

NEUROARQUITETURA
CENTRO DE SAÚDE INFANTIL ESPECIALIZADO NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

2. REFERÊNCIAL TEORICO

2.1 CONCEPÇÕES DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) já foi nomeado de várias formas e pesquisado por muitos médicos que procuravam achar uma solução para esse transtorno que era tão incompreendido por eles. O médico psiquiatra suiço, Paul Eugene Bleuler, em 1911 foi quem nomeou o transtorno mental como “autismo”, ele usou esse termo para descrever distúrbios de pacientes esquizofrênicos, onde a principal característica era a fuga da realidade. (CUNHA, 2012, p. 20)
A palavra “autismo” vem do grego, onde “autos” significa “próprio” e “ismo” que se refere a um estado onde a pessoa se encontra sem preocupações com o mundo externo, apenas olhando e se concentrando em si próprio (OLIVEIRA, 2009).
Em 1942, Leo Kanner, um psiquiatra infantil, descreve o autismo como “distúrbios autísticos do contato afetivo”, segundo ele, o autismo tinha grande conexão com a esquizofrenia. Kanner continua firme em suas pesquisas sobre o Espectro Autista, quando em 1956, ele denomina o autismo como psicose, referindo que todos os exames clínicos e laboratoriais foram incapazes de fornecer dados consistentes no que se relacionava à sua etiologia, diferenciando-o dos quadros deficitários sensoriais, ele ainda se refere às mães das crianças portadoras de TEA como “mães geladeira”, pois mencionou que, apesar de inteligentes, elas permanecem frias, mecanizadas e compulsivas com seus filhos.
Em 1944, o pesquisador austríaco Hans Asperger fez uma publicação de sua tese de doutorado sobre psicopatia autista da infância, um estudo onde ele observou 400 crianças, avaliando suas habilidades e comportamentos, descrevendo o transtorno como sendo de personalidade que incluía baixa capacidade de
fazer amizades, monólogo, hiperfoco em assunto de interesse especial e dificuldade de coordenação motora (quadro que depois ficou denominado como síndrome de Asperger). (GAIATO, 2012, p. 76 3 77).
A psiquiatra inglesa Lorna Wing, em 1960 passa a publicar textos importantes para o estudo do autismo, já que sua filha era portadora do espectro. A psiquiatra também traduziu os trabalhos de Asperger e popularizou duas teorias, inclusive Lorna Wing foi a primeira a escrever as descrições dos sintomas, incluindo a alteração na sociabilidade, na cognição e nos comportamentos.
Em 1976, Edward R. Ritivo fez com que as percepções sobre o TEA tivessem uma outra concepção, começando a relacionar o autismo a um déficit cognitivo, considerando-o não uma psicose e sim um distúrbio do desenvolvimento. (JR, Francisco; PIMENTEL, Ana Cristina, 2000)
Autores como Burack (1992), também reforçaram a visão dos déficits cognitivos, apontando que, nos últimos anos, o autismo tem se concentrado nas visões do desenvolvimento relacionadas à deficiência intelectual, porque cerca de 70-86% dos pacientes autistas também possuem outros tipos de deficiência mental.
Foi só na década de 80 que o autismo começou a ter reconhecimentos diferentes da esquizofrenia, o que fez com que o número de estudos científicos sobre o assunto aumentasse. Desde então, o problema passou a ser tratado como uma síndrome, como um distúrbio do desenvolvimento e não mais como uma psicose. (GAIATO, 2012 p. 80) (Imagem 14).
Bleuler foi o primeiro a descrever a fuga da realidade para um mundo interior e chamar o sintoma de AUTISMO.

Escreveu o artigo “A psicopatia autista na infância”, destacando o espectro em meninos. O relato recebeu pouca atenção e, só em 1980, foi reconhecido como um pioneiro no segmento.


Com Síndrome de Asperger, Temple Grandin cria a “Máquina do Abraço”, aparelho que simulava um abraço e acalmava pessoas com autismo.
A psiquiatra desenvolve o conceito de autismo como um espectro. Seu trabalho revolucionou a forma como o autismo era considerado.

O psiquiatra publica seu primeiro estudo descrevendo 11 casos de crianças. Ele usa o termo “autismo infantil precoce” e observa que crianças apresentavam falta de movimentos motores e aspectos não usuais na comunicação, como a inversão de pronomes e a tendência ao eco.

A Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM1. Referência mundial para pesquisadores e clínicos do segmento.
Nesta edição do manual, o autismo é reconhecido pela primeira vez como uma condição específica e colocado em uma nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID).
A Síndrome de Asperger é adicionada ao DSM, ampliando o espectro do autismo.
Imagem 14 - Linha do tempo, história e evolução dos estudos sobre TEA. 2021).
A Lei Berenice Piana (12.764/12), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.145/15) cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que aumenta a proteção aos portadores de TEA.
O psicólogo publica um estudo sobre a análise do comportamento, mostrando benefícios da terapia comportamental intensiva. 19 crianças foram estudadas e depois de 2 anos, o QI delas havia aumentado 20 pontos em média.

