

A PRESENÇA DE DEUS NA SOLIDÃO
Você nunca está só
Revestir-se de Cristo Caminhe em humildade
Apegar-se à esperança
Você florescerá novamente
A construção de um casamento
50 anos juntos

Volume 26, Número 11

CONTATO PESSOAL
crescer no século 21
Bem-vindo à segunda edição com temas variados deste ano. Gostamos muito deste formato, pois permite aos colaboradores da Contato escreverem sobre o que estiver em seus corações no momento, produzindo uma revista diversa, repleta de percepções e inspiração para todos. Como os autores têm idades e são de países diferentes, os artigos são variados e instigantes.
Amy Joy conta como foi crescer na África do Sul (página 10); Simon Bishop divide lições que aprendeu nas Filipinas ao conciliar o trabalho voluntário com as responsabilidades de pai (páginas 8–9); Rosane Cordoba, no Brasil, relata como mudar suas prioridades a mantém ativa e alegre, desde que seus filhos se tornaram adultos independentes (página 12). E convido você a se alegrar conosco, pois Sally e eu nos aproximamos do nosso 50º aniversário de casamento (página 13).
Nosso artigo principal deste mês aborda o que muitos têm chamado de globalização — ou até pandemia — da solidão e do isolamento. Milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam essa praga moderna e sofrem com suas consequências. Como os cristãos podem mobilizar os poderosos recursos que Deus oferece para lidar com esse problema, que é tanto social quanto espiritual? Será que nossa presença, por si só, pode fazer diferença em um mundo que se tornou refém do individualismo? É possível sermos intencionais em nossas amizades, para aliviar as carências dos outros? Que mais podemos fazer para mitigar esse mal?
Nesse texto, apresentamos caminhos práticos e, acima de tudo, mostramos como é possível encontrar na presença de Deus o consolo mais profundo — e ajudar outros a fazerem o mesmo. Porque, mesmo quando sentimos solidão, a verdade maior permanece: nunca estamos sós.
Esperamos que esta edição o ajude a crescer em fé, para enfrentarmos juntos os desafios do século 21.
Gabriel e Sally García
Equipe Editorial da Contato
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Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.
— Romanos 15:13
O Deus de toda graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces. — 1 Pedro 5:10

Por Eva Marianne
APEGAR-SE À ESPERANÇA
Meu filho me presenteou com uma linda muda de hibisco. Tinha uma flor rosa encantadora e alguns botões. Olhar para aquela planta me encheu de felicidade!
Em poucos dias, no entanto, a flor perdeu as pétalas e os botões começaram a cair. Em minhas pesquisas, descobri que hibiscos são plantas bastante sensíveis. Convencida de que a minha precisava de mais luz, decidi transferi-la para um ambiente aberto, na esperança de que se alegrasse com o sol generoso, as brisas suaves — e até mesmo com o vento mais forte e a chuva ocasionais — como fazem as outras plantas que habitam minha pequena varanda.
Eu cuidava do hibisco todos os dias, usava fertilizante e regava com carinho. A planta estava ficando mais forte, mas ainda não havia flores. Então, depois de alguns meses, surgiram alguns botões — e logo vieram duas flores cor-de-rosa grandes e lindas. Ah, que alegria! Agradeci ao Senhor e tirei algumas fotos para enviar ao meu filho. Desde então, cada um dos muitos botões que nascem se transforma em uma flor maravilhosa. Que milagre!
Nossa vida também pode ser assim. Muitas vezes, precisamos de cuidados adicionais: descanso, alimentos
especiais, carinho e atenção — seja de um ente querido, amigo, ou até mesmo de médicos e enfermeiros. Entendo bem isso; já passei por momentos assim mais de uma vez, e posso afirmar que o cuidado, a atenção e as orações de pessoas queridas foram essenciais para me reerguer.
Todos vivemos momentos de alegria e dificuldades. Acredito que essas experiências me ajudaram a me tornar uma pessoa mais forte, compreensiva, amorosa e prestativa.
Além disso, temos um Pai amoroso que vela por nós e atende às nossas orações. Nunca nos deixa nem nos abandona. Temos a esperança de dias melhores — a esperança de que, após um tempo de descanso, a força e a alegria renascerão. Assim como meu lindo hibisco, floresceremos novamente e levaremos amor e alegria às pessoas queridas, aos amigos e à nossa comunidade.
Eva Marianne é professora aposentada e foi missionária na Tailândia, Filipinas e Japão. Vive com o marido na Escandinávia. Ajudam em sua comunidade levando encorajamento e alegria às pessoas que encontram. ■
A depresença Deus na solidão

Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade. — Efésios 1:5
Lemos na Bíblia que Deus criou a humanidade à Sua imagem e, portanto, como seres relacionais (Gênesis 1:27). O próprio Deus existe eternamente em relacionamento — Pai, Filho e Espírito Santo. Criados à Sua imagem, é natural que busquemos conexões, amizades e comunidade.
Deus nunca quis que as pessoas enfrentassem a vida sozinhas ou vivessem isoladas; Seu desejo é que vivamos, amemos e compartilhemos nossas vidas em comunhão (Hebreus 10:24–25). No entanto, a intensa fragmentação da vida familiar e comunitária em nossa cultura contemporânea criou o que muitos chamam de “epidemia da solidão”.
Na sociedade atual, a autossuficiência e a independência são exaltadas como virtudes. As mensagens transmitidas pela mídia, redes sociais e publicidade dizem que devemos, acima de tudo, cuidar de nós mesmos e buscar satisfação pessoal.
Ainda assim, percebemos que a solidão e o isolamento são alguns dos maiores males do nosso tempo. Hoje, o risco que essas condições representam para o bem-estar humano é maior do que em épocas anteriores, quando havia mais interdependência e a vida comunitária era o tecido social. Mas o cristianismo nos aponta um caminho melhor.
Quando recebemos Jesus como Senhor e Salvador, somos adotados na família de Deus e nos tornamos Seus

