Um dos bairros mais atingidos pelas enchentes de maio de 2024, Conservas tenta superar traumas com esforço comunitário. Centenas de famílias ainda aguardam casas prometidas pelos governos. Associação de moradores defende construção de um ginásio modelo para acolher pessoas em casos de novas calamidades.
PÁGINAS 6, 7 E 8
ALDEIA FOXÁ
AGUARDA POR
NOVA ESCOLA
Espaço atual é considerado insuficiente para atender demanda. Estado garante que construção de unidade está nos planos e “em fase de licitação”.
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Esta é uma conquista da comunidade, que defende o espaço. Muitos pais foram alunos e têm o Centro como referência. Os pais sentem que podem trabalhar tranquilos.”
Um novo olhar sobre os bairros
JARDIM DO CEDRO
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
DA
DOM PEDRO I
Escola municipal mais antiga de Lajeado está em vias de receber um novo bloco escolar. Obras avançaram nos últimos meses e ex-
pectativa da direção e comunidade escolar é de conclusão ainda este ano. Emef Dom Pedro I tem quase 800 alunos.
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A VOZ DO BAIRRO
Caminhos para o desenvolvimento
Ainda que sejam vizinhos e tenham muito em comum, Conservas e Jardim do Cedro hoje representam realidades distintas no cenário de Lajeado. Enquanto um dos bairros luta para sobreviver depois de ser devastado por uma inundação, o outro busca manter um crescimento equilibrado diante da expansão populacional.
A enchente de 2024 deixou muitas marcas nessas comunidades. Para o Conservas, o duro desafio do recomeço. São centenas de famílias que precisaram deixar seus lares. Seja por conta da força da natureza ou mesmo como forma de prevenção. Outras pessoas e empreendedores resistem, ainda que o trauma e o medo permaneçam bem vivos. No Jardim do Cedro, o efeito contrário. Pouco atingido, o bairro foi o local escolhido para o recomeço de muitas pessoas. Não só de Lajeado, mas moradores de outros municípios do Vale atingidos pelas cheias viram neste bairro uma oportunidade para mudarem de vida, longe de qualquer risco hidrológico. Desafios distintos, é verdade, mas que retratam a complexidade do momento vivido por Lajeado. Ao mesmo tempo em que a cidade mantém uma pujança econômica, também precisa lidar com problemas capazes de travar ou até mesmo inviabilizar esse desenvolvimento para o futuro. É preciso pensar Lajeado como um todo. Não privilegiar bairro A ou B. Todos merecem o mesmo olhar, dentro de suas especificidades. Conservas e Jardim do Cedro não são diferentes de outras localidades. Possuem virtudes e defeitos que precisam ser trabalhados. Sempre pensando no bem-estar da população.
O QUE TEM NO BAIRRO
Conservas e Jardim do Cedro ocupam um espaço considerável no território da zona sul de Lajeado. Mas, assim como outros bairros mais afastados, desfrutam de poucos espaços qualificados para lazer e convívio da comunidade. As opções, por vezes, acabam sendo locais fechados ou campos de futebol.
Campo do Internacional
Espaço que sediou muitas partidas do Sport Club Internacional da Conservas, um dos principais times de futebol amador de Lajeado. Ano passado, recebeu diversas melhorias por parte do Poder Público e virou um dos locais mais frequentados do bairro. local: Conservas (acesso pela rua Nendelino Coletti)
Campo do Jardim do Cedro
Um dos principais espaços para a prática de esportes na cidade, o campinho do bairro é frequentemente utilizado por crianças e adolescentes da comunidade. Nos últimos anos, também se tornou um dos locais de treino da Associação Lajeado de Esportes (ALE).
local: Jardim do Cedro (acesso pela rua Professor Helmuth Martin Rother)
É preciso pensar l ajeado como um todo. Não privilegiar bairro a ou B. Todos merecem o mesmo olhar, dentro de suas especificidades”
Praça Theobaldo Stein
Situada em uma ampla área verde fechada, é frequentemente utilizada por moradores e ocupa um espaço considerável da quadra. Além de brinquedos, o local também tem um campinho para a prática de futebol e outros esportes.
local: Jardim do Cedro (acesso pela rua Antônio Silvestre Arenhart)
Pracinha da Delfino Costa
Situada às margens da avenida Beira Rio, sofreu com as enchentes recentes, sobretudo a de maio de 2024. No entanto, segue sendo frequentada por moradores e, inclusive, sediou um evento comunitário em abril, em celebração à Páscoa.
local: Conservas (acesso pela rua Delfino Costa)
Apresentação
Tex Tos
Mateus Souza, Andreia
Rabaiolli, Maira Schneider e Raica Franz Weiss
Felipe Neitzke Mateus Souza
Grafica Uma/ junto à Zero Hora
UM ANO DEPOIS, RECONSTRUÇÃO SEGUE COMO PRINCIPAL DEMANDA
Conservas foi castigado pela enchente, enquanto o vizinho Jardim do Cedro teve alguns acessos bloqueados e recebeu novos moradores. Temas como saúde, segurança pública e obras viárias também surgem como prioridades
As marcas das últimas grandes enchentes permanecem vivas na memória da população. No Conservas, um ano depois da catástrofe climática, os prejuízos decorrentes das inundações ainda são visíveis. Não à toa, a reconstrução da cidade e as ações contra novos fenômenos estão entre os principais desejos da população. Esses apontamentos constam em pesquisa feita em 2024, que ouviu moradores de toda a cidade sobre quais são as prioridades e as maiores demandas em cada um dos 28 bairros da cidade. A reconstrução foi unânime entre todas as pessoas consultadas no Conservas. Para eles, trata-se da prioridade máxima. Mas não é só no Conservas que este tema repercute com atenção. Embora não tenha sido diretamente afetado pela enchente, o Jardim do Cedro teve dois dos seus três principais acessos bloqueados pelo avanço das águas. Além disso, a proximidade com áreas atingidas sensibiliza a população. Por isso, 73% dos entrevistados também apontam a reconstrução como a principal prioridade.
A pesquisa, parte de um dossiê entregue aos três candidatos a prefeito de Lajeado em agosto de 2024, revelou quais os principais anseios e os pontos mais importantes a serem resolvidos nos bairros da cidade. O documento foi desenvolvido pela empresa Macrovisão, contratada pelo Grupo A Hora.
Dentro do contexto da reconstrução e ações para combater as cheias, a atividade mais destacada por moradores é a necessidade de dragagem de rios e arroios. No Jardim do Cedro, foi citada de forma unanime, enquanto no Conservas, chegou a 84%.
Os pedidos de moradores para serem resolvidos pela administração: (*)
Conservas foi um dos bairros de Lajeado com maior número de perdas em residências
CONSERVAS
- Auxílio às famílias e aos comerciantes atingidos pela enchente para se reerguerem
- Criação de programas para combate à criminalidade
- Criação de um sistema de defesa e prevenção contra catástrofes
- Mais investimentos em educação
- Mais investimentos em saúde
- Mais investimentos em segurança pública
- Melhorias na manutenção de ruas e estradas
- Reconstrução das áreas atingidas pela enchente
JARDIM DO CEDRO
- Mais pavimentações no bairro
- Mais um posto de saúde
- Melhorar a coleta de lixo para as lixeiras não ficarem sempre cheias
- Melhorar a segurança do bairro
- Melhorias na creche
- Melhorias na limpeza urbana da cidade
- Melhorias nas ruas
- Instalação de um supermercado
- Terminar os calçamentos pendentes
(*) O bairro Jardim do Cedro foi pesquisado de forma individual.
