
USO DE DDGS NA
NUTRIÇÃO DE SUÍNOS: POTENCIAL NUTRICIONAL E IMPACTOS NO DESEMPENHO ANIMAL
Brenda Carolina P. dos Santos, Juliane Kuka Baron, Maria Letícia B. Mariani; Alex Maiorka; Simone Gisele de Oliveira ProgramadePósGraduaçãodeZootecnia–UFPR













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Brenda Carolina P. dos Santos, Juliane Kuka Baron, Maria Letícia B. Mariani; Alex Maiorka; Simone Gisele de Oliveira ProgramadePósGraduaçãodeZootecnia–UFPR













Asuinocultura brasileira tem mostrado ao mundo sua capacidade de produzir com eficiência, qualidade e responsabilidade. Cada avanço em bem-estar animal, cada melhoria em conversão alimentar e cada inovação em aproveitamento de resíduos reforçam o quanto a cadeia está preparada para atender às demandas crescentes por proteína de qualidade.
O Brasil já avança em modelos de economia circular, transformando resíduos da produção em energia e biocombustíveis, e fortalecendo uma matriz que é predominantemente renovável. Isso significa que sustentabilidade, na suinocultura, não é um discurso, mas uma prática diária que integra ciência, nutrição, manejo e inovação tecnológica.
Ainda assim, enfrentamos um grande desafio: comunicar ao consumidor brasileiro e internacional a seriedade desse trabalho. É comum encontrarmos profissionais de saúde desinformados, que ainda repetem preconceitos antigos em relação à carne suína. É por isso que precisamos ocupar novos espaços de diálogo, levando dados, ciência e resultados que mostrem a realidade de controlada, segura

Nosso país tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, com mais de 65% do território preservado e exigências legais que obrigam cada propriedade rural a manter áreas de proteção permanente. Esse compromisso com a preservação e com a produção sustentável precisa ser valorizado, pois coloca o Brasil em posição diferenciada frente aos concorrentes globais.
O futuro da suinocultura está diretamente ligado à eficiência e à capacidade de comunicar seus avanços. Temos um mercado interno com grande potencial de crescimento e, ao mesmo tempo, seguimos ampliando nossa presença internacional. Para manter essa trajetória, precisamos transformar em narrativa aquilo que já é realidade dentro das granjas: ciência aplicada, eficiência produtiva e sustentabilidade em sua forma mais concreta.
A carne suína brasileira é resultado de décadas de investimento, trabalho e resiliência. O nosso desafio, daqui para frente, é comunicar essa história com clareza e orgulho, mostrando ao Brasil e ao mundo que produzimos uma proteína competitiva, sustentável e essencial para o futuro da alimentação global.
práticas de bem-estar
José Antonio Ribas Jr.
Diretor Técnico suínoBrasil

EDITOR AGRINEWS
PUBLICIDADE
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+55 15 99121-2081
comercial.suinobrasil@agrinewsgroup.com
DIREÇÃO TÉCNICA
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COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO
Cândida P. F. Azevedo suinobrasil@grupoagrinews.com
ANALISTA TÉCNICO
Henrique Cancian
COLABORADORES
Cândida Azevedo
Charli Ludtke
Nina Machado
Priscila Beck
Leonardo França da Silva
Cristiano Márcio Alves de Souza
Filipe Bittencourt Machado de Souza
Crespo de Oliveira
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ADMINISTRAÇÃO
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+55 (15) 9 9682-2274
Brenda Carolina P. dos
Santos
Juliane Kuka Baron
Maria Letícia B. Mariani
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Neivor Canton
Ton Kramer
Ygor Henrique de Paula Izabel Cristina Tavares
Avenida: Adalgisa Colombo, 135. Jacarépaguá. Rio de Janeiro – RJ. Cep.: 22775-026 nutrisocial@grupoagrinews.com https://porcinews.com/
Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Internacional 90 $
Revista Trimestral
ISSN 2965-4238
04

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Intestino saudável, granja lucrativa: os pilares da nova suinocultura
Cândida Azevedo Coordenadora Técnica suínoBrasil
Tecnologia europeia de liberação dirigida de zinco chega ao Brasil, adaptada às dietas e desafios locais
Zoé Garlatti1 , Juliana Réolon Pereira2 e Priscila Beck3
1Gerente de Produto Suínos, TIMAB Magnesium.
2Gerente Comercial Brasil, TIMAB Magnesium, PhD em Nutrição Animal.
3Diretora de Comunicação agriNews Brasil





Qualidade do ar em granjas de suínos
Leonardo França da Silva¹; Cristiano Márcio Alves de Souza²; Filipe Bittencourt Machado de Souza³; Victor Crespo de Oliveira4 e Jéssica Mansur S. Crusoé5
¹Doutor em Engenharia Agrícola UFV Professor UNB;
²Doutor em Engenharia Agrícola UFV; ³Doutor em Produção Vegetal UFLA Professor UNB;
4Doutor Engenharia Agrícola UNESP;
O uso de fitobióticos na produção de suínos 18 12 24
ABCS lança manual de bem-estar que aproxima a legislação da realidade nas granjas

Charli Ludtke1 , Nina Machado2 e Priscila Beck3
1Diretora técnica da ABCS
2Coordenadora Técnica ABCS
3Diretora de Comunicação AgriNews Brasil




5Doutora em Zootecnia UFV; Professora UFMG
José Paulo Hiroji Sato¹, Geferson Almeida Silva², Jovan Sabadin², Lucas Piroca²
¹Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR
²Vetanco do Brasil, Chapecó-BR

Influenza Aviária: Qual a Ameaça para a Suinocultura Brasileira?
Janice Zanella
Pesquisadora Embrapa Suínos e Aves





Uso de DDGS na nutrição de suínos: potencial nutricional e impactos no desempenho animal
Brenda Carolina P. dos Santos, Juliane Kuka
Baron, Maria Letícia B. Mariani¹; Alex Maiorka; Simone Gisele de Oliveira
Programa de Pós Graduação de Zootecnia – UFPR

Avaliação do uso de Flavorad RP® em granja comercial: efeito sobre o desempenho reprodutivo 42




Beiser Montaño MV 1,2 , Ronald Cardozo Rocha MV 1,3 , Diego
Lescano MV MSc4,5 e Sandra Salguero MVZ PhD4,6
¹Agrosofi a Servicios (Bolivia)
²Responsável pela granja El Trébol ³Gerente pecuário da divisão de suinocultura
4KPIs Consulting
5CEO
6HOiS

Aurora Coop além do Brasil: os bastidores da internacionalização com Neivor Canton
Priscila Beck¹; Neivor Canton²
¹Diretora de Comunicação agriNews Brasil ²Presidente Aurora Coop
MaxiDigest ® Swine: Nutrição de Alta Performance para Suínos

Fernando Augusto Souza Gerente Global de Produtos para Monogástricos ICC
Saúde dos cascos da fêmea suína

Ton Kramer Médico Veterinário, Mestre e Doutor em Ciências Animais
Riscos Ocultos na ração: O impacto da zearalenona na fertilidade suína
Cândida Azevedo Zootecnista, MsC em Zootecnia, DsC em Ciência Animal e Pastagens
Colibacilose pós desmame: Quando a comensal se torna patogênica


Ygor Henrique de Paula¹; Izabel Cristina Tavares² ¹Médico Veterinário. Doutor em Zootecnia. Pesquisador na University of Saskatchewan e Membro da linha de pesquisa Animal Science and Intestinal Health – ASIH ²Médica Veterinária. Membro da linha de pesquisa Animal Science and Intestinal Health – ASIH



Cândida Azevedo Coordenadora Técnica suínoBrasil
Produtor: Bom dia! Eu queria entender melhor esse negócio de saúde intestinal. Tanta gente fala disso hoje em dia, mas não sei se realmente faz tanta diferença assim na produção...
Técnico: Bom dia! Que bom que você trouxe essa questão. Quando falamos de saúde intestinal, temos que ter em mente que este tema é um dos pilares para o sucesso da suinocultura moderna.
Ela influencia diretamente o desempenho dos animais, a conversão alimentar, a sanidade e até a lucratividade da granja.
Produtor: Mas não é só alimentar bem que resolve? Se eu dou uma ração de qualidade, o intestino já não vai estar funcionando bem?
Técnico: Entenda que alimentação é fundamental, sim, mas a saúde intestinal vai além disso.
O intestino precisa estar íntegro, com uma microbiota equilibrada, boa absorção de nutrientes e sem inflamações. Mesmo uma ração de qualidade pode não ser bem aproveitada se houver disbiose, presença de patógenos ou dano à mucosa intestinal.


Produtor: Disbiose? O que é isso?
Técnico: Boa pergunta. Disbiose é um desequilíbrio na microbiota intestinal — aquele conjunto de bactérias boas e ruins que convivem no intestino.
Quando esse equilíbrio se rompe, os patógenos dominam, o intestino inflama, e o animal começa a apresentar queda de desempenho, diarreias, e até maior suscetibilidade a doenças.
Homeostase intestinal
Bactérias bené cas IgA Muco
Função de Barreira

PRRs
Junção Estreita
Resposta imune tolerante
Disbiose Muco

Disbiose microbiana

Resposta imune desequilibrada
Barreira afetada
Produtor: E como isso afeta o desempenho na prática?
Técnico: Vamos a um exemplo. Um leitão com saúde intestinal comprometida não consegue absorver bem os nutrientes. Ele consome a ração, mas parte do alimento não é bem aproveitado.
Resultado? Perda de peso, pior conversão alimentar, desuniformidade do lote e maior tempo para atingir o peso ideal de abate. Isso gera custo extra com ração e reduz a eficiência produtiva.
Produtor: Entendi. Então não é só o que o animal come, mas como ele digere e aproveita, certo?
Técnico: Exatamente! A saúde intestinal é a base para uma boa digestão e absorção. E mais: 70% do sistema imunológico do suíno está no intestino. Ou seja, intestino saudável também significa animal mais resistente.
Produtor: Isso explica por que os problemas digestivos são tão frequentes em fases como desmame. O estresse influencia?
Técnico: Sem dúvida. O desmame é um dos momentos mais críticos. O leitão passa por mudanças drásticas: separação da mãe, troca de ambiente, nova alimentação. Isso tudo afeta diretamente o intestino. O estresse reduz a produção de muco protetor, prejudica a microbiota e favorece infecções.
Produtor: E aí vem a diarreia...
Técnico: Exatamente. E diarreia pósdesmame não é apenas um problema clínico, mas também econômico. Um lote que enfrenta esse tipo de desafio pode ter aumento da morbidade e mortalidade, necessidade de uso de antibióticos e pior desempenho produtivo.
Produtor: Então manter a saúde intestinal ajuda até a reduzir o uso de antibióticos?
Técnico: Uma microbiota equilibrada e uma mucosa intestinal íntegra funcionam como barreiras naturais contra patógenos.
Quando o intestino está saudável, a necessidade de intervenção com antibióticos cai drasticamente. Isso também é importante do ponto de vista da biosseguridade e do mercado consumidor, cada vez mais exigente.
Produtor: E como eu posso promover essa saúde intestinal na prática? Tem algum protocolo?
Técnico: Existem várias estratégias que podem ser combinadas, conforme a realidade de cada granja. O ponto de partida é sempre o manejo adequado — evitar estresse, garantir conforto térmico, água de qualidade, ração e limpeza e desinfecção das instalações. Depois, entramos com suporte nutricional e aditivos funcionais.
Produtor: Quais aditivos, por exemplo?
Técnico: Probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos, óleos essenciais, fibras funcionais, enzimas e imunomoduladores como os betaglucanos.
Eles auxiliam na manutenção do equilíbrio da microbiota, reduzem a carga de patógenos, fortalecem a imunidade e protegem a mucosa intestinal.
Produtor: Já ouvi falar de alguns desses, mas nunca usei todos juntos. Vale a pena?
Técnico: Neste caso, o uso dos aditivos devem seguir o acompanhamento de um técnico. O ideal é entender os desafios específicos da sua granja e formular um programa personalizado.
Em algumas situações, por exemplo, o uso de ácidos orgânicos na fase de creche pode ser mais estratégico, enquanto em outras pode-se investir mais em probióticos ou fibras fermentáveis. O aditivo ideal dependerá do desafio que a sua granja está enfrentando no momento.



Produtor: E o uso de antimicrobianos como promotores de crescimento, ainda tem espaço?
Técnico: A tendência mundial é a redução do uso desses antimicrobianos. Muitos mercados já proibiram, inclusive. Por isso, investir na saúde intestinal é também uma forma de preparar sua granja para as exigências do futuro. Além disso, a performance dos animais pode ser mantida — ou até melhorada — com o uso correto dos aditivos alternativos.
Produtor: Isso me preocupa. A gente quer produzir bem, mas também tem que estar dentro da legislação, né?
Técnico: E investir em saúde intestinal traz ganhos em vários níveis:
Melhora o desempenho
Reduz doenças
Economiza com tratamentos
Atende às exigências de bem-estar animal e
Ainda valoriza seu produto no mercado
Produtor: Você comentou que a saúde intestinal ajuda a melhorar a conversão alimentar. Tem números que mostrem isso?
Técnico: Tem sim. Em diversas pesquisas, granjas que adotaram programas de suporte à saúde intestinal conseguiram melhorar em até 5% a conversão alimentar e reduzir a mortalidade na creche em até 30%. Claro que os resultados variam conforme o manejo, genética, sanidade e outros fatores, mas os ganhos são consistentes.
Produtor: E quanto tempo leva pra perceber os resultados?
Técnico: Depende da estratégia adotada. Algumas ações, como o uso de aditivos, já mostram efeito em 14 a 21 dias. Outras, como mudanças de manejo e ambiente, levam mais tempo, mas os benefícios são duradouros.
O importante é ter constância e acompanhamento técnico.
Produtor: Entendi. Então, saúde intestinal não é só mais uma moda, né? É um investimento real...
Técnico: Sem dúvida. Saúde intestinal é produtividade sustentável. É um dos principais caminhos para garantir alta performance com sanidade e respeito às novas demandas do mercado. Produtor: Gostei da conversa. Acho que vou começar a ver a saúde dos meus animais com outros olhos.
Técnico: Esse é o caminho! O intestino é mais que um órgão de digestão — é o centro de equilíbrio do animal. E cuidar dele é cuidar da rentabilidade da sua granja.