filhos para sempre (Efésios 2:19–22). Deus é nosso Pai e Jesus nos chamou de Seus amigos ( João 15:15). Pertencemos à Sua igreja, o corpo de crentes (Romanos 12:5). Os cristãos se apropriam dessas verdades atemporais, mesmo nos períodos de solidão e isolamento. Nossa esperança não está neste mundo, mas no céu, onde viveremos na mais extraordinária comunidade imaginável (Hebreus 12:22–24)!
Às vezes, nos sentimos tristes e desamparados por acreditarmos que ninguém se importa conosco ou nos ajudaria em um momento de necessidade. Davi, na Bíblia, experimentou uma profunda solidão em diferentes ocasiões e clamou a Deus em sua angústia: “Volta-te para mim e tem misericórdia de mim, pois estou sozinho e aflito” (Salmo 25:16). Em outra passagem, ele declara: “Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus em sua habitação santa. Deus dá um lar aos solitários” (Salmo 68:5–6).
Deus quer que nos relacionemos com os outros, pois para isso nos criou. Jesus ensinou o valor de amar o próximo, mas o primeiro lugar em nossos corações deve ser sempre dEle (Marcos 12:28–31). Só Jesus é capaz de satisfazer nossa alma, nunca nos abandona e nada jamais poderá nos separar do Seu amor (Romanos 8:38–39). Às vezes, o Senhor permite que passemos por períodos de solidão, mas enfatiza que Se compadece de nós nesses momentos (Hebreus 4:15). Deus nos permite sentir essa solidão para aprofundarmos nosso relacionamento com Ele e atentarmos ao futuro eterno que teremos ao Seu lado. Como diz aquele antigo hino: “Aqui não é o meu lar, este mundo é passageiro”.
Conta-se uma história comovente sobre o compositor cristão George Matheson (1842–1906), que remete a essa verdade. Ele estava profundamente apaixonado e prestes a se casar quando recebeu o diagnóstico de que estava perdendo a visão e que ficaria cego em seis meses. George ficou arrasado, mas entendeu que não seria justo esconder a verdade de sua noiva. Com sinceridade, contou-lhe tudo, dando-lhe a liberdade de decidir se ainda desejava seguir adiante com o casamento.
Quando lhe disse que estaria cego antes do dia do casamento, sentiu a mão dela tremer e afrouxar o aperto. Ela caiu em lágrimas e disse: “Sinto muito, George, mas não posso me casar com você!”.
Devastado, com o coração partido e o com seu mundo desmoronando, Matheson voltou para casa, refletindo que a única coisa que ainda lhe restava era Jesus. Então, pegou uma folha de papel, seu bico de pena e escreveu um hino que até hoje é fonte de consolo para milhões de pessoas:
Amor, que não me largas nunca!
Minh’alma achou descanso em Ti;
A vida que ganhei Te entrego, Para que, em mim, o seu fluir
Mais rico possa ser.
Ó Gozo, que na dor me buscas!
Não posso me fechar a Ti!
Na chuva, ao ver um arco-íris, Sei que a promessa cumprirás,
Que o pranto vai sumir.
O mais maravilhoso em ser cristão é saber que jamais estaremos completamente sozinhos — não importa o que enfrentemos neste mundo — porque sempre teremos Jesus. Mesmo que tudo o mais desapareça, ainda assim O teremos. Quando formos abandonados ou perdermos entes queridos, Jesus estará conosco. Ele prometeu: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20). Quando parecer que não há mais nada neste mundo, você ainda terá Jesus — e Ele é suficiente.
Outro motivo pelo qual Deus permite que cristãos sintam solidão é para que ofereçam Seu amor e consolo a outros. Há muitas pessoas sedentas do amor de Deus, como um dia nós também estivemos antes de sermos adotados por Ele. Você pode dar um passo de fé e falar de Jesus a alguém hoje, ajudando essa pessoa a encontrar alegria eterna — não apenas uma amizade passageira, mas o amor de Deus, que satisfaz a mais profunda necessidade do coração (1 João 4:8). Ao demonstrar amor ao próximo e “amar o seu próximo como a si mesmo” (Gálatas 5:14), você encontrará paz, alegria e realização também em sua própria vida.
Portanto, se estiver passando por uma fase de solidão, procure formas de ajudar outras pessoas. Seja voluntário em um abrigo para desalojados, hospital, escola ou onde houver necessidade. Visite um vizinho que esteja doente ou passando por dificuldades, auxilie um jovem nos estudos, ou ajude um imigrante a aprender o idioma local. Deus prometeu que, ao estendermos a mão aos outros, Ele encherá a nossa vida com abundância. “Deem, e será dado
a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Lucas 6:38).
Ao longo da vida, todo cristão tem diversas oportunidades de abençoar os outros. E o mais incrível é que Deus nunca deixa de retribuir. É impossível superar Sua generosidade!
“Você pode ampliar o alcance do seu amor. Há crianças no seu bairro que precisam de compreensão e amizade. Há idosos próximos que carecem de companhia, pessoas cegas que não conseguem sequer assistir aos programas de televisão que você acha entediantes. Por que não dar um passo e descobrir a alegria de ajudar os outros?”
— Rev. Billy Graham
Quando o cristão passa por uma fase de solidão, sabe que Jesus é capaz de satisfazer o anseio mais profundo do coração por amor, amizade e pertencimento. Só Ele pode preencher o vazio que, em algum momento da vida, todos sentimos. Quando meditamos nas lindas promessas da Sua Palavra a respeito da eternidade que nos aguarda no Céu, lembramo-nos que as lutas desta vida nem se comparam à glória que nos está reservada em Cristo Jesus (Romanos 8:18).