Já o Conservas foi analisado em conjunto com o Morro 25.
Pedidos para áreas essenciais
Já a segunda demanda mais mencionada por moradores varia conforme o bairro. No Conservas, por exemplo, a preocupação maior para 64% dos entrevistados se refere ao atendimento em saúde e também às
melhorias na área da segurança pública.
No Jardim do Cedro, a segunda demanda com mais citações na pesquisa é diferente. Pouco mais de 60% das pessoas ouvidas consideram a construção de novas pontes e de obras viárias como uma importante prioridade do momento.
FICHA TÉCNICA DOS BAIRROS
CONSERVAS
População: 1.885 pessoas
Área: 1,09 km²
Densidade: 1.736,99 habitantes por km²
Principais vias: Avenida Beira Rio, Avenida Henrique Stein Filho, Delfino Costa, João Avelino Maria, Nendelino Coletti
JARDIM DO CEDRO
População: 7.013 pessoas
Área: 2,52 km²
Densidade: 2.782,11 habitantes por km²
Principais vias: Avenida Henrique Stein Filho, Arnoldo Uhry, Emílio Haas, João Fernando Schneider, ERS-130
Questões abertas
Na parte das questões abertas, quando os entrevistados foram convidados a se manifestar sobre ações prioritárias de obras ou melhorias nos bairros, diversos temas surgiram, e variam conforme o bairro. No Conservas, por exemplo, ocorreram diversas menções relacionadas ao pós-enchente, como a necessidade de um maior apoio às famílias e comerciantes atingidos pelas inundações, e também à segurança pública, como a criação de programas para combate à criminalidade e mais investimentos no setor.
Já no Jardim do Cedro, dominaram as menções relacionadas à pavimentação de ruas e também à limpeza urbana, mas também se destacam pedidos para instalação de empreendimentos dos mais variados tipos, como supermercados e farmácias. Fruto do novo momento vivido pelo bairro, cada vez mais autônomo.
FUTURO PASSA POR INVESTIMENTOS
Conservas e Jardim do Cedro deram sequência à rodada de debates com as comunidades da cidade, dentro de projeto do A Hora. Entre os temas abordados, melhorias como pavimentação em ruas e em equipamentos públicos
Lado a lado, com virtudes e desafios distintos, Conservas e Jardim do Cedro trilham seus próprios caminhos para alcançarem um patamar de desenvolvimento ordenado e igualitário. Se um sofre com as consequências de uma calamidade, o outro tenta manter a expansão em meio aos gargalos em infraestrutura.
Os dois bairros deram sequência ao projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”, com um programa especial veiculado junto ao “Conexão Regional˜, na tarde da última terça-feira, 27 de maio, junto ao estúdio da Rádio A Hora. É o quinto debate veiculado desde a retomada das discussões, em janeiro deste ano.
Juntos, os dois bairros totalizam cerca de 9 mil habitantes, conforme dados oficiais do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, há quem aposte em um número maior, sobretudo por conta da expansão do Jardim do Cedro nos últimos anos, ficando atrás apenas de Conventos entre os mais populosos de Lajeado.
Pela Associação de Moradores do Conventos, participou do debate o presidente reeleito, Claudiomir Couto da Silva, o Coutinho. Na Associação de Moradores do
Jardim do Cedro, o representante escolhido foi o também presidente, Marino Barcé. Já pelo Poder Executivo, o secretário de Obras, Fabiano Bergmann, foi o convidado.
Soluções mais próximas
Barcé destacou a importância do diálogo com a nova gestão municipal. Segundo ele, a atual administração tem demonstrado maior preocupação com os bairros, promovendo reuniões com lideranças comunitárias e executando ações de limpeza e revitalização.
“Estamos vendo um olhar voltado para os bairros, algo que não acontecia antes. É importante para nós, moradores, perceber esse envolvimento. Recentemente tivemos uma grande ação de limpeza no nosso bairro e isso valoriza a comunidade”, afirma.
Já Coutinho reforçou o reconhecimento pela atenção dada às comunidades. No entanto, ressaltou os impactos severos da enchente no bairro Conservas, que sofreu com perdas materiais significativas e o deslocamento de diversas famílias.
“Muitos moradores ainda aguardam por uma solução
A prefeita Gláucia e o vice Guilherme já entenderam a importância de estar nos bairros. Isso faz com que os problemas sejam identificados e resolvidos com mais agilidade”
FABIANO BERGMANN
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE OBRAS
definitiva para as suas moradias. É difícil responder quando nos perguntam por que as casas não saem. A gente cobra, mas também entende que a situação é delicada”, salienta.
Às margens do Taquari, Conservas busca se reerguer
Um dos principais pontos levantados por Coutinho foi a situação do ginásio comunitário do bairro, que hoje não oferece estrutura adequada para atender à população em momentos de emergência. “O prédio foi construído aos poucos, sem planejamento, e hoje não comporta nem uma quadra. Durante a última enchente, mesmo condenado pela Defesa Civil, ele foi usado como abrigo. O ideal seria demolir e construir um ginásio de verdade, que pudesse servir a escola, à creche e aos moradores em momentos de crise”.
Além da reconstrução estrutural, Coutinho chamou atenção para a urgência de soluções mais próximas dos bairros afetados. Segundo ele, deslocar famílias para regiões como o Alto do Parque, longe de suas casas e bens, não é a melhor alternativa. “Ninguém quer sair do seu bairro e ficar em um ginásio longe, sem poder cuidar do que sobrou. A gente precisa de estruturas seguras dentro da própria comunidade”.
Tem muita rua sem calçamento. As famílias sofrem com a poeira no verão, e no inverno vira barro. Para fazer uma quadra precisa ter 100% de adesão, e é difícil conseguir”
MARINO BARCÉ PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO JARDIM DO CEDRO
Debate trouxe o olhar dos líderes comunitários e do município
Crescimento acelerado
Com uma população que mais do que dobrou nos últimos dez anos, o Jardim do Cedro segue em constante expansão, mas ainda convive com desafios que atravan-
E ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO
cam seu pleno desenvolvimento.
Barcé aponta o calçamento como principal demanda da comunidade.
“Tem muita rua sem calçamento. As famílias sofrem com a poeira no verão, e no inverno vira barro. Para fazer uma quadra precisa ter 100% de adesão, e é difícil conseguir. Um terreno de 12 metros chega a custar R$ 5 mil para calçar, e muita gente não tem condições”, lamenta. Ele cita áreas próximas ao bairro Santo Antônio, como a rua Bela Vista, que aguardam há anos por melhorias. “Chegou a circular o boato de que viria verba para asfaltar, mas até agora nada se confirmou. E como passam ônibus, o pessoal acredita que a prefeitura deveria assumir o calçamento”, completa.
Apesar das dificuldades, o bairro conta com importantes equipamentos públicos. O ginásio comunitário, por exemplo, é referência na cidade. “A estrutura é bem cuidada, fruto do trabalho de várias gestões. Temos escolinhas funcionando ali, inclusive uma do município no contraturno escolar, e isso é essencial para ocupar as crianças”, destaca.
A saúde também é bem avaliada no bairro. O posto de saúde, apesar de registrar eventuais faltas de profissionais, tem prestado atendimento com agilidade, conforme aponta o presidente da entidade. “O posto acolhe bem a comunidade. Quando falta algum médico, a Secretaria resolve rápido.”