Segundo a OMS, Em 2018, o 2 de abril passa a fazer parte do calendário brasileiro oficial como Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo.
DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os indivíduos são agora diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade.
(Fonte: MARCOS HISTÓRICOS, Autismo e Realidade, Elaborado pela autora,
2.2 CRIANÇAS AUTISTAS E SEUS ASPECTOS
Pesquisas científicas sempre se dedicaram em seus estudos para descobrirem a causa do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as melhores formas de tratamento. Os estudos sempre analisaram a predisposição genética e mutações espontâneas que podem fazer com que o desenvolvimento do feto seja prejudicado. No entanto, algumas evidências citadas em The Familial Risk of Autism, evidenciam que as causas hereditárias explicaram apenas uma parte do risco de desenvolver TEA, pois, fatores como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas e complicações durante a gravidez teriam o mesmo peso na possibilidade do aparecimento do distúrbio. (SANDIN, Sven; LICHTENSTEIN, Paul; KUJA-HALKOLA, Ralf; 2014).
Os sintomas que fazem parte do diagnóstico de crianças com TEA são os mais diversos, podendo afetar diretamente a comunicação e a dificuldade de interação social. Os sinais se iniciam logo cedo, e segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V 2013) antes dos 36 meses de vida, porém, dados demonstram que a maioria das crianças apresenta problemas no desenvolvimento entre os 12 e 24 meses, o que por sua vez, é a idade que elas começam a se comunicar com os pais (Chakrabarti, 2009; Chawarska et al., 2007; Noterdaeme & Hutzelmeyer-Nickels, 2010).
Cabe salientar que é justamente no segundo semestre de vida, mais precisamente ao redor dos 9 meses de idade do bebê, que emerge uma habilidade sociocomunicativa exclusivamente humana, da qual decorrem mudanças significativas na maneira como o bebê passa a se relacionar com os outros, com os objetos e consigo mesmo (Tomasello, 1999/2003)
Independentemente das causas que geram o TEA, o comportamento das crianças ficam afetados e os primeiros sinais podem ser notados em bebês, quando costumam apresentar o atraso da fala, ou o balbucio e falta de uso de gestos, bem como falha em responderem ao serem chamados pelo próprio nome, o que gera os seguintes sintomas:
• Dificuldade para se comunicar socialmente
• Dificuldade em manter o contato visual, em expressão facial, gestos, expressar as próprias emoções e fazer amigos;
• Dificuldade na comunicação, optando pelo uso constante e repetitivo da linguagem e bloqueios para começar e manter um diálogo;
• Apego excessivo a rotinas
• Ações repetitivas
• Grande interesse em coisas específicas
• Dificuldade de imaginação e sensibilidade sensorial (hiper ou hipo).
Esses sintomas estão especificados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V, e são tratados especificamente como um espectro, se manifestando em diferentes níveis de intensidade. Cada indivíduo vai desenvolver seu próprio conjunto de sintomas e eles são os mais variados. Alguns outros sintomas, por exemplo, são as habilidades e a facilidade em aprender visualmente, a atenção aos detalhes e a exatidão em dados específicos de entendimento da criança que possui TEA faz com que o tratamento seja eficaz.
2.2.1 DIAGNÓSTICO - NEUROPEDIATRIA
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista não é feito através de exames laboratoriais, apenas sob análises clínicas de profissionais habilitados, como: neuropediatria, psiquiatria geral, psiquiatria infantil, pediatria ou psicólogos. A avaliação é feita a partir do Manual de Saúde Mental (DSM-V), complementado com a aplicação de escalas validadas no Brasil, dentre estas, a utilização de M-CHAT, ADI-R e ADOS-G. (SUPLEMENTAR, Comitê; 2018)
M-CHAT – Um instrumento que identifica indícios de TEA em crianças entre 18 e 24 meses através de um rastreamento precoce. O instrumento pode ser utilizado em todas as crianças durante visitas pediátricas e a escala é extremamente simples e não precisa ser administrada por médicos ou profissionais da saúde. (SUPLEMENTAR, Comitê; 2018).
ADI-R – Feito através de entrevista, ADI-R é normalmente administrado por pais ou cuidadores, sendo composto por 93 itens divididos em 6 seções e a escala deve ser aplicada por profissionais certificados, que receberam treinamento prévio adequado. (SUPLEMENTAR, Comitê; 2018).
ADOS-G – Um instrumento padrão e semi estruturado de observação. O aparelho verifica especificamente as habilidades de interação social, comunicação e brincadeiras. O uso é como uma brincadeira, imaginativo de materiais pelas crianças. Composto por 4 módulos que variam conforme os diferentes níveis de linguagem da criança e a escala deve ser aplicada por profissionais certificados, que receberam treinamento prévio adequado (SUPLEMENTAR, Comitê; 2018).
2.2.2 TRATAMENTO
Normalmente as primeiras pessoas que são comunicadas sobre o diagnóstico de TEA das crianças são seus pais e familiares, a notícia é que o Autismo não tem cura, porém, existem tratamentos eficazes em relação ao transtorno do espectro, sendo assim, o primeiro passo sempre é procurar profissionais que tenham experiência com o assunto. O tratamento deve ser individualizado para cada paciente e é necessária a intervenção de diferentes profissionais de diferentes campos de tratamento como especificado abaixo. (Imagem 15).
Imagem 15 - Profissionais e Terapias Ideais.
Pedagogos
Psicólogos

Fisioterapeutas

Psiquiatras

Nutricionistas
Estimulação Sensorial

Terapia Familiar

Musicoterapia

Equoterapia

Hidroterapia



Terapeutas Ocupacionais
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Entendemos que as manifestações de sintomas de uma criança com Transtorno do Espectro Autista são várias e podem ser completamente diferentes uma das outras.
Segundo o livro Pró Psico, um guia de atualização em psicologia clínica e saúde de 2020, existe um esquema conceitual de tratamento (Imagem 16).
Imagem 16 - Opções de Tratamento
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
A falta de informação e o fácil acesso a tratamentos ineficazes complicam a tomada de decisão dos pais e as tentativas de evolução aplicadas por psicólogos comportamentais para o tratamento das crianças com TEA. Alguns dos fatores de atraso que afetam o tratamento correto são:
• Necessidades individuais da criança
• Recomendações de terceiros
• Razões práticas (custo, por exemplo)
• Idade da criança
• Esperança de recuperação ou de melhora
• Preocupações com efeitos colaterais das intervenções Quanto antes acesso das famílias a mais informações científicas sobre o tratamento, melhor será o crescimento da busca prática baseada em evidências e a propagação de uma visão mais informada sobre os tratamentos que ainda não possuem o suporte de pesquisas
Segundo o documento de diretrizes de práticas baseadas em evidências para tratamento do TEA, escrito pelo National Autism Center, existem 14 intervenções bem estabelecidas que foram pesquisadas e que oferecem indicadores suficientes para confirmar sua eficácia.
TRATAMENTO COMPORTAMENTAL ABRANGENTE PARA CRIANÇAS
Esse tipo de tratamento é adequado para crianças de 0 a 9 anos e leva de 25 a 40 horas semanais e envolve programas de intervenção comportamental intensiva e precoce. Usos de intervenções denominadas de Análise do Comportamento Aplicado (ABA), A intervenção comportamental intensiva precoce (EIBI), Sistema de comunicação por troca de figuras (PECS), Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficit de
Atenção e Comunicação (TEACCH) ou programas comportamentais inclusivos.
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADO (ABA)
Tendo como princípio o tratamento Applied Behavior
Analysis (ABA) traduzido como Análise do Comportamento Aplicado, visam desenvolver uma gama de habilidades essenciais como: comunicação e habilidades acadêmicas. A tomada de decisão para a intervenção via tratamento ABA é tomada por conta dos sintomas centrais que ocasionam prejuízos funcionais para as crianças que possuem TEA, por isso, o ensino é realizado de forma privativa, em ambientes como a casa, comunidade, salas de aula ou pequenos grupos de intervenção. (ANDRADE, 2020, p. 73 e 74)
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO POR TROCA DE FIGURAS (PECS)
O princípio do tratamento PECS é baseado no livro B.F Skinner, onde ele induz o tratamento verbal e a análise de comportamento com estratégias como o estímulo e o reforço dos mesmos levando a comunicação independente da criança.
O ensinamento consiste em 6 fases (Imagem 17) e começa mostrando para a criança apenas uma figura como ação desejada, que logo se modifica para o ensinamento da diferenciação de figuras e como juntá-las em frases. (BONDY, Andy, 1985)
Imagem 17 - 6 fases do tratamento PACS