Adaptado de um artigo do livro “Tesouros”, publicado pela Família Internacional. ■
A VIDA INTERIOR

Sempre me considerei uma pessoa razoavelmente organizada — gosto de manter as coisas ao meu redor limpas e arrumadas. Em linhas gerais, concordo com o ditado “A limpeza é irmã da santidade”. É um bom hábito. Ambientes bagunçados e desleixados tendem a deprimir e não glorificam a Deus.
A Bíblia fala sobre a importância do bom comportamento e da conduta externa, mas dá ainda mais ênfase à vida interior — ao espírito e às atitudes do coração, de onde brotam nossas ações (Lucas 16:15; Hebreus 4:12). Certa vez, alguns fariseus e escribas perguntaram a Jesus por que Seus discípulos não lavavam as mãos antes de comer (Mateus 15:1–2). Não era uma simples pergunta sobre higiene pessoal, mas sugeria que os discípulos de Jesus não eram espirituais o suficiente e isso se manifestava na falta de asseio físico. Jesus respondeu dizendo que o que realmente contamina o ser humano não vem de fora, mas de dentro, do coração (Mateus 15:18–20).
É possível levar uma vida aparentemente correta por fora, enquanto se negligencia a vida interior. Jesus repreendeu os fariseus por darem atenção às cláusulas da Lei ligadas a obrigações externas, como o dízimo,
enquanto ignoravam aspectos mais importantes como justiça, misericórdia e fidelidade (Mateus 23:23). Disse que eles limpavam o exterior do copo, mas por dentro estavam cheios de impurezas. Exortou-os a purificarem primeiro o interior, para que o exterior também fosse limpo (Mateus 23:25–26).
Na parábola do Filho Pródigo, vemos o exemplo clássico de alguém que tinha uma vida exemplar na aparência, mas estava consumido pela inveja e farisaísmo. O filho mais velho podia afirmar que nunca desobedecera ao pai, mas ficou com raiva e ciúmes da alegria de seu pai ao receber seu irmão pródigo. Apesar de saber que herdaria tudo, ficou ressentido por causa de uma simples festa de boas-vindas (Lucas 15:11–32).
As Escrituras nos encorajam a praticar a piedade, pois ela tem valor tanto para a vida presente quanto para a futura (1 Timóteo 4:7–8). Essa piedade nasce de uma devoção verdadeira a Deus e nos leva ao progresso espiritual, ao aperfeiçoarmos nosso coração segundo a Palavra e vivermos de maneira que Lhe agrade.
Uday Paul é escritor freelancer, voluntário e professor em Uganda. ■
Por Uday Paul

REVESTIR-SE DE CRISTO
Por Simon Bishop
Tenho refletido muito sobre crescimento pessoal ultimamente, ouvido palestras inspiradoras sobre o desenvolvimento espiritual e o fortalecimento do caráter. Sou imensamente grato pela misericórdia e graça infalíveis do Senhor, pois muitas vezes não alcanço o padrão estabelecido na Bíblia. Pensando nas áreas em que preciso melhorar, lembrei-me de uma das experiências mais desafiadoras de crescimento que tive desde que me tornei adulto. Aconteceu mais ou menos assim:
Aos 35 anos, eu havia trabalhado em missões voluntárias desde sempre — primeiro com meus pais,
depois com minha própria família. Esforçava-me para agir conforme o esperado, tanto no comportamento e exemplo quanto no trabalho e ministério. Por anos fui conselheiro de adolescentes, líder de grupos de jovens e muitos comentavam sobre o meu dom para isso. Mas tudo mudou quando meus próprios filhos chegaram à adolescência.
Na mesma época, vários colegas se mudaram e eu tive de assumir responsabilidades que haviam sido deles. Tentava dar conta de todo o trabalho antes era realizado a muitas mãos, enquanto três de meus filhos já estavam na adolescência e passando pelo desafios dessa fase. Eu me irritava com frequência. Ao contrário do meu personagem no trabalho ministerial — sempre gentil e paciente —, em casa eu era zangado e impaciente. Depois de um dia distribuindo doações, visitando colaboradores e ministrando estudos bíblicos, quando chegava em casa, qualquer coisinha me deixava irritado com meus adolescentes, com as crianças e até com minha esposa. Certo dia, sobrecarregado, orei pedindo ajuda a Deus. Senti que Ele falava ao meu coração sobre o meu comportamento. Fiquei envergonhado. Deveria ser um devoto servo de Cristo, mas levava uma vida dupla: tinha um comportamento em público e agia de maneira contrária em casa. Senti Deus me advertindo de que, se continuasse assim, meus filhos passariam a me ver como hipócrita e que minha maior responsabilidade era ser o exemplo do amor de Jesus dentro do meu lar. Foi uma constatação devastadora.
Não posso dizer que consegui fazer todas as mudanças necessárias de imediato, mas parei de enxergar uma parte da minha vida como “trabalho” e a outra como “vida pessoal”. Precisava de coerência entre minhas palavras e ações o tempo todo. Exigiu muito esforço, oração e consciência, mas progredi aos poucos. Perceber quanto
ainda precisava mudar e quantas vezes havia falhado, mesmo achando que estava indo bem, foi uma lição de humildade para mim.
Hoje, 15 anos depois, ainda não posso dizer que atingi o ideal. Meus filhos mais novos são adolescentes agora, e continuo sendo testado. Mas, pela graça de Deus, estou determinado a seguir crescendo, permanecendo perto de Cristo e caminhando em humildade.
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. — Efésios 4:32
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. — Colossenses 3:12–14
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. — Efésios 2:10
Não que eu já tenha obtido tudo isso [alcançado a meta de ser como Jesus] ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. [...] Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante. — Filipenses 3:12–13
Simon Bishop dedica-se em tempo integral a obras missionárias e de natureza humanitária nas Filipinas. ■
MISSÃO CUMPRIDA
Por Amy Joy Mizrany
Sempre fui um pouco “fora da curva”. Não sei bem por que, mas nunca me encaixei completamente. Na infância, eu tinha energia e ideais demais para simplesmente seguir o fluxo. Com o tempo, essas diferenças só se intensificaram. Quando terminei o Ensino Médio, optei por cursos online — enquanto todos à minha volta escolhiam universidades. Enquanto meus colegas discutiam qual profissão seria mais rentável, eu me preparava para um voluntariado em tempo integral. Essa tem sido minha história: não sigo o que está “na moda”.