Barcé já prepara a sucessão: em dezembro haverá nova eleição para a Associação de Moradores. “Já cumpri meu papel. Agora é hora dos mais novos assumirem. Em um bairro com mais de 7 mil moradores, com certeza alguém vai topar o desafio”, finaliza.
Mutirões e parceria para pavimentação
Ao ouvir as manifestações dos líderes comunitários, Bergmann, afirmou que a atual gestão tem buscado uma aproximação com os bairros por meio de mutirões e ações presenciais. “A prefeita Gláucia e o vice Guilherme já entenderam a importância de estar nos bairros. Isso faz com que os problemas sejam identificados e resolvidos com mais agilidade”,
afirmou.
Um dos principais pontos abordados por Bergmann foi o modelo de pavimentação comunitária, que, segundo ele, é a principal alternativa para viabilizar obras em ruas sem recursos estaduais ou federais. “O município entra com os canos, a base, a máquina, o pedrisco. A comunidade entra com as pedras e a mão de obra. É uma parceria que tem funcionado.”
Ele também ressaltou a importância da clareza com os moradores. “Não adianta prometer asfalto gratuito se não há previsão legal. Existe sim a cobrança de metade da obra, e o município arca com a outra parte. Essa é a realidade que estamos conseguindo executar.”
Reconhecimento e compromisso com o futuro
Ao final do debate, os presidentes dos bairros agradeceram o espaço e reforçaram o papel do A Hora em dar voz às comunidades. Barcé, em tom descontraído, destacou a relação construída ao longo dos anos com os servidores
Jardim do Cedro se consolida como 2º maior bairro
municipais.
“A gente briga quando precisa, mas é com respeito. E o retorno acontece”. Na mesma linha, Coutinho garante que pretende manter uma luta constante por melhorias do bairro, mas sempre buscando um diálogo. “Nós estamos sempre correndo atrás, pois o bairro sempre vai ter demandas a serem resolvidas”.
PRÓXIMOS DEBATES
A partir de junho, o debate “Um novo olhar sobre os Bairros” volta a ser transmitido diretamente das comunidades. As conversas com líderes comunitários, empresários e representantes do Poder Público serão gravadas e transmitidas junto à programação noturna da Rádio A Hora.
A apresentação será dos jornalistas Mateus Souza e Maira Schneider.
CRONOGRAMA
Junho: Jardim Botânico e Montanha
Julho: Bom Pastor e Conventos
Agosto: Carneiros, Hidráulica e Universitário
FELIPE NEITZKE
BAIRRO RESISTE E BUSCA SE RECONSTRUIR. PELO MENOS
140 FAMÍLIAS AGUARDAM CASAS
Conservas foi uma das localidades mais atingidas pelas inundações de setembro e novembro de 2023 e maio de 2024. Muitas pessoas deixaram a localidade, mas outras tentam se reerguer em seus lares. Região será uma das contemplada com moradias do Minha Casa, Minha Vida
Quatro grandes inundações num período de nove meses. Uma delas, a maior da história da região. Entre os 28 bairros de Lajeado, o Conservas está entre os que mais sofreu com os efeitos das cheias do Rio Taquari e do Arroio Saraquá. A comunidade enfrenta prejuízos significativos em infraestrutura, habitação e também na economia local.
Um ano depois da enchente de maio – que chegou a 33,66 metros –, o bairro busca se reerguer. Se muitos moradores deixaram, de maneira forçada suas casas, outros resistiram. Reconstruíram e retomaram a vida em lares que ficaram inundados. Empreendedores também reabriram seus negócios às margens do rio.
Conforme levantamento da administração municipal de Lajeado, 42 famílias foram afetadas pela enchente no bairro Conservas. Isso totaliza 124 pessoas. À
época, no ápice da inundação, 19 famílias foram acolhidas na capela da comunidade, enquanto 23 famílias receberam abrigo no pavilhão.
Um ano depois, 140 famílias do bairro aguardam uma residência. A espera é angustiante. Muitas famílias incluídas no programa de aluguel social voltam para as proximidades de onde residiam, sem conseguir alugar casas dentro do valor estipulado pelo governo.
Burocracia
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Conservas, Claudiomir Couto da Silva, o Coutinho, a burocracia da Caixa Econômica Federal na seleção de imóveis pelo programa ‘Compra Assistida’ tem irritado os moradores. As famílias podem escolher casas de até R$ 200 mil, mas o processo emperra a concretização da compra.
“Tem gente disposta a adquirir
imóveis de R$ 220 mil e pagar a diferença do próprio bolso, mas a Caixa não permite. É revoltante”, desabafa.
Por outro lado, das 439 famílias que solicitaram o Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil, 431 foram contempladas, enquanto oito ainda aguardam o benefício do governo federal.
Enchente levou casa e oficina
Elenara Lima mora na rua João Avelino Maria com o marido,
Tiago Martini, e os quatro filhos, o mais novo, um bebê de 9 meses. A enchente levou embora a casa e a oficina da família. Hoje, eles conseguiram reerguer a oficina com telhas de zinco e vivem, de forma improvisada, em uma pequena moradia de pedra. A antiga foi embargada. Durante a tragédia, a família foi acolhida no ginásio do bairro. Grávida na época, Elenara precisou ir a Porto Alegre, onde deu à luz na casa da mãe. Ela, Tiago e os filhos permaneceram na capital por quatro meses, até decidirem voltar ao Conservas para refazer a vida. Geladeira, armário, pia, tudo é improvisado ou foi achado na rua.
A casa improvisada não é
dos símbolos do bairro. Às margens dela, há casas destruídas e outras reconstruídas
adequada para o bebê, que já teve pneumonia. A prefeitura cedeu algumas tábuas e madeiras para preencher as janelas. “A gente tapou o que deu, para poder entrar pra dentro”, conta Elenara. Agora, esperam uma moradia definitiva do governo federal. Estão na lista do programa ‘Compra Assistida’, mas não sabem quando serão chamados. “Pouca coisa mudou em um ano”, reclama ela, enquanto aguarda dias melhores. Segundo a administração municipal, a família de Elenara é acompanhada pela assistente social Nicela Wendt e está inserida no Programa PAIF Infantil (Programa de Atenção Integral à Família), recebendo acompanhamento social e ações voltadas à melhoria da qualidade de vida, com ênfase na primeira infância.
Áreas de lazer
Nos planos do município de Lajeado, está a possibilidade de reocupar as chamadas zonas de arrasto em “verdadeiros oásis urbanos”. A proposta inclui a criação de parques, praças e áreas comuns que, além de serem capazes de suportar alagamentos, servirão como locais de lazer,
Pouca coisa mudou em um ano”
ELENARA LIMA MORADORA
Avenida Beira Rio é um
OLHOS “ Família de Elenara espera uma casa definitiva
Diversas casas, como a de Coutinho, foram afetadas pela enchente
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população.
Em parceria com a Univates, um estudo será realizado para entender os impactos dos rios nessas regiões, garantindo que as decisões tomadas sejam sustentáveis e eficazes. No entanto, ainda não há prazo para que esses projetos sejam executados.
“Para evitar prejuízos significativos, os projetos para essas áreas públicas devem incluir equipa-
mentos adaptáveis às cheias, utilizando materiais que possam submergir sem danos”, destaca o secretário de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, Alex Schmitt.
