheiros (Kury, 2010, p. 70).
Cila
Monstro marinho feminino habitante de uma gruta situada no estreito de Messene (atualmente Messina), no sul da Itália. [...] Contava-se que por ocasião da passagem da nau de Ulisses pelo estreito onde ela se emboscava, os cães que constituíam a parte inferior do corpo de Cila atacaram o herói e seus companheiros, matando seis destes (Kury, 2010, p. 67).
Caríbdis
Um monstro feminino que vivia num rochedo nas proximidades do estreito de Messene (atualmente Messina), entre a Itália continental e a Sicília. Caríbdis era filha de Gaia (a Terra) e de Poseidon, e nada saciava a sua voracidade. Em sua primeira passagem pelo estreito, Ulisses conseguiu esquivar-se do monstro, porém, quando sua nau soçobrou após o sacrifício dos bois do Sol, foi arrastado pela corrente provocada por Caríbdis agarrado aos destroços da nau. O herói, entretanto, teve a ideia de pendurar-se num dos galhos de uma enorme figueira existente em frente à gruta onde se escondia o monstro. Mais tarde, quando Caríbdis vomitou o mastro da nau, Ulisses agarrou-se a ele e prosseguiu em sua viagem. Do outro lado do estreito, defronte da caverna de Caríbdis, havia outro monstro – Cila – à espreita dos náufragos que escapavam do primeiro (Kury, 2010, p. 57).
Sugestões de referências complementares
J Livros
ILÍADA E A ODISSEIA
Ilíada e A Odisseia são as mais importantes epopeias da humanidade. Homero consagrou a literatura épica com os poemas que tinham como pano de fundo a Guerra de Troia, definindo a mitologia grega.
Resenha do site da Submarino. Disponível em: https://bit.ly/3AruVxD. Acesso em: 10 jun. 2022.
A ILÍADA DE HOMERO ADAPTADA PARA JOVENS
Destinada a um público jovem, mas sem excluir leitores de todas as idades, esta adaptação em prosa da Ilíada conserva o essencial do poema em
uma linguagem fluente. Além de ser considerado o primeiro livro da cultura ocidental, é, ainda hoje, um tratado incomparável sobre os desafios e escolhas que somos obrigados a fazer e sobre as grandes questões que a vida nos coloca ao longo do tempo.
Adaptado de: https://amzn.to/3dHr1rH. Acesso em: 10 jun. 2022.
A ODISSEIA DE HOMERO ADAPTADA PARA JOVENS
Não é à toa que, depois da Bíblia, a Odisseia é o livro mais influente na história da literatura ocidental. Datada do século VIII a.C., o tema do retorno ao lar, os personagens tão bem constituídos e cada um dos obstáculos superados por Ulisses continuam cativando leitores, sejam eles experientes ou iniciantes. E foi pensando justamente nesse público jovem, que ainda está experimentando as possibilidades da leitura e delineando o gosto literário, que Frederico Lourenço decidiu trazer o texto poético de Homero para a linguagem mais acessível da prosa, sem, no entanto, desconsiderar as particularidades do texto grego que lhe conferem esse encanto imbatível. É nesse texto claro e ao mesmo tempo fiel ao original que Lourenço narra as peripécias que Ulisses sofre ao tentar voltar para casa depois da Guerra de Troia. O que acontece é que, quando Ulisses finalmente retornava aos braços de sua amada Penélope, é levado por um forte vendaval até a excêntrica ilha dos Lotófagos, e a partir de então dez anos se passam até que ele consiga voltar à sua terra natal. São as muitas aventuras desse longo regresso – o plano contra o ciclope Polifemo, os desdobramentos da magia de Circe, o combate com Caríbdis, o terrível redemoinho, e com Cila, o monstro de seis cabeças, entre outras – e do tão esperado reencontro com sua pátria que compõem esta versão igualmente cativante da epopeia que, ao lado da Ilíada, constitui o berço da nossa literatura.
Adaptado de: https://amzn.to/3bZtTzH. Acesso em: 10 jun. 2022.
