DOMINGO DE PENTECOSTES
04 JUN 2017
PRÉDICA: NÚMEROS 11.24-30 JOÃO 20.19-23 1 CORÍNTIOS 12.3b-13
Roger Marcel Wanke
1 Introdução Em tempos pós-modernos, a igreja de Jesus Cristo deve ser exortada a viver a partir do Espírito Santo e não a partir do espírito da época. Aqui reside a relevância de um culto de Pentecostes ontem e hoje. O diálogo com o espírito da época é necessário e saudável para a igreja, para que ela possa conhecer o contexto no qual ela deve estar inserida. Mas não é o contexto, muito menos o espírito da época que deve determinar o agir, a palavra e a relevância da igreja. A igreja é de Jesus Cristo. Ele é do seu Senhor. Por isso somente a voz de seu Espírito Santo tem permissão para falar à igreja e nortear sua atuação no mundo, independente do que diz o espírito da época em que se vive. Conforme o relato bíblico, o Espírito Santo é a presença do próprio Deus, que age no seu povo e no mundo, o qual criou. A ênfase dos textos previstos para o culto de Pentecostes deste ano aponta para a presença e para a ação do Espírito Santo dentro da comunidade. Ao soprar seu Espírito, Deus capacita sua comunidade a assumir sua tarefa missionária, catequética, diaconal e pastoral, não apenas para ministros ordenados, mas sobre toda a sua comunidade. O texto previsto para a pregação do culto de Pentecostes deste ano encontra-se no livro de Números 11.24-30. Como veremos a seguir, a ênfase do texto está na dádiva do Espírito Santo sobre os anciãos de Israel, capacitando-os a ser auxiliadores de Moisés na condução do povo de Israel durante sua caminhada pelo deserto até a Terra Prometida. Já os textos previstos como leitura bíblica são do Novo Testamento. O primeiro, João 20.19-23, está inserido no contexto do domingo da Páscoa. Ele relata a aparição do Cristo ressurreto a discípulos, que estavam trancafiados em uma casa com medo dos judeus. Após desejar a paz aos seus discípulos e dizer-lhes que veio para enviá-los, pelo fato do próprio Pai tê-lo enviado (missio Dei), Jesus sopra-lhes o Espírito Santo, dizendo: recebei o Espírito Santo (v. 22). Diferente da tradição lucana, que compreende o sopro do Espírito Santo no dia de Pentecostes [50 dias após a Páscoa], João localiza-o no próprio dia da Páscoa. A ênfase de João em seu relato não está na cronologia, mas nas implicações de receber o sopro do Espírito Santo. Tendo como ponto de partida o “discurso de despedida” (Jo 13-17), no qual Jesus anuncia a vinda do “Consolador”, referindo-se ao Espírito Santo, João aponta para a capacitação que os discípulos vão receber do próprio Cristo ressurreto ao soprar sobre eles o Espírito Santo. Para João, o Espírito Santo é a presença do próprio Cristo ressurreto em sua comunidade, consolando-os e fortificando-os e certificando-os da paz com Deus diante das aflições deste mundo (Jo 16.33). O Espírito Santo é
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