Casas no bairro
Conservas é um dos 10 bairros de Lajeado que receberão novas moradias, dentro dos projetos habitacionais estabelecidos pelos
Obras após as cheias
– A administração investiu R$ 459.819,63 no calçamento das ruas João Avelino Maria, Paulino Geraldo da Rosa e Maria Oraides da Rocha; – Reconstrução da Avenida Beira Rio no trecho entre a empresa Sucatas Wiebeling, no bairro Morro 25, até a divisa com Cruzeiro do Sul; – Executou melhorias na Ponto do Arroio Saraquá, telas de proteção para pedestres, iluminação e construção de calçada; – A Avenida Beira Rio recebeu novas paradas de ônibus.
Encontro na praça
– A administração municipal intensificou os serviços no bairro, após a tragédia, reconstruindo ruas, pontes e aprimorando a iluminação;
– A praça se tornou local aprazível. Mineia da Silva mora no Conservas há 20 anos. Na praça restaurada após a enchente, toma chimarrão com as amigas. A brita recolocada, novos brinquedos e a quadra reformada, atraem as moradoras. As crianças têm um espaço para brincar.
– “Mas ainda falta a construção de um ginásio, que possa acolher as pessoas afetadas pelas enchentes”, reforça.
Ponte do Saraquá passou por melhorias no começo deste ano
governos estadual, federal e da iniciativa privada, que projetam a construção de quase 400 casas. Ao todo, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, serão 11 casas construídas no Conservas, por meio de recursos federais. O programa Minha Casa, Minha Vida – Calamidades, contempla 128 novas habitações, e alcança também os bairros Conventos, Jardim do Cedro e Morro 25.
COMUNIDADE DO CONSERVAS BUSCA CONSTRUÇÃO DE GINÁSIO MODELO
Proposta da Associação de Moradores é ter estrutura para abrigar desalojados em eventuais enchentes. Outra demanda urgente é permanência de caminhões no bairro para retirar famílias em emergências
OConservas, um dos locais mais atingidos pela enchente de 2024, se refaz com a união dos moradores que desejam a construção de um ginásio padrão para acolher desajolados em momentos de crise. O pavilhão coberto, condenado pela Defesa Civil após a tragédia de maio de 2024, corre risco de desabar.
“Apesar de condenado, tivemos de reabrir o pavilhão na tragédia, para abrigar 23 famílias”, relata o presidente da Associação de Moradores, Claudiomir Lindomar Couto da Silva, o Coutinho. “Durante a enchente, muitos moradores preferiram permanecer no bairro a serem deslocados até o Parque do Imigrante, que é distante e os móveis se extraviam nas mudanças”, revela.
A água inundou a residência de dois pisos de Coutinho, que perdeu tudo. “A água passou do telhado. Na hora de limpar, tirei dez caminhões-caçamba de lama”, enfatiza. Com um prejuízo de R$ 70 mil, ele reconstroi a casa aos poucos. Refez o telhado, repintou as paredes e adquiriu novos móveis.
Morador há 45 anos, Coutinho é conhecido das crianças como instrutor de futebol. Outra demanda urgente é a permanência de dois caminhões no bairro, prontos para remoções durante os períodos de cheia. A comunidade defende que a resposta precisa ser imediata.
Um local para treinar
Os moradores querem substituir o pavilhão por um ginásio com quadras amplas, a
Coutinho sonha com um ginásio padrão, fundamental para acolher desalojados em possíveis enchentes
exemplo de estruturas existentes em outros bairros da cidade. O espaço atenderia também os alunos da Escola Estadual São João Bosco, que não têm onde praticar atividades físicas. Coutinho acredita que o esporte é uma ferramenta social, importante para a disciplina, respeito e manter os estudantes ativos, longe dos perigos do cotidiano. “Lutamos muito para que essa obra saia do papel”.
Espaço em análise
Segundo a Administração de Lajeado, o município já fez o cadastro junto ao governo federal, solicitando a construção de um espaço esportivo comunitário no Bairro Conservas. O pedido está em análise.
O projeto encaminhado pelo governo prevê um campo de futebol society com grama sintética, uma quadra 3x3 (meia quadra de basquete), pista de caminhada e parquinho infantil.
Continuidade
– Claudiomir Coutinho é uma liderança importante dentro do bairro. A ponto de ser reconduzido, no começo do ano, a mais um mandato para presidir a Associação de Moradores do bairro Conservas; – Ele liderou a chapa única e foi reeleito. Coutinho já está à frente da Associação há três anos e continuará pelos próximos dois; – Junto com ele, assumiu a vice Neusa dos Santos, a Baixinha, Marco Antônio de Souza como secretário, e Fernando Kell e Leopoldo Nascimento como tesoureiros;
– Coutinho também é presidente do clube de futebol Internacional de Conservas há anos.
Durante a tragédia, tivemos de reabrir o pavilhão condenado para abrigar 23 famílias”
CLAUDIOMIR LINDOMAR COUTO DA SILVA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO CONSERVAS
Melhoras no campo do bairro
Não é de hoje que a comunidade do Conservas busca melhorias no ginásio e nas áreas de lazer do bairro. O assunto já foi abordado em outra reportagem, ao mesmo tempo em que A Hora contava as melhorias executadas nos espaços de lazer, como o campo de futebol, que recebeu melhorias em 2023.
CENTRO NORA PASSA A RECEBER MENINOS E AMPLIA ATENDIMENTOS
Espaço fortalece atuação ao atender aos anseios de famílias dos bairros Conservas, Jardim do Cedro e Santo Antônio
OCentro Nora Oderich passa por uma importante transformação ao ampliar o atendimento para meninos dos bairros Conservas, Jardim do Cedro e Santo Antônio. A instituição, há 47 anos é referência em educação e durante 46 deles, chegou a acolher 120 meninas.
O atendimentoa meninos iniciou para o público de 2 a 6 anos, e nos próximos, oferecerá vagas ao contraturno escolar, de 6 aos 15 anos. Com o acréscimo de garotos, o número saltou para 208 estudantes.
O espaço agora conta com seis novas salas, banheiros masculino e feminino e uma lavanderia. As melhorias foram realizadas em etapas, com recursos do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Aos poucos, a cozinha e a padaria também foram reformuladas.
A comunidade celebrou as mudanças durante a reinauguração, no dia 28 de maio. “Esta é uma conquista da comunidade, que defende o espaço. Muitos pais foram alunos e têm o Centro como referência”, salienta a diretora Lisle Luisa Bruch Lima.
Atividades estimulam
Anteriormente conhecido como Lar da Menina, o espaço passou a se chamar Centro Nora Oderich para refletir o atendimento ao público misto.
Além da ampliação da estrutura física, o Centro aposta em atividades diversificadas, da música à capoeira, do esporte à leitura. O atendimento agrada pais e crianças. “Temos 23 colaboradores fixos”, informa a diretora.
Artur Luis, de 8 anos, ingressou este ano. Após as aulas na Escola Municipal de Educação Infantil
Dom Pedro I, frequenta o Nora. O lanche saudável, o futebol e as aulas de informática fazem parte da nova rotina. “Gosto de estar aqui”, diz.
Na sala de música, Alice Rodrigues da Silva, de 10 anos, aprende a tocar bateria, enquanto a amiga, ensaia flauta. “A música me faz bem”, garante. A capoeira também anima os alunos, ao som do pandeiro, com o mestre Carcará conduzindo a atividade com entusiasmo e músicas envolventes.
