PRÉDICA: LUCAS 6.17-26 JEREMIAS 17.5-10 1 CORÍNTIOS 15.12-20
6º DOMINGO APÓS EPIFANIA
17 FEV 2019
Samuel Gaussmann
Sermão da baixada: igreja “pé no chão”
1 Introdução: Situando... O conhecido sermão do monte de Mateus tem uma versão diferenciada em Lucas. Nesse, as bem-aventuranças são temperadas com azedos ais, que são necessários para lembrar a igreja de ter os “pés no chão” para caminhar como Cristo entre o povo, compadecendo-se dele e agindo por e com ele. O cenário de uma baixada é simbólico para essa “descida” do discurso teológico para a realidade dos ouvintes. A adesão ou não ao projeto de Deus personificado em Jesus Cristo é que vai situar as pessoas no terreno das bem-aventuranças ou dos ais. Uma relação desse texto com o tempo litúrgico da Epifania é que a partir do discurso e prática de Jesus surge algo novo (Epifania – palavra grega que significa “aparição”). E essa perícope, tão densa em conteúdo, constitui apenas uma introdução ao sermão. O profeta Jeremias teve que denunciar os graves pecados de Israel. No desespero diante do inimigo (rei Nabucodonosor), Israel não se voltou a Deus, mas buscou auxílio na inteligência e força humanas (rei do Egito). O profeta afirma que maldito é o ser humano que confia nos recursos humanos e bendito é o que confia em Deus. É um discurso semelhante ao do evangelista, que aproxima a fala de Jesus a um discurso profético. No trecho da carta paulina, o apóstolo destaca o fato de a fé apurar nossa visão sobre a vida, percebendo que o sentido da vida é maior que a própria vida: Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens (15.19). E isso é tão grandioso que vale tanto para transformar nossa vida no agora (dá sentido e motiva a servir) como nos garante um futuro e, com isso, esperança (ressuscitar como Cristo ressuscitou).
2 Exegese: Chegar mais perto No v. 17 Lucas descreve o cenário no qual Jesus proferiu o de agora em diante denominado “sermão da baixada” – um lugar plano. Jesus está acompanhado de seus discípulos, seguidores e grande multidão. A delimitação “toda a Judeia”, no texto original, também pode ser traduzida por “toda a terra de Israel”. Tiro e Sidom eram cidades que ficavam no litoral norte do mar Mediterrâneo, fora da terra de Israel, e representam que a mensagem do evangelho será anunciada também aos não judeus, como, de fato, acontece no livro de Atos. As multidões
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