Mentiste-me mente!

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Mentiste-me mente!

Virgílio Pinto

mas reconheci a realidade. Preview

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO: Virgílio Pinto

TÍTULO: Mentiste-me mente!

AUTOR : Virgílio Pinto

CAPA: Sítio do Livro, Lda.

PAGINAÇÃO: Nuno Ferreira

1.ª EDIÇÃO

LISBOA, 2010

IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Publidisa

ISBN: 978-989-20-2144-7

DEPÓSITO LEGAL: 316642/10

© Virgílio Pinto

PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

Sítio do Livro, Lda.

Lg. Machado de Assis, lote 2 — 1700-116 Lisboa

www.sitiodolivro.pt

Prefácio

Os homens não se medem aos palmos, sábio axioma que tempos idos nos legaram. Mas os homens medemse sempre. Cada um deles, de si para si, e todos os outros relativamente a qualquer um de nós. Um modo de definir (medir?) este autor é dizer que ele pertence à primeira categoria, a dos que se avaliam, se perscrutam; aqueles que, o fazendo, se inquietam, se descobrem, se revelam.

As vivências/experiências de César Ribeiro permitiram-lhe as agruras de que tantas vezes se fazem as narrativas, mas, sobretudo, foram importantes na medida em que ultrapassou as graves sequelas das mesmas.

Importa referir que, não possuindo habilitações próprias para uma análise rigorosa da(s) narrativa(s) do autor, nem me sentindo investido de profundo conhecimento que me auxilie, aponto baterias a um sentir menos formal, menos atento a regras, a convenções, a práticas mais ou menos institucionalizadas.

Virgílio Pinto

Dito assim, sobra uma grande consideração por este jovem que conheci há uns meses, no âmbito das minhas funções profissionais, numa escola secundária da cidade de Braga. Logo percebi tratar-se de alguém que, ainda jovem, houvera crescido rapidamente, sofregamente, trilhando caminhos pedregosos, à mercê das intempéries próprias e alheias.

A sua prosa poética está pejada destas neblinas, destes ventos fortes, destas chuvas intensas. Qual general no seu labirinto, patrão do seu destino, o autor debateuse arduamente com as difusas sensações que se lhe ofereciam, com a descrença, com a ideia de prisão percepcionada e de liberdade ambicionada, com a constante desordem que se lhe assomava e que apenas o soma deste pouco admirável mundo novo concertou. Hoje, o próprio César concerta!

A notável consciência de si, da doença, da evolução e dos tropeços na mesma, a ousadia, o sonho, a definição de metas a alcançar, a lembrança dos monstros e quimeras de outrora, a fortuna de se encontrar pronto Preview

Dos escritos do autor sobrelevam-se vários sujeitos, como o próprio admite. Entre eles estão o que busca o amor de uma mulher, o poeta, o anarquista errante, o que deriva entre Deus e o diabo, entre o bem e o mal.

para amar - todos estes tópicos se encontram na poesia de impulso do autor, todos estes e mais alguns. Como ele tão bem diz:

“Gostava de um dia

Conseguir cortar todas as metas

Realizar todos os sonhos

Gostava de voar ao vento

Ouvir ao longe os vendavais

As tempestades passadas

Não voltarão mais (…)”

Gostava, César, que um dia cortasses todas as metas, ouvisses ao longe os vendavais e percebesses que as tempestades passadas não voltarão mais. Às que vierem, lembra-te, suceder-se-ão bonanças. Vai leve, crente em ti, com a força inquebrantável dos ares que se te derem.

Vai César. Avé César.

Miguel Duarte Soares

Sociólogo

Virgílio Pinto

Agradecimentos

Agradeço a todos os que já agradeci pessoalmente, ou que pelos menos já senti que deveria agradecerlhes, mas principalmente vai um enorme beijo para os meus pais e irmãos e para a minha avó, um enorme abraço para os meus tios e primos, bem como um agradecimento especial para a Dr.ª. Aldina, Dr. Jorge, Drª.Isabel, Professora Soni, Professor Miguel Soares, Cathia Chumbo, Nuno Sá e a todos que sem saber me ajudaram, um abraço!