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Priscila Beck
Diretora de Comunicação agriNews Brasil

No pós-desmame sem óxido de zinco farmacológico, o “x” do problema deixou de ser apenas qual fonte usar e passou a ser onde e quando o zinco realmente age no trato gastrointestinal.
Em entrevista no estúdio AgriNews Play Brasil, durante o 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, a TIMAB Magnesium apresentou uma abordagem de liberação dirigida que nasceu na Europa - já sob o banimento do ZnO - e agora chega ajustada às formulações, matérias-primas e pressões sanitárias e ambientais do Brasil.
A conversa reuniu Zoé
Garlatti, gerente de ProdutoSuínos da TIMAB Magnesium, e Juliana Réolon Pereira, gerente comercial da TIMAB Magnesium no Brasil (PhD em Nutrição Animal).

Ambas detalharam o racional técnico de uma matriz de magnésio que protege o zinco e modula sua solubilização ao longo do trato, buscando maximizar a absorção no local de maior eficiência e reduzir a excreção do metal - ponto sensível para passivos ambientais e para mercados exigentes.
Enquanto fontes inorgânicas ou quelatadas dependem fortemente do pH, da matriz da dieta e de interações com outros componentes, a proposta da TIMAB foi desenhar a cinética de solubilização. Em termos práticos, a empresa descreve:
Proteção do zinco por uma matriz magnésica, evitando complexação precoce e precipitação;
Liberação gradual até atingir o ponto de maior absorção;
Apoio à saúde intestinal, com menor irritação luminal e melhor ambiente para bactérias bené cas.
“A discussão não é ‘trocar o óxido por outra etiqueta, mas controlar a entrega para que o zinco não se perca em interações indesejáveis antes de ser aproveitado”, afirma Zoé.
Segundo ela, a matriz atua como uma barreira físico-química que retarda e regula a liberação do mineral, mitigando complexações com fitatos e outros antinutricionais e ajudando a preservar a fração efetivamente biodisponível.
“Com liberação dirigida, o produtor ‘usa melhor o mesmo zinco’ - e isso tende a aparecer tanto no desempenho, como (na redução de excreção) no ambiente”, acrescenta.


“Nosso alvo é o pós-desmame, fase em que a estabilidade digestiva é mais frágil. A lógica europeia foi o ponto de partida, mas os ensaios e ajustes foram feitos com dietas brasileiras, avaliando desempenho, integridade intestinal e excreção de metais,” explica Juliana.

As entrevistadas relatam que a tecnologia foi validadada em bancada e em campo. Em modelos de absorção celular e ensaios controlados, a empresa observou aumento de biodisponibilidade quando comparada a referências inorgânicas e quelatadas específicas, com sinais de menor excreção fecal de zinco.

No campo, sob condições brasileiras (matérias-primas locais, diferentes níveis de desafio sanitário e esquemas nutricionais usuais), os lotes com a liberação dirigida mantiveram desempenho frente a programas que utilizavam ZnO em níveis elevados ou fontes alternativas.
Na prática, o produtor brasileiro passa a lidar com o pós-desmame sem a “muleta” das doses farmacológicas de ZnO.
A proposta europeia que chega ao país não é só “mudar a fonte”, e sim reprogramar o destino do mineral dentro do animal:
Menos utuação de pH e menos perdas por precipitação/complexação antes do sítio de absorção;
“Quando o zinco chega no ponto certo, vemos menos perda por fezes e mais resposta zootécnica. Isso é desempenho, mas também é conformidade ambiental,” resume Zoé. Essa combinação - desempenho + menor excreção - é apresentada pela companhia como o elo entre a necessidade produtiva imediata e a pressão de médio prazo: mercados importadores mais rígidos, fiscalização ambiental, exigência de rastreabilidade e transparência sobre uso de microminerais.
Resposta intestinal mais consistente, favorecendo o equilíbrio da microbiota e a recuperação de vilosidades no período mais crítico;
Programa de inclusão pensado para dietas locais, considerando níveis de tato, bras, proteína e uso de aditivos comuns no Brasil.
“O objetivo é atravessar as primeiras semanas com menos solavancos clínicos e sem abrir mão de ganho e conversão. A tecnologia nasceu da urgência europeia, mas foi recalculada para as realidades do Brasil,” diz Juliana.

Mesmo sem um banimento nacional do ZnO no Brasil, duas forças
apertam o cerco:
Ambiente/regulatório: a tendência global de reduzir a carga de metais pesados nos dejetos e de rastrear insumos críticos;
Mercado cadeias exportadoras mais sensíveis a resíduos e a parâmetros de sustentabilidade.
A liberação dirigida se posiciona, portanto, como ferramenta de transição, permitindo manter o foco em desempenho e saúde intestinal, mas reduzindo o zinco perdido no ambiente, antecipando-se a demandas comerciais e normativas.
Para além do rótulo, as entrevistadas enfatizam que a saída da “era do ZnO” requer coerência de programa:
Formulação (nível proteico, fibras, fitato)
Manejo de transição
Sanidade e
Metas realistas de desempenho
Em auditorias técnicas, os resultados mais consistentes aparecem quando a liberação dirigida é encaixada na lógica da dieta e acompanhada por monitoramento de excreção e de marcadores de integridade intestinal.
“É tecnologia de entrega. Ela não dispensa o resto do programa. Quando tudo conversa — dieta, desafio, objetivo — a resposta aparece,” destaca Zoé.
Zoé Garlatti — Gerente de Produto –Suínos, TIMAB Magnesium.
Juliana Réolon Pereira — Gerente Comercial Brasil, TIMAB Magnesium; PhD em Nutrição Animal.
Assista a entrevista completa
A TIMAB Magnesium integra o Groupe Roullier e é dedicada a soluções à base de magnésio para nutrição animal e vegetal, com P&D associado ao ecossistema de inovação do grupo (CMI, Saint-Malo, França). No Brasil, atua com portfólio e suporte técnico voltados às realidades locais da produção de aves, suínos e ruminantes.

Tecnologia europeia de liberação dirigida de zinco chega ao Brasil, adaptada às dietas e desafios locais BAIXAR EM PDF

Priscila Beck
Diretora de Comunicação agriNews Brasil
Durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, em Chapecó (SC), a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) realizou o pré-lançamento do Manual de Bem-estar Animal e Sustentabilidade. Conversamos com Charli Ludtke, diretora técnica da ABCS, e Nina Machado, coordenadora técnica da entidade, sobre a importância do manual, os aprendizados na sua construção e os próximos passos da iniciativa.

O material foi desenvolvido para apoiar a implementação da Instrução Normativa 113/2020 (IN-113), marco regulatório que trata de boas práticas e bem-estar em granjas comerciais.



Charli Ludtke – Escolhemos o evento por ser o maior do setor, com uma programação técnica robusta e público altamente qualificado. Aqui estão reunidos representantes de agroindústrias, cooperativas e produtores de diferentes regiões.
Além disso, a parceria com o Nucleovet nos proporcionou uma base sólida para apresentar o pré-lançamento.

Nosso objetivo foi traduzir a IN-113 em uma linguagem acessível, com conteúdo prático e muitas imagens reais de como as agroindústrias vêm implementando programas de bem-estar animal nos últimos anos.

A legislação é fundamental, mas nem sempre fácil de aplicar no dia a dia da granja. O manual, portanto, vem para educar e apoiar o setor, mostrando que é possível garantir dignidade aos animais e aplicar manejos que reduzam a dor e o estresse
Nina, você esteve na linha de frente registrando imagens nas empresas. Quais situações de campo mais marcaram esse processo?
Nina Machado – O que mais nos chamou atenção foi a diversidade de práticas já implementadas desde 2020, quando a normativa foi publicada. Encontramos muitas iniciativas positivas em diferentes regiões do país, algumas já 100% consolidadas pelas agroindústrias.
Nosso propósito foi reunir esses exemplos e apresentá-los de forma clara e objetiva. O manual mostra, por meio de fotos e descrições, como as mudanças vêm sendo aplicadas, seja em gestação coletiva, no manejo de leitegadas ou em práticas como vacinação, contenção, castração e enriquecimento ambiental.
Assim, o produtor pode enxergar que a adaptação é viável e que, muitas vezes, pequenas mudanças de manejo fazem toda a diferença.
esse olhar prático facilita a adesão por parte dos produtores?

Charli Ludtke – Sem dúvida. Muitos produtores, ao verem as imagens, percebem que já realizam parte do que a normativa exige. Por exemplo, a inspeção diária de animais, a existência de baias hospital e a atenção à alimentação e hidratação são práticas comuns. O manual ajuda a valorizar esse trabalho e reforça pontos de atenção.
É importante lembrar que bem-estar animal não significa, necessariamente, grandes investimentos financeiros. Muitas vezes, trata-se de ajustes simples na rotina ou no espaço da granja.
Ao compartilhar experiências de diferentes empresas, mostramos que a evolução é possível em qualquer realidade produtiva.
O manual também aborda a questão da sustentabilidade. Como esse tema foi incorporado?
Nina Machado – Durante o processo de elaboração, percebemos que falar de bem-estar animal exige falar também de bem-estar humano. Afinal, quem garante o cuidado com os animais são os colaboradores.
Por isso, incluímos um capítulo específico sobre o bem-estar das pessoas que trabalham nas granjas. Encontramos exemplos muito interessantes de empresas que oferecem:
Espaços adequados de descanso
Alimentação de qualidade
Vestiários adaptados às necessidades de homens e mulheres e
Ambientes acolhedores
Isso contribui diretamente para a motivação, a saúde mental e a retenção de mão de obra, que hoje é um desafio global.
Quais foram os exemplos mais inspiradores em relação ao bem-estar dos colaboradores?
Charli Ludtke – Vimos granjas que investem em refeitórios confortáveis, moradias próximas e até pequenos detalhes que fazem diferença, como banheiros bem equipados e uniformes de qualidade.
Esses fatores, somados a uma boa gestão de pessoas, fortalecem o vínculo do colaborador com a empresa.


Também observamos que a valorização não se resume a salário. Muitos trabalhadores relatavam orgulho de atuar em granjas que oferecem boas condições, reforçando que o clima organizacional impacta diretamente na produtividade.
O líder tem papel essencial nesse processo, exercendo escuta ativa e inspirando sua equipe. Esse olhar humano é tão importante quanto qualquer indicador técnico.
Além desse, vocês já anunciaram outros dois manuais. O que vem pela frente?
Nina Machado – Este primeiro manual foca a granja. O próximo, previsto para setembro, terá enfoque na agroindústria e no transporte dos animais, alinhado à nova normativa que está em consulta pública. Em outubro, durante o Congresso da Abraves Nacional, lançaremos o terceiro manual, sobre o uso racional de antimicrobianos. Ele será uma releitura atualizada do livro lançado em 2022, trazendo cálculos práticos e orientações claras sobre como reduzir o uso de antibióticos sem comprometer a sanidade animal.
Charli Ludtke – O transporte, em especial, é um ponto crítico da cadeia. Evoluímos muito nos últimos anos em carrocerias, densidade de carga e manejo, mas ainda há desafios. O manual vai detalhar boas práticas para evitar perdas e garantir o bem-estar dos animais até o abate.
Como
os produtores podem acessar esse conteúdo?
Charli Ludtke – O manual está disponível gratuitamente no site da ABCS (www.abcs.org.br), na área de materiais técnicos.
Acesse os materiais técnicos.
Também divulgamos os lançamentos pelas nossas redes sociais – Instagram, LinkedIn e Facebook.

Neste primeiro momento, o material será digital, mas já estudamos a possibilidade de lançar versões impressas no futuro, para ampliar ainda mais o alcance.



Para finalizar, qual a principal mensagem que gostariam de deixar ao setor suinícola?
Charli Ludtke – Que o bem-estar animal é, ao mesmo tempo, um dever legal, uma exigência de mercado e uma oportunidade de melhorar a produtividade. A IN-113 trouxe um marco jurídico importante, mas cabe a nós, como cadeia, transformar a normativa em prática.
O lançamento do Manual de Bem-estar Animal e Sustentabilidade marca o início de uma série de três publicações da ABCS, todas voltadas para apoiar o setor a aplicar a legislação de forma prática, didática e alinhada às demandas atuais da sociedade e do mercado.
Crédito de imagens:
Charli Ludtke e Nina Machado
Assista a entrevista completa.
Nina Machado – E que esse caminho não precisa ser solitário. O manual foi construído com a colaboração de agroindústrias, produtores e instituições de pesquisa. Ele mostra que a suinocultura brasileira é capaz de evoluir quando compartilha conhecimento e experiências.



Leonardo França da Silva¹; Cristiano Márcio Alves de Souza²;Filipe Bittencourt Machado de Souza³; Victor Crespo de Oliveira4 e Jéssica Mansur S. Crusoé5 ¹Doutor em Engenharia Agrícola UFV, Professor UNB; ²Doutor em Engenharia Agrícola UFV; ³Doutor em Produção Vegetal UFLA, Professor UNB; 4Doutor Engenharia Agrícola UNESP; 5Doutora em Zootecnia UFV; Professora UFMG.
Asuinocultura moderna, impulsionada pela crescente demanda global por carne suína, consolidou-se como uma das cadeias produtivas mais relevantes do agronegócio mundial e brasileiro.
O setor tem avançado não apenas em produtividade, mas também em eficiência tecnológica, sustentabilidade ambiental e no cumprimento de normas de bemestar animal, aspectos cada vez mais exigidos por consumidores e mercados internacionais.

