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Apêndice E Diário de campo

APÊNDICE E - DIÁRIO DE CAMPO

É curioso como mudamos e evoluímos com o passar dos anos. Ao longo da graduação, senti minha sensibilidade e empatia sendo afloradas. Quando iniciei no curso, apesar de compreender a necessidade e o papel do Jornalismo na sociedade, apenas me interessava pela cultura mainstream.

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Ainda no primeiro semestre do curso, em 2017, descobri o Jornalismo Independente, minha maior paixão dentro da profissão. Costumo me referir a ele como o verdadeiro “Jornalismo por amor”. Então, finalmente, entendi que o jornalista tem o dever de disseminar informações a fim de minimizar preconceitos, desinformações, ideias opressoras e, sobretudo, dar voz a quem não tem.

Com isso em mente, busquei um tema que transmitisse a evolução das minhas ideias e do meu ser nestes últimos semestres. A princípio, gostaria de abordar o papel da mulher na cobertura de pautas sociopolíticas dentro do Jornalismo Independente. É um excelente assunto, não tem como negar, mas depois um insight, cheguei, finalmente, ao tema tratado neste trabalho.

Inclusive, trago muito de mim nele. A causa animal sempre despertou meu interesse e compaixão. Também culminou na minha transição ao vegetarianismo e ao não uso de produtos testados em animais, principalmente, os de beleza. O desenvolvimento desta ideia na minha vida, deu-se após o contato frequente com estes conteúdos nas redes sociais, principalmente no Instagram.

Após a definição do tema, partimos para as etapas de produção do projeto de pesquisa e experimental. Neste percurso, decidi que o produto final deste trabalho, seria uma reportagem extensa multimídia e simularia a veiculação em um dos meus portais favoritos, o TAB, do UOL.

Dito isso em linhas gerais, passarei a detalhar as quinzenas de produção desta reportagem e dos conteúdos multimídias apresentados nela.

Na primeira quinzena (11 a 25/08), realizei um levantamento de possíveis fontes. Para isso, as separei por sete grupos. O primeiro formado por administradores e moderadores de páginas e grupos veganos e vegetarianos. O segundo de influencers que levantam a bandeira da causa Cruelty-Free. O terceiro de adeptos ao

veganismo e vegetarianismo. O quarto de consumidores de carne, mas que evitam, ou não consomem, produtos testados em animais. O quinto de parlamentares ligados ao ativismo animal, seja qual for a vertente. O sexto composto por especialistas (desde Direito à Antropologia). E, por fim, o sétimo orientado aos cientistas e estudiosos da área das experimentações in vivo.

A segunda quinzena (26/08 a 09/09) foi destinada a contatar as referidas fontes. Destas, obtive respostas de positivas de algumas, como o Rodrigo Foresto (administrador do grupo Veganismo Pleno), do Wil Lemansch (criador e administrador da página e do grupo Vegetarianos Online) e da Thayssa Conti (criadora do perfil Vegana Explana). Entretanto, outras fontes não corresponderam aos meus e-mails, ou mensagens em redes sociais. No primeiro contato com estes que se propuseram a colaborar com o trabalho, apenas o Rodrigo Foresto aceitou realizar a entrevista por áudio. Os demais solicitaram que fossem feitas por texto, através de e-mails.

A essa altura, efetuei a pesquisa (via Google Forms) proposta no projeto de pesquisa. Aqui, contei com a ajuda de diversos amigos que responderam e compartilharam o questionário. Além disso, divulguei pelo meu Instagram e em alguns grupos do Facebook formado por públicos mistos, ou seja, não para o nicho do Veganismo/Vegetarianismo.

Ainda durante este período, por sugestão da minha orientadora, entrei em contato com três especialistas. Carlos Naconecy, filósofo especializado em Ética da Vida e Ética Animal. Mayra Vergotti Ferrigno, mestra em antropologia com o tema “Veganismo e libertação animal: um estudo etnográfico”. E Bianca Pazzini, doutoranda, professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FURG) e estudiosa dos Direito dos Animais. Todos retribuíram contato. Destes, apenas Mayra respondeu negativamente, por não debruçar-se nos últimos anos em estudos sobre o especismo, tema proposto para a conversa.

Na terceira quinzena (10 a 24/09), as entrevistas com Rodrigo Foresto, Thayssa Conti e Wil Lemansch foram realizadas. As respostas de todas me encantaram grandiosamente. E ouso dizer que Rodrigo foi uma das pessoas mais incríveis de ser ter como entrevistado. Desde o início demonstrou interesse e afinidade com este projeto. O mesmo se aplica à Lemansch e Thayssa. Carlos Naconecy estava em

período de mudança, portanto, seu escritório foi desmontado. Ele, gentilmente, pediu para adiar nossa reunião.

Durante esta fase, reforcei o contato com algumas outras fontes. A Bancada Vegana, por exemplo, havia ignorado todos meus pedidos de entrevista, feitos pelo WhatsApp, Instagram, Facebook e e-mail. Após tanta insistência, Daniella Simões, uma das idealizadoras da Bancada, respondeu-me no WhatsApp e disponibilizou-se a fornecer as respostas aos meus questionamentos.

