A parteira de Auschwitz

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Inspirado em uma emocionante história real .

Sucesso mundial com milhões de livros vendidos

A parteira Auschwitz de

ANNA STUART

ANNA STUART

A parteira Auschwitz de

Tradução de Elisa Nazarian

Copyright © Anna Stuart, 2022

Copyright desta edição © 2025 Editora Vestígio

Título original: The Midwife of Auschwitz

Todos os direitos reservados pela Editora Vestígio. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

direção editorial

Arnaud Vin

editor responsável Eduardo Soares

preparação de texto Sonia Junqueira

revisão Eduardo Soares

capa Lisa Horton

adaptação de capa Alberto Bittencourt

diagramação Guilherme Fagundes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Stuart, Anna

A parteira de Auschwitz / Anna Stuart ; tradução Elisa Nazarian. -- 1. ed. -- São Paulo : Vestígio, 2025.

Título original: The Midwife of Auschwitz

ISBN 978-65-6002-109-9

1. Ficção histórica inglesa 2. Holocausto judeu (1939-1945) - Ficção I. Título.

25-269093

Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção histórica : Literatura inglesa 823

Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415

CDD-823

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Este livro é dedicado à memória de Stanislawa Leszczyńska e a todos aqueles que, como ela, lutaram para manter acesa a esperança nos dias mais sombrios do Holocausto.

PRÓLOGO

ABRIL DE 1946

Há berços por toda parte. Eles preenchem o saguão com chão de madeira que ecoa os sons mais sutis, e de cada berço uma criança pequena espia, toda olhos. Não há esperança, os bebês ainda não têm idade suficiente para isso, mas há um tipo de anseio que me toca profundamente, puxando não as cordas do meu coração, mas algo ainda mais profundo, direto ao meu ventre. Já faz muito tempo desde que houve uma criança dentro de mim, mas talvez essa sensação nunca desapareça completamente. Talvez cada filho que eu dei à luz tenha deixado algo para trás, um pedaço do cordão umbilical que sempre permitirá que um par de olhos infantis e grandes derreta facilmente meu coração. E talvez cada criança que ajudei a nascer em meus vinte e sete anos como parteira também tenha me afetado da mesma maneira.

Avanço alguns passos para dentro do salão. Os berços são toscos e velhos, mas limpos e cuidadosamente arrumados. Em um deles, um bebê chora, e escuto uma voz feminina se erguer numa canção de ninar, suave e reconfortante. O choro vai se transformando em soluços até cessar por completo, restando apenas a melodia. Como tudo neste salão, não é brilhante nem sofisticado, mas emana amor. Sorrio e rezo para que este seja o lugar pelo qual procuramos há tanto tempo.

– Você está pronta?

Viro-me para a jovem mulher parada à porta, cujos dedos apertam firmemente a madeira caiada do batente, os olhos tão grandes quanto os de qualquer um dos órfãos lá dentro.

– Não tenho certeza.

Estendo a mão para segurar a dela.

– Foi uma pergunta tola. Você nunca estará pronta, mas está aqui, e isso basta.

– E se não for…?

– Então continuaremos procurando. Venha.

Puxo-a gentilmente para a frente, enquanto uma senhora simpática se aproxima, caminhando entre os berços, sorridente.

– Vocês conseguiram chegar. Estou tão contente. Espero que a viagem não tenha sido muito difícil.

Não consigo evitar um riso amargo. A viagem desta manhã foi simples, mas os anos anteriores a ela foram um emaranhado de sofrimento e dor.

Trilhamos o tipo de estrada sombria e enlameada que ninguém deveria precisar percorrer para chegar até este lugar precário, onde a esperança quase se extingue. Essa jornada nos enfraqueceu profundamente e não sei, independentemente do que acabei de dizer, até onde seremos capazes de seguir.

A encarregada parece compreender. Toca meu braço gentilmente e acena com a cabeça.

– Os anos ruins acabaram agora.

– Espero que esteja certa.

– Todos nós perdemos demais.

Olho para minha querida amiga, que se aproximou lentamente, atraída pelo berço próximo à janela. Nele está sentada uma menina, cabelos loiros emoldurando um rostinho sério banhado pelo sol que entra. Ao perceber a aproximação, a bebê se levanta com esforço, as pernas bambas, mas determinadas. Minha jovem amiga cobre os últimos metros rapidamente e estende a mão até a grade. A criança enfia os bracinhos entre as barras, e meu coração se parte com essa visão – houve grades demais, cercas demais, segregação e divisões demais.

– É ela? – pergunto com a voz falhando.

– Ela tem algo parecido com a tatuagem que você descreveu – a senhora dá de ombros, constrangida.