Entre os múltiplos fatores que influenciam diretamente a produtividade e a saúde animal, a qualidade do ar nas instalações de criação de suínos ocupa papel central.
O microclima dentro dos galpões é resultado de uma interação complexa entre:
Ventilação
Temperatura
Umidade relativa
Gases emitidos pelos dejetos
Partículas em suspensão e
Bioaerossóis
Quando mal controlados, esses elementos podem comprometer a fisiologia respiratória dos animais, reduzir o ganho de peso, aumentar a susceptibilidade a doenças e diminuir a longevidade produtiva. Além disso, a baixa qualidade do ar representa riscos à saúde dos trabalhadores, que ficam expostos a gases irritantes, partículas orgânicas e compostos voláteis.
Os principais gases de interesse no ambiente de suínos são:
Amônia (NH₃)
Metano (CH₄)
Dióxido de carbono (CO₂) e
Sulfeto de hidrogênio (H₂S).
A amônia é considerada um dos poluentes mais críticos, pois resulta da degradação microbiana da ureia presente na urina e da matéria orgânica dos dejetos.
Em altas concentrações, causa irritação nos olhos, narinas e trato respiratório, prejudicando o desempenho zootécnico e aumentando a predisposição a doenças infecciosas.
O metano, embora não seja tóxico em baixas concentrações, representa um dos principais gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas.
O dióxido de carbono, liberado pela respiração animal e pela decomposição da matéria orgânica, em excesso pode causar hipóxia e reduzir a eficiência metabólica.
Já o sulfeto de hidrogênio, produzido pela degradação anaeróbia da matéria orgânica, mesmo em pequenas concentrações é altamente tóxico, podendo causar sérios danos à saúde animal e humana.
Estudos recentes têm mostrado que estratégias baseadas em modelagem térmica com controle preditivo, utilizando princípios de balanço de entalpia, podem otimizar o microclima interno das instalações, reduzindo os impactos do estresse térmico e favorecendo melhores condições produtivas.
Essa abordagem, que integra dados de temperatura, ventilação e umidade, tem potencial para manter as condições ideais mesmo em ambientes tropicais, onde as variações climáticas são mais acentuadas (Wei et al., 2025).
No campo das tecnologias de abatimento de poluentes, os sistemas APA (Air Pollution Abatement) têm se destacado por sua eficiência e simplicidade operacional.
Utilizando apenas água, sem adição de produtos químicos, eles promovem a lavagem do ar, reduzindo até 98% das emissões de amônia, além de diminuir a concentração de poeiras e bioaerossóis (Pacino et al., 2025).
Essa tecnologia tem sido amplamente reconhecida por contribuir não apenas para a saúde animal, mas também para a sustentabilidade ambiental, uma vez que reduz o impacto das atividades pecuárias sobre a qualidade do ar atmosférico e atende a exigências regulatórias cada vez mais rigorosas em


O monitoramento contínuo da qualidade do ar em instalações de suínos tem permitido avanços significativos no manejo ambiental.
Estudos realizados em ciclos de engorda nos anos de 2022 e 2023 revelaram concentrações médias de amônia entre 1,56 e 1,70 ppm, valores muito inferiores aos limites tradicionalmente considerados críticos, que variam entre 20 e 25 ppm.
Esses resultados evidenciam que o uso de sistemas inteligentes de ventilação e sensores ambientais é eficaz para manter níveis de poluentes em faixas seguras, contribuindo para a preservação da saúde animal e humana (Chen et al., 2024).
Investigações adicionais também têm demonstrado que a emissão de gases está diretamente associada a fatores zootécnicos, como peso corporal e consumo de ração.
Durante as fases de crescimento avançado, bem como em períodos de maior atividade animal, como a defecação matinal, a emissão de gases como NH₃ e CH₄ torna-se mais acentuada (Deb et al., 2025).
Essas informações são estratégicas, pois permitem desenvolver protocolos de manejo ambiental ajustados ao ciclo de vida dos animais, possibilitando maior eficiência no uso de tecnologias de ventilação e filtragem, além de potencializar a eficiência energética das granjas.
Outro aspecto relevante é a interação entre qualidade do ar e bem-estar animal. Condições inadequadas de ambiência resultam em respostas fisiológicas que incluem aumento da frequência respiratória, maior produção de cortisol e redução do apetite, comprometendo diretamente o ganho de peso e a conversão alimentar.
Além disso, ambientes com altas concentrações de poluentes favorecem o surgimento de doenças respiratórias e infecciosas, aumentando os custos com tratamentos veterinários e elevando o risco de perdas econômicas.
Por esse motivo, a preocupação com o ar nas instalações vai além da produtividade, integrando-se a uma visão holística de saúde única, que considera a interação entre saúde animal, saúde humana e saúde ambiental.
Do ponto de vista da sustentabilidade, a adoção de tecnologias de controle da qualidade do ar está diretamente relacionada à mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, soluções baseadas em:
Automação
Ventilação inteligente e
Tecnologias de abatimento, como scrubbers e bio ltros,

contribuem de forma decisiva para reduzir os impactos ambientais e alinhar a produção às metas globais de sustentabilidade e neutralidade de carbono.
As regulamentações ambientais, tanto nacionais quanto internacionais, têm se tornado cada vez mais rigorosas em relação às emissões atmosféricas.
A União Europeia, por exemplo, estabelece limites claros para a concentração de poluentes dentro das instalações e para as emissões externas, pressionando os sistemas de produção a adotarem medidas tecnológicas de mitigação.
No Brasil, embora a legislação ainda seja menos restritiva, observa-se um movimento crescente no sentido de alinhar a produção animal às boas práticas ambientais, em consonância com os compromissos assumidos no Acordo de Paris e com a crescente demanda de consumidores por alimentos produzidos de forma responsável.
A integração de tecnologias digitais, como sensores conectados em rede, análise de big data e inteligência artificial, aponta para um futuro em que a gestão da qualidade do ar será cada vez mais automatizada e preditiva.
Sistemas capazes de identificar variações nas concentrações de poluentes em tempo real, correlacionando esses dados com variáveis zootécnicas e ambientais, permitirão ajustes imediatos nos sistemas de ventilação, climatização e filtragem.
Essa abordagem, além de reduzir riscos, trará ganhos expressivos em eficiência energética e sustentabilidade, diminuindo custos de produção.

De forma geral, a suinocultura tem atualizado suas práticas produtivas com soluções que integram automação, monitoramento contínuo e controle ambiental.
Esse movimento tem resultado não apenas em maior eficiência produtiva, mas também em significativa redução do impacto ambiental.
O uso combinado de sistemas de ventilação inteligente, tecnologias de controle térmico e equipamentos de abatimento de gases demonstra que é possível manter concentrações de poluentes muito abaixo dos patamares historicamente preocupantes, assegurando simultaneamente saúde animal, conforto ambiental e sustentabilidade produtiva.
Essa transição tecnológica reflete uma nova etapa da produção suinícola, que busca conciliar competitividade econômica com responsabilidade socioambiental, fortalecendo sua posição nos mercados globais e contribuindo para a segurança alimentar mundial.
Qualidade do ar em granjas de suínos
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Referências bibliográficas
Sob consulta aos autores
José Paulo Hiroji Sato1, Gefferson Almeida Silva2, Jovan Sabadin2, Lucas Piroca2
1Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR
2Vetanco do Brasil, Chapecó-BR
O uso de antibióticos na suinocultura, tanto para fins terapêuticos quanto como promotores de crescimento (APCs), foi amplamente difundido nas últimas décadas.
No entanto, a crescente preocupação em relação à resistência antimicrobiana e os riscos associados à saúde pública levaram diversos países e organizações internacionais a restringirem ou proibirem o uso desses princípios ativos na produção animal (WHO, 2019; WOAH, 2024).



A União Europeia foi pioneira na restrição de antibióticos na suinocultura, banindo seu uso como promotores de crescimento em 2006 (European Commission, 2003).
Em 2022, reforçou essas medidas com o Regulamento (UE) 2019/6, que proíbe o uso profilático e restringe o metafilático de antimicrobianos (European Union, 2019), além de proibir o uso terapêutico de óxido de zinco na alimentação de leitões por razões ambientais e sanitárias (EMA, 2017).
No Brasil, o MAPA adotou restrições, como a proibição como promotores de crescimento da:

Essas restrições têm impulsionado a eliminação progressiva do uso preventivo de antibióticos na produção animal e estimulado a adoção de alternativas sustentáveis para promover a saúde e o desempenho dos suínos.
Entre os principais aditivos substitutivos, destacam-se os:
Ácidos orgânicos
Probióticos
Prebióticos e Fitobióticos.
Os fitobióticos, compostos naturais derivados de plantas, têm sido uma alternativa promissora e multifuncional no controle de distúrbios entéricos e na promoção do crescimento (Pandey et al., 2023).

Fitobióticos são compostos bioativos de origem vegetal, como óleos essenciais, extratos, ervas, especiarias ou seus componentes isolados, que são utilizados como aditivos alimentares em rações animais
Embora ainda não haja uma padronização oficial, os fitobióticos são geralmente classificados com base na origem vegetal e nos métodos de extração:
Ervas, que incluem plantas e ores;
Especiarias, caracterizadas por seu aroma ou sabor intensos;
Óleos essenciais, formados por compostos voláteis e lipofílicos; e
Oleorresinas, obtidas por meio da extração com solventes não aquosos (Mohammadi Gheisar e Kim, 2018; Windisch et al., 2008).
Na Tabela 1, são descritos exemplos das respostas fisiológicas e produtivas observadas em suínos, de acordo com a classificação funcional dos fitobióticos.
Tabela 1 – Classificação dos fitobióticos e seus exemplos funcionais em suínos.
Classificação Respostas obervadas
Melhora da microbiota intestinal
Efeitos antimicrobianos
Ervas
Efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios
Melhora do desempenho
Especiarias Melhora do desempenho
Óleos essenciais
Oleorresinas
Reforço da função de barreira intestinal
Efeitos antimicrobianos
Melhora do desempenho
Melhora da microbiota intestinal
Efeitos antimicrobianos
Melhora do desempenho
Adaptado de Pandey et al., 2023.
As atividades funcionais dos fitobióticos estão relacionadas à presença de compostos bioativos como:
Terpenoides
Glicosídeos
Glucosinolatos
Flavonoides

Alcaloides
Apesar do reconhecimento de seus benefícios, os mecanismos de ação desses aditivos naturais ainda não estão totalmente elucidados, principalmente em razão da complexidade química e da ampla diversidade de metabólitos secundários presentes nas plantas (Pandey et al., 2023).
No entanto, sabe-se que eles exercem efeitos benéficos por meio de propriedades antimicrobianas, antioxidantes, anti-inflamatórias, imunomoduladoras e digestivas, contribuindo para a saúde intestinal e o desempenho produtivo dos animais (Pandey et al., 2023; Zeng et al., 2015).

Figura 1 - Principais efeitos dos fitobióticos nos sistemas de produção de suínos.
EFEITOS ANTIMICROBIANOS
Destruição da estrutura da parede celular de patógenos

MELHORADOR DE DESEMPENHO
Aumento do consumo de ração
Melhora na digestão e absorção de nutrientes
EFEITOS SOBRE A MICROBIOTA INTESTINAL
Melhora do equilibrio microbiano
Modulação da composição e função da microbiota
Estímulo ao crescimento de bactérias bené cas
EFEITOS SOBRE A BARREIRA INTESTINAL
Melhora da integridade intestinal
Estímulo ao crescimento da mucosa intestinal
Inibição da parede celular, do ácido nucleico e da sintese proteica de patógenos
EFEITOS ANTIOXIDANTES
Aumento da expressão de enzimas antioxidantes
Controle da homeostase redox
Redução do estresse oxidativo
EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
Supressão da transcrição de genes in amatórios
Inibição da transcrição de genes de quimiocinas
Adaptado de Pandey et al., 2023.
Os fitobióticos exercem ação antimicrobiana por diferentes mecanismos, incluindo:
Desestabilização da membrana celular bacteriana
Inibição da síntese de parede celular, ácidos nucleicos ou proteínas (ValenzuelaGrijalva et al., 2017).

A maioria dos estudos demonstram que componentes fenólicos, como timol, carvacrol, limoneno, geraniol, fenilpropano e citronelal, estão entre os antimicrobianos mais potentes.
Um nutracêutico composto por tomilho (Thymus vulgaris), alfarroba (Ceratonia siliqua) e chicória (Cichorium intybus), demonstrou benefícios significativos em termos de atividade antimicrobiana contra isolados de Brachyspira hyodysenteriae.

Em testes in vitro, o nutracêutico mostrou uma eficácia comparável, e em alguns casos superior, aos antimicrobianos tradicionais, como tiamulina, valnemulina, doxiciclina, lincomicina e tilosina (Daniel et al., 2017).
As propriedades antioxidantes e antiinflamatórias dos fitobióticos desempenham um papel crucial na mitigação dos efeitos do estresse oxidativo ao qual os suínos estão frequentemente expostos.
Célula atacada por radicais livres
Célula normal
Célula com Estresse Oxidativo
Esse estresse, desencadeado por fatores como o desmame, ambiência, manejo alimentar e a presença de micotoxinas na ração, leva ao desequilíbrio entre a produção e a eliminação de radicais livres (Hao et al., 2021).
Os mecanismos antioxidantes e antiinflamatórios exibidos pelos fitobióticos são amplamente atribuídos à regulação das vias de sinalização, conforme destacado por Li et al. (2021).
A curcumina, composto ativo da cúrcuma, tem demonstrado efeitos positivos na suinocultura, pela potente ação anti-inflamatória no intestino delgado, auxiliando na proteção da mucosa intestinal (Bereswill et al., 2010).
Além do potencial de inibir bactérias patogênicas e desencadear uma série de respostas benéficas no hospedeiro, é descrito que o uso de fitobióticos promove a melhoria da microbiota intestinal benéfica, bem como as funções digestiva e imunológica (Li et al., 2021).
Estudos demonstraram que leitões alimentados com dietas contendo fenogrego (Trigonella foenum-graecum) apresentaram maior abundância de Lactobacillus e redução significativa de microrganismos potencialmente patogênicos, como Escherichia, Hafnia e Shigella, no intestino delgado (Zentek et al., 2013).

