A Vida do Zero ao Topo

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BENTO JOSÉ DOS SANTOS

A VIDA DO ZERO AO TOPO

Bento José dos Santos

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PASTOR SIÃO

E A VIDA DO ZERO AO TOPO

FICHA TÉCNICA

título: A Vida do Zero ao Topo

autor: Bento José dos Santos

edição: Edições Vírgula ® (Chancela Sítio do Livro)

revisão: Teresa Marques

arranjo de capa: Ângela Espinha

paginação: Alda Teixeira

1.a Edição

Lisboa, setembro 2025

isbn: 978-989-9198-24-1

depósito legal: 545858/25

© Bento José dos Santos

Esta é uma obra de ficção, pelo que, nomes, personagens, lugares ou situações constantes no seu conteúdo são ficcionados pelo seu/sua autor/a e qualquer eventual semelhança com, ou alusão a pessoas reais, vivas ou mortas, designações comerciais ou outras, bem como acontecimentos ou situações reais serão mera coincidência.

Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei.

publicação e comercialização:

www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500

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“Conhecer o zero é a estratégia certa para vislumbrar o topo.”
Bento José dos Santos

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O ZERO NA VIDA

As pessoas estão cansadas de viver a realidade . Estão cansadas de ver o mundo, tal como é . Não causa nenhum espanto se depois de alguém ler as palavras da frase anterior, não concordar com as afirmações transcritas. Mas sejamos sinceros(as), reflectindo no seguinte: O mundo e a vida que vives é a que realmente desejaste viver?

Já pensaste no facto de que às pessoas nascem sem poder escolher os pais que gostariam de ter, e crescem, tornam-se adultos e, entretanto, as dificuldades para alcançar e fazer a maior parte das coisas que gostariam de fazer ou obter continuam a ser impossíveis de concretizar, e muitas vezes a impossibilidade prolonga-se durante toda a vida?

Porquê que isto acontece?

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CAPÍTULO

Porquê ao longo de toda a vida, nós, humanos, somos estimulados ou retraídos apenas por dois objectivos básicos: O de cuidar da nossa sobrevivência e o de procurar ou tentar alcançar o prazer.

Apesar da invenção da Internet ter alterado todo o paradigma mundial, porque em toda a história da humanidade nunca antes às pessoas haviam tido a possibilidade de aceder e obter volume de conhecimento como têm actualmente, a verdade é que, pelo mundo, são milhares às pessoas que encaram o dia-a-dia cada vez mais cheio de obstáculos, desafios e problemas que, por vezes, as fazem crer que alcançar a felicidade e a boa vida parecem ser objectivos impossíveis, como se a vida fosse um enigma sem solução.

Não é exagero revelar que, para além dos benefícios que a Internet proporciona à humanidade, a sua criação também causou novos problemas sociais. Um deles é o facto de transformar muitas pessoas em mercadorias . Com a “febre” das redes sociais, muitos utilizadores destas tecnologias manifestam comportamentos de grande ansiedade pela aprovação social. Querem ser desejados, e, para isso, concentram-se num esforço sem fim para se manterem atraentes e vendáveis . Preview

Embora muitas vezes algumas pessoas escolhem viver de aparências, por trás das máscaras sociais, fantasiando vidas ilusórias nas redes sociais, agindo como se tudo estivesse bem, a dura realidade revela que, internamente, são milhares às pessoas que vivem no zero com o desespero silencioso manifestado pelo medo da violência, medo da pobreza, medo da insegurança e tantos outros medos. Vivem com o stress, sofrem de depressão, são vítimas das crises nos relacionamentos, enfrentam a falta de perspectiva e o vazio existencial.