Fase I - Como Comunicar
Os pacientes aprendem a trocar uma figura por itens ou atividades que realmente desejam.(BONDY, Andy, 1985)
Fase II - Distância e Persistência
Ainda usando uma única figura, os indivíduos aprendem a generalizar essa nova habilidade, usando-a em lugares diferentes, com pessoas diferentes e percorrendo distâncias. Eles também são ensinados a serem comunicadores mais persistentes. (BONDY, Andy, 1985)
Fase III - Descriminação de Figuras
Os pacientes aprendem a escolher entre duas ou mais figuras para pedir suas coisas favoritas. Estas são colocadas
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
em uma pasta de comunicação PECS – uma pasta com anéis com fitas auto adesivas onde as figuras são armazenadas e facilmente removidas para comunicação. (BONDY, Andy, 1985)
Fase IV - Estrutura de Sentença
Os pacientes aprendem a construir medidas simples em uma característica de medidas destacáveis usando uma figura “Eu quero”, seguida por uma figura do item que está sendo mostrado. (BONDY, Andy, 1985)
Fase V - Solicitação Responsiva pacientes aprendem a usar o PECS para responder perguntas como “O que você quer?” (BONDY, Andy, 1985)
Fase VI - Os pacientes são ensinados a comentar em resposta a perguntas como “O que você vê?”, “O que você ouve?” E “O que é isso?” Elas aprendem a compor frases começando com, “Eu ouço “, “Eu vejo”, ” Eu sinto “,” Isto é “, etc (BONDY, Andy, 1985)
TRATAMENTO E EDUCAÇÃO PARA AUTISTAS E CRIANÇAS COM DÉFICITS DE ATENÇÃO E COMUNICAÇÃO (TEACCH)
O tratamento favorece o desenvolvimento e aprendizagem das crianças com TEA com o objetivo de familiarizar a criança autista com a rotina, mostrando os princípios de um ambiente organizado, ensinando sobre a estruturação das coisas e suas previsibilidades, visando minimizar os comportamentos disruptivos e aumentar o repertório comunicativo, junto com a ideia de deixar a criança mais autônoma, independente e aumentar a capacidade de compreensão das pessoas na hora da comunicação. (KWEE, Caroline; SAMPAIO, Tânia; ATHERINO, Ciríaco, 2009).
Em todo e qualquer tratamento é importante que os pais conversem com o profissional a cada sessão, tirem suas dúvidas e o acompanhem de perto. (GAIATO, 2012, p. 40)
O autismo infantil corresponde a um quadro de extrema complexidade que exige que abordagens multidisciplinares sejam efetivadas visando-se não somente a questão educacional e da socialização, mas principalmente a questão médica e a tentativa de estabelecer etiologias e quadros clínicos bem definidos, passíveis de prognósticos precisos e abordagens terapêuticas eficazes. Com a maior acurácia das pesquisas clínicas, grande número de sub síndromes ligadas ao complexo “autismo”devem ser identificadas nos próximos anos, de forma que os conhecimentos sobre a área aumentem de modo significativo em um futuro próximo. (REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA; JR, Francisco; PIMENTEL, Ana Cristina, 2000)
2.2.3 ENTENDIMENTO SENSORIAL
A integração sensorial é definida como as habilidades coletivas do cérebro em processar e organizar as informações que recebem dos sentidos (Olfato, visão, paladar, audição e tato) e preparar uma resposta adequada ao estímulo recebido, essenciais para alcançar coerência e percepção de uma situação e decidir como agir, no entanto, pessoas com TEA apresentam déficits na integração sensorial devido a incapacidade de processar informações de vários sentidos ao mesmo tempo, isso é causado porque seu cérebro não processa todas as informações vindas dos sentidos. Esta pode se manifestar sendo hipersensível a estímulos ou hiposensível a estímulos. A alteração de atenção entre os dois estímulos diferentes é difícil, considerado sensorial anormal, tudo isso de acordo com Kristi Gaines (2016). (GAINES, Kristi, 2016) (Imagem 18).
Imagem 18 - Sentidos


(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Hiposensível: São casos pouco responsivos, como se certas informações sensoriais passassem despercebidas, ou como se os sentidos fossem prejudicados. Crianças pequenas que foram posteriormente diagnosticadas com TEA e tinham hipossensibilidade auditiva, por exemplo, eram frequentemente consideradas surdas.
Esses casos são qualificados como “busca sensorial”, o que significa que muitas vezes criam ou geral suas próprias experiências sensoriais por prazer ou para bloquear outros estímulos desagradáveis. (GAINES, Kristi, 2016)
Hipersensível: São casos que trabalham com estímulos sensoriais, as crianças que possuem hipersensibilidade podem ser facilmente oprimidas pela entrada de informação sensorial. Às vezes o ambiente pode ser assustador e às vezes os ruídos altos e repentinos são fisicamente dolorosos para elas. (GAINES, Kristi, 2016)
Abaixo um esquema explicativo sobre a relação de crianças autistas com os sentidos e com hipersensibilidade e hipossensibilidade (Tabela 1).
Tabela 1 - Sentidos
SENTIDOS HIPOSENSÍVEL


• Desconsidera pessoas e objetos em um ambiente;
• Só visualiza a silhueta de pessoas e objetos;
• Gosta de cores fortes e da luz do sol;
• Come objetos não comestíveis;
• Busca cheiros fortes;
• Não identifica aromas mais leves;
• Não responde quando é chamado pelo nome;
• Gosta de ruídos e sons;
• Gosta de fazer barulhos altos e excessivos;
HIPERSENSÍVEL
• Olha fixamente para pessoas ou objetos;
• Se distrai fácil com movimentos ao redor;
• se incomoda com cores fortes e a luz do sol;
• É seletivo com alguns alimentos;
• Prefere apenas alimentos com texturas, cheiros ou que tenha a temperatura que lhe agrade;
• Utiliza o toque excessivo com objetos e pessoas;
• Possui grande resistência a dor;
• Não percebe mudanças extremas de temperatura;
• Inconsciente quanto a posição do corpo no espaço;
• Confundem diferentes sensações com fome;
• Se movimenta de forma excessiva;
• Ficam entusiasmados com atividades que envolvem movimentos;
• Identifica os sons antes das pessoas neurotípicas;
• Se incomoda com ruídos e sons;
• Se incomoda com barulhos de fundo;
• É sensível a alguns tecidos;
• Se sente incomodado com toques no seu corpo;
• Não gosta de andar sem sapatos ou se molhar;
• Possuem postura corporal diferente e desconfortável;
• Têm dificuldades em manipular pequenos objetos;
•
• Apresenta desequilíbrio corporal;
• Se sente incomodado caso fique de cabeça para baixo ou se seus pés não estejam no chão;
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
2.3 PACIENTE E FAMÍLIA
Quando falamos sobre os pais de crianças autistas, percebemos que eles, em sua grande maioria, ficam perdidos quando recebem o diagnóstico do filho e, muitas vezes, não sabem por onde começar e a quem recorrer. O turbilhão de emoções como: angústias, frustrações, medos e inseguranças tomam conta dos pais, principalmente, das mães. A mãe é alvo de muitas críticas, tanto da sociedade, como as autocríticas, e isso ocorre pois durante décadas, profissionais e autores como Kanner (1942) que escreviam sobre o Transtorno do Espectro Autista consideravam que a frieza ou a indiferença e a obsessividade e perfeccionismo na educação dos filhos poderiam formar crianças com Autismo. O que foi desmistificado na década de 70, porém, infelizmente, a relação mãe - criança autista ainda sofre interferência a partir desses estudos.
Ser pai e mãe de uma criança ou adolescente com TEA não é uma tarefa fácil, é um exercício constante que requer muita paciência, zelo, fiscalização, disciplina, criatividade, persistência e aumento da estrutura familiar, considerando de extrema importância o apoio e a participação ativa de todos os envolvidos. Um fato comum, incluindo por conta do desgaste emocional que o cuidado diário causa nos familiares, é cair na armadilha de sempre apontar as falhas e os comportamentos problemáticos da criança, que ao fazerem isso, podem perder o ânimo e não enxergarem as habilidades e os pontos fortes que eles possuem e que são diariamente conquistados com atividades estimulantes e motivadoras.
As crianças costumam tentar convencer os pais em fazer o que elas desejam a partir de “birras” e “teimosias”, elas sabem que ao agir assim, possivelmente os pais cedam e, com isso, ela obtém o desejado, Sendo assim, as crianças acabam mantendo esse comportamento de maneira contínua, o que faz com que os pais tentem eliminar esse comportamento inadequado com punições e repreensões, sendo aplicado até um castigo físico, porém, atitudes assim não são capazes de ensiná-las a fazer o que os pais acham certo e só gera efeito reverso ao tratamento do espectro. O que faz com que os pais, por contraponto, se sintam preocupados e inseguros em repreender atitudes inadequadas das crianças. O que torna importante o acompanhamento e acolhimento dos pais junto com o das crianças com o tratamento, sendo feito, de formas diferentes, para todas as pessoas da casa. É importante todos estarem em plena sintonia para que a criança com TEA não seja errônea e os pais não se desgastam com culpas por medo da repreensão.
Crianças e adolescentes com TEA necessitam de um ambiente estruturado e de uma boa dinâmica familiar, sempre procurando estabelecer uma boa rotina.
É importante lembrar que os pais sabem que o lar jamais será o mesmo com a chegada de uma criança com autismo, reestruturações sempre tem que ser feitas para um melhor desenvolvimento da criança e para que a harmonia familiar se preserve.
A criança Autista percebe o mundo de forma muito diferente da nossa, ela consegue enxergar as coisas de forma fragmentada, como um quebra cabeças, cujas as peças precisam ser encaixadas com muito cuidado para que o mundo dela se mostre um pouco mais parecido com o nosso. O grande “x” da questão é entender que os familiares não precisam saber tudo sobre o autismo, mas eles com certeza precisam estar prontos para aprender diariamente aquilo que eles ainda não sabem sobre a criança e vê-la como ela realmente é. (GAIATO, 2012, p. 38)
Imagem 19 - Vendo o Espectro, uma história do Autismo.

