Manual Prático de Farmacologia em Otoneurologia

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Otorrinolaringologista
Título de Especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial (ABORL-CCF/AMB)
Mestrado pela Faculdade de Medicina da
Univer sidade Federal do Ceará (UFC)
Super visor do Programa de Residência Médica em Otorrinolaringologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
Responsável pelo Setor de Otoneurologia do HGF
Membro da Academia Brasileira de Otoneurologia (ABON)
T hieme
Rio de Janeiro• Stut tgar t• New York•Delhi
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
P378m
Peixoto, Magno Eric Barbosa.
Manual prático de farmacologia em otoneurologia / Magno Eric Barbosa
Peixoto. – 1. ed. – Rio de Janeiro, RJ : Thieme Revinter Publicações, 2026.
14 x 21 cm
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-5572-384-7
eISBN 978-65-5572-386-1
1. Otorrinolaringologia. 2. Farmacologia. I. Título.
CDD 617.8
Elaborado por Maurício Amormino Júnior –CRB6/2422
Contato com o autor: magnoebp@gmail.com
© 2026 Thieme. All rights reserved.
Thieme Revinter Publicações Ltda. Rua do Matoso, 170 Rio de Janeiro, RJ CEP 20270-135, Brasil http://www.thieme.com.br
Thieme USA http://www.thieme.com
Design de Capa: © Thieme Créditos Imagem da Capa: imagem gerada por IA da Gemini.
Impresso no Brasil por Meta Brasil. 5 4 3 2 1
ISBN 978-65-5572-384-7
Também disponível como eBook: eISBN 978-65-5572-386-1
Nota: O conhecimento médico está em constante evolução. À medida que a pesquisa e a experiência clínica ampliam o nosso saber, pode ser necessário alterar os métodos de tratamento e medicação. Os autores e editores deste material consultaram fontes tidas como confiáveis, a fim de fornecer informações completas e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de erro humano por parte dos autores, dos editores ou da casa editorial que traz à luz este trabalho, ou ainda de alterações no conhecimento médico, nem os autores, nem os editores, nem a casa editorial, nem qualquer outra parte que se tenha envolvido na elaboração deste material garantem que as informações aqui contidas sejam totalmente precisas ou completas; tampouco se responsabilizam por quaisquer erros ou omissões ou pelos resultados obtidos em consequência do uso de tais informações. É aconselhável que os leitores confirmem em outras fontes as informações aqui contidas. Sugere-se, por exemplo, que verifiquem a bula de cada medicamento que pretendam administrar, a fim de certificar-se de que as informações contidas nesta publicação são precisas e de que não houve mudanças na dose recomendada ou nas contraindicações. Esta recomendação é especialmente importante no caso de medicamentos novos ou pouco utilizados. Alguns dos nomes de produtos, patentes e design a que nos referimos neste livro são, na verdade, marcas registradas ou nomes protegidos pela legislação referente à propriedade intelectual, ainda que nem sempre o texto faça menção específica a esse fato. Portanto, a ocorrência de um nome sem a designação de sua propriedade não deve ser interpretada como uma indicação, por parte da editora, de que ele se encontra em domínio público.
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Este trabalho nasce com o propósito de abordar a farmacologia aplicada à Otoneurologia, ciência fascinante que observa a interação entre o ouvido e o sistema nervoso central. Em uma abordagem clara e crítica, discorre a respeito das principais classes de fármacos utilizadas no tratamento de vertigens, zumbidos e alterações do equilíbrio; desde sua base fisiológica até suas interações sistêmicas, efeitos adversos e perspectivas terapêuticas.
Seu principal objetivo é oferecer ao leitor não apenas uma referência técnica, mas uma ferramenta para inspirar raciocínio e individualização do cuidado. Quando bem indicados, os medicamentos podem restaurar a qualidade de vida, mitigar sintomas incapacitantes e acelerar a reabilitação. O medicamento certo, na dose correta, pelo tempo adequado – essa é a verdadeira arte da terapêutica.
