200 Carlos Herculano Lopes crônicas escolhidas
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editoras responsáveis
Rejane Dias
Cecília Martins
revisão
Anna Izabella Miranda
capa
Alberto Bittencourt diagramação
Waldênia Alvarenga
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil
Lopes, Carlos Herculano
200 crônicas escolhidas / Carlos Herculano Lopes. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Autêntica Editora, 2025.
ISBN 978-65-5928-539-6
1. Crônicas brasileiras I. Título.
25-253656
Índices para catálogo sistemático:
1. Crônicas : Literatura brasileira B869.8
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
CDD-B869.8
Belo Horizonte
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Este livro é para os companheiros(as) de trabalho nas redações do Estado de Minas e Diário da Tarde, com os quais, de 1979 a 2016, com alguns intervalos, compartilhei palavras, copos e sonhos.
E pela memória de João Paulo Cunha, Maria Helena de Andrade Linhares, Roberto Drummond, Antônio Lisboa Meira, João Bosco Martins Salles, Wander Piroli, Alfredo Durães e Geraldo Magalhães.
Para Adrianne.
As 200 melhores crônicas de Carlos Herculano Lopes 15
Jacques Fux
PARTE 1
O cronista do cotidiano
1. A deusa e o cinquentão
2. Uma aventura legal
3. O quarto do filho
4. Escada acima
5. O homem de 100 anos
6. O silêncio está no ar
7. Fora de combate
8. A nota de 20
9. As duas mulheres
10. Coisas de mãe
11. O pai e o filho
12. Sanfoneiro do ar
13. Vai, Luís Fabiano… 61
14. Debaixo da marquise
15. O voo 2702
16. Uma nova batalha
17. Manhã preguiçosa
18. Missão quase impossível
19. Conversa de hospital 73
20. Das cenas que ficaram
21. A mensagem
22. A leitoa do doutor Humberto 79
23. As montanhas do Sul 81
24. Vale uma bicicleta 83
25. O sonho adiado 85
26. O pentelho e o pentelhinho 87
27. Anotações para uma história 89
28. Dona Mercês 91
29. Vó Júlia 93
30. O pescador de latinhas 95
31. A vida passa 98
32. A menina e o carro 100
33. A casa sem portas 102
34. A menina e o rio 104
35. No bar do Marquinhos 106
36. Nos bares da vida 108
37. Beleza fardada 110
38. Ainda mais bela 112
39. Chá de apartamento 114
40. Um homem feliz 117
41. Garota de programa 119
42. O gato do vizinho 121
43. O homem e a mala 123
44. De onde eu sou? 125
45. A recaída 127
PARTE 2
O cronista, as memórias das Minas Gerais: as conversas em ônibus e táxis
46. Brincos de coco e ouro 131
47. O inventor do coco e ouro 133
48. Isidoro 135
49. A volta ao Rio Vermelho 137
50. Casa de Telha 139
51. Zé Pato 141
52. Nos gerais de Lassance 143
53. Papo de mineiro 145
54. Vivendo e aprendendo 147
55. Manhã no Serro 149
56. A descoberta do mundo 151
57. Na rodoviária de Teófilo Otoni 153
58. Lá em Peçanha 155
59. Rumo a Sabará 157
60. Na Rio-Bahia é assim 159
61. O último desejo 161
62. O Julinho de Campos Altos 163
63. A rocinha de milho 165
64. Entre BH e Texas 167
65. Nos bancos da praça 169
66. Lembranças de menino 171
67. A onça do Anchieta 173
68. A mãe e a filha 175
69. A gente se encontra na Cachoeira 177
70. O agá 178
71. Tempos de Lilian 180
72. O Thiago 182
73. O primeiro beijo 184
74. A partir de hoje 186