Não me importo muito com isso. Estou apenas tentando seguir o caminho que Deus desenhou para mim. Em geral meus amigos cristãos também são vistos como “diferentes” pelo mundo. Não acho que isso seja ruim, pois percebi que Jesus também foi considerado rebelde e não Se submetia às normas religiosas e sociais da época. Fazia o que o Pai mandava e não Se encaixava no sistema.
Não há nada de novo nisso. Ao longo da história, homens e mulheres de Deus sempre destoaram de seus contemporâneos. Discipulado e conformismo raramente caminham juntos, porque a Palavra de Deus é muito diferente das tendências sociais.
Se você escolhe o amor em vez da fama, é um “estranho”.
Se você perdoa em vez de desejar a derrota dos inimigos, é incomum.
Se você confia em Deus em vez de se orientar pela própria sabedoria e se orgulha disso, então você é diferente.
O entendimento cristão de sucesso é distinto daquele cultivado pelo mundo. Jesus disse que, se vivermos buscando a Ele, Ele nos receberá no céu dizendo: “Muito bem, servo bom e fiel”. Não será: “Muito bem, senhor rico e poderoso” ou “celebridade influente”, mas sim “ servo bom e fiel”.
Acho que isso nos mostra o que Deus realmente valoriza e o tipo de vida que Ele considera digna de aplauso.
Amy Joy Mizrany é missionária em tempo integral na África do Sul, com a Helping Hand . Nas horas vagas, ensina violino. ■
A OUTRA MOTORISTA
Por Li Lian
Marilyn era uma jovem adulta diante de um grande desafio: tirar a carteira de motorista. Desde pequena, as cenas nas rodovias — caminhões gigantes buzinando alto, motos cortando o trânsito em alta velocidade, pedestres atravessando fora da faixa, motoristas gritando uns com os outros — sempre a assustaram. Sua primeira tentativa terminou em um fracasso embaraçoso.
Certa manhã, sozinha no banco do passageiro de um carro estacionado, Marilyn revia mentalmente o exame que havia feito — os erros, o que poderia ter feito melhor. Olhou para o volante e se perguntou como conseguiria reunir coragem para dirigir de novo.
Então, algo à frente chamou sua atenção. Vinha pela calçada uma mulher de meia-idade. Era impossível não notá-la: ela media menos de um metro e meio, e uma das pernas era visivelmente mais curta que a outra. Com a ajuda de uma bengala, caminhava com dificuldade.
Marilyn observou discretamente quando a mulher parou, se virou e cuidadosamente desceu do passeio para o nível da rua. Olhou repetidas vezes para os dois lados e, mancando, atravessou a rua.
Com sentimentos que misturavam preocupação e compaixão, Marilyn se perguntava para onde a mulher iria. Passou por várias lojas, mas não entrou em nenhuma, mas parou ao lado de um carro cinza, remexeu na bolsa e então abriu a porta do motorista. Com alguma dificuldade, entrou, colocou a bengala no banco ao lado, posicionou a perna mais longa
para alcançar os pedais, fechou a porta e ligou o motor. Marilyn viu que o queixo da mulher mal alcançava a altura do volante.
A jovem observou maravilhada enquanto a motorista manobrou tranquilamente o carro, acessou a pista de rolagem e seguiu em frente, com segurança e serenidade. Naquele instante, Marilyn encontrou coragem dentro de si e tomou a decisão de tentar novamente. Dessa vez, foi aprovada e tirou a carteira.
“Seja feito conforme você creu!” — (Mateus 8:13)
Li Lian é profissional certificada pela CompTIA e atua como administradora de sistemas e escritório em uma organização humanitária na África. ■