Produzir um trabalho que combine as complexidades da farmacologia com as sutilezas da Otoneurologia exige mais do que vontade: exige paixão, resiliência e profundo senso de responsabilidade com a formação de futuros profissionais e com o cuidado em saúde.
É com satisfação que apresento esta obra. Que ela possa auxiliar os colegas na prática ética da Otoneurologia, além de beneficiar aqueles que mais importam em nossa jornada: os pacientes.
Boa leitura.
Roseli Saraiva Moreira Bittar Professora-Assistente Doutora da Universidade de São Paulo
Oobjetivo das intervenções farmacológicas em Otoneurologia reside, em grande parte, na modulação de neurotransmissores, canais iônicos e receptores presentes nas vias auditivas e vestibulares, tanto periféricas quanto centrais.
Dentre os principais neurotransmissores envolvidos, destacam-se:
Glutamato: principal neurotransmissor excitatório, atua nas sinapses das células ciliadas internas e nos núcleos vestibulares, mediando a transmissão sensorial via receptores AMPA (ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol-propiônico) e NMDA (N-metil-D-aspartato).
GABA (ácido gama-aminobutírico): neurotransmissor inibitório com importante papel de modulação nos núcleos vestibulares e diversas vias centrais do tronco encefálico.
Histamina: regula a microcirculação da orelha interna e promove modulação dos núcleos vestibulares via receptores histaminérgicos (H1, H2, H3).
Serotonina: modula a atividade dos núcleos vestibulares, das vias auditivas centrais, do sistema límbico e do centro do vômito, influenciando o equilíbrio corporal, a percepção sonora, o estado emocional e os sintomas neurovegetativos.
Acetilcolina: envolvida na neurotransmissão das células ciliadas externas (via sinapses eferentes olivococleares) e nas vias vestibulares centrais, regula a amplificação sonora e a modulação vestibular.
Dopamina: modula a zona quimiorreceptora na área postrema, influenciando o controle de náuseas e vômitos associados a distúrbios vestibulares.
Noradrenalina: atua nos núcleos vestibulares e vias auditivas centrais, regulando atenção, alerta e respostas autonômicas, com impacto na percepção de sintomas otoneurológicos.
As diversas drogas abordadas neste manual exercem seus efeitos terapêuticos por meio da modulação desses neurotransmissores e de outros
mediadores, seja por meio do aumento ou diminuição da biodisponibilidade, ou pela alteração da atividade de seus receptores.
A seleção adequada de cada medicamento exige o conhecimento aprofundado de suas características farmacológicas, incluindo contraindicações, potenciais reações adversas e interações medicamentosas.
A polifarmácia, condição comum em pacientes idosos, demanda atenção redobrada, uma vez que o uso concomitante de múltiplos fármacos aumenta o risco de interações entre eles, com surgimento de efeitos indesejados e potencialmente graves.
Dessa forma, este manual foi concebido como um instrumento de consulta rápida e prática, direcionado especialmente aos médicos prescritores, incluindo residentes em formação.
As decisões terapêuticas finais, contudo, dependem sempre de um diagnóstico preciso e de uma avaliação individualizada de cada paciente em seu contexto clínico próprio, aplicando-se o bom senso frente às melhores evidências científicas e a autonomia médica.
As opções terapêuticas apresentadas em cada capítulo trazem seus respectivos graus de recomendação segundo os critérios adaptados do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine (2009), a partir da bibliografia revisada para cada condição clínica.
Oxford Centre for Evidence-Based Medicine: Níveis de Evidência (março de 2009)
Nível Subnível Descrição
1 1a Revisão sistemática (com homogeneidade) de ensaios clínicos randomizados.
1b Ensaio clínico randomizado individual com intervalo de confiança estreito.
1c All or none (resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada”).
2 2a Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos de coorte.