Os prebióticos, principalmente carboidratos complexos que são encontrados na semente de alfarroba (Ceratonia siliqua) e na chicória (Cichorium intybus), servem como substratos para a microbiota intestinal benéfica como Lactobacillus e Bifidobacterium, estimulando seletivamente o crescimento e a atividade de bactérias intestinais centrais específicas ou mais dominantes (Slavin, 2013; Gibson et al., 2017).

A substituição dos antibióticos promotores de crescimento por fitobióticos é uma estratégia promissora para manter o desempenho zootécnico dos suínos, atuando na melhoria da ingestão, digestibilidade e integridade intestinal.
Segundo Valenzuela-Grijalva et al. (2017), os fitobióticos favorecem o crescimento por mecanismos como a melhora da palatabilidade da ração, estímulo à digestão e absorção de nutrientes.
De acordo com o estudo de Juhász et al. (2023), a suplementação da dieta de suínos em terminação com um aditivo composto por alfarroba (Ceratonia siliqua), chicória (Cichorium intybus) e feno-grego (Trigonella foenum-graecum), resultou em ganhos significativos de peso corporal (+1,8 kg em média por animal), aumento da porcentagem de carne magra na carcaça (de 57,2% para 59,5%) e maior frequência de carcaças classificadas como de alta qualidade.
Esses efeitos positivos estão associados não apenas às propriedades funcionais dos componentes vegetais, como inulina, taninos e polifenóis, mas também à sua capacidade de favorecer a fermentação sacarolítica e promover a saúde intestinal.
Em um cenário de crescente restrição ao uso de antibióticos, os fitobióticos têm se consolidado como uma alternativa viável e segura na produção de suínos.
Sua ampla gama de efeitos benéficos aliada à ausência de resíduos, os torna ferramentas estratégicas no manejo nutricional e sanitário, contribuindo para sistemas produtivos mais sustentáveis, eficientes e alinhados às exigências dos mercados consumidores e órgãos reguladores.
Utilizar fitobióticos deixou de ser uma possibilidade e passou a ser uma oportunidade para através da correta combinação dos melhores ativos alcançar distintos resultados, seja no controle de enfermidades, seja na melhoria dos parâmetros produtivos como promotor de crescimento natural.
O uso de fitobióticos na produção de suínos
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Referências bibliográficas
Sob consulta aos autores.



Achegada da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) ao sistema de produção pecuário global trouxe novos desafios para a sanidade animal.
Esse vírus, pertencente ao tipo influenza A, possui caráter zoonótico, ou seja, pode infectar aves, mamíferos domésticos, silvestres, animais de companhia e até seres humanos.
No Brasil, a suinocultura deve permanecer em alerta, uma vez que os suínos representam uma espécie-chave na dinâmica de recombinação viral.
O suíno como “mixing vessel” e a disseminação global da IAAP
Os suínos possuem receptores celulares capazes de reconhecer tanto vírus de origem aviária quanto de mamíferos, inclusive humanos.

Isso confere à espécie a característica de “mixing vessel” (vasos de mistura) – ou seja, um hospedeiro em que diferentes vírus de influenza podem se recombinar.
Quando duas variantes infectam a mesma célula, seu material genético segmentado pode se rearranjar, originando novas combinações virais, potencialmente mais adaptadas e transmissíveis.
No Brasil, a ameaça torna-se mais concreta devido a fatores estruturais do sistema de produção:
Convivência próxima de aves e suínos, especialmente nas regiões Sul, onde as mesmas empresas atuam em ambas as cadeias;
Alto grau de movimentação e mistura de animais, característica do modelo comercial de produção intensiva;
Prevalência elevada de in uenza suína, já endêmica no país, com estimativas de soropositividade em cerca de 70% dos plantéis;
Esse fenômeno é particularmente preocupante diante da circulação de diferentes subtipos no mundo. O clado 2.3.4.4b do vírus H5N1, que surgiu em 2013, já se espalhou da Europa para Ásia, América do Norte, América do Sul e até Antártica, alcançando uma distribuição global inédita.
A proximidade entre as cadeias de aves e suínos (ou mesmo bovinos de leite) no Brasil, principalmente na região Sul, aumenta a possibilidade de contato indireto com o vírus.
Compartilhamento de transportes, ração e estruturas produtivas são fatores que elevam o risco.
Transmissão aérea e ambiental, uma vez que o vírus é altamente infeccioso e persistente em condições ambientais desfavoráveis.
O maior risco é a ocorrência de rearranjos entre o vírus aviário e o vírus suinícola endêmico, possibilitando o surgimento de uma variante com maior eficiência de replicação e capacidade de transmissão entre suínos – e, potencialmente, para humanos.


Experiências recentes mostram a complexidade do controle. Nos Estados Unidos, surtos de influenza aviária resultaram em elevada mortalidade de aves comerciais e na necessidade de abate sanitário em larga escala.
Mesmo com compensações financeiras aos produtores, falhas em protocolos de biosseguridade permitiram a manutenção do vírus em circulação.
Casos inesperados de infecção em bovinos leiteiros reforçam a capacidade de adaptação viral, possivelmente facilitada por práticas de manejo (compartilhamento de recursos hídricos, ordenhadeiras contaminadas, dentre outros).
Controle de acesso à propriedade
Quarentena para visitantes internacionais.
Proibição de entrada de pessoas que visitaram outras propriedades (avícolas, leiteiras ou suínas).
Registro de entrada e saída.
Protocolos obrigatórios de espera e desinfecção.
EPIs obrigatórios: botas, macacões e luvas descartáveis.
Desinfecção de veículos, ferramentas e materiais na entrada e saída.
Água e alimentação seguras
Utilizar apenas água tratada para bebedouros e higienização.
Proibição do uso de água de rios, lagoas ou açudes.
Proibição do uso de leite cru como suplemento alimentar para suínos.
Instalação de telas, cercas e galpões vedados.
Impedir contato com aves silvestres e animais carniceiros (gambás, raposas, roedores).

IMPULSIONAR

Resultados de testes comparativos realizados na Ásia entre Duroc e Pietrain NN, em condições semelhantes às do Brasil, em um grande produtor local de 52.000 matrizes.

Resultados de testes comparativos entre Híbrido X e Pietrain NN na Europa Oriental em um grande produtor de 280.000 matrizes

RESULTADOS de GPD na engorda de CA - R$14,42
+ 43g - 3 dias - 0,07 + R$ 43,3 / carcaça valor suíno
no custo de produção / Kg
CONSUMIDORES
Resultados superiores nos testes gustativos

Tatiane Fiuza
Coordenadora técnica de território
Assim como a Tatiane Fiuza, cada membro de nossa equipe desempenha um papel importante na cadeia produtiva de alimentos do Brasil.
Prezamos pela qualidade e segurança alimentar, e temos orgulho em fazer parte da indústria, garantindo que alimentos seguros cheguem às mesas das pessoas em todo o mundo.
SAIBA MAIS
SOBRE OS
NOSSOS
PRODUTOS:



Vigilância ativa e resposta rápida
Coleta de amostras de suínos sintomáticos e assintomáticos para testes (subtipagem e sequenciamento genético).
Monitoramento de mutações e variantes com potencial zoonótico.
Plano de ação emergencial: isolamento, notificação e contenção em casos suspeitos ou confirmados.

Capacitação e conscientização
Treinar funcionários e produtores sobre riscos do H5N1.
Explicar formas de transmissão e importância do cumprimento das medidas de biossegurança.
A influenza aviária de alta patogenicidade é um vírus que “chegou para ficar” no cenário global.
No Brasil, a proximidade entre cadeias produtivas, a alta densidade animal e a circulação endêmica de influenza suína configuram um ambiente propício para eventos de recombinação.
Integração Saúde Única (One Health)
Reforçar o papel dos produtores na vigilância epidemiológica.
Recomendar vacinação para gripe anualmente para funcionários e produtores.

A manutenção de elevados padrões de biosseguridade, aliada ao monitoramento epidemiológico contínuo e à pesquisa em vacinas e estratégias de controle, será determinante para reduzir o impacto potencial desse agente na suinocultura nacional.
Influenza Aviária: Qual a Ameaça para a Suinocultura Brasileira? BAIXAR EM PDF
Brenda Carolina P. dos Santos, Juliane Kuka Baron, Maria Letícia B. Mariani; Alex Maiorka; Simone Gisele de Oliveira Programa de Pós Graduação de Zootecnia – UFPR

A crescente demanda da população por alimentos de origem animal tem impulsionado a busca por ingredientes que possibilitem a formulação de rações mais sustentáveis e economicamente viáveis.
Nesse contexto, os coprodutos da agroindústria, como os DDGS (Distillers Dried Grains with Solubles), têm ganhado destaque na nutrição de monogástricos.

O DDGS é um coproduto resultante da fermentação de grãos (principalmente milho) para produção de etanol. Após a fermentação, os resíduos sólidos são secos e misturados com os solúveis obtidos na centrifugação da mistura fermentada. Isso resulta em um ingrediente com elevada densidade de nutrientes.
No entanto, a utilização do DDGS na alimentação de suínos ainda possui fatores limitantes, principalmente devido à variabilidade na composição nutricional, presença de fatores antinutricionais que podem ocasionar efeitos negativos sobre a digestibilidade e o desempenho animal.
Ao abordar a utilização de DDGS na alimentação de suínos, é necessário estabelecer com clareza o tipo de produto utilizado, uma vez que existem diferentes variações tecnológicas que impactam sua composição e valor nutricional.
O termo DDG (Distiller’s Dried Grains) refere-se ao resíduo seco obtido após a fermentação dos grãos, sem a adição dos solúveis.
Outras variações incluem o HP-DDG (High Protein DDG), com teor proteico elevado (>40%) e menor teor de fibra, e o DDGS com baixo teor de óleo ("low oil"), que apresenta menor valor energético devido à extração intensiva de lipídios.

Ao passo que, o DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles) corresponde à forma mais comum no mercado, composta pelo DDG misturado com os solúveis condensados do processo de fermentação, o que altera os níveis de minerais, energia e outros compostos bioativos.
Assim, quando esses produtos são corretamente identificados e caracterizados, torna-se possível direcionar seu uso com maior precisão nas diferentes fases de produção, melhorar a formulação das dietas e aumentar a segurança na tomada de decisão técnica.
Essa padronização terminológica e analítica é essencial para integrar o DDGS de forma mais estratégica e eficaz aos sistemas de produção suinícola.
O coproduto da indústria do etanol apresenta uma composição nutricional que permite sua utilização parcial em dietas de suínos, graças à sua semelhança com os alimentos tradicionalmente usados como o farelo de soja (Tabela 1).

Quando o DDGS apresenta teor de proteína bruta acima de 39%, é considerado de alta proteína e abaixo de 38% de baixa proteína.
de alta proteína
de baixa proteína
Os DDGS de alta proteína podem substituir as fontes proteicas das rações, contudo pode ter como limitantes os aminoácidos triptofano, arginina e lisina, e apresentar menor digestibilidade de aminoácidos resultado de maior concentração de fibras quando comparado ao milho (Parsons et al., 2006).
A composição pode variar significativamente entre fornecedores, influenciada por múltiplos fatores como:
O tipo de grão utilizado (milho, sorgo, trigo)
A eficiência da fermentação alcoólica
Os métodos e intensidade de extração de óleo
As condições de secagem (temperatura e tempo) e
A proporção de solúveis reincorporados ao produto final.
Na meta análise realizada em 2024 por Rech et al., os autores demonstraram que a origem do DDGS, ou seja, o fornecedor, exerce forte influência sobre a digestibilidade dos nutrientes.
O estudo destaca que diferenças no processo industrial entre plantas produtoras resultam em variações relevantes na qualidade nutricional do ingrediente, reforçando a necessidade de padronização dos processos e da escolha criteriosa de fornecedores. Além disso, é possível observar que, a partir de 2020, houve avanços significativos na consistência e qualidade do DDGS, com maior uniformidade entre lotes, resultado de melhorias nos processos industriais e nos controles internos de qualidade adotados pelas usinas.
Ainda assim, diante dessa ampla variabilidade residual, recomenda-se a realização de análises laboratoriais frequentes, e a adoção de sistemas de formulação baseados em nutrientes digestíveis (como energia líquida e coeficientes SID de aminoácidos), a fim de garantir dietas mais precisas e desempenho consistente dos suínos.
Em um estudo realizado por Whitney et al. (2006) foi avaliado o impacto da inclusão de DDGS sobre o desempenho zootécnico de suínos em diferentes fases de criação. Para as fases de crescimento e terminação, foram estudadas inclusões de 0, 10, 20 e 30% de DDGS.
Os autores concluíram que a inclusão de 20 e 30% comprometeu o ganho de peso diário dos animais quando em comparação aos grupos de 0 e 10% de inclusão.
Entretanto, o nível de inclusão de 30% de DDGS afetou o consumo dos animais (P<0,05) quando comparado aos grupos 0, 10 e 20%. A inclusão de 30% também afetou a profundidade de lombo e firmeza da carcaça, mas não encontraram diferença para a espessura de toucinho.
Os autores ainda concluem que a inclusão ideal de DDGS na dieta deve ser abaixo de 20% para manter o desempenho e composição da carcaça, o que está de acordo aos achados de Freitas et al. (2009), que afirmam que a inclusão de DDGS acima de 20% além de acarretar redução da firmeza da gordura suína, aumenta o volume de fezes e excreção de fósforo, ambos fatores indesejáveis na suinocultura.

