8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
04 AGO 2019
PRÉDICA: ECLESIASTES 1.2,12-14; 2.18-23 LUCAS 12.13-21 COLOSSENSES 3.1-11
Wilhelm Sell
O sentido da vida: um convite para olhar acima do sol
1 Introdução Ainda estamos no tempo litúrgico que indica maior atenção da igreja para o agir do Espírito Santo de Deus, aquele presente desde sempre na criação e que vem à igreja de Cristo como promessa e concretização de consolação, auxílio e vivificação. Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente, agindo na manutenção de toda a criação e no auxílio dos redimidos, atuando entre os membros do corpo de Jesus Cristo. É pelo agir do Espírito Santo, aliás, que as letras das Escrituras se tornam palavra de Deus à pessoa crente. Por isso sempre é motivo de gratidão perceber que esses três trechos apontados para estudo e homilia para este domingo, escritos em tempos e contextos distintos, tornam-se palavra de Deus para sua igreja hoje pelo agir do Espírito Santo. O tema que mais pulsa nos três textos citados é a relação do ser humano com os bens materiais conquistados pelo trabalho, com suas obras, com aquilo que pode construir, conquistar e/ou possuir. Os textos enfatizam a dificuldade do ser humano em lidar com toda espécie de obras produzidas, denunciando a confiança nessas como aquilo que pode trazer justificação existencial, ou seja, meio de satisfação do ser, da nefesh (hebraico), da psichē (grego). É nesse sentido que o autor de Eclesiastes afirma: Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento (v. 14). Já no texto do Evangelho de Lucas, temos Jesus Cristo denominando de afrōn (v. 20), que a Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA) traduz como louco e a Bíblia Nova Versão Internacional (NVI) como insensato – no sentido daquele que não faz uso de seu entendimento para compreender e por isso é confuso –, aquele que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus (v. 21). É o que o apóstolo Paulo vai identificar como mentalidade segundo a natureza terrena (v. 5), ou seja, marcada pelo lapso gerado pelo pecado e que se desdobra na distorção daquilo que propicia satisfação (sentido) pela justificação do ser. Chamo atenção para o método adotado no presente estudo. O texto principal para a homilia será abordado exegeticamente, reconhecendo a intencionalidade na mensagem do autor e percebendo seu valor histórico e contextual, mas na meditação prevalece uma hermenêutica cristocêntrica a partir da luz que Jesus Cristo lança
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