200 crônicas escolhidas

Page 1


NO AR | FORA DE COMBATE | A NOTA DE 20 | AS DUAS MULHERES | COISAS DE MÃE | O PAI E O FILHO |

VAI, LUÍS FABIANO… | DEBAIXO DA MARQUISE | O VOO 2702 | UMA NOVA BATALHA | MANHÃ PREGUIÇOSA | MISSÃO

IMPOSSÍVEL | CONVERSA DE HOSPITAL | DAS CENAS QUE FICARAM | A MENSAGEM | A LEITOA DO DOUTOR HUMBERTO MONTANHAS DO SUL | VALE UMA BICICLETA | O SONHO ADIADO | O PENTELHO E O PENTELHINHO | ANOTAÇÕES PARA HISTÓRIA | DONA MERCÊS | VÓ JÚLIA | O PESCADOR DE LATINHAS | A VIDA PASSA | A MENINA E O CARRO | A CASA SEM MENINA E O RIO | NO BAR DO MARQUINHOS | NOS BARES DA VIDA | BELEZA FARDADA | AINDA MAIS BELA | UM CHÁ APARTAMENTO | UM HOMEM FELIZ | GAROTA DE PROGRAMA | O GATO DO VIZINHO | O HOMEM E A MALA | DE ONDE RECAÍDA | BRINCOS DE COCO E OURO | O INVENTOR DO COCO E OURO | ISIDORO | A VOLTA AO RIO VERMELHO |

PATO | NOS GERAIS DE LASSANCE | PAPO DE MINEIRO | VIVENDO E APRENDENDO | MANHÃ NO SERRO | A DESCOBERTA MUNDO | NA RODOVIÁRIA DE TEÓFILO OTONI | LÁ EM PEÇANHA | RUMO A SABARÁ | NA RIO-BAHIA É ASSIM | O ÚLTIMO JULINHO DE CAMPOS ALTOS | A ROCINHA DE MILHO | ENTRE BH E TEXAS | NOS BANCOS DA PRAÇA | LEMBRANÇAS

ONÇA DO ANCHIETA | A MÃE E A FILHA | A GENTE SE ENCONTRA NA CACHOEIRA | O AGÁ | TEMPOS DE LILIAN | O

PRIMEIRO BEIJO | A PARTIR DE HOJE | O BARBA | EM QUATRO TEMPOS –1 | EM QUATRO TEMPOS –2 | AMORES PERROS

TEMPESTADES | RUMO A APARECIDA | AS FOLHAS DA CASTANHEIRA | O EMBAIXADOR | A VELHA SENHORA | O NAMORADO | O APOSENTADO | EM UMA MADRUGADA DESSAS | A BONECA DE PANO | SOZINHA NA NOITE | DIA DOS PAIS | PRAIA DE MARAGOGI | O PEQUENO CÍCERO | O AMOR É LINDO –1 | O AMOR É LINDO –2 | ANABELA | MÃE E FILHO

JULIANA | UM HOMEM NA JANELA | LUA DE MEL | QUEM SABE SERÁ DESTA VEZ? | O VELHO ESPANHOL | OLHOS NOS

ENCONTRO MARCADO | ÀS VÉSPERAS DO CASAMENTO | O DESCONHECIDO | UM PARA O OUTRO | TERNA LEMBRANÇA LADO | A MULHER DO AMIGO | DESENGANO | AS DUAS AMIGAS | OLHA COMO EU TE AMO | NÃO DÁ MAIS | VINTE DEPOIS | O REENCONTRO | O EX-PRACINHA | PAPAI ESTÁ NAMORANDO | O HOMEM DE TERNO | AS MULHERES FALTA QUE ELA LHE FAZ | ESTOU GRÁVIDA | A GAIOLA DE OURO | O DONO DO MUNDO | MENINA NO BANHEIRO

Carlos Herculano Lopes crônicas escolhidas

OLHOS | A UMA MOÇA TRISTE | UM SONHO DE MENINO | A DAMA NO SEX SHOP | A MOÇA QUE CORRE | A SEDUÇÃO OUTRO | OS OLHOS DE DURVINHA | TEMPO DE INOCÊNCIA | LEMBRANÇAS DE ALICE | O CASEIRO LIONEL | AQUELA TENENTE E O PERIQUITO | A MELHOR AMIGA | ÚLTIMO ENCONTRO | AS CARTAS DE MARIANA | DE ÓCULOS NOVOS CANTINHO NO ACERVO | AMIGOS QUERIDOS | ADEUS, ROBERTO | A UM JOVEM ESCRITOR | NOITE DE AUTÓGRAFOS