75. O Barba 188
76. Em quatro tempos – 1 190
77. Em quatro tempos – 2 192
78. Amores perros 194
79. Todas as tempestades 196
80. Rumo a Aparecida 198
81. As folhas da castanheira 200
82. O embaixador 202
83. A velha senhora 204
84. O namorado da filha 206
85. O aposentado 208
86. Em uma madrugada dessas 210
87. A boneca de pano 212
88. Sozinha na noite
89. Dia dos Pais
90. O novo ET
91. Na Praia de Maragogi
92. O pequeno Cícero
PARTE 3
O cronista voyeur e os amores que passam
93. O amor é lindo – 1
94. O amor é lindo – 2 229
95. Anabela 231
96. Mãe e filho
97. O pai de Juliana 235
98. Um homem na janela
99. Lua de mel 239
100. Quem sabe será desta vez? 241
101. O velho espanhol
102. Olhos nos olhos
103. Encontro marcado
104. Às vésperas do casamento
105. O desconhecido
106. Um para o outro
107. Terna lembrança
108. Na mesa ao lado
109. A mulher do amigo
110. Desengano
111. As duas amigas
112. Olha como eu te amo
113. Não dá mais
114. Vinte e cinco anos depois
115. O reencontro
116. O ex-pracinha
117. Papai está namorando
118. O homem de terno
119. As mulheres da sua vida 279
120. A falta que ela lhe faz 281
121. Estou grávida 283
122. A gaiola de ouro 285
123. O dono do mundo 287
124. Menina no banheiro 289
125. Aqueles olhos 291
126. A uma moça triste 293
127. Um sonho de menino 295
128. A dama no sex shop 297
129. A moça que corre 299
130. A sedução 301
131. O silêncio do outro 303
132. Os olhos de Durvinha 305
133. Tempo de inocência 307
134. Lembranças de Alice 309
135. O caseiro Lionel 311
136. Aquela mulher 313
137. O tenente e o periquito 315
138. A melhor amiga 317
PARTE 4
Os encontros literários, as histórias e suas invenções
139. Último encontro 321
140. As cartas de Marina 323
141. De óculos novos 325
142. Um cantinho no Acervo 327
143. Amigos queridos 329
144. Adeus, Roberto 331
145. A um jovem escritor 333
146. Noite de autógrafos 335
147. Por falar em Sabino 337
148. O mestre Aires 339
149. Tempo de viver 341
150. Os três baobás 343
151. No tempo das cartas – 1 345
152. No tempo das cartas – 2 347
153. No tempo das cartas – 3 349
154. Devia de estar 351
155. Cartas na mesa 353
156. À procura de Nava 355
157. Ainda sobre Nava 357
158. Ao mestre Rubião 359
159. A chave 361
160. Rumo a Canudos 363
PARTE 5
As memórias de Coluna
161. Nesta época do ano 367
162. Coisa do bicho 369
163. A Guerra dos Seis Dias 371
164. Posso ir na rua? 373
165. Por onde andará o palhaço Biribita? 375
166. O Parafuso 377
167. Um homem danado 379
168. Os meninos e os aviões 381
169. O boi do padre 383
170. O divórcio 385
171. O homem que falava difícil 387
172. O monstro de Itamarandiba 389
173. A mulher de cinco metros 392
174. Do tatu à lan house 394
175. Recordações de Helena 396
176. Água do bispo 398
177. Balas de 30 400
178. Nas asas da seriema 403
179. A última do Pedralvo 405
180. E a lua? 407
181. O cigano e o besouro
182. O cigano e o coronel
183. O chapéu do seu Aguiar
184. Tio Juquinha
185. Fazenda Pedra Escura
186. A usina anunciada
187. Lá em Coluna
188. O repolho e o tacho
189. O sonho do Zeca
190. As porteiras do mundo
191. O irmão
192. A festa do Adélio
193.
194.
195.