Encontrando um novo propósito na vida
Por Rosane Cordoba

Há cerca de 20 anos, compramos um terreno e construímos uma casa confortável. Depois veio a quadra de vôlei e, mais tarde, uma piscina pequena. Foram muitos momentos de diversão e união em família.
A casa ampla, com espaço para receber todos para confraternizações, colaborou para eu me reaproximar de minhas três irmãs, que passaram a participar desses encontros. Pela primeira vez na vida, tive tempo para cultivar flores e uma pequena horta, o que me trouxe grande alegria.
Com o tempo, meus filhos se tornaram independentes e foram embora. Comecei a me sentir vazia e sozinha. Não podia mais sair para evangelizar como fazia antigamente — nossa casa fica longe da cidade e, agora que sou idosa, não tenho o mesmo vigor para andar.
Então Deus me mostrou que ainda podia me usar, se eu estivesse disposta a escrever e compartilhar minhas experiências de vida. Comprei meu primeiro computador e comecei a escrever — meio acanhada, no início. Mas, com o tempo, fui me encantando. Amigos me contaram como haviam sido edificados pelos meus textos e isso encheu minha alma de alegria. Até tive coragem de escrever um pequeno livro chamado Lembre-se de Quem
Você É, contando minha história, minhas viagens como hippie e como Jesus me buscou e me salvou.
Também tornei-me membro da igreja local e trabalhei como voluntária por quatro anos, ensinando inglês para adultos e crianças. Nos últimos anos, tenho ajudado em um grupo de terapia para familiares de pessoas com vícios e problemas de comportamento. Essas novas atividades me trouxeram felicidade, amizades, novas experiências e aprendizados.
Ainda tenho dois filhos morando comigo, faço os serviços da casa, cozinho e costuro. À noite, caminho entre os coqueiros, converso com o Criador e admiro as lindas cores do pôr-do-sol.
Passei por muitas mudanças, mas a alegria de viver tem se renovado dia após dia. Acredito que isso se deve ao fato de que Jesus — Aquele que não muda — tem estado sempre comigo. Ele é, de fato, quem dá propósito às nossas vidas!
Rosane Cordoba vive no Rio de Janeiro. É escritora freelance, tradutora e produtora de materiais infantis baseados na fé e no desenvolvimento do caráter. ■
A CONSTRUÇÃO DE UM CASAMENTO
Por Sally García