Entre a imensidão das situações que ficam omissas nesta reflexão que nos propomos realizar, existem as frustrações dos que concluíram a faculdade, mas não conseguem encontrar um trabalho que, segundo afirmações de muitos recém-formados, lhes dê a sensação de serem os Preview

Paralelamente, pelo mundo, são criadas novas organizações internacionais, inúmeras leis são adoptadas e revogadas, novas personalidades tornam-se figuras políticas de destaque . Ainda assim, milhares de pessoas continuam a clamar por políticas públicas que antes eram impensáveis ser assumidas, perante os sistemas de governos que pareciam inabaláveis e, actualmente, se mostram instáveis, e, para muitos, o retorno ao zero social torna-se uma possibilidade com altos índices de certeza.

merecedores dos melhores postos de trabalho, por serem formados e terem estudado para alcançar o melhor.

Assim, inúmeros recém-formados alegam que, no actual mercado de trabalho, não existem oportunidades para o exercício de trabalhos dignos e decentes, compatíveis com o nível e perfil académico que possuem.

Há também aqueles que estão no mesmo emprego há muitos anos. Dizem que recebem péssimos salários, insuficientes para sobreviverem, e que não têm expectativas de que o salário possa ser aumentado, por forma a poder cobrir as despesas, ou que venham a conseguir um outro emprego que lhes pague mais. Existem também os que tentam libertar-se do vilão silencioso, o predador das sociedades modernas — o stress. É ao stress que atribuem a causa da incapacidade de encontrar paz e sossego.

Alguns não percebem porque é que aquilo que fazem bem, sob a luz da moral e da ética, não lhes permite alcançar os objectivos preconizados.

Reclamam porque constatam que os outros que não se importam com a moral e a ética conseguem alcançar o que pretendem, chegando à conclusão de que o mundo é injusto. Muitos factos actuais credibilizam que a imoralidade parece ser uma estratégia certa, que aparenta

compensar, permitindo o alcance do designado sucesso a curto prazo.

Por isso, muitos acham que, neste mundo, agir na base da desonestidade é mais compensatório do que agir na base da honestidade, considerando que aqueles que são desonestos alcançam o topo com mais rapidez e facilidade.

Outros tantos, reconhecem que têm um bom emprego, um bom salário, mas não gostam daquilo que fazem.

Alguns alegam que gostariam de começar um negócio próprio, mas têm medo e, além disso, dizem não ter fundos para tal .

Outros reclamam porque não conseguem encontrar funcionários comprometidos. Dizem que os jovens não querem trabalhar, só querem resultados imediatos em riqueza e sucesso.

Caro(a) leitor(a), os parágrafos antecedentes descrevem situações reais que correspondem ao zero social. E tu? Em que estado da vida te encontras?

Não aceitas o questionamento?

Então faz tu mesmo(a) o que tem de ser feito. Vai a um espelho e pergunta-te: Onde estás?

Não és mais um a viver no zero?

Sabes o que é o zero?

Dizes que nunca estiveste no zero?

Será que quem está no zero está abaixo de ti?

Dizes sim?

Rejeitas?

Se quem está abaixo de ti está no zero, isso pressupõe que quem está num nível superior, ou seja, o que for considerado estar acima de ti, faz de ti pertencente do zero?

Não?

Sim, porque se alguém existe, a sua existência anula o nada . Preview

Como podes ter a certeza de que esta tua forma de pensar é a mais correcta, se concordas que o insucesso equivale ao zero?

Sabes o que é o zero?

Afinal o que é o zero?

O zero é nada?

Será?

Como reflectir acerca do nada, se nada é nada, e o zero já não é nada porque é o zero?

Então, como podemos encarar ou perceber o zero?

Na matemática, o zero é definido como sendo o menor número inteiro não negativo. O número natural após 0 é 1, e nenhum número natural precede o zero. O número zero pode ou não ser considerado um número natural, mas é um número inteiro e, portanto, um número racional e um número real (caramba!). Este conceito, que a princípio parecia simples, por si só, já é complexo. Então, como ser pensante que és, com recurso à tua própria inteligência, faz como nós. Faz uma busca rápida do conceito.

A conquistar o mundo . — Respondeu Alexandre . Preview

A sugestão vai para a definição na perspectiva daquela que é considerada a raiz de toda ciência, a filosofia. O que é o zero, pensando filosoficamente?

