1331

Page 1


Diário da Cuesta

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

Secretaria Cultura realiza reposição das casinhas do Projeto Livro Livre em Botucatu

O projeto permite que qualquer pessoa interessada possa doar ou retirar um livro livremente, incentivando o hábito da leitura e a circulação de obras literárias na cidade

A Prefeitura de Botucatu, por meio da Secretaria de Cultura, realizou a reposição das casinhas do Projeto Livro Livre, garantindo que a população continue tendo acesso gratuito a uma variedade de livros. O projeto permite que qualquer pessoa interessada possa doar ou retirar um livro livremente, incentivando o hábito da leitura e a circulação de obras literárias na cidade.

Lançado em 2009, o Projeto Livro Livre passou por reformulações ao longo dos anos. Com o apoio do Senac Botucatu, os antigos displays foram modernizados e transformados em estruturas mais seguras e resistentes, protegendo os livros da umidade e de condições climáticas adversas.

Inicialmente, os livros eram disponibilizados em suportes de tecido instalados em locais de grande circulação. Agora, com as novas casinhas, o acesso à leitura se tornou ainda mais prático.

A população está convidada a conhecer as novas casinhas e contribuir com doações ou retiradas de livros, promovendo um ambiente de troca e incentivo à cultura.

Locais de acesso ao Projeto Livro Livre

Atualmente, o projeto conta com seis pontos fixos na cidade: Praça da Pinacoteca; Espaço Cultural (ponto de ônibus); Casa da Juventude; Praça da Juventude; Paratodos (ponto de ônibus); Rodoviária.

Grupo de Proteção Ambiental de Botucatu está reestruturando as equipes especializadas

Com a medida, a população pode contar com 11 guardas e 3 viaturas, trabalhando diariamente nas áreas rurais e ambientais do Município

Com a operacionalização da ROMU (Ronda Municipal) desde o início de 2025, também foi ampliado o Grupo de Proteção Ambiental (GPA), que passou a operar com novos agentes. Agora a população

pode contar com 11 guardas e 3 viaturas, trabalhando diariamente nas áreas rurais e ambientais de Botucatu

Com ampliação do efetivo, a presença da GCM ganhou maior efetividade preventiva nas estradas, propriedades, distritos e bairros rurais de Botucatu, que hoje estão em uma área de 1.486,4 km² de extensão territorial, mais de 1.000 km de estradas rurais e aproximadamente 1.200 propriedades cadastradas na área rural do município.

Com o atual efetivo, a GCM disponibilizou uma viatura dedicada ao patrulhamento na região de Vitoriana, Rio Bonito, Porto Said, Mina e Alvorada da Barra.

A segunda viatura está destinada a região de César Neto (Anhumas), Demétria, Cascata da Marta, Green Valley, Campos Eliseos, Piapara, Usina Indiana, Pátio 8, Rubião Júnior, Faxinal, Chaparral e Monte Alegre. Por fim, a terceira equipe é destinada ao Inspetor Ambiental, que visa o combate a infrações ambientais, apoio as demais viaturas do GPA, bem como patrulhamento preventivo na barragem da Represa do Rio Pardo. (TRIBUNA DE BOTUCATU)

“As coisas assim a gente não perde nem abarca. Cabem é no brilho da noite. Aragem do sagrado. Absolutas estrelas.”!!

Maria De Lourdes Camilo Souza

Busquei o dia todo o fio da meada para começar a tecer esta estória. Dei-me conta que vinha do cordão umbilical.

O sorriso da minha mãe que veio me visitar durante a noite insistente na minha cabeça.

Como aquelas musiquinhas chiclete que você ouve no rádio e começa a cantar do nada e passa o dia cantando sem saber porque. Pensei comigo: pára com isso! De novo vai ser sobre sua mãe?

E porque não? Faz parte!

Desta vez ela estava muito jovem, os cabelos escuros bem penteados e vestia aquele seu guardapó branco que usava no seu trabalho no Posto de Saúde.

Há muito tempo não me lembrava dela desse jeito.

Sorria dizendo : vai dar tudo certo!

E deu.

Passamos os dias pensando o que de pior pode acontecer?

E se passássemos a pensar : o que de melhor pode nos passar?

O que nos toca fazer?

Enfrentar.

Tenho uma amiga que seu mantra era: “Simples assim.”

De repente do nada uma força vinda das entranhas mostrou as caras.

O que vai nos amedrontar? Nada.

A gente busca força nem que seja debaixo das pedras, no fundo do oceano, dentro das ostras.

Rasga o coração e trans-

forma o que entristece. Nele estão todas as respostas. Reconheceu o cérebro.

E seguimos sempre em frente, mente clara, coração sábio, tranquilo.

A bola que vier ou se rebate ou se desvia. No mais vamos encontrando as peças para montar este quebra cabeças que a vida nos deu.

Calmamente, cabeça fria.

O que não nos serve, não nos pertence, deixa ir Deixa fluir suave como deve ser.

A ferro e fogo também se cria lindas esculturas nuas.