A todos aqueles que me desejam mal ou que simplesmente me ignoram, tenho a agradecer-lhes por me fazerem sentir importante!

A todos aqueles que me fazem mal, dedico-lhes o meu inferno!

Virgílio Pinto

9 Dezembro 2007

Escrevo pela primeira vez neste caderno

A caneta é nova

Sente-se o cheiro a virgindade

É um sonho

Terminar este caderno

Como algo extraordinário

É um sonho

Fazer deste caderno um sonho

Empenho-me neste princípio

E espero levá-lo até ao fim

Um dia de cada vez

Uma parte de mim

Dias passados

Horas lamentáveis

Em que encostado medito

Para não me sentir aflito

Dá gozo desfolhar estas folhas de papel

Deleito-me com o prazer da escrita

Escrevo poemas sem rima

Alguns vindos de cima

Outros de dentro

E os mais vagos e deprimentes

Surgem de baixo

Virgílio Pinto

Pego num dicionário

Exploro as palavras

E sincronizo a caneta com o papel

Dá um som relaxante

Proveniente do recanto mais intimo de um ser

Estudo com afinco

As frases por outros aclamadas

Findo encontrar nelas

Poesias camufladas

E de novo medito

Penso em cada um dos caracteres

Como símbolos de imaginação

Da perspicácia de alguém

E encontro-me terno e ileso

No meio de uma sopa de letras

Definidas na oblíqua

Escritas inversamente

Estou lá no meio

No seio da confusão

Ergo a cabeça para tomar ar

Falta-me a respiração

O cérebro acelera

Devido à falta de ar

As alucinações começam

Sem altura para parar

Sozinho me encontro outra vez

Empenhado na minha dor

Masoquista é o escritor

Feliz é o senhor

Que chama de bom sentimento

A agonia do dia-a-dia

Chamada pelo “EU” à razão

Feliz é aquele que reclama

A glória de dias angustiantes

Presos por uma noção de tempo…

…Tempo que outrora achara perdido

Agora vê-o como o mais bem passado.

Virgílio

11 Dezembro 2007

Angustiado

Para não variar

Penso muito

É o mal

Deveria meditar no importante apenas…

Pelo menos algumas horas

Mas não

Perco-me, disperso, devaneio, deambulo

E encontro-me aqui

Mais uma vez

Neste farol apagado

Sem dar rumo a ninguém.

Os dias mais bem passados São aqueles em que durmo, O resto só me faz arrepender

Sozinho

É como me sinto bem

Sem tentações, sem confusões Apenas tristeza…

A dor que sinto Não tem lógica

É abstracta, surreal, Não sei porquê esta dor…

Sinto-me fraco, um monte de trapos, Trapos usados para limpar o chão, Ou seja, sinto-me uma merda

Lol…

Um dejecto da sociedade, Um desajustado, sem abrigo

Escondo-me entre lençóis

Como se estivesse protegido

Infeliz

Mas dou pulos de contente

Devaneio, sim

Dou pulos de contente

Desato a correr entre toda a gente

Feito demente

Desalmado

Desajustado da sociedade

Lingrinhas

Picuinhas

Lol…

Solitário, pensativo, crente… …na minha dor

Acredito tanto nela

Que faço dela a minha fé

Sem ela não sei viver

Não me sinto o mesmo

E tento

Desabafar, mas não consigo falar

Escrevo

Virgílio

Sem pensar no que isto vai dar

Escrevo para libertar a alma

Para ter calma

Para não stressar

Escrevo simplesmente

Com a mão dormente

Deixo deslizar a caneta

Não paro

Não quero parar

Quero chegar a um consenso

Quero chegar ao fim

Quero definir um inicio

Não sei se o princípio é bom

…sei que mau não é...

Escrevo com amor.

Melhor não pensar no dinheiro

Vou enchendo o mealheiro

Com aquilo que tenho

Vou dizendo ao mundo inteiro

Aquilo que não tenho

Demonstro o quanto sou vago

Mas não acabo de falar de mim

Sou assim…

…egocêntrico

Falo para dentro…falo para mim.