Dizem que, certa vez, depois de conquistar a Pérsia, há quase 2,3 mil anos, Alexandre, o Grande, chegou às margens do Rio Indo, onde hoje é o Paquistão, e encontrou um gimnosofista, um filósofo que estava nu, sentado sobre uma rocha, a olhar para o céu.

O que estás a fazer? — Perguntou Alexandre.

A experimentar o nada . — Respondeu o gimnosofista. — E tu, o que estás a fazer?

Os dois riram, cada um a achar que o outro era um tolo, que estava a desperdiçar a vida.

Quem conta esta história é o renomado mitólogo indiano Devdutt Pattanaik, para ilustrar as diferenças entre a cultura indiana e a ocidental, e também para mostrar como a Índia estava filosoficamente aberta para o conceito do nada, muito antes de ser escrito o primeiro número zero.

A dúvida, a inquietação, a busca pela resposta prevalece. O que é o zero? Como podemos saber se chegámos ao topo, sem saber o que é o zero?

Será que aqueles que são tidos como sendo os privilegiados, por nascerem no meio da fortuna, das benesses materiais, com mordomias, será que já nascem distantes do zero?

Será que eles nascem no topo? Não?

Então o que é o zero?

O zero é a pobreza?

O zero é a carência de afecto?

O zero é a falta de amor?

O zero é a angústia?

O zero é a falta de crença?

O zero é a riqueza material desprovida de conhecimentos?

O zero é o amor não correspondido?

O zero é o desemprego?

O zero é a busca do sucesso?

O zero é a dúvida?

O zero é a ignorância?

O zero é a falta de reconhecimento público ou familiar? Não!

Então, o que é o zero?

Como posso saber se fui do zero ao topo, sem saber o que é o zero?

E mais esta . . . O que é o topo?

Pois é!

Como posso distinguir o zero do topo, sem saber propriamente o que é o zero?

As reflexões aqui suscitadas são sérias e profundas. Muitas vezes são dolorosas e perturbadoras e, apesar de existir um vasto excedente de informações, as pessoas das

lideranças mundiais não têm sido capazes de resolver os problemas de todas as sociedades. E, por isso, o que resta para a grande maioria da população é o zero, que surge em forma de frustração, tédio, dor, sentimento de inadequação, solidão, stress e, não raras vezes, depressão.

Parece que, de todo o conhecimento disponível graças à Internet e a outras fontes de informação, nada tem ajudado a maioria das pessoas a deixar de serem reféns do zero. Assim sendo, interessa saber o porquê?

Quais são as causas que tornam às pessoas reféns do zero?

CAPÍTULO I

PESSOAS REFÉNS DO ZERO

As nuvens escuras, carregadas, confundiam a hora do dia naquela manhã de Sábado. A falta de claridade no céu influenciava as pessoas a reflectir sobre o impacto do ambiente em todos os aspectos inerentes à vida na Terra .

A inconstância que se registava devido à alteração climática fazia com que milhares de pessoas opinassem vagamente, como se fossem especialistas das questões meteorológicas, pois o dia parecia a continuação da noite anterior .

Associada a toda a imprevisibilidade climática, a ocorrência de um apagão generalizado que sucedeu por volta das 19:00 do dia anterior, Sexta-feira, tinha aumentado os níveis de pessimismo dos adeptos do futebol.

A informação que tinha sido difundida pelos meios de comunicação social apenas fez saber que o país estava todo às escuras. Quanto ao que motivou esse apagão, nada de concreto se dizia. O zero no campo das informações dava lugar a todo o tipo de especulações.

Alguns peritos da empresa responsável pelo fornecimento da energia, quando estavam em ambientes familiares, eram questionados sobre quais seriam as causas da falta de energia. Diziam que a causa da falta de energia era o baixo caudal das águas do rio Kwanza. Curiosamente, como se fosse uma contradição natural, naquela altura do ano, era frequente a ocorrência das quedas pluviométricas .