CÍRCULO VICIOSO

Este é o título do soneto abaixo, de autoria do insuperável Machado de Assis. “ Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:

— “Quem me dera que fosse aquela loura estrela, Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”

Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

— “Pudesse eu copiar o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!” Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

— “Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”

Mas o sol, inclinando a rútila capela:

— “Pesa-me esta brilhante auréola de nume… Enfara-me esta azul e desmedida umbela… Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”

Embora não fosse seu gênero predileto, Machado de Assis publicou quatro livros de poesias. Neste soneto, em particular, ele revela seu pessimismo na observação do comportamento humano. Esse pessimismo está em várias obras. É famosa a reflexão final do livro MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, no capítulo DAS NEGATIVAS. Ele - Brás Cubas - conclui que no saldo de sua vida houve uma pequena sobra. E diz: ‘Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria’. Triste, né? Para ele, todos nós somos miseráveis. O fato de não ter tido filhos é positivo, pois não aumentou o número de miseráveis do mundo.

Mas voltando ao soneto, vê-se claramente um comportamento comum do ser humano. Estar insatisfeito. A eterna insatisfação das pessoas, que ficam contrariadas por não possuírem o que os outros possuem, mas dificilmente se alegram por terem o que os outros não têm.

É uma pena, mas é a mais pura verdade. O vagalume inveja a estrela, a estrela inveja a lua, a lua inveja o sol e o sol inveja o vaga-lume Quem é o mais feliz? Nenhum deles, pois ninguém está satisfeito com o que é e com o que tem. Cada um quer ser o outro. Seria tão diferente se o vaga-lume pensasse de maneira diferente: Que bom que tenho essa pequena luz, que ilumina meu caminho nas noites escuras! Ou se a estrela pensasse: Como, em companhia de minhas amigas, torno belo o céu e como sou querida por isso! Ou se a lua pensasse: Sou amada pelos apaixonados e, com as estrelas, formo um belo quadro de amor! Ou o sol: Eu dou vida ao mundo. Não há vida sem mim. Que orgulho!

Muitas vezes, brincando, a gente diz: Por que simplificar, se a gente pode complicar? Estou desconfiado de que não é só uma brincadeira. As pessoas gostam de complicar a vida.

ARTIGO CRONISTAS DA CIDADE

Da ABL – Academia

Botucatuense de Letras

A chamada crônica jornalística é entre nós, nos dias que passam, uma forma literária quase desligada do jornalismo. Muita gente a considera perfeitamente alheia ao jornal e, quando muito, mais própria da estrutura menos “quotidiana” dos diários, semanários e revistas. E não poucos acharão que a crônica possui a natureza estável, não circunstancial, dos artigos dos suplementos literários e dos rodapés de crítica.

Tenho para mim, entretanto, que esse carinho que vai cercando os nossos melhores cronistas botocudos e essa homenagem que se presta antes ao escritor que ao jornalista, está fazendo um grande mal à essa forma. Promo -

vê-la de peça de jornal a peça literária é transformá-la de material funcional em coisa de adorno, em jogo lúdico. E é que a crônica funciona no jornal - no jornal de hoje, imediatista, trepidante, volúvel, apaixonado e combativo – como uma espécie de centro de furacão, oferecendo ao leitor que precisa resistir ao “turmoil” dos acontecimentos, à vertiginosa velocidade das “naves espaciais” , a oprimente desumanização da cibernética, um pouco de calor humano. E é que, ao suplemento literário, de onde pouco a pouco vão desaparecendo as peças de criação – o conto, o poema, as reproduções e clichês de artes plásticas – e dominando as de ciências literárias - a critica de métodos rígidos, os estudos impessoais, o leitor cada vez tem menos acesso. Sebastião da Rocha Lima, Elda Moscogliato, Oswaldo Minicucci, Ion Ramos de Bastos, Eduardo Guedes Casimiro, Tasso Nunes da Silva, Milton Marianno, Bahige Fadel, Armando Delmanto, Benedito de Almeida, Sebastião de Almeida Pinto Filho, João Carlos Figueiroa, Raymundo Penhaforte Cintra, Renato Vieira de Mello e tantos outros – alguns deles decididamente escritores e poetas – são na crônica decididamente jornalistas. Jornalista no sentido de membros de equipe, de peça do complexo noticioso e comentador. Sem dúvida há literatura no que escrevem, as suas crônicas possuem linguagem estética, mas a maneira de tratar o assunto é sempre jornalística, isto é, existe o interesse de focar o acontecimento e deixar em “background” , atenuado pela distância, o que se pode denominar de floreio literário . A habilidade do cronista, diga-se de passagem, está aliás em atenuar o jornalístico, o que interessa ao homem da rua, e deixar que o elemento literário não se perceba demais. Elda Moscogliato é uma cronista que utiliza do “floreio” , e sua literatura obtém êxito devido ao facilismo redacional e o estilo “art nouveau”.

O calor humano resulta do fato de ser o cronista pessoal, subjetivo, em meio do mundo impessoal, seco e direto que são as colunas densas do jornal. Antigamente existia o “Correio de Botucatu” jornal quase centenário que, ao lado da “Folha de Botucatu” do mestre Pedro Chiaradia , lideravam a imprensa botocuda. Hoje, os artistas da crônica, vão ocupando os cantos de página, desmunicipalizando com facilidade, que logo faz sua a cidade em que não nasceu e penetrando ativamente, efetivamente na intimidade do espírito urbano que foi alheio à sua meninice e à sua adolescência.

Urge a união dos cronistas da cidade em torno de um só ideal. Valorizar os jornalistas que utilizam dessa forma literária que constitui um exercício estético dos mais altos, estando mesmo a exigir que se lhe empreste maior autonomia no sentido de não submete-la à vida de satélite dos periódicos.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.