2b Estudo de coorte (incluindo ensaio clínico de menor qualidade).
2c Outcomes research ou estudos ecológicos.
3 3a Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos casos-controle.
3b Estudo caso-controle individual.
4 – Série de casos (incluindo estudos de coorte e caso-controle de baixa qualidade).
5 – Opinião de especialistas sem avaliação crítica explícita ou baseada em fisiologia, pesquisa laboratorial ou princípios teóricos.
Graus de recomendação (adaptação baseada nos níveis de evidência):
A – Evidência consistente de nível 1 (ensaios clínicos randomizados bem conduzidos ou revisões sistemáticas deles).
B – Evidência de nível 2 ou 3, ou extrapolações de estudos de nível 1.
C
– Evidência de nível 4, ou extrapolações de estudos de nível 2 ou 3.
D
– Evidência de nível 5, ou evidências inconsistentes/inconclusivas de qualquer nível.
A Otoneurologia é uma disciplina médica relativamente jovem: apenas na segunda metade do século XIX a vertigem foi associada ao ouvido (por Prosper Ménière), mais recentemente, já na década de 1990, a manobra para tratamento mais utilizada na vertigem posicional paroxística benigna foi descrita por John Epley e tão somente em 3 de fevereiro de 2024 foi fundada a Academia Brasileira de Otoneurologia (ABON).
A despeito disso, a Otoneurologia é um campo da ciência que tem avançado de forma extraordinária nos últimos anos, não só pelos inúmeros desenvolvimentos tecnológicos, mas, sobretudo, por meio de iniciativas internacionais de padronização de nomenclaturas, definições e critérios diagnósticos, como as da Bárány Society.
Tais esforços já permitem a aplicação de um maior rigor metodológico e comparabilidade entre estudos.
Entretanto, apesar das conquistas recentes, grande parte das opções terapêuticas farmacológicas em Otoneurologia ainda se baseia em Graus de Recomendação moderado ou fraco, conforme os critérios do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine (2009). Esse cenário não reflete, necessariamente, ineficácia terapêutica, mas a condição de um campo de estudos ainda em consolidação e franca expansão, marcado por desafios diagnósticos, heterogeneidade dos pacientes e lacunas no conhecimento fisiopatológico.
O predomínio atual de evidências de baixo nível reforça o papel do julgamento clínico e da experiência do especialista, mas também aponta para um futuro promissor: à medida que critérios diagnósticos se consolidem e novas ferramentas de estratificação de pacientes sejam incorporadas, é correto esperar uma elevação progressiva da qualidade das evidências e, consequentemente, da força das recomendações terapêuticas.

As principais opções farmacológicas em Otoneurologia, de forma clara, atual e sistematizada.
Os transtornos do equilíbrio decorrentes das afecções vestibulares e as sensibilidades auditivas — como zumbido, hiperacusia e misofonia — acometem parcela expressiva da população, sobretudo idosos, frequentemente portadores de comorbidades e usuários de múltiplos medicamentos.
Nesse cenário, a escolha de fármacos em Otoneurologia requer conhecimento técnico sólido, precisão e senso crítico diante das melhores evidências científicas, sempre com atenção ao risco de interações medicamentosas e reações adversas.
Este Manual reúne, de forma clara e sistematizada, as principais opções terapêuticas farmacológicas utilizadas na Otoneurologia moderna, abordando seus mecanismos de ação, indicações, posologias, contraindicações, efeitos adversos, interações medicamentosas e graus de recomendação para cada afecção.
Concebido como um instrumento de consulta rápida e objetiva, é destinado a médicos prescritores, residentes e estudantes de Medicina que buscam embasamento seguro para o raciocínio clínico nas escolhas terapêuticas em Otoneurologia.
Ao mesmo tempo, propõe uma reflexão crítica sobre a ciência e a arte de individualizar o cuidado, equilibrando eficácia, segurança e ética.
ISBN 978-65-5572-384-7
www.Thieme.com.br