(Fonte: Léo Espinosa, 2017)
2.4 AUTISMO E ARQUITETURA
Uma pesquisa recente indicou que o autismo vem crescendo em grandes proporções, o que leva aos dados que, apesar de uma incidência alta, o autismo é ignorado pela comunidade arquitetônica, incluído dos códigos e diretrizes de construção, mesmo aqueles que são desenvolvidos para pessoas portadoras de necessidades especiais. (Hill & Frith, 2003)
“Não conheço nenhum código de construção ou acessibilidade que incorpore requisitos especificamente para atender crianças com autismo. No entanto, a acessibilidade em geral é abordada nos códigos desenvolvidos pelo Conselho de Código Internacional.” Brown, L., (2003).
Pela falta de material relacionado a ambientes construídos para portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma tese de doutorado foi elaborada e pensada para desenvolver sete critérios básicos, como diretrizes de propostas para serem facilitadores para o design de TEA.
ASPECTSS (2014) gera a eficiência de ambientes que ajudam ao portador de TEA a lidar com suas necessidades, visto que a relação de cada indivíduo no espectro é diferente. Hoje o estudo é conhecido e aplicado mundialmente como referência de planejamento de espaço, auxiliando na solução de problemas recorrentes como as crises de ansiedade e os problemas de isolamento social.

SEQUENCIAMENTO ESPACIAL
Esse critério é baseado no conceito de capitalizar a afinidade dos indivíduos com autismo com a rotina e a previsibilidade. Aliado ao critério de Zoneamento Sensorial, que será discutido em breve, o Sequenciamento Espacial exige que as áreas sejam organizadas em uma ordem lógica, com base no uso típico programado de tais espaços. Os espaços devem fluir tão perfeitamente quanto possível de uma atividade para a próxima por meio de circulação unilateral sempre que possível, com o mínimo de interrupção e distração, usando Zonas de Transição que são discutidas abaixo.
ESPAÇO DE FUGA
O objetivo de tais espaços é fornecer uma trégua para o usuário autista da superestimulação encontrada em seu ambiente. A pesquisa empírica mostrou o efeito positivo de tais espaços, particularmente em ambientes de aprendizagem (Mostafa, 2008, 204).
Esses espaços podem incluir uma pequena área particionada ou espaço para rastejar em uma seção silenciosa de uma sala ou em todo um edifício. Esses espaços devem fornecer um ambiente sensorial neutro com estimulação mínima que pode ser personalizada pelo usuário para fornecer a entrada sensorial necessária.


COMPARTIMENTALIZAÇÃO
SEGURANÇA
Um ponto que nunca deve ser esquecido ao projetar ambientes para crianças, a segurança é ainda mais uma preocupação para crianças com autismo que podem ter uma percepção alterada de seu ambiente, por exemplo, usando acessórios de segurança para água quente e evitando arestas e cantos afiados.
A filosofia por trás deste critério é definir e limitar o ambiente sensorial de cada atividade, organizando uma sala de aula ou mesmo um prédio inteiro em compartimentos. Cada compartimento deve incluir uma função única e claramente definida e a consequente qualidade sensorial. A separação entre esses compartimentos não precisa ser brusca, mas pode se dar pela disposição dos móveis, diferença no revestimento do piso, desnível ou até mesmo por variações na iluminação. As qualidades sensoriais de cada espaço devem ser utilizadas para definir sua função e separá-lo de seu compartimento vizinho. Quando aliado a essa consistência na atividade, isso ajudará a fornecer pistas sensoriais sobre o que se espera do usuário em cada espaço, com o mínimo de ambigüidade.


ACÚSTICA
TRANSIÇÕES
Trabalhando para facilitar o sequenciamento espacial e o zoneamento sensorial, a presença de zonas de transição ajuda o usuário a recalibrar seus sentidos à medida que se move de um nível de estímulo para o próximo. Essas zonas podem assumir uma variedade de formas e podem ser qualquer coisa, desde um nó distinto que indica uma mudança, até uma sala sensorial completa que permite a recalibração sensorial antes da transição de uma área de alto estímulo para uma de baixo estímulo.
Este critério propõe que o ambiente acústico seja controlado para minimizar o ruído de fundo, eco e reverberação. O nível de tal controle acústico deve variar de acordo com o nível de foco do usuário exigido dentro do espaço, bem como o nível de habilidade e gravidade do autismo de seus usuários. Por exemplo, atividades de maior foco devem ter um nível mais alto de controle acústico e fazer parte de zonas de baixo estímulo, descritas em breve.
Também devem ser feitas provisões para diferentes níveis de controle acústico, para que os alunos possam passar de um nível de controle acústico para o seguinte, movendo-se lentamente em direção a um ambiente típico para evitar o “efeito estufa”.