Algo parecido… Não é o bastante. Meu coração despenca, e, de repente, sou eu que não estou pronta. De repente, desejo que aquela estrada sombria e enlameada continue serpenteando, pois enquanto estamos viajando, ainda podemos viajar com esperança.

Pare! Quero gritar, mas a palavra fica presa na garganta porque agora a jovem mulher se inclina sobre o berço e levanta a criança nos braços, e o anseio estampado no seu rosto é maior que o de todos esses pobres órfãos juntos. Chegou a hora de descobrir a verdade. Hora de saber se nossos corações podem enfim ser curados.

PARTE UM ŁÓDŹ

1º DE SETEMBRO DE 1939

ESTER

Quando o relógio da catedral de Santo Estanislau bateu meio-dia, Ester Abrams sentou-se com alívio nos degraus logo abaixo dele e ergueu o rosto em direção ao sol. Os raios suaves aqueciam sua pele, mas o outono já se insinuava nas pedras, frias contra suas pernas. Por um instante pensou em tirar o casaco para se sentar sobre ele, mas era novo e comprado numa ousada cor azul-claro, que sua irmã mais nova dissera realçar a cor dos seus olhos. Não queria correr o risco de sujá-lo.

Ester corou. Tinha sido uma compra tola, na verdade, mas Filip estava sempre tão elegantemente vestido. Não de forma extravagante – um aprendiz de alfaiate tinha pouco mais dinheiro do que uma aprendiz de enfermeira –, mas com esmero e orgulho. Fora uma das primeiras coisas que chamaram sua atenção naquele dia de abril, quando ele se sentara pela primeira vez no outro lado dos degraus, e ela sentira cada célula do corpo despertar, como as flores que explodiam em vida na cerejeira próxima. Claro, baixara os olhos imediatamente, fixando-os com firmeza no seu pierogi, * mas comera cada um dos pequenos bolinhos sem sentir o gosto do delicioso recheio de cogumelos e chucrute feito por sua mãe.

Só ousara levantar o olhar novamente quando, enfim, ele se levantou para ir embora e ela arriscou uma rápida olhadela. Ainda podia imaginá-lo agora: seu corpo era longo e magro, quase desajeitado não fosse pela firmeza com que caminhava; o paletó era simples, mas bem cortado; sua quipá,

* Prato originário do Leste Europeu, sobretudo da Polônia, consistindo em pastéis cozidos geralmente recheados com batatas, requeijão ou ricota e cebolas fritas. [N.T.]

delicadamente bordada, firmava-se no topo da cabeça. Ficara absorvida observando-o, até que, de repente, ele se virou e seus olhos se encontraram, fazendo-a corar não só no rosto, mas em todo o corpo, com algo que deveria ser constrangimento, mas se parecia mais com… felicidade. No dia seguinte, chegara cedo, tensa e cheia de expectativa. Meio-dia havia soado, mas não aparecera o rapaz, só um homem velho com um chapéu muito enterrado, subindo com dificuldade as escadas apoiado numa bengala. Ela correra para ajudá-lo, em parte porque era o que sua mãe esperava dela, em parte na esperança de que, quando saísse, o rapaz estivesse lá. Ele não estava, e ela se sentou irritada com seu bagel, arrancando pedaços do pão como se este fosse culpado pela situação, até que, quase na metade da refeição, percebeu que ele retornara ao mesmo lugar do dia anterior. Estava tranquilamente comendo seu próprio lanche e parecia mergulhado na leitura de um jornal, embora, sempre que ela o olhava, ele parecesse menos concentrado na leitura do que a olhar através do papel.

Por seis longos dias haviam comido em lados opostos dos degraus, enquanto o povo de Łódź apressava-se, empurrava-se e ria pela rua Piotrkowska, logo abaixo. Durante todos esses dias, ela ensaiara mentalmente frases que se emaranhavam em nós agonizantes quando tentava forçá-las para fora dos lábios. Até que, enfim, uma mulher passara entre eles fazendo um sonoro muxoxo. Quem sabe o que a incomodara, pois quando ambos levantaram os olhos, ela já havia entrado na igreja, e Ester e Filip se viram encarando-se diretamente.

Todas as frases inteligentes rodopiaram na cabeça de Ester, obstinadamente presas, e no fim ele dissera algo banal sobre o tempo, ao que ela respondera algo ainda mais banal, e então haviam sorrido um para o outro como se tivessem acabado de ter o mais sábio dos diálogos – talvez ele tivesse outras frases ensaiadas também. Uma vez ditas aquelas primeiras palavras, as outras vieram com mais facilidade, e logo estavam, não exatamente conversando, pois nenhum dos dois era dado a muitas palavras, mas compartilhando fatos simples e tranquilos sobre suas vidas.