Na quadra, meninas jogam vôlei e os meninos se revezam entre basquete e futebol.
A segurança e a proposta pedagógica do Nora encantam as famílias. “Os pais sentem que podem trabalhar tranquilos. Temos fila de espera”, comenta Lisle.
Família presente na educação
Na função desde julho de 2024, a diretora vem consolidando o vínculo entre escola e famílias. A proposta é que os pais participem de forma ativa da educação dos filhos. Em maio, um mutirão de limpeza e pintura reuniu pais e equipe. “Família e educação caminham juntas”, destaca.
Artur Luis ingressou no Nora em 2025 e se adapta às atividades
Esta é uma conquista da comunidade, que defende o espaço. Muitos pais foram alunos e têm o Centro como referência. Os pais sentem que podem trabalhar tranquilos. Temos fi la de espera”
Estrutura ampliada e novos ambientes elevam o Lar da Menina a um novo patamar de atendimento
Por que o Nora conquista pais e alunos
O Centro Nora Oderich se sustenta em três pilares que o tornam referência para os pais. São eles: - Segurança - Proposta pedagógica baseada em valores como respeito, disciplina e cidadania, - Alimentação equilibrada, elaborada por nutricionista.
Números contam histórias
-De 120 meninas, o Nora passou a atender 208 crianças e adolescentes - Quatro turmas de educação infantil
- Quatro turmas no contraturno escolar.
- Da Alice, que ama tocar bateria, ao Artur, novo integrante do grupo, todos são acolhidos. “Os filhos se sentem importantes quando os pais participam da escola”, explica Lisle.
LISLE LUISA BRUCH LIMA, DIRETORA
Alice escolhe a bateria nas aulas de música e se diverte com as baquetas
Novo
I o es Tá qu A se pro NT o.
C OM u NIDADE E s CO l AR v I v E E x PECtAt I vA
Emef Dom Pedro I, mais antiga da cidade, terá novo bloco que atenderá alunos da Educação Infantil ao 5º ano com estrutura moderna, ginásio, pátios amplos e tecnologia de ponta. Obra deve ser entregue ainda este ano
Cm 106 anos de história, completados no último dia 25, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro I, a mais antiga de Lajeado, vive um momento de expectativa: a entrega de sua nova sede. Inicialmente prevista para março de 2025, a conclusão da obra foi adiada. Problemas com a abertura de uma rua de acesso e reflexos da enchente de 2024 estão entre os principais entraves para a finalização do projeto.
A nova estrutura está sendo construída para atender uma demanda crescente. Atualmente, a escola conta com 798 alunos e enfrenta limitações de espaço físico. Segundo a diretora Márcia Graef, enquanto o novo prédio não for entregue, as matrículas seguem suspensas. “Não há como receber
novos alunos sem a estrutura adequada”, explica.
O prédio terá dois blocos com 18 salas de aula, biblioteca, laboratório de aprendizagem, salas de recursos, orientação, refeitório, áreas administrativas, pátios cobertos e espaços de convivência, além de um ginásio com arquibancadas e uma sala maker multifuncional.
A infraestrutura totaliza mais de 3 mil metros quadrados, com destaque para acessibilidade e modernização. A nova sede será destinada à Educação Infantil e aos anos iniciais, até o quinto ano, enquanto a atual unidade seguirá atendendo do sexto ao nono ano.
Abertura de rua
Um dos principais motivos do atraso está relacionado à abertura de uma rua que dará acesso à edificação. A licitação feita para a obra foi frustrada, pois a empresa contratada não cumpriu com as obrigações. Uma nova licitação precisará ser realizada. Essa via é fundamental, pois permitirá a instalação da subestação de energia, além da rede de esgoto e abastecimento de água.
A secretária de Educação de Lajeado, Adriana Vettorello, explica que a enchente de 2024 também afetou o cronograma.
Embora a obra em si não tenha sido atingida, muitos trabalhadores da empresa responsável foram impactados, o que comprometeu o andamento dos serviços.
“Ainda não temos uma nova previsão de conclusão, pois tudo depende da abertura e pavimentação da rua, que é essencial para as demais etapas, como a instalação da subestação de energia”, detalha.
Tecnologia de ponta
A nova unidade da EMEF Dom Pedro I também se destaca pela proposta pedagógica moderna, equipada com internet de alta velocidade, utilizando tecnologia de ponta para garantir conectividade em todas as salas de aula. Além disso, adotará integralmente as ferramentas da plataforma Google for Education
A comunidade escolar aguarda com ansiedade. A mãe Queli Moschborcher, por exemplo, destaca o impacto positivo que o novo prédio trará. “É um espaço amplo, pensado para as crianças, com estrutura de qualidade para brincar e aprender. Minhas filhas perguntam toda semana quando a escola nova vai ficar pronta.”
Para Márcia, que está à frente
É um espaço amplo, pensado para as crianças, com estrutura de qualidade para brincar e aprender. Minhas filhas perguntam toda semana quando a escola nova vai ficar pronta.”
Már CIA Gr A ef diretora da escola
da instituição desde 2020, a nova sede simboliza uma nova etapa na trajetória centenária da escola. “É um projeto encantador, feito para os nossos alunos. Tudo foi pensado neles — a praça, os brinquedos, o ginásio. Acredito que eles serão muito felizes nesse novo espaço, assim como são hoje na estrutura atual”, comemora.
Cronograma da obra
Até o fim de maio, cerca de 85% da obra estava concluída. Os serviços pendentes incluem acabamentos, pintura, cobertura de rampas e finalização de áreas externas. O contrato original, no valor de R$ 8,1 milhões, já recebeu três aditivos que somam R$ 430,7 mil, destinados à terraplenagem, reajustes e serviços adicionais.
Informações complementares
Infraestrutura
– O projeto contempla a construção de 3.097,04 metros quadrados, constituídos por dois Blocos (A e B), ambos com 2 pavimentos, interligados por rampa coberta, atendendo aos requisitos de acessibilidade, Ginásio esportivo e Espaço Multiuso.
– No Bloco A, são dez salas de aula, biblioteca, laboratório de aprendizagem, sala com recursos pedagógicos, acolhimento, setor administrativo, refeitório, cozinha, despensa, Área de serviço, almoxarifado, sanitários para funcionários, sanitários para alunos, pátio coberto. No Bloco B está previstas 8 salas de aula e sanitários para alunos.
– O ginásio tem conexão direta com o Bloco B e está conectado à rampa que dá acesso ao Bloco A e ao Espaço Multiuso. No Espaço Multiuso estão previstos uma grande sala para atividades diferenciadas, sanitários acessíveis, pátio coberto com espaço de convivência na área externa.
– Na área externa foi projetado diferentes pátios para a possibilidade de trabalhar diversas atividades lúdicas, além de contemplar o pátio de serviços onde está localizada a torre de água com capacidade de 36 mil litros, atendendo o padrão FNDE.
felipe neitzke
ALDEIA FOXÁ AGUARDA NOVA ESCOLA APÓS 17 ANOS EM LOCAL IMPROVISADO
Vice-cacique e professores relatam desafios enfrentados desde 2007 e celebram avanço do projeto estadual que prevê construção de unidade escolar adequada para atender crianças e jovens da comunidade indígena
Após anos enfrentando dificuldades e limitações para garantir o direito à educação das crianças indígenas, a Aldeia Kaingang Foxá, localizada no bairro Jardim do Cedro, em Lajeado, vive um momento de esperança. O projeto para construção de uma nova escola indígena na comunidade está em fase de licitação pelo governo estadual e contempla uma estrutura mais ampla e adequada para atender a demanda crescente de estudantes.