ZONEAMENTO SENSORIAL
Este critério propõe que, ao projetar para o autismo, os espaços devem ser organizados de acordo com sua qualidade sensorial, ao invés de um zoneamento funcional típico. Isso requer o agrupamento de espaços de acordo com seu nível de estímulo permitido, em “alto estímulo” e “baixo estímulo” com zonas de transição auxiliando na mudança de uma zona para a próxima.
2.4.1 ARQUITETURA COM ASPECTOS SENSORIAIS
A maioria das intervenções para indivíduos autistas, predominantemente médicos, terapêutico e educacional, lidar com o mau funcionamento sensorial em si e o desenvolvimento de estratégias e habilidades para o indivíduo autista para usar ao lidar com esses defeitos. Isto é a afirmação desta pesquisa de que os autistas comportamento pode ser influenciado favoravelmente por alterar o ambiente sensorial, ou seja, o input estimulatório, resultante do físico ambiente arquitetônico (cor, textura, ventilação, sensação de fechamento, orientação, acústica etc.) antes, em vez de depois o mau funcionamento sensorial ocorre. Talvez por alterar esta entrada sensorial de uma maneira projetada para acomodar necessidades autistas específicas, comportamento pode ser melhorado, ou pelo menos mais ambiente propício criado, para mais desenvolvimento eficiente de habilidades. A pesquisa arquitetônica anterior apoiou teorias sobre a influência do ambiente arquitetônico de acordo com o comportamento do usuário em usuários não autistas típicos. Deasy e Laswell discutem o uso de padrões comuns pelo arquiteto de cognição para orientar e manipular o usuário com comportamento em um espaço (Deasey & Laswell, 1990).
Espaços para promoverem a inclusão foram pensados para conseguirem incluir benefícios no tratamento dos portadores de TEA não só por meio de especialistas, mas por meio do que o ambiente transmite para elas durante esse período de aprendizagem, o estudo é baseado em como o desempenho das crianças autistas é melhorado com o ambiente físico apropriado.
Incorporating the Behavioral Dimension in Designing Inclusive Learning Environment for Autism foi um estudo feito por Rachna Khare e Abir Mullick considerando o transtorno do espectro autista TEA um dos transtornos de desenvolvimento mais desafiadores e independente da solução de design por arquitetos o estudo trás a finalidade de propor meios arquitetônicos pensando na sociedade inclusiva e seus benefícios.
O estudo examina questões como:
• Qual o melhor tipo de iluminação no ambiente físico devido aos seus déficits e condições associadas?
• Quais são os aspectos habilitadores do ambiente que podem melhorar o desempenho das crianças com autismo?
• Os aspectos do projeto ambiental que são importantes para crianças com TEA também são significativos para crianças saudáveis?
Sendo assim, foram sintetizados 18 parâmetros predominantes que definem uma proposta de projeto arquitetônico propícios, estes como:
1. ESTRUTURA FÍSICA
A estrutura física define claramente os aspectos físicos e visuais. Limites para segmentar o ambiente de modo que cada atividade está claramente associada a uma atividade física, por exemplo, posicionando estrategicamente os móveis para definir atividade individual e em grupo, como brincar, ler, lanchar e etc.
2. MAXIMIZAR A ESTRUTURA VISUAL
São importantes ambientes claros, sejam eles internos ou externos, que contenham uma fácil percepção de pontos fortes visuais para facilitar o entendimento do funcionamento do espaço.
3. INSTRUÇÕES VISUAIS
A instrução visual é uma forma de dar instruções ou sequência de etapas para seguir uma atividade, usando o modo visual. Dependendo de um indivíduo capacidade, pode ser dada na forma de instruções, fotografias, imagens, desenhos de linha ou escritas onde as atividades devem ser executadas.
4.
OFERECER
OPORTUNIDADES DE PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE
São atividades sociais, dadas como oportunidades para participação na comunidade, sempre motivando o envolvimento nas atividades rotineiras como fazer compras, atravessar a rua, ir à igreja ou usar transporte público.
5. PARTICIPAÇÃO DOS PAIS
Mostra a importância da introdução dos pais e cuidadores no ambiente de cuidado.
6. OPORTUNIDADES PARA INCLUSÃO
Incorporar a inclusão da criança autista em ambientes que ela tenha contato de aprendizado e cuidados com pessoas que não possuem TEA. Além de ajudar no tratamento e aprendizagem, faz com que a segregação não aconteça.
7. MAXIMIZAR A INDEPENDÊNCIA
A criação de espaços que promovem atividades também fazem parte da sua rotina, como atividades domésticas e sociais, com o objetivo de influenciar uma maior independência no futuro da criança autista.
8. ESPAÇOS DE FUGA
Oferecer espaços mais amplos para as atividades, ou até mesmo, espaços nos quais elas poderiam ficar reclusas por um tempo para se acalmarem, espaços de de “escape”, visto que o fato das crianças portadoras de autismo apresentarem dificuldades sensoriais e sociais.
9. PADRÕES ESPACIAIS GENEROSOS
Pelo fato das dificuldades sensoriais e espaciais, a importância de espaços amplos para atividades também são importantes.
10. MAXIMIZAR A SEGURANÇA
Visto que as atenções em relação às crianças autistas devem ser tomadas com o dobro de cuidado, a forma com que o design diminui as possibilidades de colocar as crianças em situações de risco é de muita importância.
11. MAXIMIZAR A COMPREENSÃO
Fornecer a forma mais fácil e clara de compreensão dos espaços para atividades ali realizadas faz com que a dificuldade de entendimento das crianças se torne menor.
12. ACESSIBILIDADE
Como vimos, crianças autistas podem possuir demais síndromes além do transtorno do espectro, sendo assim, é necessário promover fácil acesso a quaisquer ambientes.
13. PROPORCIONAR ASSISTÊNCIA
A criação de espaços extras para assistências individuais do autista em determinados casos ou atividades.
14. MAXIMIZAR A DURABILIDADE E A MANUTENÇÃO
A importância de projetar ambientes de fácil limpeza, manutenção e reparo. Sempre visando usar mobiliários e equipamentos resistentes.
15.MINIMIZAR DISTRAÇÕES SENSORIAIS.
Parte das crianças autistas apresentam problemas de concentração em determinadas atividades, por isso é importante proporcionar ambientes que evitem a distração delas.
16. FORNECER A INTEGRAÇÃO SENSORIAL.
A criação de espaços próprios para a integração sensorial para ajudar as crianças com autismo a entenderem melhor os seus sentidos, minimizando assim efeitos da disfunção sensorial.
17. FORNECER FLEXIBILIDADE
Espaços flexíveis que permitem usos diversos no mesmo ambiente.
18. PROPORCIONA MONITORAMENTO PARA AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO.
Salas de integração sensorial ou áreas sensoriais fornecem oportunidades multissensoriais no ambiente que ajudam as crianças a integrar seus sentidos para melhor entendimento. A integração sensorial acalma crianças com sentidos sob reativos e se desenvolvem tolerância em crianças mais reativas.
2.4.2 ARQUITETURA COM ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Os arquitetos utilizam este conceito projetando o espaço, dando certos significados por meio do formulário, para influenciar o comportamento do usuário. Mostafa discute os meios pelos quais processos cognitivos e questões geram padrões arquitetônicos em várias culturas (Mostafa, 1998). As práticas se ajustam para acomodar padrões cognitivos socioculturais, este artigo propõe sensibilidade semelhante para os diferentes padrões cognitivos de indivíduos autistas. Esses padrões são formados através de multissensoriais percepção e, portanto, desviar-se do típico autismo. É o objetivo deste artigo entender esses padrões através dos olhos do autismo e desenvolvê-los em design, diretrizes, abordagens e conceitos.
Outra contribuição interessante de Khare & Mullick (2009) é o uso de ferramentas de avaliação para avaliar a presença de diferentes critérios de design no ambiente, bem como para medir o desempenho de crianças com autismo. Ele se refere a alguns conceitos claramente arquitetônicos que o designer deve incluir em suas criações. Assim, ele sugere buscar:
CALMA, ORDEM E SIMPLICIDADE
Neste ponto, Humphreys refere-se ao cisterciense medieval claustros, onde o mesmo material é utilizado para todos os elementos, como pilares, pisos, paredes e etc, e sugere que, selecionando uma paleta limitada de materiais, acabamentos, texturas ou cores, a mesma sensação de calma pode ser alcançada.
DETALHES E MATERIAIS MÍNIMOS
Qualquer detalhe desnecessário deve ser evitado, reduzindo a estimulação visual de fundo ao mínimo permitindo que os cuidadores introduzam o grau preciso de estimulação de acordo com cada necessidade da criança. Além disso, é uma boa ideia definir consistentemente as alturas de elementos como portas, maçanetas, interruptores de luz e outros.
ILUMINAÇÃO NATURAL
Humphreys defende um uso extensivo de luz natural, mas alerta contra alguns possíveis erros: entrada de sol deslumbrante, sombras profundas ou contrastes excessivos, padronizados ou rítmicos sequências de sombra-luz que podem produzir superestimulação visual. O vidro gera um conveniente difuso e homogêneo iluminação fora da luz natural. Além disso, a localização das janelas determinam a forma como a luz natural se espalha em um determinado espaço. Clarabóias também, ou janelas podem ajudar a obter esse tipo de iluminação difusa.
Imagem 20 - Núvem Arquitetura e Autismo
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
3. ESTUDOS DE CASO