– Gosto da sua quipá – conseguiu dizer. – O bordado é tão bonito.

Ele a tocou, meio constrangido.

– Obrigado. Eu mesmo que bordei.

– Você mesmo? – ela exclamou, surpresa.

Ele ficou vermelho, e ela notou que, apesar de seus cabelos serem escuros, seus olhos eram tão azuis quanto os dela.

– Estou treinando para ser alfaiate. A maior parte do tempo é só casacos, calças e camisas, mas gosto… – puxou a borda do barrete com os dedos – disso aqui. Meu pai chama essas coisas de “frufrus”. Não aprova, acha que bordado é coisa de mulher.

– Mas você faz tão bem, que ele certamente está errado.

Ele riu, então, uma risada curta, mas gostosa.

– Obrigado. Acho que as roupas devem expressar algo de nós mesmos. Ester puxou agora o seu casaco azul-claro, lembrando-se daquele comentário e de como a surpreendera. Fora criada para acreditar que as roupas deveriam ser limpas, simples e modestas, e jamais pensara nelas como uma forma de expressão pessoal além do simples cuidado doméstico.

– Conte-me mais – ela pedira, e ele contara, abrindo-se aos poucos enquanto falava, de forma que ela teria ficado feliz em sentar ali a tarde inteira, não fosse o fato de ter apenas meia hora para o almoço, e a enfermeira-chefe ser uma tirana. Bastava atrasar-se um único minuto para ser castigada a limpar penicos durante toda a tarde, e, embora pudesse valer a pena ficar com o jovem alfaiate, seus pais haviam feito muitos sacrifícios para que estudasse enfermagem, e ela lhes devia fazer bem o seu trabalho. Fora muito difícil afastar-se dele, e talvez fosse melhor ter ficado nos penicos, já que prestara tão pouca atenção ao seu trabalho naquela tarde. Mas ele estivera lá no dia seguinte, e no outro também, e ela aprendera a valorizar aquelas meias-horas do meio-dia como as joias mais preciosas das minas russas. Então, onde estaria ele hoje?

Ansiosa, olhou rua abaixo. Talvez tivesse ficado preso no trabalho ou tivesse acontecido algum imprevisto. O ar parecia estranhamente carregado naquela manhã, as pessoas mais agitadas que o normal, as lojas mais cheias. Todos que passavam pareciam carregar sacolas abarrotadas de mantimentos, como se tivessem medo de que misteriosamente faltassem. Os vendedores de jornais gritavam mais alto que nunca, mas Ester já tinha ouvido aquele desagradável emaranhado de palavras – nazistas, Hitler, invasão, bombas – tantas vezes nos últimos meses que não dava muita atenção. Era um lindo dia de outono, ainda que o degrau estivesse um tanto frio, e ninguém poderia fazer algo muito terrível sob um céu tão azul, não é mesmo?

Lá estava ele, finalmente, serpenteando pela multidão diante do açougue, caminhando facilmente por entre as inúmeras pessoas. Ela meio que se levantou e logo voltou a sentar-se. Durante três meses haviam se

encontrado assim, almoçando cada vez mais próximos, nos degraus da catedral de Santo Estanislau, enquanto as flores da cerejeira davam frutos e as folhas escureciam, começando a secar nas beiradas.

Eles conversaram, ganhando confiança a cada pequeno detalhe compartilhado. Ela já sabia seu nome, Filip Pasternak, e evidentemente já o testara junto ao seu próprio, Ester Pasternak, embora quando sua irmã mais nova, Leah, fizera o mesmo, ela logo a repreendera por tamanha bobagem. Ele era aprendiz na oficina de alfaiataria do pai, homem respeitado na cidade. Filip não recebia tratamento especial algum e dizia sentir-se feliz por isso, embora Ester duvidasse que fosse inteiramente verdade. Não era esperado que se casasse tão cedo, pois tinha “trabalho a fazer”.

A conversa ficara presa nesse ponto. Ester conseguira dizer apenas que parecia haver nele muito talento para oferecer ao negócio. Filip sorrira agradecido, mas logo acrescentara, num tom estranhamente brusco, que “os pais nem sempre estão certos sobre tudo”. Ambos olharam em volta, receosos, verificando se alguém havia escutado tamanha blasfêmia, e então o relógio convenientemente batera meia hora, fazendo-os levantar de um salto. Ester ficara incumbida dos penicos naquela tarde, mas mal notara, com os pensamentos rebeldes rodopiando em sua mente.