PERDIDOS NO TEMPO: DOIS BRASILEIROS NA ROMA ANTIGA
Durante uma viagem à Itália para visitar um laboratório e assistir a uma experiência científica, os gêmeos Carlos e Ana sofrem um acidente e são transportados para o século I d.C., na Roma do imperador Nero. Após muitas aventuras com gladiadores, leões adestrados, palácios, labirintos e escravos gregos, ganham sua liberdade numa troca surpreendente. Depois de uma viagem a Pompeia, conseguem voltar ao tempo atual, trazendo consigo uma “lembrança” bem concreta dessa aventura.
Adaptado de: https://bit.ly/3wfHFoJ. Acesso em: 10 jun. 2022.
O LIVRO DA MITOLOGIA
O livro da Mitologia, de Thomas Bulfinch, nos encanta com os mais belos mitos, em que se encontram os episódios de Prometeu e Pandora, Apolo e Dafne, Juno e suas rivais, Perseu e Medusa, Minerva e Níobe, entre tantas outras lendas greco-romanas, além dos mitos nórdicos e egípcios. Embora o livro de Bulfinch tenha como objetivo o deleite, é, também, uma grande referência de estudos para apreciadores e cultores dos mitos, pela ênfase dada à arte de contá-los durante a Antiguidade.
Adaptado de: https://amzn.to/3A7SKt5. Acesso em: 10 jun. 2022.
MITOLOGIA GREGA
“Na mitologia há aventuras imorais, incestos e assassinatos suficientes para satisfazer o mais intrépido dos discípulos de Freud.” Heróis, deuses e ninfas são alguns dos personagens que povoam as histórias da mitologia grega. Desse vasto conjunto de relatos e lendas que versam sobre a condição humana – recheados de aventuras, ritos e costumes – beberam filósofos, escritores e pensadores das mais diversas áreas. A multiplicidade de seus narradores – entre eles, Homero e Ésquilo – fez com que essas histórias fossem recontadas sob diversos pontos de vista, mas a passagem do tempo preservou a sabedoria e os ensinamentos dos seus primórdios. Pierre Grimal, autor do consagrado Dicionário da mitologia grega e romana, produziu um clássico para o estudo e a imersão nesse rico universo simbólico.
Adaptado de: https://amzn.to/3evEfZ2. Acesso em: 10 jun. 2022.
OS MITOS GREGOS
Midas, Narciso, Medeia, Ájax, Aquiles, Afrodite, Odisseu… que histórias guardam esses e tantos outros nomes tão familiares da mitologia grega?
Depois de uma minuciosa pesquisa, o consagrado escritor britânico Robert Graves reuniu as lendas gregas de deuses e heróis, detalhando os elementos de cada mito em uma narrativa simples e acessível para o público moderno. Esta edição conta com uma introdução do autor best-seller Rick Riordan, que revela como a obra de Graves influenciou sua carreira e sua vida pessoal. Os dois volumes trazem, inclusive, uma criteriosa iconografia, retratando os mitos gregos com obras de diversos artistas ao longo do tempo.
Adaptado de: https://amzn.to/3Pxr4DB. Acesso em: 10 jun. 2022.
DICIONÁRIO DE MITOLOGIA GREGA E ROMANA
Com aproximadamente 3.000 verbetes, esse dicionário é fundamental para o conhecimento das civilizações grega e romana, sua pré-história, sua mentalidade, sentimentos e instituições. Como a mitologia grega chegou à nossa língua a partir da mitologia romana, as formas tradicionais dos nomes próprios são seguidas nesse livro das formas originais gregas transliteradas em caracteres latinos. Kury é também tradutor do Dicionário Oxford de Literatura Clássica, de A trilogia tebana, de Sófocles, e de Oréstia, de Ésquilo, todos publicados por essa editora.
“Num país carente de dicionários bem-feitos, este é mais do que bem-vindo, é importantíssimo”, Folha de S.Paulo. “Consideravelmente mais amplo que os congêneres de que dispúnhamos até agora em português”, O Estado de S. Paulo.
Adaptado de: https://bit.ly/3we7gOB. Acesso em: 10 jun. 2022.
A MITOLOGIA DOS GREGOS VOL. II: A HISTÓRIA DOS HERÓIS
Em A mitologia dos gregos Vol. II: A história dos heróis, a imagem dos semideuses humanos nos é mostrada sem disfarces. Nascidos dos romances entre seres divinos e humanos, eles se transformaram em modelos para os antigos: até hoje seus nomes estão ligados aos acontecimentos da história clássica. A Guerra de Troia, a Odisseia, os Doze Trabalhos de Hércules ficaram na memória dos sobreviventes. Neste livro, segundo as palavras do autor, não é o mundo dos deuses, mas todo um mundo que será revelado.