Para o desempenho de leitões, dois estudos realizados por Whitney e Shurson (2004), analisaram os impactos da inclusão crescente de DDGS (de 0 a 25%) nas dietas de leitões desmamados precocemente.
Os autores observaram que é possível utilizar até 25% de DDGS derivado do milho em programas nutricionais divididos em três fases durante a creche, desde que a inclusão ocorra a partir da segunda fase (quando os leitões atingem cerca de 7 kg) e continue na terceira fase, após um período inicial de adaptação de aproximadamente duas semanas.
Nessas condições, não foram identificados prejuízos ao desempenho dos animais.
Brito (2008), observou redução de desempenho dos leitões na fase de creche alimentados com 20 e 30% de DDGS, o que pode ter ocorrido devido à impossibilidade de suprir a exigência de aminoácidos digestíveis, achado que reforça que o fornecimento de níveis elevados de DDGS logo após o desmame pode reduzir o consumo de ração, comprometendo o crescimento inicial dos leitões.
Quando se trata de porcas em gestação, Wilson et al. (2003), relataram que ao fornecerem 30% de DDGS para porcas multíparas, no período da gestação e posterior lactação, promoveram um desempenho nas porcas lactentes semelhante ao de porcas alimentadas com dietas à base de ingredientes usuais (milho e farelo de soja), havendo aumento subsequente da leitegada nas porcas gestantes.
E ao fornecer 50% de DDGS em dietas de porcas gestantes observaram aumento no tamanho da leitegada. Esse estudo corrobora com os dados encontrados por Silva (2018), que ao fornecer dietas contendo DDGS (150 ou 300 g/kg) para porcas nos 30 dias finais da gestação, observou desempenho semelhante ao dos animais que receberam dietas formuladas somente com ingredientes usuais.

Contudo, em porcas que receberam dietas com 300 g de DDGS observouse maior frequência de ócio nos primeiros 40 minutos de avaliação, demonstrando que a utilização do DDGS pode proporcionar impacto positivo no bem-estar dos animais.
Devido a concentração fibrosa do DDGS, há impactos importantes no trato digestório dos animais, como o aumento de taxa de passagem e da capacidade de armazenamento de alimento no trato, o que no caso de fêmeas gestantes, será benéfico por elevar a capacidade de alimentação durante a lactação, período em que é maior a exigência por alimento.
Além disso, a fibra tende a proporcionar às fêmeas sensação de saciedade haja visto que no período de gestação as fêmeas, usualmente, sofrem restrição alimentar, por este motivo, a adição de alimentos fibrosos na dieta poderia satisfazer o apetite das porcas através da ativação do centro de saciedade, o qual é ativado em decorrência da distensão da parede estomacal, e aumentar a condição de bemestar, além de possivelmente reduzir casos de estereotipia, associados à condição de estresse (Danielson e Noonan, 1975; Etienne, 1987; Everts, 1991; Broom e Johnson, 1993).

O DDGS, é um ingrediente, que pode reduzir custos na formulação, sem comprometer os resultados zootécnicos, desde que sua variabilidade seja compreendida e controlada.
Para isso, é necessário entender a dinâmica de oferta e sazonalidade do DDGS no mercado regional, preparando as fábricas para sua inclusão regular, com ajustes tecnológicos e logísticos adequados.
Uso de DDGS na nutrição de suínos: potencial nutricional e impactos no desempenho animal BAIXAR EM PDF

Beiser Montaño MV1,2 , Ronald Cardozo
Rocha MV1,3, Diego Lescano MV MSc4,5 e Sandra Salguero MVZ PhD4,6
1Agrosofia Servicios (Bolivia)
2Responsável pela granja El Trébol
3Gerente pecuário da divisão de suinocultura
4KPIs Consulting
5CEO
6HOiS



Um ensaio conduzido na granja comercial El Trébol (Bolívia) – Agrosofia Servicios avaliou o impacto do suplemento funcional Flavorad RP® sobre o desempenho reprodutivo de matrizes suínas no segundo ciclo reprodutivo.




Foram comparados dois grupos de animais: um recebendo alimentação convencional e outro com a mesma dieta acrescida da inclusão diária de Flavorad RP® durante os primeiros 40 dias de gestação.
Grupo 1: Alimentação convencional
Grupo 2: Inclusão diária de Flavorad RP®




Os resultados mostraram um aumento significativo (P<0,05) no número de leitões nascidos totais e nascidos vivos no grupo Flavorad RP®, sem diferenças em eventos reprodutivos.
O desempenho reprodutivo de matrizes gestantes representa um dos pilares da eficiência produtiva em sistemas de produção de suínos. Em especial, a fase inicial da gestação é crítica para a sobrevivência embrionária e o estabelecimento de uma leitegada viável.


Nesse contexto, ingredientes funcionais surgem como ferramentas estratégicas para modular processos fisiológicos e otimizar resultados produtivos.

O presente estudo avaliou o efeito do Flavorad RP®, um blend funcional desenvolvido pela Agroceres Multimix, em matrizes no segundo ciclo reprodutivo, em condições comerciais de produção na Bolívia.

O objetivo principal foi determinar o impacto do uso de Flavorad RP® durante os primeiros 40 dias de gestação sobre indicadores reprodutivos-chave em matrizes de segundo ciclo, incluindo:
Local e desenho experimental
O ensaio foi conduzido na granja El Trébol, da Agrosofia Servicios, na Bolívia. Foram utilizadas 191 matrizes (1050 x 337 PIC) no primeiro ciclo destinadas a entrar no segundo ciclo.
As matrizes foram distribuídas aleatoriamente em dois tratamentos:
Tratamento 1 (Controle):
Nutrição convencional e curva alimentar padrão
Tratamento 2 (Flavorad RP®):
Número de leitões nascidos totais
Nascidos vivos
Perdas e variação da condição corporal
Além disso, foi realizada uma avaliação econômica utilizando o método de Renda sobre Custo de Alimentação (ISCA).
Mesma base nutricional + Flavorad RP® (40g/matriz/dia) durante os primeiros 40 dias de gestação
Cada matriz foi considerada uma unidade experimental. A água foi fornecida à vontade e o manejo da condição corporal pós-lactação foi assegurado com o uso de compasso (caliper).
Foram aplicadas estatísticas descritivas e análise de variância (ANOVA), com significância estatística de P<0,05. O software utilizado foi o Infostat®, desenvolvido pela Universidade Nacional de Córdoba (Argentina).
Cinco matrizes consideradas outliers em relação ao número de leitões nascidos foram excluídas da análise.
A Tabela 1 apresenta a evolução comparativa do número de leitões nascidos totais e nascidos vivos em matrizes gestantes sob duas condições nutricionais: alimentação convencional (grupo controle) e alimentação suplementada com Flavorad RP® durante os primeiros 40 dias de gestação.
Os resultados reforçam a hipótese de que a suplementação funcional pode melhorar a eficiência reprodutiva, mesmo em contextos comerciais, especialmente em matrizes em transição do primeiro para o segundo ciclo reprodutivo.
A suplementação com Flavorad RP® teve efeito positivo sobre o desempenho reprodutivo tanto em matrizes que mantiveram sua condição corporal (CC) como naquelas que apresentaram perda após a lactação.
Observa-se que as matrizes do grupo Flavorad RP® alcançaram médias superiores em ambas as variáveis: aproximadamente 1,17 leitões a mais em nascidos totais e 1,08 a mais em nascidos vivos em comparação ao grupo controle.
Essa diferença é estatisticamente significativa (P<0,05), sugerindo um efeito positivo do aditivo sobre a sobrevivência embrionária e o sucesso gestacional.
Em matrizes sem perda significativa de CC, Flavorad RP® gerou um modesto aumento de 0,29 leitões nascidos totais (NT) e 0,13 nascidos vivos (NV), indicando benefício mesmo em animais em bom estado nutricional.
No entanto, o efeito foi mais evidente em matrizes com perda de CC, onde o Flavorad RP® aumentou em 1,45 os NT e em 1,38 os NV em relação ao grupo controle.
TR18: Uso de Flavorad RP em porcas gestantes. Programa InHouse360 by KPIs Consulting. **Perdas de unidades caliper na lactação anterior ao ensaio.
Isso sugere que o blend funcional pode atuar como suporte metabólico, compensando os efeitos de um estado catabólico materno e melhorando o desempenho reprodutivo em situações fisiológicas desafiadoras.
Em resumo, quanto maior a vulnerabilidade da matriz, maior o impacto do Flavorad RP®, reforçando seu uso como ferramenta nutricional estratégica.
Calculou-se a variação do índice ISCA entre o grupo tratado com Flavorad RP® e o grupo controle. Esse índice reflete o lucro líquido obtido sobre o custo da alimentação, considerando demais custos fixos constantes. A diferença entre os grupos permitiu estimar o benefício econômico total atribuível ao aditivo.
Quantidade de animais incluídos na análise:
O número de matrizes avaliadas em cada grupo foi usado para distribuir proporcionalmente o benefício econômico total, obtendo-se assim o ganho econômico por matriz.
Gráfico 1: Efeito do Flavorad RP® no desempenho reprodutivo: número de leitões nascidos totais e vivos
Para estimar o impacto econômico do uso de Flavorad RP® em matrizes gestantes, foram considerados os seguintes parâmetros:
Dosagem e duração do uso do aditivo:
Considerou-se que Flavorad RP® foi fornecido diariamente a cada matriz durante um período fixo de gestação. O consumo total por matriz foi estimado multiplicando a dose diária pelo número de dias de suplementação.
Custo unitário do aditivo funcional:
Utilizou-se o valor por quilo do Flavorad RP® conforme reportado no ensaio. Esse custo foi aplicado ao consumo individual por matriz para estimar o investimento por animal.
O ROI foi obtido pela comparação entre o ganho líquido gerado pelo uso do Flavorad RP® e o custo total de suplementação por matriz. Esse indicador mede a eficiência econômica do investimento no aditivo, expressando quantos dólares se obtêm por cada dólar investido.

O uso de Flavorad RP® durante os primeiros 40 dias de gestação gerou um ganho líquido de US$ 32 por matriz (com base nos quilos extras vendidos por matriz).
A suplementação com Flavorad RP® nos primeiros 40 dias de gestação em matrizes de segundo ciclo demonstrou ser uma estratégia nutricional eficaz, tanto do ponto de vista reprodutivo quanto econômico.
O aumento significativo no número de leitões nascidos totais e vivos indica melhor implantação embrionária e maior eficiência reprodutiva, especialmente em matrizes com perda de condição corporal após a lactação, onde o impacto foi mais evidente.
Este estudo oferece evidências aplicadas sobre o uso de estratégias nutricionais funcionais em granjas comerciais da América Latina. Os resultados permitem que produtores, técnicos e empresas considerem:
Segmentação estratégica do uso de aditivos em matrizes com maiores desa os siológicos;
Avaliação econômica baseada em indicadores integrados como o ISCA;
Adoção da nutrição funcional como investimento, e não como custo.
Em um cenário onde a eficiência reprodutiva e o retorno econômico são cada vez mais relevantes, ferramentas como o Flavorad RP® possibilitam decisões baseadas em dados concretos e resultados reais.

Priscila Beck
Diretora de Comunicação agriNews Brasil

AAurora Coop, um dos maiores players brasileiros na exportação de proteína animal, vive um momento de expansão internacional em meio a um cenário global de incertezas.
Volatilidade geopolítica, mudanças climáticas, desafios sanitários e questões socioambientais pressionam a cadeia produtiva, exigindo das lideranças visão estratégica e capacidade de adaptação.

Em entrevista exclusiva à suínoBrasil, o presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, fala sobre riscos, internacionalização, cultura organizacional, mão de obra, ESG e os desafios de manter um modelo cooperativo competitivo em escala global.

Em tempos de volatilidade, qual é o risco que mais preocupa a Aurora Coop e como blindar a empresa?
Os riscos sempre existiram e vão continuar existindo. O mercado submete todos os players às mesmas dificuldades. O que faz diferença é a estratégia para enfrentá-los.
No nosso caso, temos um compromisso especial com os produtores, já que somos uma organização cooperativa. A Aurora não existe para si mesma, mas como um meio a serviço de quem decidiu criar e sustentar esse empreendimento.
Hoje, um dos maiores obstáculos é o custo do dinheiro. Investimentos ficaram mais caros e isso mexe com o planejamento.
Não podemos induzir o produtor a assumir dívidas que comprometam seu futuro. Administramos cada decisão com cautela e buscando consenso. Assim, evitamos que a preocupação com esses riscos tire o sono dos produtores — e o nosso também.
Entre os indicadores de mercado, qual aciona uma reação imediata em sua gestão?
O market share. Construí-lo é difícil e mantê-lo exige atenção redobrada. Uma variação mínima já sinaliza que algo precisa ser revisto. Afinal, o consumidor é o juiz final. Se ele não aceita, temos que ajustar imediatamente.
A abertura do escritório em Xangai foi um passo ousado. O que determinou essa decisão?
Esse projeto foi gestado por quase dois anos. Nossas gestões anteriores já sonhavam com presença física no exterior. Quando a equipe de mercado externo amadureceu os estudos e apresentou um projeto consistente, a diretoria abraçou a ideia.
A decisão de abrir em Xangai não foi um impulso, mas o resultado de análise estratégica. Estamos ainda nos primeiros passos, mas convictos de que foi a escolha correta.
Há planos para outras unidades no exterior?
Sim. Já examinamos uma segunda unidade internacional, que deverá se concretizar no primeiro semestre de 2026. A internacionalização é um caminho natural para uma organização do porte da Aurora.