A luta da comunidade começou em 2007, quando uma antiga casa de moradia foi adaptada e ampliada pelos próprios moradores para funcionar como espaço escolar. Desde então, as condições têm sido precárias, com salas improvisadas e espaço insuficiente diante do aumento constante no número de crianças. Atualmente, cerca de 45 alunos, do 1º ao 5º ano, estudam na Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Gaten, que oferece aulas bilíngue, de português e da língua Caingangue, mantendo viva a cultura da etnia.
“Estamos à base da pressão
Recebemos a notícia de que uma estrutura maior e mais confortável está nos planos do estado. A expectativa é grande"
VERGILINO NASCIMENTO VICE-CACÍQUE
ninguém deu um olhar adequado e merecido para nossa comunidade. Agora, recebemos a notícia de que uma estrutura maior e mais confortável está nos planos do estado. A expectativa é grande”, afirma Vergilino Nascimento, vicecacique da aldeia. A intenção do novo espaço é oferecer atendimento para
velhos seguem os estudos na Escola Municipal Dom Pedro I, fora da comunidade.
Segundo Vergilino, a busca por essa ampliação começou em 2009. “Quero ver essas crianças com um prédio novo, com ensino de qualidade, algo padrão como as outras escolas. Somos índios, mas seres humanos como
Nonoai, no norte do RS. Vergilino vive há mais de 25 anos na cidade e destaca que as crianças têm liberdade e convivem de forma saudável com a natureza e os costumes locais.
Educação como prioridade
A professora Elaine Nascimento, que atua há 10 anos na escola, relembra as dificuldades do início. “Era uma casinha de madeira, toda esburacada. Precisávamos ter muito jogo de cintura para ensinar. A gente se dedica com o que tem, mas é triste perceber que o estado e o município muitas vezes não nos veem como deveriam”, desabafa.
Demandas da aldeia
Além da educação, a comunidade também enfrenta
desafios em infraestrutura urbana. As ruas da aldeia são precárias, em contraste com bairros vizinhos bem estruturados. “Vivemos perto de um bairro rico e queremos uma estrutura padrão como as demais localidades”, diz Vergilino. Na área da saúde, o serviço é oferecido em um espaço provisório dentro da comunidade.
Em fase de licitação
A coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Greicy Weschenfelder, confirmou que o projeto faz parte de um “plano estadual de construção de escolas indígenas modulares e está em fase de licitação”. Vergilino reforça que a área para a obra já está reservada, sendo que não foi permitida nenhuma construção de residência no local. “Já demarcamos o espaço e não vamos permitir habitação na área.”
Futura unidade será construída nas imediações da aldeia
Mesmo com os obstáculos, a esperança por dias melhores fortalece a resistência da comunidade. “Se aguentamos até aqui, vamos aguentar mais um pouco para receber essa nova estrutura. Agradecemos com muita alegria se esse sonho, enfim, se concretizar”, conclui Vergilino.
Espaço atual é considerado insuficiente para a comunidade indígena
NA ESCOLA, AS MEMÓRIAS DA COMUNIDADE
No Jardim do Cedro, há mais de cem anos a Escola Dom Pedro I recebe alunos. No Conservas, o antigo Grupo Escolar, fundado em 1940, se transformou na Escola São João Bosco. Nas décadas de funcionamento, os educandários foram testemunha da história dos dois bairros
Gerações passaram pelas salas de aula das escolas São João Bosco e Dom Pedro I. Os dois educandários, à beira da rua Henrique Stein Filho, guardam histórias das comunidades.
A Escola Estadual São João Bosco completou 85 anos em maio e, quando foi inaugurada, em 7 de maio de 1940, era a oitava do tipo em Lajeado, época em que o prefeito era João Frederico Schaan. Duas professoras formavam o corpo docente, a diretora Diva Martins de Souza e a professora Andradina Machado.
A escola começou como Grupo Escolar de Conservas e funcionava nas antigas instalações da fábrica Oderich, junto à beira do Rio Taquari. Foi essa indústria de conservas que deu nome ao bairro, quando instalou uma filial na década de 1920 na localidade.
A fábrica de conservas fechou no fim dos anos 1930 e parte de seu complexo passou a ser usado pela Escola São João Bosco. Da velha Oderich, ficou o nome do bairro: Conservas. A denominação foi definida em 1939. Até então, a localidade era conhecida como São Bento do Sul, assim como as terras do atual Jardim do Cedro.
O bairro tinha poucas casas, eram umas três até a escola. Eu e minhas irmãs íamos a pé, todos os dias”
NOEMIA DICKEL SULZBACH, EX-ALUNA E EX-DIRETORA DA ESCOLA SÃO JOÃO BOSCO
Um novo endereço
A mudança da São João Bosco para o endereço atual ocorreu em 1958, quando o governo de Ildo Meneghetti construiu o prédio principal. Nesse período, a escola também deixou de se chamar Grupo Escolar e recebeu o nome de São João Bosco, em homenagem ao santo católico. Esse primeiro prédio ainda
As duas escolas começaram com um único prédio e um professor. Hoje, ambas ficam ao longo da rua Henrique
abriga a escola, que sofreu ampliações ao longo dos anos. Em 1985, novas salas foram erguidas e, nos anos 1990, um novo bloco foi construído, assim como a quadra esportiva.
Quem acompanhou a inauguração dos novos espaços foi Lení Dias, 53, hoje responsável pelo financeiro da escola. Há mais de 30 anos no educandário, iniciou como auxiliar administrativo em 1993.
“Saí de Marques de Souza e vim morar em Lajeado, com uma trouxinha e coragem. No mesmo dia em que me mudei, comecei a trabalhar na escola. Me disseram: ‘sobe no ônibus e pede pela escola do Conservas, depois desembarca e sobe o matinho’”, recorda.
Na época, a rua Henrique Stein era de chão batido. “Não tinha nem telefone fixo e a escola atendia só até a 5ª série”. Hoje, o educandário recebe alunos até o 9º ano do fundamental.
De aluna a diretora
Não muito longe da escola, cresceu Noemia Dickel Sulzbach, 74. Natural de Teutônia, veio com a família para Conservas na década de 1950, ainda bebê. No ano em que a escola iniciou as atividades na rua Henrique Stein Filho, Noemia começou com os estudos, aos 7 anos. “O bairro tinha poucas casas, eram umas três até a escola. Eu e minhas irmãs íamos a pé, todos os dias”, lembra.
Na época, o único caminho era pela Avenida Beira Rio, ainda de chão batido. “Nos dias de chuva, levávamos os tamancos na mão para não sujar de barro. Só tinham plantações e potreiros no caminho”, conta.
Noêmia estudou no prédio antigo da São João Bosco, época em que a diretora morava junto à instituição. “Não existiam brinquedos no pátio, mas a gente inventava brincadeiras. Fiz muitas amizades lá”.
Professora, com formação em história, anos depois, Noêmia começou a dar aulas na escola, em 1987. Trabalhou por anos na instituição e foi inclusive diretora.