3.1 INTRODUÇÃO
No capítulo que se inicia, as propostas referenciais para os estudos de caso são referentes à educação para crianças portadoras do transtorno do espectro autista, a um centro de cultura, lazer e esportes e a um centro hospitalar referência para crianças.
A escolha dos projetos tem o intuito de melhor compreensão dos espaços, estratégias construtivas e climáticas e concepções projetuais que melhor se encaixam no público que frequenta o espaço, entendendo o funcionamento dos equipamentos arquitetônicos,comparando com diferentes países aos quais os projetos se localizam.

3.2 The Pears National Centre for Autism

Localização: Londres, Inglaterra.
Habitantes: 8,982 milhões
Área: 1.572 km²
O Centro Nacional de Educação para o Autismo da Pears fica localizado na Inglaterra, na área de conservação do bairro de Muswell Hill, ao norte da cidade de Londres. A área ao redor da escola é predominantemente residencial, com alguns espaços verdes e bosques que fazem parte de um parque de conservação
Imagem 21 - Localização, terreno e classificação de vias.
O terreno foi adquirido em 2004 através de um apoio da fundação de investimento social. O custo total do edifício foi de 11,5 milhões de euros e foi inaugurado em 2009. O centro nacional foi projetado em total harmonia com a localização na área de preservação de Muswell Hill (Imagem 21 e 22). O único pedido para os arquitetos foi que selecionassem materiais naturais sempre que possível e usassem tecnologias sustentáveis.
Imagem 22 - Centro Nacional de Educação para o Autismo, implantação.
(Fonte: Google Maps, 2021, editado pela autora, 2021).
(Fonte: Max Fordham, 2011).
PRÊMIOS
Penoyre & Prasad LLP ganharam o Prêmio Design Inspirador pelo projeto inovador Pears Centre for National Autism Education na terceira edição anual do BCSE Awards 2010 este mês.
ESCRITÓRIO
Localizado em Londres, o escritório se diz ser impulsionado pela imaginação, integridade e inteligência, o escritório projeta mais de 300 edifícios e projetos de interiores no Reino Unido, Ambientes educacionais inspiradores, edifícios culturais e comerciais distintos, edifícios de saúde pioneiros, habitações de
convívio e planos urbanos.
Criam lugares funcionais, bonitos e sustentáveis através de um processo de design distinto e colaborativo. O escritório preza a sustentabilidade. Composto com 27 colaboradores, o escritório possui 4 sócios majoritários, sendo eles Ian Goodfellow, Rafael Marks, Sunand Prasad e Mark Rowe. O escritório possui um membro especial, o arquiteto Patrick Van den Bergh, arquiteto especializado em projetos relacionados à área da saúde (Imagem 23).
Imagem 23 - Associados do escritório Penoyre & Prasad LLP





(Fonte: penoyreprasad.com)
PROJETO
Tamanho: 3,500 m²
Data de conclusão: 2008
O Centro Nacional de Educação para o Autismo foi desenvolvido ao longo de vários anos com a instituição de caridade fundada pelos pais, The Treehouse Trust, e é o primeiro do gênero no Reino Unido oferecendo não apenas uma escola de 80 lugares para crianças de 04 á 17 anos, mas um centro nacional de treinamento e espaço de trabalho administrativo para o autismo, que visa aumentar a quantidade nacional e a qualidade da oferta de educação para o espectro.
O desenho cuidadoso apoia os desafios da educação do autismo, que exige ambientes especializados e um bom equilíbrio entre o familiar e o estimulante. Este projeto inovador evoluiu ao longo de vários anos e foi terminado em 2008. Programáticamente, o prédio é dividido entre a sede da Treehouse, uma instituição de caridade nacional e o Centro Nacional de Educação para o Autismo. O programa escolar é organizado de acordo com o tipo de ocupante, como alunos, professores, funcionários, convidados/pais.
O prédio é dividido em duas metades, uma sendo focada no aluno, a outra sendo focado na equipe, movendo-se de dentro para fora. O piso do segundo andar possui o mesmo layout do primeiro. Os alunos de um lado, funcionários e professores do outro (Imagem 24).
Imagem
24
- Programa de Necessidades
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
A escola é retangular, com formato simples, mas os arquitetos trabalham com a fachada e os espaços internos de acordo com a sustentabilidade. Com a área central interna servindo como espaço de transição para as salas de aula. Com sua área de circulação composta por claraboias que desempenham um papel fundamental nas estratégias de iluminação natural e nas estratégias de resfriamento passivo.
Imagem 25 - Centro Nacional de Educação para o Autismo, detalhes construtivos.


CIRCULAÇÃO

(Fonte: Max Fordham, 2011).
O Centro Nacional de Educação para o Autismo tem um fluxo de circulação linear básico. Visitantes, alunos, professores e funcionários entram no edifício pela entrada principal. Conseguimos perceber três tipos de circulações diferentes através do estudo.
A circulação primária acontece no centro do edifício, especificando circulações fáceis por corredores lineares, dessas vias primárias ramifica-se a circulação secundária, onde conduz aos espaços específicos dos ocupantes, como salas de aula, espaços coletivos, e áreas de
tratamento. Já a circulação terciária acontece dentro das próprias salas (Imagem 26).
Imagem 26 - Circulação
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
MATERIAIS E CORES
A paleta de cores parece se relacionar com os materiais usados, tais como: transparência, terroso ou neutro. As cores neutras são geralmente em tons de cinza e as cores terrosas estão presentes nas peças de madeira e tijolos. A transparência está inclusa nas clarabóias e em seus fechamentos de vidro, como portas e janelas.
Na parte externa, as cores terrosas parecem articular-se na fachada e também nos átrios ou espaços partilhados, realçando os espaços que servem de ligação ao exterior. Isso é mostrado no piso de madeira, venezianas de madeira e tijolos usados na fachada.
Já na parte interna, as cores neutras estão presentes nas salas individuais. Todos os elementos arquitetônicos permanentes nesses espaços individualizados são neutros: branco ou cinza. Isso inclui os sinos nas paredes e o concreto aparente.
Imagem 27 - Centro Nacional de Educação para o Autismo, detalhes de materiais e cores.



ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO
O verão em Londres é mais curto que o inverno, portanto, no verão o céu fica parcialmente encoberto e no inverno, faz muito frio, ventos fortes e o céu fica praticamente todo coberto por nuvens. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 4 °C a 23 °C e raramente é inferior a -1 °C ou superior a 29 °C. (Spark, Weather, 2016)
A parte interna do prédio possui claraboias que se tornam um ponto principal e fundamental de toda a construção, elas variam de tamanho, localização e forma, às vezes se estendendo até o segundo andar, criando espaços de pé direito duplo.
Portanto, quando pensamos no edifício vemos que o ganho de calor ocorre ao longo do dia, pelas janelas que revestem toda a fachada e pelas várias clarabóias. O telhado é inclinado para maximizar o ganho de luz do dia e calor. Como o concreto absorve calor o dia todo, as clarabóias podem ser operadas para resfriar passivamente o prédio durante a noite.
O prédio também usa ventilação de ar acoplado. Segundo os arquitetos, o edifício está previsto para usar 67% menos energia do que os padrões de energia estabelecidos na orientação da grande autoridade de Londres para planejadores. 10% da energia será derivada de fontes de energia renováveis (tubos de ar acoplados) (Imagem 27 e 28).
(Fonte: Max Fordham, 2011).
Imagem 28 - Setorização
Imagem 30 - Detalhes internos - Ventilação e Iluminação


(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Imagem 29 - Corte Esquemático Ventilação e Iluminação
CONCLUSÃO
Quando analisamos, percebemos que o ponto positivo dessa construção é toda a solução energética que ela trabalha, tanto com as clarabóias, quanto com as aberturas, materiais construtivos e tons internos.
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Quando pensamos na parte negativa e paramos para olhar de perto sua planta de pavimento e vinculamos ela com as soluções arquitetônicas relacionadas ao autismo, percebemos que talvez ela não funcione tão bem, por mais que pareça linear e fácil, conseguimos entender ela um pouco tanto quanto confusa, vista aos olhos de crianças portadoras de TEA.
(Fonte: Max Fordham, 2011).

The Pears National Centre for Autism

Teuba Arquitetura e Urbanismo
3.3 SESC - JUNDIAI

Localização: Jundiaí, Brasil
Habitantes: 423.006 Mil
Área: 431,2 km²
Localizado no bairro do Jardim Botânico em Jundiaí, o SESC se encaixa perfeitamente no contexto do entorno, composto por um parque ecológico e grandes empreendimentos, como mercados, o Paço Municipal, o Centro Tradicional Urbano e a Serra do Japi, área de preservação de mata atlântica e a prefeitura da cidade. O SESC ainda fica colado ao rio Jundiaí, que corta a cidade, juntamente com o fácil acesso de chegar até o local, graças à Rodovia Ver. Geraldo Dias (Imagem 30 e 31).
31 - Implantação e classificação de vias
Imagem
(Fonte: Google Maps, Editado pela autora, 2021).
ESCRITÓRIO
As arquitetas e urbanistas Christina de Castro Mello e Rita de Cassia Alvez Vaz estão no comando do escritório Teuba Arquitetura e Urbanismo há 37 anos.
O escritório é responsável pela elaboração e execução de inúmeros projetos na área de lazer, cultura, prédios educacionais, restauros de edifícios históricos, prédios administrativos, habitacionais, comércio, projetos para transportes ferroviários e planos diretores.
As arquitetas ainda são responsáveis pelo projeto e execução do SESC Jundiaí, SESC Birigui e a reforma da orquestra mágica do SESC Itaquera.
Imagem 32 - Teuba Arquitetura


(Fonte: Casa Abril, 2016).
PROJETO
Tamanho: 19.752 m²
Data de conclusão: 2014
O projeto do SESC Jundiaí foi criado especialmente para os cidadãos da cidade de Jundiaí, mais especificamente, para os trabalhadores do comércio e serviços públicos. O Serviço Social do Comércio (SESC) possui multi atividades de lazer e cultura, tais como: esportes, artes, leitura e saúde para toda a população municipal.
A introdução do projeto de lazer e cultura na cidade e no terreno foram pontos que demandam um melhor entendimento das arquitetas, já que as características do espaço eram espaciais, como o terreno ser estreito e comprido, o local estar próximo do rio jundiaí, do jardim botânico e localizado em um dos pontos mais altos da cidade.
O conceito das arquitetas em relação ao que elas esperavam do projeto era claro: leveza, transparência, espaços integrados internos e externos, fluidez dos ambientes e a aparência externa não ser parecida com “caixas”. Elas pretendiam trazer esses efeitos a partir de elementos da arquitetura que remetesse à arquitetura tradicional brasileira, com chão de cerâmica, tetos amadeirados e grandes varandas.
RITA DE CASSIA
ALVES VAZ CHRISTINA DE CASTRO MELLO
Imagem 33 - Sesc Jundiai - Detalhes Internos.



(Fonte: Galeria da Arquitetura, 2015).
O bloco horizontal é o que possui um maior diferencial de atividades conforme os pavimentos. Começando pelo pavimento do subsolo, onde se encontram os estacionamentos, depósitos e salas de serviços gerais e jardins ao entorno para melhorar a ventilação natural e a iluminação.
Seguindo pelo pavimento térreo, considerado o com maior fluxo de atividades, composto por um enorme hall de entrada e espaço para circulação, tendo ainda acesso á teatro, áreas administrativas, de serviços gerais vestiários, setor médico, área odontológica, espaço infantil, biblioteca e local para oficina de tecnologia e informação.
O pavimento superior é integrado ao pavimento térreo pelo vazio do grande hall com espaços expositivos, com acesso ao ginásio múltiplo uso, localizado na parte vertical do edifício.
Em todos os pavimentos vemos a preocupação com a acessibilidade como mostrado nas setorizações, por possuírem sanitários adaptados para portadores de mobilidade reduzida (PMR) e portadores de cadeira de rodas (PCR), e com mais de um elevador que atende todos os níveis, além de rampas no acessam os pavimentos, e podem funcionar como saídas de emergência.
Imagem 34 - Setorização












(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
SISTEMA CONSTRUTIVO
O edifício é feito com estrutura metálica e concreto armado em sua maior parte e o cilindro do ginásio
A cobertura do ginásio cilíndrico mede 44m e é coberta por telhas metálicas que possuem isolantes térmicos e acústicos, além disso, a inclinação das telhas encaminham a água pluvial para uma calha metálica com 1.10 de largura, esse sistema acontece por conta do sistema amortecedor da chuva, que também é um complemento do isolamento térmico composto por chapas cimentícias que são revestidas com cacos de cerâmica que formam um eclipse em mosaico com tons de azul, estes ficam acima das copas das árvores do jardim botânico.
As esquadrias são compostas por grandes vidros estruturados por perfis de aço e silicone, que criam a transparência e leveza desejada pelas arquitetas, possibilitando assim, a integração do interior com o exterior.
Imagem 35 - Corte Esquemático.
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Imagem 36 - Sesc Jundiai - Detalhes Construtivos




(Fonte: Kurkdjian Fruchtengarten, 2013).
MATERIAIS E CORES
Com cores neutras na grande maioria dos cômodos do edifício, percebemos que a paleta de cores casa com os elementos construtivos utilizados para a construção do projeto. Bastante uso de vidros, cores quase nulas, se misturando com o concreto da parede e do piso, faz com que os ambientes se amplifiquem. A ligação do interior com o exterior no espaço de lazer fica bem visível, trazendo uma sensação de leveza e um maior conforto térmico.
Tirando as cores neutras, alguns detalhes do prédio são feitos em azul, como alguns mobiliários e a cobertura circular do ginásio.
Imagem 37 - Sesc Jundiai - Detalhes Externos e Internos