Os restaurantes, os cafés, as roulottes, que tinham fontes de energia alternativa, estavam, na sua maioria, lotados, devido à procura que as pessoas faziam por um local que estivesse a emitir a repetição do jogo da liga europeia que estava a ser transmitido, exactamente no dia anterior a que o país sofreu mais um corte de energia geral.

O restaurante designado “É a Tua Vez”, passou a ser a solução para muitos amantes de futebol. Eram inúmeras as pessoas de distintos grupos sociais que, mobilizadas pelo entretenimento, pretendiam assistir ao jogo de futebol.

Homens e mulheres, adultos, jovens, inclusive algumas crianças consideradas atrevidas, tentavam entrar no restaurante. Aquele estabelecimento tinha apenas capacidade para cerca de cinquenta pessoas . No entanto, o número de pessoas presentes naquele local já havia causado uma superlotação.

A contenda punha em campo o Barcelona e o Real Madrid . Era um dos jogos mais esperados pelos amantes de futebol. Uma ameaça de atentado terrorista, desmantelada atempadamente pela polícia, motivou a interrupção do jogo, obrigando a FIFA a adiá-lo para o dia seguinte, aquela manhã de Sábado.

Desculpe; quantos barris de cerveja e de vinho tem para venda, hoje? — A pergunta direccionada ao empregado foi feita por um senhor cuja imagem suscitava curiosidade, desde a roupa que vestia até à preferência do que bebia. A sua altura, mais de um metro e oitenta e dois centímetros, e a forma como se vestia, apesar de ser fim-de-semana, causavam curiosidade a quem o visse .

Naquela manhã, o senhor misterioso usava um fato de alta costura, comum para as reuniões executivas, que contradizia com a imagem da maioria das pessoas que se encontravam naquele espaço, que vestiam calções e roupas desportivas . Preview

Senhor, para o dia de hoje temos três barris de cerveja e um barril de vinho. — Respondeu o empregado que, pela forma afável como tratou o senhor, pareceu já conhecê-lo .

Muito bem. Faça-me a conta dos três barris de cerveja e o de vinho . Sirva todos os que estão aqui no restaurante . Hoje, sou eu que pago . As pessoas precisam estar descontraídas para esquecerem, por alguns instantes, as preocupações da vida. Sirva cerveja a quem quiser beber cerveja, e vinho a quem preferir vinho. Pode dar-me a conta que eu pago já . — Disse o senhor, apoiado ao balcão.

Sim, senhor . O seu pedido é uma ordem . — Imediatamente, o empregado pegou no microfone que estava poisado por cima do balcão e anunciou:

Senhoras e senhores, peço a vossa atenção para informar que, a partir deste momento, está disponível o consumo gratuito de cerveja e vinho . O senhor que está aqui junto a mim, acaba de pagar três barris de cerveja e um de vinho para quem quiser consumir . — Mal o empregado terminou de fazer o anúncio, o próprio senhor, erguendo o copo de água que tinha na mão, exclamou:

Viva Angola! — O gesto foi prontamente correspondido pelas pessoas que estavam no interior do restauPreview

rante, que também ergueram os seus copos e responderam em uníssono:

Viva! Viva Angola! — Seguidamente, o senhor tirou a sua pasta de documentos da algibeira e fez o pagamento, através do multibanco. Pagou, ajustou o casaco, e perguntou ao empregado:

Qual é o seu prognóstico para este jogo?

Desculpe, senhor, não percebi o que disse. — Respondeu o empregado . O senhor reformulou a pergunta. — Qual é a sua opi-

nião? Para si, quem vai ganhar o jogo? O Barcelona ou o Real Madrid?

Eu acho que o Barcelona vai ganhar . O Real Madrid não está no seu melhor . — Respondeu o jovem .

Como se chama? — Perguntou o senhor .

Weta Kambi. O meu nome é Kambi. Falamos há algum tempo, não me tinha apresentado, nem sei como o senhor se chama . — Respondeu o jovem empregado .

Muito bem, Kambi. Então o teu palpite é que o Barcelona vai ganhar o jogo. Diz-me, quanto é que tu ganhas? — O senhor ignorou a pergunta do rapaz. Preview

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