197. Historinha para Isadora
199. As aventuras do coelho
As 200 melhores crônicas de Carlos Herculano Lopes
Jacques Fux
Passear pelas crônicas do consagrado escritor Carlos Herculano Lopes é puro deleite. Aqui o leitor encontrará personagens cotidianos e inesquecíveis, ouvirá o canto dos pássaros e o brindar dos copos boêmios, sentirá o perfume das árvores e o sabor dos tira-gostos nas mesas de bar, e se encantará a todo momento com as moças e as musas que passam e se eternizam nas letras do narrador. O leitor ainda será presenteado com as deliciosas e triviais narrativas do dia a dia recheadas de humor e carinho, escritas por um cronista que não somente observa, mas que seduz pelo uso preciso de suas palavras, de seus olhares e de seus silêncios.
Carlos Herculano Lopes nasceu em Coluna, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Em suas palavras: “filho do farmacêutico prático Herculano de Oliveira Lopes, que há tempos se foi, e da professora Iracema Aguiar de Oliveira, vim ao mundo, no dia 23 de outubro de 1956. Foi um ano privilegiado em que, só para ficar em três exemplos, Juscelino Kubitschek de Oliveira assumiu a Presidência da República; Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas, e Fernando Sabino, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, também brindou a literatura com o seu O encontro marcado”. Jornalista e autor premiado, com diversas adaptações para o cinema, finalmente nos brinda com as suas 200 crônicas escolhidas. Ao longo de 15 anos, Carlos Herculano escreveu para inúmeros leitores mais de 1.500 crônicas publicadas no jornal Estado de Minas, que aparecem agora selecionadas pelo próprio autor e pelo escritor Jacques Fux.
Um cronista literário é um historiador-antropólogo-voyeur do cotidiano, do que (não) acontece, do que (não) tem importância e (nem) razão. É um observador taciturno, oculto e astuto, mas sempre pronto para uma boa conversa de bar, para “roubar” uma história de um viajante (da poltrona 27) e para narrar a lembrança de um amor ou o deslizar de uma lágrima de saudade. Ele, atento, registra com um olhar original a vida “ao rés-do-chão” – como escreveu o crítico Antonio Candido. Apesar da efemeridade do acontecimento
e do fugidio instante, a crônica ou “a vida ao rés-do-chão” permanece “quando passa do jornal ao livro, nós verificamos meio espantados que a sua durabilidade pode ser maior do que ela própria pensava”. Um bom cronista – e Carlos Herculano está entre os mais atentos – sabe da importância do observar elaborado e da palavra afiada para que o cotidiano retratado – e as histórias e conversas surrupiadas – não se perca no tempo. O ex-imortal e catedrático (ironia de cronista) Eduardo Portella escreveu: “este tipo de narrativa não é tão despretensioso quanto aparenta ser, adquirindo, pois, uma característica que é essencial à arte: a permanência”.
Nestas crónicas, Carlos Herculano narra a “permanência artística” com o seu olhar flâneur. Os termos flâneur e flânerie estão relacionados ao ato de deambular sem destino ou razão; ato em que a divagação – muitas vezes excêntrica e despreocupada – ostenta e recenseia o mundo ao redor. O flâneur de Charles Baudelaire (e o também de Carlos Herculano) – aquele que em suas observações cotidianas acaba por absorver o mundo e dar sobrevida ao tempo que dialoga e corrompe a modernidade – é o transitório. Para ele(s), o deambular, o vagabundear dos viajantes errantes, é um exercício nobre de contemplação artística. Nestes textos, nos deparamos com a passagem de singelos e casuais encontros – do próprio cronista e de seus personagens –, as trocas de olhares, os flertes e as memórias e saudades de um tempo agora já romântico. Como leitores, somos convidados pelo cronista a viajar ao seu lado (sempre nas poltronas 27, 28 ou 29, em razão de uma mania e simpatia) e a conhecer histórias compartilhadas das suas idas e vindas a Coluna e por todo esse sertão que é o mundo. Todos têm algumas saudades e sofrem de muitas lonjuras nesta odisseia em que os amores se encontram, se tocam e se esvaem no suspiro do cronista.