(Fonte: Galeria da Arquitetura, 2015).
ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO
O Sesc Jundiaí faz a junção de características especiais como a inserção na paisagem com grandes aberturas feitas em vidro para contemplar a bela paisagem do entorno. A ventilação permanente e cruzada, com circulação por efeito chaminé, ou seja, a obra e o projeto do SESC Jundiaí segue os princípios de sustentabilidade atuais (GALERIA DA ARQUITETURA, 2017).
Seguindo o conceito de sustentabilidade, a ventilação cruzada pode renovar permanentemente o ar natural sem a necessidade de equipamentos e custos de energia.O que acontece porque as aberturas dos pavimentos térreo, superior e cobertura, causam a renovação do ar por efeito chaminé (ARCHDAILY, 2017).
Além disso, toda a iluminação natural que entra no edifício por meio dos grandes vidros faz com que a economia de iluminação artificial aconteça. O Sesc ainda contém placas de energia solar para ajudar a amenizar os gastos com iluminação artificial, aquecimento de água e etc.
Imagem 38 - Sesc Jundiai - Corte Esquemático Ventilação.
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
SESC - JUNDIAI

Teuba Arquitetura e Urbanismo
3.4 Hospital Infantil Nemours


Stanley Beaman & Sears
Localização: Orlando, Flórida.
Habitantes: 280.832 Mil
Área: 294,6 km²
Localizado no bairro de Lake Nona em Orlando, o Hospital Infantil Nemours se situa em um bairro tranquilo e familiar, cheio de casas tipicamente americanas. Além das casas e do bairro familiar, o prédio também fica próximo de mais dois centros médicos, sendo o UCF Lake Nona Medical Center, Hospital da universidade de medicina, também localizado no bairro e o Hospital principal de Orlando, o Orlando VA Medical Center.
Imagem 39 - Implantação - Classificação de Vias
(Fonte: Google Maps, Editado pela autora, 2021).
ESCRITÓRIO
O escritório Stanley Beaman & Sears, com sua sede principal ficando em Atlanta, o escritório possui vários arquitetos responsáveis por inúmeros projetos, o feito mais recente do escritório foi se unir com o EYP Inc, que se localiza em New York, para a especialização e enfoque em projetos relacionados à saúde. A união dos escritórios faz com que as ofertas do escritório de Stanley Beaman & Sears para incluir consultoria em energia e sustentabilidade, estratégia de local de trabalho saudável e preservação histórica e criará um dos maiores grupos de design de cuidados de saúde dos Estados Unidos.
Betsy Beaman é a principal fundadora do escritório com mais de 30 anos de experiência que liderou o planejamento e o design geral do Nemours Children ‘s Hospital.
Imagem 40 - Stanley Beaman & Sears

(Fonte: SEGD, 2014).
PROJETO
Tamanho: 192.000 m²
Data de conclusão: 2012
Nemours Children ‘s Hospital cuida das crianças com doenças crônicas, com diagnósticos médicos complexos e doenças consideradas fatais. Com o lema de “ambiente de cura” a solução arquitetônica do projeto surgiu através dos jardins, o hospital possui diversos jardins, buscando uma qualidade de afirmação da vida, servindo como um espaço para os pais se tranquilizarem e para chamar a atenção das crianças, deixando-as mais confortáveis.
Com seu foco sendo nas crianças e nas famílias, algumas estratégias foram atribuídas para apoiar as famílias, como, além dos espaços ao ar livre e varandas ajardinadas, os quartos dos pacientes possuem acomodações noturnas para os pais, lavanderia, grandes salões e salas com jogos, áreas amplas para descanso e recreação. As varandas ajardinadas são iluminadas com diferentes tonalidades de cores e com emissão de sons conforme alguém se aproxima, o que diverte e tranquiliza as crianças que ali estão hospitalizadas.
O principal partido do projeto é a cura, por isso o nome “nemours” que quer dizer, “nemora”, uma palavra que significa um santuário de árvores habitado por Deus, onde nele se busca a qualidade de vida.
Uma das soluções encontradas é o resultado de uma colaboração de diversos investidores por partes do próprio hospital, incluindo funcionários, administradores, profissionais da saúde e um comitê familiar de alguns pais de crianças.
BETSY BEAMAN
Imagem 41 - Nemours, detalhes internos.




(Fonte: Jonathan Hillyer, 2013)
,).
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Imagem 42 - Setorização
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Com 100 salas de exame, 95 leitos de emergência, 32 leitos de exames, auditório, salas de recreação, consultórios clínicos gerais e de especialidades e um centro cirúrgico podendo atender à cirurgias simples, complexas ou gerais o Hospital Nemours Children compõe vários níveis de tratamento para diferentes tipos de doenças, como simples ou complexas, quartos dos pacientes projetados por famílias para famílias, técnologia, e espaços verdes para terapia e cura.
MATERIAIS E CORES
Os sistemas construtivos apresentados nas fachadas e as áreas externas do edifício são do sistema de pré moldados, também apresentam painéis de metal e uma grande quantidade de vidro.
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).
Já na parte interna, percebemos uma grande quantidade de diferentes tipos de acabamentos, remetendo o ambiente a algo clean e limpo, o que deixa o ambiente moderno, que automaticamente se contrasta com o mobiliário colorido e ilustrações divertidas.
O detalhe da iluminação dos quartos pode ser escolhido pela criança, o que deixa a fachada colorida, dando um efeito divertido e diferente para a fachada do hospital.
Imagem 43 - Nemours Fachada

Imagem 44 - Nemours - Detalhes Internos




(Fonte: Jonathan Hillyer, 2013)
(Fonte: Jonathan Hillyer, 2013)
ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO
Em Orlando, o clima é tropical, quente e úmido, com estações climáticas bem diferentes, como uma delas é o clima quente e chuvoso, que acontece em meados de abril e setembro, e a outra é fria e com poucas chuvas, o que acontece entre outubro e março.
As temperaturas médias variam de 22ºC, podendo atingir até 45ºC. Tempestades em Orlando são comuns diariamente, já no inverno, a umidade fica baixa e os termômetros também, pois a temperatura não ultrapassa os 20ºC.
Como o clima é subtropical , a solução para amenizar as características climáticas é amenizar a incidência solar direta dentro do ambiente, e o sombreamento nos espaços externos. Como o Hospital está localizado em uma região com um alto nível de lençóis freáticos, o que levou os arquitetos a projetar uma rampa curva para elevar a entrada do hospital, criando um “porão” iluminado para um depósito externo.
Imagem 45 - Corte Esquemático, ventilação e iluminação
(Fonte: Elaborado pela autora, 2021).

3.3 Hospital Infantil Nemours
Stanley Beaman & Sears

3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ESTUDO E CASO
Conforme visto acima, conseguimos entender bastante a relação dos estudos de caso com o Centro de Saúde Infantil Especializado no Transtorno do Espectro Autista, que será realizado em São João da Boa Vista.
Nos três projetos analisados nota-se o uso de condicionantes ambientais, como a iluminação natural, ventilação e acústica. O uso de materiais de formas moderadas, com as partes de desenvolvimento cognitivo e de sensações sensoriais sendo utilizadas através de atividades motoras, cores e paisagismo.