“Por isso fumo É um remédio Vivo rodeado de tormento Moro no rés-do-chão do pensamento E ver passar a vida faz-me tédio” Fernando Pessoa
Virgílio Pinto

14 Dezembro2007

Tenho de escrever antes de dormir

Ando confuso com a escrita

Se não escrevo fico a pensar…

Se escrevo, não durmo

Dormir é essencial

Tenho problemas com o sono

Problemas…

…com a rotina

Com… …as mulheres

O dinheiro

O tabaco

O desporto

A preguiça

Problemas com tudo e mais alguma coisa É triste…com dizem

Desnecessário

A vida é curta

…demais para sermos mesquinhos É isso que sou às vezes…

Qualquer coisa me perturba

Não vivo descansado

Vivo em constante stress

Não vivo bem comigo mesmo

Sinto-me uma alma perdida

Sinto que não tenho Norte

Sou desnorteado, desorientado

Mas até sei o que quero

Faz-me falta amor

Uma mulher…

O amor de uma mulher…

A rotina é complicada

Porque a complico

Por ser irrequieto

Anseio sair da rotina

Vaguear um pouco

Fazer o que me der na tola

Não seguir regras

Trabalhar quando me sentir apertado

Quando tiver falta de dinheiro

Virgílio Pinto

Desejo profundamente viajar

…sem rumo durante tempo ilimitado

Penso numa viagem pedinte

…sem dinheiro

Sem trabalho…

…sem comida…

Vender poemas na rua

Vender o livro que escrevi

Inventar…

…pulseiras…malabarismo…pintar a cara e fazer de estátua…

Para um pombo me cagar em cima

Viver ao relento…com frio

Ser um vagabundo

Ser apontado de coitado

Lol

Dispensável…

Preferia ser amado…

Se me amassem ajudar-me-iam a subir na vida

Como quero…sem leis…

A anarquia

A vida livre…a libertinagem

Lol

A vida tem que ter regra

Devido ao dinheiro, negócio, à pátria

O estado precisa de todos,

Mas não com os ladrões que estão a governar

O país precisa de alguém que saiba gerir o dinheiro, Alguém que saiba gerir as emoções…

Que dê liberdade às pessoas, Que as ponha a trabalhar para o país…

Trabalhar, trabalhar, trabalhar…

Sempre a trabalhar

O tempo livre que tenho passa rápido

E mal aproveitado

Perco-me muito

E tempo é dinheiro

Mas dinheiro não é tudo

Tem que existir amor

Sem amor não há calor

Sem calor não há faísca

E sem faísca não existe fogo

Sem fogo não se cria luz

E sem luz caminhamos no desconhecido…

No obscuro, nas trevas…

Virgílio

17 Dezembro 2007

Mais uma vez aflito

Lol!

Vou ter férias

Mas não sei o que fazer

Vou ter umas férias limitadas

Queria viajar, não para longe

Viajar espiritualmente

Queria não viver do dinheiro

Governar-me com o valor dos sentimentos

Vou escrever

Aproveitar de ir para um sítio calmo

Para pensar …fazer projectos

Esquecer a rotina

Esquecer o trabalho para outrem Trabalhar para mim

Preciso aperfeiçoar a escrita

Para isso tenho de ler

E vou ler…

...Vou meditar

Ouvir música

Fazer slide…

Organizar ideias.

18 Dezembro 2007

Inverno

Frescura que nos arrefece

Nos acalma

Nos preserva

Os ambientes nocturnos…nostálgicos

Com o sopro frio do vento

Refrescam-nos as ideias

Dão-nos força

As tempestades não virão

Não existirão trovões

A noite será dia

E o escuro a minha luz

Virarei poeta sentimental

Conquistarei corações

Meditarei eternamente

Para responder às questões

Perguntarei a mim mesmo

O que faço aqui?

E espero ouvir uma voz

Só espero ouvi-la uma vez

Mas tudo dirá...

Guiar-me-á.

Virgílio Pinto

19 Dezembro 2007

Passa o tempo devagar

Muito devagarinho

Faz-me parecer coitadinho

Parece maré de azar

Estupidamente escrevo

Para desabafar

Não tenho nada a dizer

Não me apetece falar

O silêncio diz tudo

Para que me vou cansar?