Liderar mais de 100 mil pessoas, direta e indiretamente, exige mais do que estratégia. Qual valor organizacional você gostaria que permanecesse intacto se um dia deixasse a presidência?
O que mais preservo é a harmonia do sistema Aurora. Hoje somos 14 cooperativas associadas, com 86 mil produtores rurais que nos orgulhamos em chamar de empresários rurais, além de cerca de 50 mil colaboradores.
Essa engrenagem precisa funcionar em sintonia. Manter a harmonia garante a perenidade do modelo cooperativo e o sucesso do empreendimento.
A formação de mão de obra é um desafio recorrente no agro. Como a Aurora trabalha essa questão?
No cooperativismo, sempre olhamos para a família do produtor, não apenas para o indivíduo. Desde décadas atrás, investimos em núcleos de mulheres e jovens, além de universidades cooperativas, para formar novas lideranças e preparar sucessores.
Um exemplo é o Projeto de Encadeamento Produtivo, desenvolvido há 26 anos. Ele foi fundamental para conter o êxodo rural, oferecendo perspectivas de vida digna no campo e evitando que jovens migrassem para as cidades sem retorno. Hoje colhemos frutos importantes dessa estratégia.
É um trabalho de prevenção, correto?
Exatamente. Exige paciência e visão de longo prazo, mas é o que garante a sustentabilidade da atividade e das famílias no campo.
Grandes empresas do agro enfrentam críticas socioambientais. Como a Aurora responde a esse debate?
Muitas críticas se baseiam em percepções antigas. Hoje, praticamente todos os produtores estão licenciados ambientalmente e seguem normas rígidas.
Há décadas trabalhamos melhorias contínuas no uso do solo, destinação de resíduos e bem-estar animal.
O ESG, tão falado atualmente, precisa ser entendido como algo mais amplo: além da questão ambiental, inclui cuidar das pessoas e garantir distribuição justa da renda. O cooperativismo tem esse DNA.

Disponível em:




O legado que deixamos é de responsabilidade compartilhada e desenvolvimento sustentável.
O cooperativismo é baseado na soma de forças, mas o mercado é competitivo. Quando foi necessário agir mais como competidor do que como cooperativista?
O produtor precisa entender que é o mercado quem define as condições. Seja uma cooperativa ou uma empresa privada, o consumidor dificilmente paga mais apenas por ideologia.
Existe, sim, um percentual que valoriza a origem cooperativa, mas isso não pode representar grandes diferenças de preço.
Nosso diferencial é que, em igualdade de condições, a cooperativa agrega valor à comunidade. Cumprindo seus princípios, torna-se um parceiro estratégico até para governos bem intencionados.
Se um dia a Aurora virar um estudo de caso em Harvard, qual capítulo da sua gestão você gostaria que fosse lembrado?
Eu gostaria que estudassem como foi possível manter milhares de famílias com boa qualidade de vida em um modelo minifundiário. Esse é o grande desafio do cooperativismo moderno e a prova de que é possível crescer sem abandonar as raízes.
A entrevista com Neivor Canton revela uma liderança que combina prudência e ousadia. Se por um lado a Aurora Coop busca novos mercados e instala bases internacionais, por outro preserva sua essência cooperativa, investindo em pessoas, famílias e comunidades.
O equilíbrio entre competitividade global e valores locais parece ser a fórmula que mantém a Aurora como uma das maiores exportadoras de proteína animal do Brasil — e como uma referência mundial em cooperativismo.
Assista a entrevista completa:
Aurora Coop além do Brasil: os bastidores da internacionalização com Neivor Canton BAIXAR EM PDF


Fernando Augusto Souza
Gerente Global de Produtos para Monogástricos ICC
Na suinocultura moderna, o desempenho zootécnico está diretamente relacionado à qualidade da nutrição, especialmente em fases críticas como o desmame e a lactação.
MaxiDigest® Swine é altamente eficaz para esses momentos, pois possui ingredientes funcionais aliado a uma composição nutricional de alta biodisponibilidade, proporcionando principalmente o desenvolvimento e saúde intestinal.
Desenvolvido pela ICC Animal Nutrition, é obtido a partir do extrato de levedura purificado, rico em metabólitos solúveis, formulado para promover maior eficiência alimentar, estimular o consumo e melhorar a saúde intestinal dos suínos.
MaxiDigest® Swine é composto por:
Peptídeos de cadeia curta e aminoácidos livres, de rápida absorção;
Ácido glutâmico e ácido aspártico, responsáveis pela palatabilidade (sabor umami) e saúde intestinal principalmente ao servir como combustível para as células intestinais, apoiar a integridade da barreira intestinal, ajudar no equilíbrio do ambiente intestinal e no suporte imunológico.;
Ácidos nucleicos, vitaminas e minerais, fundamentais para a renovação celular e imunidade;
Concentração superior de metabólitos solúveis, resultado do processo tecnológico desenvolvido pela ICC Animal Nutrition que garante maior extração e puri cação do citoplasma da levedura.
Durante a fase de creche, os leitões enfrentam um momento de intensa vulnerabilidade fisiológica, marcado por profundas mudanças no sistema digestivo, imunológico e comportamental.
A retirada do leite materno, associada à introdução de dietas sólidas e à imaturidade enzimática, resulta em:
Baixa digestibilidade
Redução do consumo voluntário e
Maior incidência de diarreias.
Simultaneamente, ocorre um processo de atrofia das vilosidades intestinais e alteração na composição da microbiota, elevando o risco de inflamações e comprometimento na absorção de nutrientes.
Nesse cenário desafiador, estratégias nutricionais específicas são fundamentais para garantir o desempenho e a sobrevivência dos leitões.
O MaxiDigest® Swine se diferencia por sua alta concentração de aminoácidos funcionais, especialmente o ácido glutâmico, que desempenha papel central na fisiologia intestinal.
Esse aminoácido é a principal fonte de energia para os enterócitos e está diretamente envolvido na manutenção da integridade da mucosa, síntese de proteínas estruturais e regeneração das vilosidades. Além disso, o ácido glutâmico participa da síntese de nucleotídeos endógenos, essenciais para a multiplicação celular, e contribui para a ativação sensorial do sabor umami, estimulando o consumo alimentar.

A presença de outros aminoácidos como ácido aspártico, glicina e alanina potencializa esse efeito, oferecendo ao leitão uma combinação de nutrientes com altíssimo valor biológico, fundamentais para a recuperação intestinal e fortalecimento do sistema imunológico.
Graças à sua solubilidade elevada e digestibilidade superior a 95%, o MaxiDigest® Swine age como um verdadeiro acelerador do desenvolvimento intestinal, proporcionando absorção rápida de nutrientes essenciais mesmo em leitões com sistemas digestivos ainda imaturos.
Essa composição confere ao produto uma digestibilidade superior a 90%, permitindo sua atuação em duas frentes:
Estímulo ao consumo alimentar, mesmo em situações de estresse;
Fornecimento rápido de nutrientes essenciais, otimizando a conversão alimentar e o crescimento.
Seu perfil sensorial atrativo, rico em compostos que estimulam o sabor umami, estimula significativamente o consumo de ração, tanto em leitões quanto em porcas.
Essa biodisponibilidade permite suporte nutricional imediato, estimula a maturação do epitélio intestinal e contribui para o aumento da superfície absortiva, otimizando o aproveitamento da dieta desde os primeiros dias pós-desmame.
Além disso, ao modular positivamente a microbiota intestinal e reduzir o risco de inflamações, o produto promove maior uniformidade dos lotes e melhora global no desempenho zootécnico, sendo uma ferramenta estratégica para garantir a saúde, o crescimento e o pleno potencial genético dos animais.
Em matrizes lactantes, esse aumento de ingestão favorece a produção de leite e colostro, melhorando o desempenho das leitegadas, reduzindo perda de peso das porcas e promovendo desmames mais pesados e homogêneos.
MaxiDigest® Swine é recomendado principalmente para situações de maior desafio, seja no consumo de ração ou em dietas de transição, porém pode auxiliar na redução de até 50% do plasma usado nas dietas para leitões.
Pode ser amplamente utilizado para leitões na fase de creche e dietas prémater; matrizes em lactação, para estímulo ao consumo de ração, melhorando a produção de leite e colostro e situações de estresse imunológico, sanitário ou ambiental.
Em um estudo conduzido pela AKEI Animal Research (Fartura-SP), sob orientação do Prof. Caio Abércio (Universidade Estadual de Londrina) com 350 leitões desmamados aos 23 dias mostrou que:

MaxiDigest® Swine, manteve os mesmos indicadores de desempenho substituindo até 50% do plasma nas dietas pré-iniciais I e II (com 3% de inclusão na pré 1 - 1.5% de plasma e 1.5% de MaxiDigest® Swine e 1.5% de inclusão na pré 2 - 0.75% de plasma e 0.75% de MaxiDigest® Swine).
Os resultados demonstraram que os indicadores zootécnicos foram similares nas situações com 100% de plasma:
O ganho de peso diário (GPD), peso corporal final e conversão alimentar (CA) não apresentaram diferenças estatísticas relevantes (P>0,05) entre os grupos tratados com plasma e os com MaxiDigest.
A concentração de mieloperoxidase fecal, marcador inflamatório, e a diversidade do microbioma intestinal (alfa e beta) também se mantiveram estáveis.
Essa substituição de até 50% permite reduzir custos com ingredientes de alto valor sem comprometer desempenho, saúde intestinal ou equilíbrio microbiano, sendo uma estratégia nutricional segura e de excelente custo-benefício para granjas comerciais.
Outro teste foi realizado em uma granja comercial localizada no estado de Minas Gerais (Curvelo-MG). Foi conduzido com 3600 leitões para avaliar os efeitos da inclusão de MaxiDigest® Swine on top na dieta durante a fase de creche.
O experimento comparou dois grupos: um controle, com dieta convencional da granja, e outro com a inclusão de 1% on top de MaxiDigest® Swine, nesse teste o consumo de ração foi travado para os dois tratamentos.
Ao incluir 1% do produto na dieta de leitões durante a fase de creche, observou-se um incremento significativo no ganho de peso ao final do período (GPD de 35 g a mais que o tratamento controle), melhora na conversão alimentar (1.39 x 1.49) e uma expressiva melhora na uniformidade do lote.
Esses efeitos estão intimamente ligados à capacidade do MaxiDigest® Swine de acelerar o desenvolvimento do epitélio intestinal, garantir absorção eficiente mesmo em sistemas digestivos imaturos e estimular o consumo alimentar nos primeiros dias pós-desmame — momento crítico para o sucesso da creche.
A redução na variabilidade de peso entre os animais também é um indicativo de estabilidade metabólica e digestiva, consequência direta do suporte nutricional funcional proporcionado pelo produto.
Assim, os resultados observados reforçam, de forma inequívoca, os mecanismos técnicos que fundamentam o uso do MaxiDigest® Swine como uma ferramenta segura e eficaz para elevar o desempenho dos leitões em condições reais de produção.
Ao final da creche, observou-se que os animais suplementados apresentaram maior peso médio em comparação ao controle, além de uma melhor uniformidade do lote, evidenciada pela redução no coeficiente de variação do peso (Figura 1).
O uso do MaxiDigest® Swine abre oportunidades comerciais e técnicas importantes:
Em grandes sistemas produtivos, representa economia direta na formulação (redução do uso de plasma) e aumento da rentabilidade por animal.
Para clientes que buscam padronização de lotes, o produto melhora a uniformidade de crescimento ao acelerar o desenvolvimento intestinal nos primeiros dias pós-desmame.
Na produção de matrizes e leitegadas saudáveis, potencializa a ingestão de ração e estimula a produção de colostro e leite, favorecendo o ganho de peso dos leitões ao nascimento. 25,000
Em mercados exigentes quanto ao uso de ingredientes de origem animal, o MaxiDigest® Swine oferece uma alternativa funcional como uma fonte provinda de proteína de leveduras, alinhada a tendências de bem-estar e segurança alimentar.
Figura 1. Diferença percentual na variação do PESO MÉDIO entre os tratamentos
Esses ganhos foram obtidos sem impacto negativo sobre escore fecal ou mortalidade, demonstrando viabilidade técnica e segurança de uso em condições reais de produção.
O produto foi facilmente incorporado à ração na própria fábrica da granja, reforçando seu valor como ferramenta estratégica para melhorar o desempenho e a padronização dos lotes na suinocultura.
MaxiDigest® Swine oferece mais que proteína: entrega nutrição funcional e estratégica. Seu perfil aminoacídico com destaque para o ácido glutâmico, aliado à alta solubilidade e digestibilidade, promove uma verdadeira ativação do metabolismo intestinal, sendo essencial para acelerar o desenvolvimento do trato gastrointestinal, garantir maior consumo e preparar os leitões para expressarem seu potencial genético com segurança.
MaxiDigest® Swine: Nutrição de Alta Performance para Suínos BAIXAR EM PDF

Com o aumento da produtividade, as porcas tornaram-se mais sensíveis e exigentes, demandando maior atenção por parte de produtores e técnicos, a fim de garantir a expressão do seu potencial genético, ao longo da vida produtiva.
Nesse contexto, a saúde do aparelho locomotor das fêmeas suínas, especialmente a integridade dos cascos, passou a ser reconhecida como um fator crítico para o sucesso reprodutivo e econômico das granjas.
A importância para o melhor desempenho produtivo e econômico