Em desenho, o primeiro prédio onde funcionou a Escola São João Bosco, em parte do complexo da Fábrica Oderich, no Conservas
Não tinha nem telefone fixo e a escola atendia só até a 5ª série”
LENÍ DIAS, AUXILIAR NA ESCOLA SÃO JOÃO BOSCO
Moradora de Conservas ainda hoje, criou os três filhos no bairro, junto do marido. “Os três estudaram na São João Bosco e hoje é a vez do meu neto.”
A “escolhinha dos alemães”
No Jardim do Cedro, a centenária Escola Municipal Dom Pedro I é uma das mais antigas de Lajeado. Fundada em 1919 por 14 famílias de origem alemã, era chamada de Deutsch Evangelische Schule na época. O educandário era mantido por uma sociedade, formada pelos pais dos alunos, que bancavam o funcionamento. As atividades iniciaram em 1920, com todas as aulas em alemão, com 15 alunos, da 1ª a 4ª série. Durante a Segunda Guerra Mundial, a escola mudou o nome alemão para Dom Pedro I. Em 1963, o educandário passou
Stein Filho
ARQUIVO ESCOLA SÃO JOÃO BOSCO
ARQUIVO ESCOLA SÃO JOÃO BOSCO
a funcionar no endereço atual, onde ficou mais acessível, já que nos anos 1950 Theobaldo Stein abriu uma estrada geral até Conservas, a atual rua Henrique Stein Filho. Uma pequena salinha foi erguida próxima da estrada, nas terras de Bernardo Rossner, onde uma professora dava aula para todas as turmas.
Ainda hoje a estrutura existe na escola, no meio do pátio, e serve como sala dos professores. A Dom Pedro I foi municipalizada em 1993, época em que já tinha mais prédios.
Foi nessa primeira estrutura da escola que a professora Rose Maria Pilz, 56, começou a dar aulas. O ano era 1988 e o caminho até a Dom Pedro era de estrada de chão e cercado de mato. “Tinham duas casas pelo caminho até a beira do rio, eu vinha a pé lá do Praia, já que não tinha ônibus para cá”, lembra Rose.
Há 40 anos na área da educação, começou como professora dos anos iniciais na Dom Pedro I e depois se tornou orientadora educacional. Ainda hoje, Rose trabalha na escola, mas na educação especial, com a sala de recursos. “Quando comecei aqui, a escola ainda era particular, mantida pela sociedade de fundadores. Eles chamavam de ‘escolinha dos alemães’, por causa da origem histórica”, conta.
Quando comecei aqui, a escola ainda era particular, mantida pela sociedade de fundadores. Eles chamavam de ‘escolinha dos alemães’’’
ROSE MARIA PILZ, PROFESSORA NA EMEF DOM PEDRO I
Dos prédios que formavam a escola naquele tempo, ficou somente o mais antigo. “Não tinha biblioteca, nem merendeira. Era a gente que fazia os lanches e limpava a escola, junto dos alunos e da comunidade. A família Rossner sempre separava comida como doação para a escola, eles eram da antiga sociedade mantenedora”, lembra.
A professora recorda de uma época onde as práticas em sala de aula podiam extrapolar os limites da escola. “Fazíamos caminha-
Gerações no bairro
A família Stein é uma das mais antigas no Jardim do Cedro. Henrique Stein Filho, que dá nome a uma das principais ruas do bairro, era bisavô de Marisa Stein Toepper, 61. A professora aposentada cresceu nas terras da família que, por muito tempo, foi dona de boa parte do Jardim do Cedro. “Meu avô, Theobaldo Stein, comprou toda essa área quando casou em meados da década de 1930. Foi adquirindo mais terrenos com o tempo. Ele era um colono forte, tinha muitos animais e lavoura”, conta Marisa.
Na casa do avô, ela lembra de uma antiga cristaleira, onde ficavam expostos os troféus e prêmios que o avô conquistava na pecuária. “Ele inclusive ajudou na fundação da Acsurs. Era um homem envolvido com a comunidade, foi vereador duas vezes em Lajeado e ajudou na reconstrução da Igreja Matriz depois do incêndio e em outras obras comunitárias”, cita a neta. Stein participou do Legislativo nos anos 1960 e foi também um dos agricultores que ajudaram a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lajeado (STR), em 1963.
Tinha uma capunga atrás da escola, uma para os meninos e outra para as meninas. A gente só falava alemão entre os colegas”
MARISA
das pelo bairro com os alunos, o Jardim do Cedro tinha menos movimento”.
Não somente na escola, mas Rose acompanhou a evolução do bairro. “Ao longo desses quase 40 anos na Dom Pedro, vi muitas transformações. Hoje, olho o porte que ela tem e vai ter com as novas obras, mudou completamente, o que é muito bom”. Na época em que começou, a escola só atendia do pré até a 5ª série. Hoje, a Emef recebe alunos até o 9º ano.
No começo, a família morava numa casa enxaimel, tombada pelo município. Depois, nos anos 1950, construíram uma nova residência para abrigar os 12 filhos de Theobaldo. “Lembro que a minha avó tinha panelas de comida enormes, isso porque, além dos filhos, ela também alimentava os empregados do meu avô”, conta. Theobaldo Stein também tinha um moinho na propriedade, onde ensacava farinha de milho para venda.
O envolvimento comunitário da família Stein continuou através das gerações. O pai de Marisa foi presidente por anos da Comunidade Católica Santo Antônio, no bairro Conservas. “Durante os anos 1970, eram feitas festas na Escola São João Bosco, ao lado, para arrecadar recursos. Lembro que minha Primeira Comunhão foi na escola estadual”, comenta. Apesar disso, Marisa estudou os anos iniciais na Escola Dom Pedro I, no Jardim do Cedro, quando só tinha um único prédio e uma professora para todas as séries. “Tinha uma capunga atrás da escola, uma para os meninos e outra para as meninas. A gente só falava alemão entre os colegas”. Anos mais tarde, em 1985, Marisa retornou à escola, mas como professora. Ela ficou na Emef até 2001. “Uma coisa que sempre foi muito presente tanto na escola, quanto na comunidade, era esse espírito coletivo, onde todos se engajavam”, lembra.
STEIN TOEPPER, EX-ALUNA E EX-PROFESSORA DA EMEF DOM PEDRO I
O prédio mais antigo da Emef Dom Pedro I foi inaugurado em 1963 na rua Henrique Stein Filho e existe ainda hoje Família de Theobaldo e Luísa Stein, em frente à casa que ainda existe perto da escola
ARQUIVO ESCOLA DOM PEDRO I
ARQUIVO ESCOLA DOM PEDRO I
ARQUIVO MARISA STEIN
JARDIM DO CEDRO CRESCE E MORADORES
REFORÇAM PEDIDOS POR INVESTIMENTOS
Com quase 10 mil habitantes, bairro de Lajeado tem maioria de moradores vindos de outras localidades e enfrenta desafios com pavimentação, vagas em creches e falta de agência bancária
OJardim do Cedro, bairro residencial de Lajeado, vive uma realidade de crescimento populacional sem que os investimentos em infraestrutura acompanhem esse avanço. Com aproximadamente 10 mil moradores, cerca de 90% vindos de outras localidades, a região acumula demandas por calçamento, ampliação de creches, oferta de contraturno escolar e até mesmo por uma agência bancária. Entre os pontos mais críticos está a ausência de pavimentação em diversas vias. A rua Bela Vista, por exemplo, bastante movimentada, ainda não conta com calçamento. Segundo o presidente do bairro, Marino Barcé, a principal barreira é o modelo de custeio compartilhado entre prefeitura e moradores.