A caneta desliza

Como se a minha língua fosse

Verbaliza e memoriza

Uma visão doce

Terei muito dinheiro

Como não tive atrás

Tudo começa em Janeiro

Um ano já lá jaz

Tenho que me afastar

Das coisas de que mais gosto

Para me sentir forte

Superar a dor do desgosto

Muito se aprende

Sem nada ripostar

Sem querer, tudo acende

Fica uma luz no ar

Sem sentido sigo

Procuro encontrar um abrigo

Na luz de alguém

O amor de outrem

O trabalho dá sentido

Mas só ao bem material

Aquele que tem mais valor

É o espiritual

Tento às vezes

Escrever sobre algum tema

Mas encontro-me sempre

A ditar o meu lema

Lamechar e sofrer…

Silenciosamente

Gritar para dentro

E sofrer…

Abundantemente

Respiro profundamente

Para renovar o ar

Que impuro circula

No meu corpo divinal

Virgílio Pinto

Esperava escrever com lógica

Mas acabo por esquecer

Que a maior lógica do mundo

É a que nos faz escrever

E essa lógica é sem dúvida

Por demais interessante

Pois é a nossa vida

A existência agoniante

Que por mais que digam que não

Só os que andam adormecidos

Para a verdade pura

Não conseguem ver

Que andamos tomos comidos

Devorados pelo tempo

Pela imprecisão

Conduzidos pelo vento da devastação

Escrever sobre a sociedade

Toda a pura verdade

Que acorde o pessoal

E o ponha desigual

Não quero escrever sobre nada

Nem deveras sobre mim

O único sentido

É aquele que não tem fim

Pensar no infinito

Na vida depois da morte

No vazio incessante

Sem sul, este, oeste ou norte

Reduzidos a cinzas

Reencarnados em pó

Voaremos no vazio

Connosco, abandonados e sós

Queria acabar com um ponto

Um pontinho final

De tão pequenino que é Ninguém o levará a mal.

Virgílio Pinto

Infinito

Recanto do universo

Dou um íngreme grito

Mais parecido com um apito

Produzido no inferno

No recôndito mosquito

Que para tudo é efémero

E é cognito

Devido ao papel higiénico

Dá o pito

Ao parecido com o género

E acepipo

Cadavérico mosquémio

Antebito

Adnósguito insómino

Amunbito, adnoctum mustafau.

Lecozito

Introspectivo infinitum

Recongnitititititi….

Tito

Infinito

Infinitititititi…

Tit….tânio

O mais forte

Tipontânio…

O tipontânio não é mais do que um ponto feito de titânio e esse ponto não serve absolutamente para nada.

20 Dezembro 2007

Sou um comum poeta.

Tenho a mania

E acabo por me chatear

Porque há pessoas que não compreendem

Outras gostam de gozar

E eu orgulhoso de o ser

Acabo por me chatear

Poderia passar imune

A toda essa malvadez

Alguns têm ciúme

De não lhes dar a vez

Outros querem que eu seja

Como toda a gente é

Às vezes penso em desistir

Esquecer que alguma vez escrevi

Fingir ser analfabeto

Fazer de conta que não cresci...

...Mas cresci o suficiente

Para aprender a amar

E este é o amor que tenho

Não o quero odiar

Prefiro amar e não ser amado

Do que odiar e ser odiado.

Virgílio Pinto

Quando estou triste

Penso que essa tristeza

Vai mudar o mundo

Penso que toda esta avareza sentimental

Vai provocar alterações no cosmos

Anseio pois por felicidade

Mas parece que me foge

Sempre que penso estar lá perto

Acabo vendo que está ainda mais distante

Não quero as férias solitárias…

Quero divertir-me

Abrir horizontes…

Encontrar novas fontes…

De inspiração

Quero pensar na vida

Organizá-la

Fazer de tudo para ser alguém

Não posso trabalhar muito mais

Penso que estou no limite

Estou cansado

Mas com força….

Pouca, mas boa

Falta-me amor!

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