Ton Kramer
Médico Veterinário, Mestre e Doutor em Ciências Animais
A suinocultura moderna evoluiu significativamente nas últimas décadas, migrando de sistemas extensivos para modelos intensivos que priorizam eficiência, produtividade e bem-estar animal.
Historicamente, os problemas locomotores eram negligenciados frente a outras prioridades sanitárias e nutricionais.
No entanto, estudos demonstraram que lesões de casco e claudicação estão entre as principais causas de descarte precoce de matrizes, impactando diretamente a longevidade produtiva, o desempenho reprodutivo e os custos operacionais. A dor associada às lesões interfere no comportamento natural das porcas, reduzindo a ingestão alimentar, a manifestação de estro e a taxa de concepção.
Além disso, o bem-estar animal - cada vez mais valorizado por consumidores e exigido por legislações - é severamente comprometido pelas lesões nos cascos.
Assim, garantir a saúde do aparelho locomotor tornou-se uma prioridade estratégica para sistemas de produção sustentáveis, éticos, eficientes e rentáveis.
Fatores Genéticos e de Seleção
Linhagens genéticas selecionadas especialmente para alta produtividade podem apresentar maior predisposição a problemas locomotores, devido ao rápido crescimento, aumento do peso corporal e maiores exigências metabólicas.
Além disso, a conformação dos animais e lesões nos cascos, especialmente na face plantar, quando não observadas adequadamente no momento da seleção, resultarão em animais mais propensos à claudicação e ao desenvolvimento ou aumento da severidade das lesões nos cascos.
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Fatores Ambientais
Pisos abrasivos, escorregadios, com excesso de umidade, acúmulo de dejetos, com má manutenção ou com espaçamento inadequado são causas frequentes de traumas mecânicos, diminuição da resistência dos cascos e desenvolvimento de lesões.
Fatores de Manejo
Movimentações bruscas, agressividade no trato com os animais, e condições de estresse ambiental, por exemplo, favorecem o surgimento de lesões.
Fatores Nutricionais
Os animais de alta produtividade são mais exigentes em termos nutricionais. Além disso, estes animais também são mais sensíveis a condições de estresse.
Apesar das dietas serem normalmente formuladas para atenderem as exigências expressas em tabelas nutricionais, as condições de estresse, que resultam na ativação do sistema imune, ainda que em baixa intensidade, mas de forma crônica, alteram a distribuição dos nutrientes pelos órgãos e tecidos.
Nestas situações, a integridade dos tegumentos em geral, incluindo epitélios, mucosas e cascos, por exemplo, é prejudicada.
A deficiência de microminerais como zinco, cobre, manganês, selênio e cromo, ainda que relativa, devido ao seu desvio para tender demandas do sistema imune, ou por conta do fornecimento de fontes que não permitem a disponibilização metabólica dos minerais nos órgãos e tecidos, compromete a formação da queratina, tornando o tecido córneo do casco mais frágil e suscetível a rachaduras, fissuras e infecções.

1
Descarte Precoce de Matrizes
Porcas com claudicação são frequentemente descartadas antes de completarem seu ciclo produtivo ideal.
Estudos recentes demonstram que a claudicação representa perto de 30% das causas de mortalidade ou remoção involuntária de porcas e que a lesão na linha branca (Figura 1) está entre as principais causas de descarte de leitoas e primíparas.
Isso reduz a longevidade do plantel, aumenta os custos com reposição de matrizes, que representam um dos maiores investimentos em granjas, e prejudica o status sanitário do plantel.

2
Redução da Eficiência Reprodutiva
A dor e o desconforto locomotor afetam diretamente o comportamento reprodutivo das porcas:

Menor manifestação de cio
Redução da taxa de concepção
Aumento do intervalo desmame-cio
Menor número de leitões nascidos vivos
Diminuição do número de partos por ano
Esses fatores comprometem a produtividade reprodutiva e reduzem o número de leitões nascidos vivos por matriz ao ano e ao longo da vida produtiva da porca.
3
Aumento da Natimortalidade e Leitões Mumificados
Estudos indicam que porcas com lesões de casco apresentam maior incidência de natimortos e leitões mumificados. Isso está relacionado ao estresse fisiológico e à menor ingestão alimentar durante a gestação, afetando o desenvolvimento fetal.
Estudo recente demonstrou que porcas com lesões na linha branca (Figura 1) e crescimento e erosão da almofada plantar (Figura 2) severas, representando 40% dos plantéis de 59 granjas, tiveram uma redução de 5% no número de leitões nascidos vivos em comparação com porcas com menos lesões e de menor severidade.

4
Queda no Consumo Alimentar e Conversão Nutricional
A claudicação reduz a mobilidade das porcas, dificultando o acesso ao alimento e à água. Isso compromete a ingestão voluntária, especialmente em sistemas de alojamento coletivo, e afeta negativamente a conversão alimentar e o desempenho
5
Aumento no Uso de Antibióticos e Custos Veterinários
Lesões nos cascos, especialmente aquelas com infecções associadas, exigem tratamentos com antibióticos, anti-inflamatórios e cuidados veterinários.
Isso eleva os custos com medicamentos e mão de obra especializada, além de aumentar o risco de resistência antimicrobiana
6
Maior Demanda de Mão de Obra e Tempo de Manejo
Porcas com claudicação exigem atenção individualizada, o que aumenta o tempo de manejo por animal. Isso reduz a eficiência operacional da equipe e pode comprometer outras atividades da rotina da granja.
Necessidade de Adaptações Estruturais 7
Granjas com alta incidência de claudicação podem precisar reformar pisos, baias e corredores para reduzir traumas e melhorar a ambiência. Essas reformas representam investimentos significativos em infraestrutura.
8
O descarte precoce de matrizes com alto valor genético, antes que expressem seu potencial produtivo, representa uma perda econômica direta. Isso também compromete os programas de melhoramento genético da granja.

Perda de Desempenho da Progênie
9 Impacto na Rentabilidade e Sustentabilidade
Leitões oriundos de porcas com claudicação podem apresentar:
Menor peso ao desmame
Maior variabilidade de peso na leitegada
Menor resistência a doenças
Maior taxa de mortalidade pré-desmame.
Estudos recentes evidenciaram ainda que esses leitões são também mais sensíveis ao estresse, são mais agressivos e têm pior ganho de peso ao longo das fases de crescimento e engorda em comparação com leitões filhos de porcas sem claudicação.
A soma dos fatores acima compromete a rentabilidade do sistema produtivo. Granjas com altos índices de lesões de casco e claudicação apresentam menor retorno sobre o investimento em genética, nutrição e manejo.
Além disso, a sustentabilidade do sistema é afetada, tanto do ponto de vista econômico quanto do bem-estar animal.
A fim de reduzir os impactos negativos da ocorrência de lesões de casco e claudicação em porcas, é fundamental que se adotem medidas de prevenção e monitoramento. Para tanto, é necessária uma abordagem integrada, envolvendo:
Suplementação Mineral Estratégica
Além da atenção aos níveis de energia, proteína, aminoácidos e gordura das dietas, é fundamental o cuidado com os níveis e fontes de minerais.
A inclusão de minerais na dieta, que sejam de moléculas comprovadamente absorvidas, de modo a estarem metabolicamente disponíveis nos órgãos e tecidos, especialmente zinco, cobre, manganês, cromo e selênio, desde a fase de crescimento das leitoas, fortalece a estrutura necessária para o casco e reduz a incidência de lesões. 1
A seguir, são apresentadas algumas estratégias recomendadas:
Importante destacar que aumentar níveis minerais pode ser também prejudicial. Da mesma forma, algumas fontes de minerais, mesmo que declaradas como orgânicas, podem não resultar em resposta positiva.

2
Avaliação Periódica da Qualidade FísicoQuímica da Água de Bebida
Foi demonstrado que a composição mineral da água de bebida pode interferir na absorção de nutrientes em função de interações no trato gastrointestinal e, consequentemente, na formação e crescimento dos cascos.
Entender a composição e os níveis dos minerais, assim como sua variação ao longo do ano, possibilita a adoção de estratégias que minimizem os efeitos negativos dessas interações, como ajustes nos níveis ou fontes de minerais das dietas, ou a implementação do tratamento da água de bebida.
Monitoramento de Claudicação e Lesões nos Cascos 4
A aplicação de escores de locomoção e de lesões nos cascos regularmente nas granjas, seguindo protocolos estabelecidos uma ou duas vezes ao ano, permite a identificação precoce de alterações.
Seleção de Leitoas 5
A seleção de leitoas deve considerar a forma de caminhar, a conformação dos membros e a integridade dos cascos, com atenção especial à face plantar dos membros.

3
Adequação das Instalações
Pisos devem ter permeabilidade, dimensionamento, boa drenagem e abrasividade adequadas, além de manutenção frequente. Áreas de descanso confortáveis e secas são essenciais.
Capacitação da Equipe 6
Treinamentos regulares sobre identificação de claudicação, identificação de lesões, bem-estar animal e manejo preventivo são fundamentais.
A saúde dos cascos das fêmeas suínas é um componente essencial para o sucesso reprodutivo, o bemestar animal e a sustentabilidade econômica da produção.
Lesões nos cascos e claudicação são mais do que somente problemas clínicos; são indicadores de oportunidades de melhoria na seleção de leitoas, nas instalações, no manejo e na nutrição.

A adoção de práticas de prevenção e monitoramento contribui para maior longevidade das matrizes, melhor desempenho zootécnico e maior bem-estar animal - pilares fundamentais para uma suinocultura moderna, ética e rentável.
Cândida Azevedo Zootecnista, MsC em Zootecnia, DsC em Ciência Animal e Pastagens e Coordenadora Técnica suínoBrasil

Os cereais são a base das rações na suinocultura intensiva, mas cerca de 70% deles apresentam contaminação por micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos como Aspergillus, Fusarium e Penicillium.
Mais de 400 tipos já foram identificados, sendo comuns a:
A atoxina B1
Zearalenona
Deoxinivalenol
Ocratoxina A
Toxina T-2
Essas toxinas são estáveis, difíceis de eliminar no processamento e permanecem na ração animal.
O consumo pode causar intoxicação aguda ou crônica, afetar o sistema imunológico e até provocar a morte dos animais.
Além disso, podem se acumular no organismo humano pela cadeia alimentar, levando a problemas reprodutivos, como abortos espontâneos, malformações fetais e redução da fertilidade masculina. Por isso, o controle das micotoxinas é essencial para a saúde animal e humana.
A zearalenona (ZEA), também conhecida como toxina F-2, é uma micotoxina produzida por fungos do gênero Fusarium.
A ZEA é insolúvel em água e solúvel em soluções alcalinas, benzeno, acetonitrila, acetona e álcool. É termicamente estável e não se degrada por trituração, extrusão ou aquecimento.
Sua estrutura se assemelha ao hormônio estrogênio, permitindo que ela e seus metabólitos, especialmente a alfazearalenona (α-ZEL), se liguem aos receptores estrogênicos e ativem genes relacionados. A α-ZEL apresenta atividade estrogênica até quatro vezes maior que a da ZEA.
Suínos, em especial porcas de reposição, são os mais suscetíveis aos efeitos da toxina, que pode causar:
Infertilidade
Abortos
Disfunções ovarianas
Inibição da ovulação
Alterações no ciclo reprodutivo
Partos anormais
Natimortos
Além dos efeitos reprodutivos, a ZEA também apresenta ação hepatotóxica, hematotóxica, imunotóxica e genotóxica.
A zearalenona (ZEA) é rapidamente absorvida após ingestão oral, com captação estimada em 80–85%. Em cerca de 30 minutos já pode ser detectada no sangue, ligada a globulinas de forma semelhante aos hormônios reprodutivos.
Seu metabolismo ocorre principalmente no fígado, mas também em outros tecidos, como rins, ovários e intestino.
Existem duas principais vias de biotransformação:
a hidroxilação, que gera α- e β-zearalenol (α- e β-ZOL), e
a conjugação com ácido glicurônico, que auxilia na eliminação.
A excreção biliar e o ciclo ênterohepático influenciam o destino da ZEA e ajudam a explicar por que diferentes espécies apresentam sensibilidades variadas aos seus efeitos tóxicos.
A ZEA é uma micotoxina com efeito estrogênico que se liga aos receptores de estrogênio, alterando a expressão de genes e comprometendo a saúde reprodutiva. Suínos e ruminantes são os mais sensíveis.
A ZEA tem estrutura semelhante ao estrogênio e se liga a receptores celulares, ativando genes relacionados à síntese de mRNA e estimulando atividades anabólicas e reprodutivas.
Em suínos, a baixa capacidade de inativar a ZEA por glucuronidação os torna especialmente sensíveis à intoxicação. Os principais efeitos são distúrbios reprodutivos, como:
Anestro Aborto
Maior mortalidade embrionária e fetal
Falhas em programas de indução hormonal
Aumento de natimortos e leitões com malformações.
Porcas de reposição são mais vulneráveis do que matrizes.
Em marrãs, a ingestão de zearalenona em doses baixas (1,5–2 ppm) causa inchaço da vulva, espessamento vaginal, aumento do útero e atrofia dos ovários, com sinais surgindo entre 3 e 7 dias após o início da exposição e desaparecendo em até 14 dias após a retirada da ração contaminada.