Meu marido e eu estamos quase completando cinquenta anos juntos. Vamos comemorar nossas bodas de ouro! Tenho me perguntado se fomos feitos um para o outro ou se nos ajustamos com o tempo. Acho que é um pouco dos dois. No começo, nosso relacionamento era meio desajeitado. Vínhamos de contextos e personalidades bem diferentes. Ele, um latino, sonhador, estilo Dom Quixote; eu, uma norte-americana prática, discreta e objetiva. Ainda assim, acredito que fomos “feitos um para o outro” porque nossos dons se complementam. Ele tem ideias mirabolantes; eu entro em ação para organizar e concretizá-las. No fim, formamos uma boa equipe e somos grandes amigos.
Qual foi o segredo para o nosso casamento dar certo? Acredito que o principal foi a nossa fé. A dedicação do meu marido ao Senhor foi o que mais me atraiu nele. Compartilhamos o mesmo objetivo: amar a Deus de todo o coração, alma e mente, e ajudar o próximo (Mateus 22:37–40).
Quanto mais crescemos na fé, mais nos aproximamos um do outro. Por meio da Bíblia, aprendemos princípios fundamentais como humildade, perdão e respeito mútuo. Uma das lições mais valiosas que tivemos logo no início foi: “Não deixem que o sol se ponha enquanto vocês ainda estiverem irados” (Efésios 4:26). Aprendemos a
não permitir que pequenas mágoas se tornassem grandes problemas. Às vezes, não conseguimos conversar no calor do momento, mas confiamos um no outro e sabemos que vamos resolver.
Aprendemos também que o bom humor é como remédio (Provérbios 17:22), que ajuda a aliviar tensões e evita reações exageradas. Como disse Harold Nicolson: “O grande segredo de um casamento bem-sucedido é tratar todos os desastres como incidentes, e nenhum dos incidentes como desastre”. E o provérbio que diz: “A resposta calma desvia a fúria” (Provérbios 15:1) já desarmou muitos conflitos em potencial. Acima de tudo, orientamo-nos pela certeza de que o amor cobre uma multidão de erros (1 Pedro 4:8).
Se você está procurando sua “alma gêmea”, meu conselho é: escolha alguém que compartilhe sua fé e tenha os mesmos objetivos principais na vida. Conversem sobre temas como finanças e filhos. Incluam Deus no casamento e Ele cuidará do processo de transformação à medida que vocês entregam essa união aos cuidados dEle.
Sally García é educadora, escritora, tradutora, missionária e mentora. Mora no Chile com seu esposo, Gabriel. ■

Jesus faz tudo novo
Por David Bolick
Em 2024, segundo a revista Time, “um número recorde de eleitores irá às urnas, pois pelo menos 64 países (além da União Europeia) — representando cerca de 49% da população mundial – devem realizar eleições nacionais”. A julgar pelo que acontece na minha região, as disputas políticas dominaram as atenções, gerando debates, especulações e opiniões enfáticas.
Acredito que devemos estar informados sobre as questões que afetam nosso dia a dia, conhecer as propostas dos candidatos, votar e orar pelos nossos governantes. Acima
1. Ver Isaías 45:4, 65:9 e 65:22.
2. “A Fonte do Conhecimento”, de São João Damasceno.
de tudo, porém, devemos nos lembrar de que “a nossa cidadania está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).
Quando o profeta Isaías se referiu ao povo escolhido de Deus como “eleitos”¹, não falava de um processo político-eleitoral. É Deus quem escolhe, não nós ( João 15:16).
Embora a “mudança” seja uma das principais promessas dos candidatos, é bom recordar o que disse o rei Salomão: “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1:9). O grande monarca judeu escreveu isso há cerca de 3.000 anos e a história confirma a precisão dessa avaliação — com uma exceção extraordinária.
O Senhor Jesus Cristo, “sendo perfeitamente Deus, tornou-se perfeitamente homem e realizou a mais nova de todas as novas coisas — a única verdadeiramente nova debaixo do sol — pela qual o infinito poder de Deus se manifestou. Pois o que é maior do que Deus tornar-se homem?”²
Que bênção indescritível é fazer parte do reino dos céus, o único que permanecerá para sempre. Jesus é o único que tem legitimidade para declarar: “Estou fazendo novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5), e realmente cumprir essa promessa.
Portanto, deixemos brilhar nossa luz (Mateus 5:16) e a imitar a Deus, como filhos amados (Efésios 5:1).
“Meus amados irmãos, mantenham-se firmes e que nada os abale! Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil” (1 Coríntios 15:58).
David Bolick é consultor linguístico e tradutor. Vive em Guadalajara, México. ■