“Alguns não concordam em arcar com as despesas”, afirma. O secretário de Planejamento, Alex Schmitt, confirma que não
Pavimentação de calçamento comunitário recém iniciada na rua Thomaz Assunção Pereira
há grandes obras previstas para o bairro: “Em termos de mobilidade, especificamente no Jardim do Cedro, não temos nada previsto de maior relevância.”
Obras em andamento
No entanto, a pavimentação da
rua Thomaz Assunção Pereira, por meio de calçamento comunitário, já foi iniciada. Além disso, a nova Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro I está em fase de conclusão, e a entrega depende da abertura e pavimentação de uma nova rua, além de obras complementares de infraestrutura, como ligação
Bairro hoje tem uma das maiores populações de Lajeado
de água, esgoto e instalação de subestação de energia. Na área da educação, a principal demanda dos moradores é a ampliação da oferta de contraturno escolar, já que muitas famílias não têm com quem deixar as crianças no turno inverso ao das aulas. A creche do bairro também é apontada como necessidade de um olhar especial, já que a alta demanda obriga o deslocamento de alunos para outras regiões.
A instalação de uma agência bancária é outro pedido recorrente. Apesar de contar com diversos comércios, como minimercados, farmácias e posto de saúde, os moradores precisam se deslocar a outras localidades para serviços bancários. Um loteamento na entrada do bairro é cotado para receber um mercado de grande porte, o que pode impulsionar o desenvolvimento local.
Os serviços prestados atualmente na área da saúde são bem avaliados pela comunidade e não há novos investimentos em obras previstos para a região a curto prazo, segundo a secretária de Saúde, Giovanna Athayde.
O bairro tem muito a crescer, mas é preciso investir em educação e infraestrutura”
ANUAR MACHADO DOS SANTOS, MORADOR
do Cedro, Bairro das Nações, Conservas, Morro 25 e Santo Antônio — discutiu prioridades em comum, com destaque novamente para o calçamento. O projeto só avança quando há adesão de todos os moradores das ruas envolvidas.
Prioridades
Recentemente, uma reunião entre a prefeitura e representantes de cinco bairros — Jardim
Morador do Jardim do Cedro há mais de três décadas, o empresário Anuar Machado dos Santos, de 62 anos, relembra que nenhuma rua era asfaltada quando se mudou para o local, em 1989, após ser atingido por duas enchentes no Centro. “O bairro tem muito a crescer, mas é preciso investir em educação e infraestrutura”, ressalta. Ele abriu uma marcenaria há seis anos e acredita no potencial da região.
Mais pavimentações
mateus@grupoahora.net.br
Realidades distintas
Ao analisar os dois bairros temas deste caderno, é possível ver algumas semelhanças entre o Conservas e o Jardim do Cedro. No entanto, prevalecem as diferentes realidades que cada comunidade vive, e a forma como os líderes comunitários precisam lidar com os problemas do dia a dia. Alguns mais complexos, outros nem tanto. No Conservas, o desafio pós-enchente permanece, um ano depois da catástrofe climática de
maio. Há muitos pontos ainda necessitando de atenção do Poder Público. Além disso, há marcas evidentes do abandono das casas inabitadas. A sensação de insegurança nessas regiões também é alta.
No segundo, embora existam reclamações pontuais, o momento é bem diferente. Com população em plena expansão, o Jardim do Cedro está entre os bairros mais procurados para moradores e também por investidores. Antes
estritamente residencial, agora vê uma mudança de fotografia, com comércios e empresas de diferentes portes se instalando. Embora vizinhos, os dois bairros parecem um tanto distantes no contexto atual. Não chega a ser um problema hoje, mas, a partir do momento em que os esforços se direcionem para apenas um deles, pode-se criar um gargalo a médio e longo prazo. E isso é danoso para o desenvolvimento ordenado e igualitário de Lajeado.
Origem e orgulho
A reinauguração do Centro Nora Oderich, o popular Lar da Menina, trouxe um misto de emoções. O primeiro dele, a nostalgia. Afinal, o prédio ocupado por alunos atendidos pela nossa querida Slan é uma construção
quase centenária, pertencente à família Oderich. Inclusive, um dos filhos da mulher que dá nome à unidade – Francisco –, participou da solenidade. E o segundo é o orgulho. Afinal, trata-se de um trabalho essencial em um das
regiões mais vulneráveis da cidade. Ali, crianças e adolescentes podem ficar o dia todo e desfrutar de uma estrutura bem equipada, com ótimos profissionais e, acima de tudo, seres humanos da melhor qualidade.
O Jardim do Cedro se destaca em diversos aspectos. Um deles é a extensão. É um dos maiores da cidade, e isso, por óbvio, potencializa alguns gargalos em infraestrutura. São várias as ruas que necessitam de pavimentação, sobretudo as mais afastadas das vias principais. O governo alega ter ciência das demandas dos moradores e garante só existir uma solução: a pavimentação comunitária. Muitos (ou a maioria) não querem dividir a conta com o município. Algo compreensível. Mas com essa resistência, fica difícil avançar em melhorias ou cobrar providências imediatas do Poder Público.
1º DE JUNHO
3ª Rústica do Meio Ambiente
Largada: Entrada do Parque do Engenho, no bairro Americano
8 DE JUNHO
Canil de Portas Abertas Local: Canil Municipal, no bairro Conventos
7 E 8 DE JUNHO
Campeonato Gaúcho de
Eisstocksport
Local: Canchas do Parque do Imigrante
15 DE JUNHO
Gramado Cultural Local: Centro Cultural Univates
26 DE JUNHO
Convenção CDL Lajeado
Local: Clube Tiro e Caça
DAS RUAS
– O governo anunciou nesta semana as vias consideradas prioritárias para investimentos nos próximos meses e anos. São ruas e avenidas que devem receber obras de alargamento, abertura e recapeamento. E, claro, pipocaram reclamações de moradores, vizinhos ou usuários de trechos “não contemplados”. Afinal, é difícil agradar a todos;
– De todo modo, o município só vai avançar nessas obras com recursos estaduais ou federais. A prefeita Gláucia Schumacher argumenta que o orçamento está comprometido com a reconstrução pós-cheia de 2024 e o auxílio às famílias desabrigadas pelas enchentes. Diante disso, é possível que os projetos demorem para sair do papel;
– O que fazer com o local onde existia a Ponte do Exército? Para os governos de Lajeado e Arroio do Meio, está muito claro: construir uma passagem definitiva entre as cidades. Um investimento que
seria muito bem-vindo, até para servir como alternativa à ERS-130 e à Ponte de Ferro. Mas vai exigir verba do Estado. E também das próprias prefeituras;
– Está para sair do papel a obra do novo posto de saúde do bairro São Cristóvão. Trata-se de um dos equipamentos públicos mais esperados pela comunidade. Uma unidade que tende a servir de modelo para futuras construções, afinal, o crescimento da cidade exige UBSs bem estruturadas e com capacidade suficiente para dar conta da alta demanda nos bairros;
– A situação do lixo em Lajeado parece ter normalizado. Mas ainda há situações pontuais de acúmulo de resíduos. E isso é natural. Mas, é bom entender que não basta apenas o município (e a empresa responsável) fazer sua parte. As pessoas também precisam ter uma consciência coletiva maior. Dessa forma, todos saem ganhando.