Esses efeitos são semelhantes aos observados com aplicações de estradiol, mas não ocorrem em porcas adultas cíclicas ou lactantes, que necessitam de doses muito mais altas (64 ppm) para apresentar sintomas.
Concentrações de 3 ppm podem induzir anestro em marrãs, enquanto doses de 2 ppm administradas por 45 a 90 dias podem levar à puberdade precoce, geralmente associada a cios inférteis.
Além disso, mesmo em baixas concentrações (0,235–0,358 ppm), a ZEA compromete a qualidade dos ovócitos, afetando células da granulosa, esteroidogênese e expressão gênica, de forma dosedependente.
Estudos demonstraram que, em porcas cíclicas, a ingestão de ração contaminada com 5 a 10 ppm de zearalenona pode causar, após o desmame, ciclos prolongados ou anestro. Além disso, há uma relação direta entre a dose ingerida e a duração do anestro.
Esse efeito também pode ocorrer em marrãs alimentadas nessas concentrações entre o 5º e o 20º dia do ciclo. Nesses casos, os corpos lúteos permanecem ativos devido ao aumento da progesterona, mas desaparecem espontaneamente cerca de 30 dias após a retirada da toxina.
Acredita-se que a zearalenona atue diretamente nos ovários, já que não interfere nos hormônios gonadotróficos. Em contrapartida, em doses muito elevadas (1 mg/kg de peso corporal), também pode inibir a secreção de FSH e LH.
Diversos estudos avaliaram os efeitos da zearalenona (ZEA) durante a gestação. A ingestão de ração contaminada acima de 2,8–3,0 ppm, principalmente no início da gestação, reduz o tamanho das leitegadas.
Tal fato ocorre devido à ação estrogênica precoce da ZEA que compromete a resposta do endométrio à progesterona durante a implantação embrionária (dias 11–12).
Doses elevadas (> 25 ppm) podem causar natimortalidade e mortalidade neonatal, enquanto níveis próximos a 3 ppm estão associados à mumificação fetal.
Também podem surgir dificuldades na indução do parto e alterações nos leitões recémnascidos, como vulva inchada em fêmeas.
O período mais crítico é entre os dias 7 e 10 de gestação, quando até doses baixas (1 ppm) já provocam degeneração embrionária. Em contaminações moderadas (até 60 ppm), observam-se leitegadas menores e leitões menos vigorosos. Doses muito altas (64 ppm) levam à morte de toda a leitegada.
Estudos demostram uma relação inversa entre o nível de ZEA na ração e o tamanho da leitegada, efeito atribuído à redução da fertilização, bem como à morte embrionária e fetal, ligada à ação negativa da toxina sobre a função luteinizante.
A oferta de 4 ppm de zearalenona na ração de porcas durante a gestação reduz o peso médio dos fetos e aumenta a variação de peso entre leitões da mesma leitegada.
Esse desequilíbrio está associado ao menor peso ao nascer e maior ocorrência de leitões com splay leg quando a dose ultrapassa 4 ppm. Além disso, foi observada morte fetal, identificada por restos de tecido no útero por volta do 40º dia de gestação.
A exposição de suínos machos jovens à zearalenona na ração provoca efeitos reprodutivos significativos.
Doses entre 100 e 600 ppm reduzem o peso dos testículos, epidídimo e glândulas vesiculares, além de inibir temporariamente a espermatogênese — efeito reversível após a retirada da toxina.
A administração de 40 ppm diminui a testosterona plasmática e reduz a libido, principalmente em animais com menos de 38 semanas.

Estudos também mostram que, em machos mais velhos, doses de 20 a 200 ppm mantêm os mesmos efeitos. Além disso, concentrações de ZEA e alfazearalenol entre 40 e 80 µg/ml reduzem a capacidade dos espermatozoides de se ligar à zona pelúcida, comprometendo a fertilidade.
A presença de ZEA em rações representa um sério desafio para a suinocultura, principalmente devido aos seus efeitos estrogênicos que comprometem a reprodução de fêmeas e machos.
Mesmo em baixas concentrações, a toxina é capaz de afetar o ciclo reprodutivo, a qualidade dos gametas, a viabilidade embrionária e a vitalidade das leitegadas, além de reduzir a libido e a fertilidade dos machos.
Marrãs e porcas de reposição se mostram particularmente vulneráveis, sendo o período gestacional inicial o mais crítico para a sobrevivência embrionária. Considerando sua estabilidade térmica e persistência nos grãos, o controle da ZEA deve ser prioridade nos sistemas produtivos, tanto para proteger o desempenho reprodutivo e a eficiência da produção suinícola, quanto para reduzir os riscos à saúde animal e humana.
Riscos Ocultos na Ração: O impacto da Zearalenona na Fertilidade Suína BAIXAR EM PDF


Ygor Henrique de Paula1; Izabel Cristina Tavares2 ¹Médico Veterinário. Doutor em Zootecnia. Pesquisador na University of Saskatchewan e Membro da linha de pesquisa Animal Science and Intestinal Health – ASIH ²Médica Veterinária. Membro da linha de pesquisa Animal Science and Intestinal Health – ASIH
Odesmame é considerado um dos momentos mais estressantes na vida dos suínos, podendo causar alterações no funcionamento do intestino e do sistema imunológico, o que leva à redução do consumo alimentar, do crescimento e da saúde geral dos leitões (Campbell; Crenshaw; Polo, 2013).

Nas 2ª e 3ª semanas que se seguem ao desmame, os leitões tornam-se mais vulneráveis a infecções microbianas, principalmente devido à imaturidade do sistema imune e à retirada repentina do leite materno — fonte essencial de nutrientes e proteção imunológica para a leitegada (Luppi, 2017; Castro et al., 2022).
Como consequência, os leitões ficam mais propensos ao desenvolvimento de doenças no período pós-desmame, como a colibacilose
A colibacilose suína é uma infecção provocada pela Escherichia coli (E. coli), uma bactéria Gram-negativa que representa não só um risco significativo para a produção de suínos, mas também uma preocupação para a saúde pública, devido ao potencial zoonótico de algumas de suas cepas (Barros et al., 2023).
Por sua frequência e impacto, esse agente infeccioso é tema recorrente entre sanitaristas e produtores, já que pode comprometer seriamente os sistemas de criação.
Nesse contexto, a colibacilose está entre os principais desafios enfrentados pela suinocultura global, sendo responsável por consideráveis prejuízos econômicos ligados à:
Morbidade
Mortalidade
Menor desempenho zootécnico e
Aumento nos custos com tratamentos (Luppi, 2017; Barros et al., 2023).
Embora E. coli seja uma bactéria comensal normal do trato gastrointestinal, ela tem o potencial de causar doenças tanto locais quanto sistêmicas. Os principais subtipos de E. coli incluem:
Enterotoxigênica (ETEC)
Enteropatogênica (EPEC)
Entero-hemorrágica (EHEC)
Enteroagregativa (EAEC)
Enteroinvasiva (EIEC)
Produtora de toxina Vero ou semelhante à Shiga (VTEC ou STEC)
Aderente difusa (DAEC)
Dentre esses, as fímbrias F4 (K88) e F18 da ETEC são os agentes etiológicos mais comuns responsáveis pela diarreia pós-desmame em suínos (Luppi, 2017; Fairbrother; Nadeau, 2019; Sha et al., 2024).
O período pós-desmame é frequentemente relacionado à forma mais grave de infecção intestinal por E. coli, que se manifesta por morte súbita ou diarreia severa (Fairbrother e Nadeau, 2019).
O trato gastrointestinal é um ecossistema complexo que abriga uma grande quantidade de microrganismos com diversas atividades metabólicas, começando a ser colonizado desde o nascimento dos suínos (Pandey et al., 2023). Esse ecossistema varia de acordo com a idade, a dieta e outros fatores presentes nos intestinos dos suínos (Luo et al., 2022).


Assim, o estresse do desmame e as mudanças na dieta podem facilmente alterar a microbiota intestinal dos leitões, tornando-os mais suscetíveis a infecções por bactérias patogênicas (Mahmud et al., 2023).
Embora E. coli seja uma das primeiras bactérias a colonizar os intestinos dos leitões ao nascimento, a microbiota intestinal pode ser afetada pelo aumento de sua abundância durante o período pós-desmame (Wang et al., 2019).
É importante ressaltar que, para que a infecção se estabeleça, não basta apenas a colonização pelo agente; são necessárias também condições ambientais predisponentes e fatores específicos do hospedeiro.
Além disso, essas cepas podem ser eliminadas nas fezes de suínos clinicamente saudáveis (Luppi, 2017; Nielsen et al., 2022; Barros et al., 2023).
A diarreia costuma se manifestar como um líquido amarelado ou acinzentado, com duração de até uma semana, levando à desidratação e perda de peso.
Ao longo de alguns dias, grande parte dos animais de um mesmo lote podem ser afetados, com taxas de mortalidade que podem chegar a 25%.
A ocorrência de surtos varia entre as granjas, mas os picos são mais comuns nas três primeiras semanas após o desmame. Animais que morrem em decorrência da diarreia pós-desmame causada por E. coli geralmente apresentam boa condição corporal, mas estão intensamente desidratados, com olhos fundos e sinais de cianose. Curiosamente, estudos já demonstraram a presença de cepas de ETEC em 16,6% dos suínos assintomáticos durante a fase de lactação, em 66% na fase de creche e em 17,3% nos animais em terminação


A PRIMEIRA vacina oral para controle de colibacilose



Versátil - pode ser administrada via aplicador, cochinho ou dosador
Melhora integridade intestinal2
Dose única
Aplicada a partir dos 18 dias de idade
Melhora o desempenho zootécnico dos animais3
Imunidade precoceanimais protegidos 7 dias após a aplicação1
Permite a redução do uso de antimicrobianos: Uso consciente e quando, de fato, necessário4
O estômago costuma estar distendido, contendo ração. O intestino delgado aparece dilatado, levemente edemaciado e com áreas de hiperemia. O conteúdo intestinal varia entre líquido e mucoso, com um odor característico. O mesentério encontra-se fortemente congesto.
Nos casos mais tardios de surto, os suínos apresentam-se emagrecidos e com odor intenso de amônia. Quando a cepa de ETEC envolvida também produz a toxina Stx2e, as lesões características da doença do edema tendem a ser leves ou até ausentes (Fairbrother; Nadeau, 2019).
A imunidade contra infecções entéricas causadas por E. coli é predominantemente humoral, através de anticorpos, e, no início, é fornecida por meio da imunidade passiva, através do colostro materno.
Esse primeiro tipo de proteção destaca-se como um dos diversos benefícios cruciais promovidos pela prática adequada de colostragem. Além disso, a proteção é sustentada posteriormente pelos anticorpos lactogênicos presentes no leite materno da porca.
À medida que os leitões se desenvolvem, a imunidade passa a ser mantida por respostas imunes intestinais locais ativas. Esse processo é fundamental para garantir a proteção intestinal duradoura contra infecções bacterianas (Rooke; Bland, 2002).
A imunidade protetora contra a E. coli baseia-se na presença de anticorpos específicos que reconhecem e neutralizam antígenos de superfície da bactéria. Entre esses, destacam-se as adesinas fimbriais, como F4, F5, F6 e F41, que são as principais responsáveis pela adesão da bactéria às células epiteliais intestinais, permitindo a colonização e a infecção.
Anticorpos direcionados à cápsula polissacarídica da ETEC também têm demonstrado ser protetores, pois dificultam a capacidade da bactéria de interagir com as células intestinais e, consequentemente, de causar danos (Pereira et al., 2015; Duan et al., 2020)
No contexto da produção suinícola, a resistência antimicrobiana entre as cepas de E. coli tem se tornado um problema persistente e crescente, afetando diretamente o controle e tratamento das infecções.
Estudos têm mostrado que a ocorrência de cepas multirresistentes de E. coli é cada vez mais comum, o que torna o manejo das infecções mais complexo e oneroso para os produtores (Castro et al., 2022). A resistência antimicrobiana, compromete a eficácia dos tratamentos, exigindo abordagens alternativas e mais rigorosas.
Além disso, a tendência crescente da expressão de um fenótipo multirresistente tem sido um ponto de atenção, dado que muitas cepas de E. coli demonstram resistência a três ou mais antimicrobianos diferentes, o que aumenta consideravelmente o risco de falhas terapêuticas e prolonga os períodos de doença nas granjas (Garcias et al., 2024).
Diante dessa situação, é fundamental adotar estratégias de controle que não dependam exclusivamente do uso de antimicrobianos. O uso excessivo de antibióticos não só favorece o aumento da resistência, como também prejudica o equilíbrio da microbiota intestinal dos suínos, incentivando a proliferação de bactérias patogênicas.
Assim, a implementação de medidas preventivas não medicamentosas, como vacinação e programas nutricionais com aditivos como:
Prebióticos
Probióticos
Simbióticos
Ácidos orgânicos e
Fitogênicos é crucial para prevenir e controlar surtos de colibacilose (Castro et al., 2022; Sha et al., 2024).
Essas práticas são essenciais para assegurar a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola.

Além disso, as instalações devem ser minuciosamente limpas de matéria orgânica e desinfetadas antes da chegada de novos lotes, pois a gestão adequada do ambiente é uma estratégia eficaz para reduzir a pressão de infecção nos galpões.
O manejo dos leitões desmamados deve minimizar o estresse ambiental e outras formas de estresse, como a mistura desnecessária das leitegadas, temperatura, transporte e o alojamento.
Por fim, programas de seleção genética podem ser aprimorados para escolher suínos que não possuam receptores específicos nas células epiteliais intestinais para as fímbrias F4 e F18, principais fatores de virulência transportados pela E. coli (Castro et al., 2022; Fairbrother; Nadeau, 2019).
Em resumo, a colibacilose continua a ser uma das principais causas de diarreia pós-desmame, representando um desafio significativo para a suinocultura e gerando importantes perdas econômicas.

A E. coli, uma bactéria naturalmente presente no trato gastrointestinal dos suínos, encontra no período de desmame o ambiente propício para se proliferar devido ao estresse e à vulnerabilidade imunológica dos animais.
Embora existam várias estratégias de controle, como o uso de aditivos nutricionais, vacinação e tratamentos com antibióticos, o foco principal deve ser nas medidas de biosseguridade.
Garantir práticas adequadas de limpeza, desinfecção, colostragem, ambiência e minimizar o estresse durante o desmame prepara os leitões para enfrentar esse período crítico, reduzindo a pressão de infecção e aumentando suas chances de sucesso.
A implementação eficaz dessas medidas, aliada a abordagens preventivas e terapêuticas adequadas, é essencial para garantir a saúde dos animais e maximizar o desempenho produtivo, resultando em um aumento na produtividade e na rentabilidade da suinocultura.
Colibacilose pós desmame: Q uando a comensal se torna patogênica BAIXAR EM PDF
Referências bibliográficas Sob consulta aos autores.