Ela estava certa de que seus pais a considerariam muito jovem para casar, ou talvez demasiado dedicada à enfermagem. Para ser justa com eles, Ester passara os últimos dois anos dizendo que não tinha interesse algum em rapazes e que provavelmente jamais teria. Sua mãe sempre sorrira um sorriso sábio, que antes a irritava, mas que agora lhe parecia reconfortante. Claro que não houvera nenhuma menção a casamento, nem mesmo a jantar ou passeio no parque, nada além dos almoços nos degraus da catedral de Santo Estanislau. Era como uma bolha rígida e delicada que ambos tinham receio de romper, caso não houvesse nada além daquilo.

– Ester!

Ele gritou seu nome através da multidão. Um bonde se aproximava, e por um terrível instante ela achou que ele tentaria atravessar à frente do veículo. Apesar do olhar estranhamente aflito, ele esperou, e por segundos angustiantes o bonde passou. Quando o caminho se abriu, Filip cruzou rapidamente os trilhos, chamando-a outra vez:

– Ester!

Ela se levantou.

– Filip! Está tudo bem?

– Não! Quero dizer, sim. Comigo está tudo bem, mas não com o mundo, Ester, não com a Polônia.

– Por quê? O que houve?

– Você não ouviu? – Ela ergueu uma sobrancelha para ele, e Filip bateu a mão contra a testa com um gesto tão cômico que quase a fez rir, não fosse o semblante preocupado dele. – Claro que não ouviu, senão não perguntaria. Me desculpe.

Ele estava dois degraus abaixo, e pela primeira vez seus olhos ficaram na mesma altura. Ela o encarou profundamente, preocupada demais para se envergonhar.

– Não precisa pedir desculpas, Filip. O que aconteceu?

Ele suspirou.

– A Alemanha invadiu a Polônia. A Wehrmacht atravessou nossas fronteiras, e nenhum de nós está seguro.

– Você terá que lutar?

– Talvez. Se der tempo. Mas eles avançam rápido, Ester. Estão a caminho de Cracóvia e Varsóvia.

– E Łódź?

– Quem sabe, mas tudo indica que sim. Somos uma cidade grande, com muita indústria. Alemães gostam de indústria.

– Mas não gostam dos judeus.

– Não – concordou Filip. – Dizem que alguns já estão partindo, juntando seu ouro e indo para o leste.

– E sua família?

Ele balançou a cabeça.

– Meu pai não deixaria a oficina por nada. E mesmo que deixasse…

Ele parou, encarando-a profundamente nos olhos.

– Mesmo que deixasse...? – Ela o incentivou.

Ela viu o queixo dele se erguer, os olhos escurecerem com repentina determinação.

– Mesmo que ele partisse, eu não iria junto. Não sem você.

– Sem mim? – Ester murmurou surpresa, mas ele já segurava suas mãos, ajoelhando-se diante dela, com as pernas compridas desequilibradas nos degraus estreitos.

– Ester Abrams, você me faria a grande honra de aceitar ser minha esposa?

Ester piscou atônita. Por um instante, toda a rua Piotrkowska pareceu suspender sua correria ansiosa e se voltar para eles. Duas senhoras que puxavam um carrinho abarrotado de compras pararam para observar. Ester as encarou de volta, e uma delas piscou e acenou encorajando-a, fazendo-a voltar os olhos ao belo rapaz ajoelhado à sua frente.

– Eu…

– Porque isso é a guerra, Ester – continuou ele –, e desde o momento em que soube, desde que pensei em soldados, armas e inimigos marchando sobre nossa cidade, só conseguir pensar em uma coisa: que poderiam me roubar você. E então percebi o absurdo que foi ter desperdiçado vinte e três horas e meia de cada dia deste verão longe de você, e não suportei a ideia de perder nem mais meia hora. Então, Ester, você aceita?

– Casar com você?

– Sim.

– Sim!

A palavra explodiu da sua boca. Então ela o puxou para cima, ele a tomou em seus braços, seus lábios tocaram os dela, e o único pensamento que ela teve foi que também desperdiçara tempo demais. O mundo girou ao redor da alegria de tê-lo ali. Um grande ruído zumbia em seus ouvidos, como se Deus tivesse colocado todos os anjos para cantar. Mas, se ele tivesse feito isso mesmo, precisaria escolher melhor o coro, porque o som parecia mais um gemido do que um cântico celestial. Foi só quando se afastou que percebeu que o ruído era o alarme antiaéreo crepitando dos velhos alto-falantes enferrujados ao longo da rua.

– Rápido – disse Filip, puxando-a pela mão, subindo os degraus para dentro da catedral, enquanto, no céu acima deles, dois aviões alemães cortavam ameaçadores a imensidão azul, deixando Ester confusa, sem saber se aquele era o dia mais feliz de sua vida ou o pior.

Era uma pergunta que faria a si mesma repetidas vezes durante os anos sombrios que estavam por vir.

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