A quarta quinzena (25/09 a 09/10) também foi marcada pela jornada incessante de contato com fontes. Bianca Pazzini, por algum motivo, não retornou mais minhas mensagens. Então, decidi que entraria em contato com um novo especialista em Direto dos Animais. Após algumas pesquisas, cheguei a alguns nomes conhecidos e respeitados nesta área. Destes, obtive retorno positivo do presidente das Comissões de Proteção e Defesa dos Animais OAB/RJ e da OAB Nacional, Reynaldo Velloso. Entretanto, após uma longa conversa, Reynaldo simplesmente descontinuou nosso contato. Além disso, enviei as perguntas para Carlos Naconecy. O filósofo preferiu que a entrevista acontecesse por e-mail.

Aproveitei o período para buscar novas referências bibliográficas e que fomentem discussões na reportagem. Com essa ideia, comprei o livro “A política sexual da carne: uma teoria feminista-vegetariana”, escrito por Carol J. Adams. O teor da obra, ainda nas primeiras páginas, é completamente instigante. Acredito que seja fundamental citá-lo ao longo do produto.

Na quinta quinzena (10 a 24/10) organizei algumas partes do relatório. Além de ter iniciado a reportagem extensa. Para o texto, optei por sete tópicos, apresentados em seis intertítulos (contextualização do tema; Redes sociais e a libertação animal; Fato ou fake?; Raízes socioculturais do especismo; Vivissecção, quem és tu?; Direito dos animais).

Neste período, recebi as respostas do Carlos Naconecy. O conteúdo é impressionante! Extremamente bem escrito e argumentativo. A entrevista, apesar de não ter ocorrido pelo meio em que esperava, contribuirá grandiosamente para o meu trabalho. E, confesso, que não sei por onde começar. Minha vontade é utilizar cada linha de suas respostas.

Também realizei a gravação da mesa redonda que propus para o podcast. A reunião ocorreu virtualmente e superou quaisquer expectativas que tinha. As meninas colaboraram para a discussão e sempre complementavam os pensamentos umas das outras. Ficou sensacional. Entretanto, compreendo que não poderei utilizar a gravação por inteira. Portanto, depois da decupagem, selecionei a parte que mais se enquadrava ao meu tema. Com as outras, pretendo realizar uma versão estendida e utilizar no site pós-TCC.

Na sexta quinzena (25/10 a 08/11) finalizei todas as entrevistas. Recebi como indicação da Danielle Simões, da Bancada Vegana, o Grupo 1R, formado por acadêmicas que se opõem aos testes in vivo. Encontrei o perfil do grupo no Instagram e combinei uma data para o encontro. Através do Google Meet, tivemos, aproximadamente, 1h20min de uma conversa esclarecedora. Inclusive, cheguei à conclusão de que me equivoquei em uma das minhas hipóteses, sugerida no projeto de pesquisa. Segundo as integrantes do 1R, quaisquer métodos de ensaio são inerentemente caros, sobretudo, quando se trata de animais, visto que existe um preço para manter estes animais saudáveis em um laboratório. Ou seja, refuta minha ideia de que os experimentos in vivo são mais baratos.

Além disso, recebi mais uma indicação, desta vez, por parte das meninas do grupo. A sugestão foi da Profa. Dra. Patricia Santos Lopes, orientadora de uma das fundadoras do 1R. A pesquisadora dedicou mais de 20 anos de estudo na área de testes alternativos ao in vivo. A parte mais interessante é que durante a entrevista ela não se colocou contra, nem a favor, dos testes em animais. Porém, demonstrou estar em perfeita sintonia com a modalidade in vitro, que é a qual desenvolve estudos sobre. A reunião também aconteceu pelo Meet.

Por fim, esta última quinzena (09 a 23/11), foi para o fechamento do trabalho. Diagramei o site e, confesso, estou extremamente orgulhosa do resultado. Reduzi ao máximo dos erros que encontrei e acredito que esteja agradável, visualmente falando. Gostaria de ter tido mais espaço para escrever, principalmente, sobre a vivissecção e direito dos animais.

Termino este diário de campo com a reflexão das mudanças que ocorreram no meu modo de pensar ao longo destes últimos dez meses. Como uma ovolactovegetariana, iniciei este trabalho com a necessidade de falar sobre a causa

Cruelty-Free, por compaixão e empatia que sentia pelos animais. Acreditava que minhas mudanças alimentícias só surtiam efeito e impacto na minha vida. Entretanto, após esta pesquisa, concluo que minhas atitudes são benéficas não somente para mim, como também para o meio ambiente, para os animais e para sustentabilidade do planeta.

Além disso, testei minhas habilidades adquiridas ao longo destes últimos semestres. Até então, nunca tinha desenvolvido nenhum trabalho desta magnitude sozinha (apesar de ter tido apoio na edição do podcast, infográfico e vídeo). Sinto que minha sensibilidade como jornalista e redatora foram afloradas, justamente por ter tratado de um tema tão delicado.

Aqui, deixo meu profundo agradecimento à Profa. Dra. Mirian Meliani, vulgo a melhor orientadora que poderia ter me auxiliado nesta jornada, e aos meus amigos queridos e companheiros de graduação, Betto, Rodrigo, Marina, Ian, Rafa e Renan. Obrigada! Este trabalho não seria o mesmo sem os conselhos, ajuda e apoio de todos vocês.

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