Ler estas crônicas é viajar pelo passado e pelas narrativas lúdicas e sensíveis que, além de nos entreter, nos faz pensar e refletir acerca das nossas dores.
Carlos Herculano Lopes caminha por praças, ruas, memórias, passados e “causos”, e nessas suas invencionices não se esquece de homenagear amigos, leitores e amores; amores esses que sempre se encontram e se reconhecem num bar, num acaso, numa lembrança, numa epifania, numa ilusão. O cronista, como escreveu Portella, é “atento, observador, preciso, artesão da palavra, às vezes onírico e impressionista, às vezes pragmático e seco, outras vezes ainda terno e sentimental”.
Pelas lentes e letras do narrador, crianças nos comovem com a ingenuidade de seus olhares e de suas histórias, jovens nos encantam com suas promessas e virtudes, e senhores e senhoras da “melhor idade” nos motivam
a viver intensamente ao desvelarem seus passados e narrarem suas pulsões pelo presente. Apesar de falar de si e do mundo ao redor, o cronista não é um autoficcionista, mas um ilusionista lúdico desse cotidiano que inventa, encanta, aumenta, corrompe na voz de um outro narrador – este, sim, capaz de escrever sem as correntes e as censuras do seu tempo.
Além das viagens pelo cotidiano, Carlos Herculano nos convida a adentrar os sertões de Rosa e Cunha, as letras dos mestres Borges e Drummond, e a reencontrar amigos escritores com quem dividiu mesas literárias e de bares.
Para um cronista que se preze – e que nos preze –, o futebol deve aparecer de uma forma sagrada. Se Nelson Rodrigues dizia que o Fla x Flu começou 40 minutos antes do Nada, em um tempo imemorial, não acessível ao comum dos mortais, Carlos Herculano reescreve esse duelo artístico-sagrado com temperos mineiros ao narrar os jogos, as vitórias e as derrotas do Galo e do Cruzeiro (e também, para a nossa dor, o famigerado 7x1 entre Brasil e Alemanha no Mineirão).
Em trânsito – sempre indo ou voltando para algum lugar –, seus personagens encontram-se no passado, nas conversas com os taxistas, no voyeurismo e nas escutas das conversas em ônibus – narrativas singelas que mostram a religiosidade dos interiores mineiros, dos protagonistas devotos, dos duelos entre Deus e o Diabo. Ainda em Belo Horizonte, o Mercado Central, a Praça da Assembleia e o centro nostálgico são retratados como cenários de acidentes e incidentes insignificantes, mas que ganham significado e sentido por meio das penas do cronista.
Além disso tudo – e de tudo isso –, nestas 200 crônicas podemos encontrar a gênese do escritor e de seus romances de sucesso. Carlos Herculano Lopes revela nas crônicas de onde surgem seus livros, suas fagulhas de inspiração e devaneios, e sua dedicação e amor à escrita.
Um livro essencial, que merece ser lido e relido por antigas e novas gerações.
Os seus pais, Herculano e Iracema, em Belo Horizonte, nos anos de 1960.
Foto: Arquivo do autor.
Arquivo do autor.
Carlos Herculano, o terceiro da esquerda para a direita, na fazenda dos Aguiar, em Coluna, com os primos Joaquim, José, Carlos Antonio, Evandro e Ismar, nos anos de 1960.
Arquivo do autor.
Em meados de 1960, em Coluna, com as irmãs Laene, Jane, Denise, Anete, Janete e Maria Gorete.
Foto:
Foto:
Em 1964 primeiro ano primário no Grupo Escolar Professora Heroína Torres, em Coluna.
Foto: Arquivo do autor.
Foto: Arquivo do autor.
Com Lêdo Ivo, sua esposa, Maria Leda, Jorge Fernando dos Santos e Rachel de Queiroz, de braços dados com Carlos Herculano Lopes, durante a quinta Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, realizada em São Paulo, em 1990, da qual ele foi vencedor na categoria Romance, com Sombras de julho
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