SABINO | O MESTRE AIRES | TEMPO DE VIVER | OS TRÊS BAOBÁS | NO TEMPO DAS CARTAS –1 | NO TEMPO

200

200 Carlos Herculano Lopes crônicas escolhidas

Copyright © 2025 Carlos Herculano Lopes

Copyright © 2025 Autêntica Editora

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora Ltda. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

editoras responsáveis

Rejane Dias

Cecília Martins

revisão

Anna Izabella Miranda

capa

Alberto Bittencourt diagramação

Waldênia Alvarenga

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Lopes, Carlos Herculano

200 crônicas escolhidas / Carlos Herculano Lopes. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Autêntica Editora, 2025.

ISBN 978-65-5928-539-6

1. Crônicas brasileiras I. Título.

25-253656

Índices para catálogo sistemático:

1. Crônicas : Literatura brasileira B869.8

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

CDD-B869.8

Belo Horizonte

Rua Carlos Turner, 420 Silveira . 31140-520

Belo Horizonte . MG

Tel.: (55 31) 3465 4500

São Paulo Av. Paulista, 2.073, Conjunto Nacional Horsa I . Salas 404-406 . Bela Vista 01311-940 . São Paulo . SP Tel.: (55 11) 3034 4468 www.grupoautentica.com.br

SAC: atendimentoleitor@grupoautentica.com.br

Este livro é para os companheiros(as) de trabalho nas redações do Estado de Minas e Diário da Tarde, com os quais, de 1979 a 2016, com alguns intervalos, compartilhei palavras, copos e sonhos.

E pela memória de João Paulo Cunha, Maria Helena de Andrade Linhares, Roberto Drummond, Antônio Lisboa Meira, João Bosco Martins Salles, Wander Piroli, Alfredo Durães e Geraldo Magalhães.

Para Adrianne.