De onde sou?
Por Josephine Kind
Assisti a um documentário intitulado
“De onde sou?” [Where is home? em tradução livre], que aborda a questão dos chamados “filhos de terceira cultura” — crianças criadas em diferentes culturas devido ao trabalho dos pais. Fiquei interessada, pois meus filhos nasceram e foram criados em vários países.
Os jovens entrevistados falavam das dificuldades que enfrentaram crescendo em contextos tão variados, mas também das virtudes que desenvolveram ao longo do caminho. Termos como “sem raízes” e “confusos” deram lugar a “multilíngues”, “multiculturais” e “mente aberta”. Eles pareciam maduros e bem adaptados, com capacidade de se relacionar com mais de uma cultura, valorizando os desafios vividos.
No fim do documentário, todos concordaram que o lar não se limita a um lugar físico, nem a uma cidade ou país específico. O lar é aquele lugar que guardamos no coração. Nosso lar é nossa família, amigos e comunidade. Isso me lembrou de quando me mudei para os Bálcãs, há cerca de 27 anos. Eu não falava o idioma e, como tinha três filhos pequenos, passava a maior parte do tempo cuidando deles. Depois da escola, saíamos para passear no bairro, conhecíamos pessoas e fazíamos amizades. Com o tempo, as crianças aprenderam o idioma local fluentemente, assim como a cultura. Mesmo ficando confusas quando lhes perguntavam: “De onde vocês são?”, aprenderam a tirar o melhor proveito daquela situação atípica e prosperaram nesse contexto.
Durante vários anos, aquele lugar foi o nosso lar. Hoje, todos se mudaram e construíram vidas próprias em outros países. Agora, estão criando seus próprios lares. E, no fim das contas, cabe a cada um de nós o compromisso de construir um lar com amor onde quer que estejamos. Isso me fez refletir sobre nosso lar eterno no céu, onde finalmente estaremos verdadeiramente em casa! Como disse Jesus: “Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar” ( João 14:2).
Josephine Kind participa ativamente, há três décadas, em projetos humanitários no Sul da Europa. ■
Se você ainda não recebeu Jesus como Salvador e, por isso, não garantiu seu lar no céu com Ele e com o Pai, pode fazer isso agora, por meio desta oração: Querido Jesus, creio que Você é o Filho de Deus e que morreu por mim para que, por meio do Seu sacrifício, eu possa viver para sempre no céu. Por favor, perdoe os meus pecados. Abro a porta do meu coração para Você. Encha-me com o Seu Espírito Santo. Guie minha vida e ajude-me a seguir Você. Em Seu nome, eu oro. Amém.
Com Amor, Jesus
DE UM AMIGO PARA OUTRO

Meu amigo, lembre-se sempre de que caminho com você em todas as fases da vida. Se está passando por um período em que se sente isolado ou sozinho, saiba que compreendo o que você está sentindo e Me compadeço de você. Conheço cada preocupação e medo que enfrenta, assim como a solidão, a dor, a perda, o sofrimento e as lutas pelas quais você passa (Hebreus 4:15).
Às vezes, você pode se sentir pequeno e insignificante, e se perguntar como o Deus do universo poderia compreender você e tudo o que enfrenta na vida. Mas Eu o entendo completamente e conheço cada parte do seu ser, até a menor célula do seu cérebro. Eu o amo com amor eterno e o atraí para Mim com bondade constante ( Jeremias 31:3).
Chegará o momento em que você olhará para trás e reconhecerá os tesouros escondidos na escuridão que descobriu durante este tempo, e como usei tudo isso para aproximá-lo de Mim (Isaías 45:3). Saiba que esses tempos não durarão para sempre e, conforme lançar sobre Mim seus fardos, encontrará a força de que precisa para enfrentar cada desafio (Salmos 55:22). Tenho um plano e um propósito para cada etapa da sua vida — para lhe dar esperança e levá-lo para mais perto do futuro eterno ao Meu lado ( Jeremias 29:11).