Adaptado de: https://bit.ly/3K1J6Nc. Acesso em: 10 jun. 2022.
J Podcasts
NOITES GREGAS
Podcast sobre a mitologia grega e as narrativas que herdamos do Mundo Antigo do professor Cláudio Moreno.
Disponível em: https://bit.ly/3c50N1C. Acesso em: 10 jun. 2022.
TUDO DE MITOLOGIA
Podcast apresentado pelo estudante João Vitor Ferreira Costa sobre mitologias greco-romana, nórdica, hindu e mais.
Disponível em: https://spoti.fi/3Qy3yrf. Acesso em: 10 jun. 2022.
MITOLOGIA
O programa é dedicado aos mitos greco-romanos. Desde suas origens até sua recepção no mundo contemporâneo. Obras e autores da Antiguidade e as diversas versões de cada história! Tudo de um jeito bacana, curto e direto.
Disponível em: https://spoti.fi/3A8pvX6. Acesso em: 10 jun. 2022.
J Filmes
TROIA
Em 1193 a.C., Páris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma guerra da Messência contra Troia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de seu marido, Menelau (Brendan Gleeson). Tem início, então, uma sangrenta batalha, que dura mais de uma década. A esperança de Príamo (Peter O’Toole), rei de Troia, em vencer a guerra está nas mãos de seu filho Hector (Eric Bana) e de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da Grécia.
Adaptado de: https://bit.ly/3QWBxK2. Acesso em: 10 jun. 2022.
HELENA DE TROIA
Helena (Sienna Guillory) é a deslumbrante esposa de Menelau (James Callis), o rei de Esparta, que a exibe como se fosse um troféu. Infeliz com seu casamento arranjado, a moça deseja a companhia de um belo homem com quem ela teve uma visão: Páris (Matthew Marsden), o príncipe de Troia. Quando o rapaz consegue “sequestrar” Helena e levá-la para sua terra natal, para que eles possam viver um romance, o pai dele, rei Príamo (John Rhys-Davies), os recebe de braços abertos, apesar dos avisos de maus presságios. Com a honra manchada, Menelau, com o apoio de seu irmão Agamemnon (Rufus Sewell), declara guerra a Troia, iniciando um conflito que duraria dez anos.
Adaptado de: https://bit.ly/3QzOg5s. Acesso em: 10 jun. 2022.
J Séries
TROIA: A QUEDA DE UMA CIDADE
A série, em oito episódios de cerca de uma hora de duração, conta a história do cerco de dez anos da cidade de Troia, no século XIII a.C. Na trama,
em busca da mulher prometida por Afrodite, Páris descobre sua verdadeira identidade e se apaixona por Helena de Esparta, desencadeando a Guerra de Troia. A minissérie está disponível na Netflix e a produção é da BBC britânica. Adaptado de: https://bit.ly/3QDh7WG. Acesso em: 10 jun. 2022.
Referências bibliográficas
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/Consed/Undime, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3QgdaGV. Acesso em: 10 jun. 2022.
BULFINCH, T. O livro da Mitologia: a ideia da fábula. São Paulo: Martin Claret, 2020.
COELHO, N. N. Literatura infantil: teoria e análise didática. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2000.
COSSON, R. Letramento literário. In: Glossário Ceale . Disponível em: https://bit.ly/3RoRlpw. Acesso em: 20 jun. 2022.
COUTINHO, A. Notas de Teoria Literária. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
GRAVES, R. Os mitos gregos. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. 3 v.
GRIMAL, P. Mitologia grega. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013.
KERÉNYI, K. A mitologia dos gregos: a história dos heróis. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. V. 2.
KURY, M. G. Dicionário de mitologia grega e romana. Rio de Janeiro, Zahar, 2010.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
REDAÇÃO MUNDO ESTRANHO. Quem foi Homero? Superinteressante, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3Px6qDx. Acesso em: 17 jun. 2022.
SILVEIRA, T. B. O nascimento da Ficção Científica. Espaço do conhecimento UFMG, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3SZGYcQ. Acesso em: 17 jun. 2022.