As 200 melhores crônicas de Carlos Herculano Lopes 15

Jacques Fux

PARTE 1

O cronista do cotidiano

1. A deusa e o cinquentão

2. Uma aventura legal

3. O quarto do filho

4. Escada acima

5. O homem de 100 anos

6. O silêncio está no ar

7. Fora de combate

8. A nota de 20

9. As duas mulheres

10. Coisas de mãe

11. O pai e o filho

12. Sanfoneiro do ar

13. Vai, Luís Fabiano… 61

14. Debaixo da marquise

15. O voo 2702

16. Uma nova batalha

17. Manhã preguiçosa

18. Missão quase impossível

19. Conversa de hospital 73

20. Das cenas que ficaram

21. A mensagem

22. A leitoa do doutor Humberto 79

23. As montanhas do Sul 81

24. Vale uma bicicleta 83

25. O sonho adiado 85

26. O pentelho e o pentelhinho 87

27. Anotações para uma história 89

28. Dona Mercês 91

29. Vó Júlia 93

30. O pescador de latinhas 95

31. A vida passa 98

32. A menina e o carro 100

33. A casa sem portas 102

34. A menina e o rio 104

35. No bar do Marquinhos 106

36. Nos bares da vida 108

37. Beleza fardada 110

38. Ainda mais bela 112

39. Chá de apartamento 114

40. Um homem feliz 117

41. Garota de programa 119

42. O gato do vizinho 121

43. O homem e a mala 123

44. De onde eu sou? 125

45. A recaída 127

PARTE 2

O cronista, as memórias das Minas Gerais: as conversas em ônibus e táxis

46. Brincos de coco e ouro 131

47. O inventor do coco e ouro 133

48. Isidoro 135

49. A volta ao Rio Vermelho 137

50. Casa de Telha 139

51. Zé Pato 141

52. Nos gerais de Lassance 143

53. Papo de mineiro 145

54. Vivendo e aprendendo 147

55. Manhã no Serro 149

56. A descoberta do mundo 151

57. Na rodoviária de Teófilo Otoni 153

58. Lá em Peçanha 155

59. Rumo a Sabará 157

60. Na Rio-Bahia é assim 159

61. O último desejo 161

62. O Julinho de Campos Altos 163

63. A rocinha de milho 165

64. Entre BH e Texas 167

65. Nos bancos da praça 169

66. Lembranças de menino 171

67. A onça do Anchieta 173

68. A mãe e a filha 175

69. A gente se encontra na Cachoeira 177

70. O agá 178

71. Tempos de Lilian 180

72. O Thiago 182

73. O primeiro beijo 184

74. A partir de hoje 186

75. O Barba 188

76. Em quatro tempos – 1 190

77. Em quatro tempos – 2 192

78. Amores perros 194

79. Todas as tempestades 196

80. Rumo a Aparecida 198

81. As folhas da castanheira 200

82. O embaixador 202

83. A velha senhora 204

84. O namorado da filha 206

85. O aposentado 208

86. Em uma madrugada dessas 210

87. A boneca de pano 212

88. Sozinha na noite

89. Dia dos Pais

90. O novo ET

91. Na Praia de Maragogi

92. O pequeno Cícero

PARTE 3

O cronista voyeur e os amores que passam

93. O amor é lindo – 1

94. O amor é lindo – 2 229

95. Anabela 231

96. Mãe e filho

97. O pai de Juliana 235

98. Um homem na janela

99. Lua de mel 239

100. Quem sabe será desta vez? 241

101. O velho espanhol

102. Olhos nos olhos

103. Encontro marcado

104. Às vésperas do casamento

105. O desconhecido

106. Um para o outro

107. Terna lembrança

108. Na mesa ao lado

109. A mulher do amigo

110. Desengano

111. As duas amigas

112. Olha como eu te amo

113. Não dá mais

114. Vinte e cinco anos depois

115. O reencontro

116. O ex-pracinha

117. Papai está namorando

118. O homem de terno

119. As mulheres da sua vida 279

120. A falta que ela lhe faz 281

121. Estou grávida 283

122. A gaiola de ouro 285

123. O dono do mundo 287

124. Menina no banheiro 289

125. Aqueles olhos 291

126. A uma moça triste 293

127. Um sonho de menino 295

128. A dama no sex shop 297

129. A moça que corre 299

130. A sedução 301

131. O silêncio do outro 303

132. Os olhos de Durvinha 305

133. Tempo de inocência 307

134. Lembranças de Alice 309

135. O caseiro Lionel 311

136. Aquela mulher 313

137. O tenente e o periquito 315

138. A melhor amiga 317

PARTE 4

Os encontros literários, as histórias e suas invenções

139. Último encontro 321

140. As cartas de Marina 323

141. De óculos novos 325

142. Um cantinho no Acervo 327

143. Amigos queridos 329

144. Adeus, Roberto 331

145. A um jovem escritor 333

146. Noite de autógrafos 335

147. Por falar em Sabino 337

148. O mestre Aires 339

149. Tempo de viver 341

150. Os três baobás 343

151. No tempo das cartas – 1 345

152. No tempo das cartas – 2 347

153. No tempo das cartas – 3 349

154. Devia de estar 351

155. Cartas na mesa 353

156. À procura de Nava 355

157. Ainda sobre Nava 357

158. Ao mestre Rubião 359

159. A chave 361

160. Rumo a Canudos 363

PARTE 5

As memórias de Coluna

161. Nesta época do ano 367

162. Coisa do bicho 369

163. A Guerra dos Seis Dias 371

164. Posso ir na rua? 373

165. Por onde andará o palhaço Biribita? 375

166. O Parafuso 377

167. Um homem danado 379

168. Os meninos e os aviões 381

169. O boi do padre 383

170. O divórcio 385

171. O homem que falava difícil 387

172. O monstro de Itamarandiba 389

173. A mulher de cinco metros 392

174. Do tatu à lan house 394

175. Recordações de Helena 396

176. Água do bispo 398

177. Balas de 30 400

178. Nas asas da seriema 403

179. A última do Pedralvo 405

180. E a lua? 407

181. O cigano e o besouro

182. O cigano e o coronel

183. O chapéu do seu Aguiar

184. Tio Juquinha

185. Fazenda Pedra Escura

186. A usina anunciada

187. Lá em Coluna

188. O repolho e o tacho

189. O sonho do Zeca

190. As porteiras do mundo

191. O irmão

192. A festa do Adélio

193.

194.

195.

197. Historinha para Isadora

199. As aventuras do coelho

As 200 melhores crônicas de Carlos Herculano Lopes

Passear pelas crônicas do consagrado escritor Carlos Herculano Lopes é puro deleite. Aqui o leitor encontrará personagens cotidianos e inesquecíveis, ouvirá o canto dos pássaros e o brindar dos copos boêmios, sentirá o perfume das árvores e o sabor dos tira-gostos nas mesas de bar, e se encantará a todo momento com as moças e as musas que passam e se eternizam nas letras do narrador. O leitor ainda será presenteado com as deliciosas e triviais narrativas do dia a dia recheadas de humor e carinho, escritas por um cronista que não somente observa, mas que seduz pelo uso preciso de suas palavras, de seus olhares e de seus silêncios.

Carlos Herculano Lopes nasceu em Coluna, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Em suas palavras: “filho do farmacêutico prático Herculano de Oliveira Lopes, que há tempos se foi, e da professora Iracema Aguiar de Oliveira, vim ao mundo, no dia 23 de outubro de 1956. Foi um ano privilegiado em que, só para ficar em três exemplos, Juscelino Kubitschek de Oliveira assumiu a Presidência da República; Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas, e Fernando Sabino, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, também brindou a literatura com o seu O encontro marcado”. Jornalista e autor premiado, com diversas adaptações para o cinema, finalmente nos brinda com as suas 200 crônicas escolhidas. Ao longo de 15 anos, Carlos Herculano escreveu para inúmeros leitores mais de 1.500 crônicas publicadas no jornal Estado de Minas, que aparecem agora selecionadas pelo próprio autor e pelo escritor Jacques Fux.

Um cronista literário é um historiador-antropólogo-voyeur do cotidiano, do que (não) acontece, do que (não) tem importância e (nem) razão. É um observador taciturno, oculto e astuto, mas sempre pronto para uma boa conversa de bar, para “roubar” uma história de um viajante (da poltrona 27) e para narrar a lembrança de um amor ou o deslizar de uma lágrima de saudade. Ele, atento, registra com um olhar original a vida “ao rés-do-chão” – como escreveu o crítico Antonio Candido. Apesar da efemeridade do acontecimento

e do fugidio instante, a crônica ou “a vida ao rés-do-chão” permanece “quando passa do jornal ao livro, nós verificamos meio espantados que a sua durabilidade pode ser maior do que ela própria pensava”. Um bom cronista – e Carlos Herculano está entre os mais atentos – sabe da importância do observar elaborado e da palavra afiada para que o cotidiano retratado – e as histórias e conversas surrupiadas – não se perca no tempo. O ex-imortal e catedrático (ironia de cronista) Eduardo Portella escreveu: “este tipo de narrativa não é tão despretensioso quanto aparenta ser, adquirindo, pois, uma característica que é essencial à arte: a permanência”.

Nestas crónicas, Carlos Herculano narra a “permanência artística” com o seu olhar flâneur. Os termos flâneur e flânerie estão relacionados ao ato de deambular sem destino ou razão; ato em que a divagação – muitas vezes excêntrica e despreocupada – ostenta e recenseia o mundo ao redor. O flâneur de Charles Baudelaire (e o também de Carlos Herculano) – aquele que em suas observações cotidianas acaba por absorver o mundo e dar sobrevida ao tempo que dialoga e corrompe a modernidade – é o transitório. Para ele(s), o deambular, o vagabundear dos viajantes errantes, é um exercício nobre de contemplação artística. Nestes textos, nos deparamos com a passagem de singelos e casuais encontros – do próprio cronista e de seus personagens –, as trocas de olhares, os flertes e as memórias e saudades de um tempo agora já romântico. Como leitores, somos convidados pelo cronista a viajar ao seu lado (sempre nas poltronas 27, 28 ou 29, em razão de uma mania e simpatia) e a conhecer histórias compartilhadas das suas idas e vindas a Coluna e por todo esse sertão que é o mundo. Todos têm algumas saudades e sofrem de muitas lonjuras nesta odisseia em que os amores se encontram, se tocam e se esvaem no suspiro do cronista.

Ler estas crônicas é viajar pelo passado e pelas narrativas lúdicas e sensíveis que, além de nos entreter, nos faz pensar e refletir acerca das nossas dores.

Carlos Herculano Lopes caminha por praças, ruas, memórias, passados e “causos”, e nessas suas invencionices não se esquece de homenagear amigos, leitores e amores; amores esses que sempre se encontram e se reconhecem num bar, num acaso, numa lembrança, numa epifania, numa ilusão. O cronista, como escreveu Portella, é “atento, observador, preciso, artesão da palavra, às vezes onírico e impressionista, às vezes pragmático e seco, outras vezes ainda terno e sentimental”.

Pelas lentes e letras do narrador, crianças nos comovem com a ingenuidade de seus olhares e de suas histórias, jovens nos encantam com suas promessas e virtudes, e senhores e senhoras da “melhor idade” nos motivam

a viver intensamente ao desvelarem seus passados e narrarem suas pulsões pelo presente. Apesar de falar de si e do mundo ao redor, o cronista não é um autoficcionista, mas um ilusionista lúdico desse cotidiano que inventa, encanta, aumenta, corrompe na voz de um outro narrador – este, sim, capaz de escrever sem as correntes e as censuras do seu tempo.

Além das viagens pelo cotidiano, Carlos Herculano nos convida a adentrar os sertões de Rosa e Cunha, as letras dos mestres Borges e Drummond, e a reencontrar amigos escritores com quem dividiu mesas literárias e de bares.

Para um cronista que se preze – e que nos preze –, o futebol deve aparecer de uma forma sagrada. Se Nelson Rodrigues dizia que o Fla x Flu começou 40 minutos antes do Nada, em um tempo imemorial, não acessível ao comum dos mortais, Carlos Herculano reescreve esse duelo artístico-sagrado com temperos mineiros ao narrar os jogos, as vitórias e as derrotas do Galo e do Cruzeiro (e também, para a nossa dor, o famigerado 7x1 entre Brasil e Alemanha no Mineirão).

Em trânsito – sempre indo ou voltando para algum lugar –, seus personagens encontram-se no passado, nas conversas com os taxistas, no voyeurismo e nas escutas das conversas em ônibus – narrativas singelas que mostram a religiosidade dos interiores mineiros, dos protagonistas devotos, dos duelos entre Deus e o Diabo. Ainda em Belo Horizonte, o Mercado Central, a Praça da Assembleia e o centro nostálgico são retratados como cenários de acidentes e incidentes insignificantes, mas que ganham significado e sentido por meio das penas do cronista.

Além disso tudo – e de tudo isso –, nestas 200 crônicas podemos encontrar a gênese do escritor e de seus romances de sucesso. Carlos Herculano Lopes revela nas crônicas de onde surgem seus livros, suas fagulhas de inspiração e devaneios, e sua dedicação e amor à escrita.

Um livro essencial, que merece ser lido e relido por antigas e novas gerações.

Os seus pais, Herculano e Iracema, em Belo Horizonte, nos anos de 1960.
Foto: Arquivo do autor.

Arquivo do autor.

Carlos Herculano, o terceiro da esquerda para a direita, na fazenda dos Aguiar, em Coluna, com os primos Joaquim, José, Carlos Antonio, Evandro e Ismar, nos anos de 1960.

Arquivo do autor.

Em meados de 1960, em Coluna, com as irmãs Laene, Jane, Denise, Anete, Janete e Maria Gorete.

Foto:
Foto:
Em 1964 primeiro ano primário no Grupo Escolar Professora Heroína Torres, em Coluna.
Foto: Arquivo do autor.

Foto: Arquivo do autor.

Com Lêdo Ivo, sua esposa, Maria Leda, Jorge Fernando dos Santos e Rachel de Queiroz, de braços dados com Carlos Herculano Lopes, durante a quinta Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, realizada em São Paulo, em 1990, da qual ele foi vencedor na categoria Romance, com Sombras de julho

www.autenticaeditora.com.br www.twitter.com/autentica_ed www.facebook.com/editora.autentica

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.