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O que parecia difícil de acontecer finalmente ocorreu: o presidente Lula estabeleceu um contato direto com o presidente norte-americano, Donald Trump, reduzindo a tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Essa aproximação, com direito a reunião na Casa Branca dos encarregados para tratar do assunto, abre um horizonte mais favorável para ambos os países, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido nas negociações bilaterais. Ao mesmo tempo em que essa boa notícia chega, os Estados Unidos elevam o tom nas relações com a China, ameaçando aumentar tarifas, o que aumenta o risco global e afeta diretamente os mercados financeiros e as moedas emergentes. Soma-se a esse cenário a possibilidade de um shutdown no governo norte-americano. Como resultado, o real — que vinha oscilando em torno de R$ 5,30 por dólar — voltou a se aproximar de R$ 5,50. Além dos fatores externos, há também um componente doméstico: o Congresso deixou caducar uma Medida Provisória que ampliaria a arrecadação. A ausência desses recursos gera uma perspectiva mais pessimista em relação ao ajuste fiscal e à trajetória da dívida pública, pressionando ainda mais a moeda brasileira. A economia brasileira segue em ritmo mais fraco, e essa tendência se torna mais evidente a cada mês. Segundo dados do IBGE, o comércio varejista nacional registrou crescimento de 0,4% em agosto na comparação anual. No entanto, o principal segmento — supermercados — apresentou queda de 0,5%, indicando perda de fôlego do consumo. Quando se inclui o setor automotivo, no chamado “varejo ampliado”, o desempenho é ainda pior: retração de 2,1%. Essa tendência já vinha sendo sinalizada como consequência dos juros elevados — atualmente em 15% ao ano — e da inflação mais alta na primeira metade do ano. Essa combinação

dificultou a rotina financeira das famílias, que passaram a depender mais do crédito. Como reflexo, o endividamento e a inadimplência atingiram níveis recordes: em setembro, 30,5% das famílias estavam inadimplentes, segundo a Confederação Nacional do Comércio.
A indústria também mostra sinais de enfraquecimento. Em agosto, a produção industrial recuou 0,7%, com destaque para a queda de 5% na produção de bens de capital, o que indica menor volume de investimentos diante do elevado custo do capital.
Alguns setores da economia têm conseguido se destacar mesmo nesse contexto de desaceleração. O turismo, por exemplo, tem apresentado resultados expressivos. De acordo com dados da FecomercioSP, o setor faturou R$ 18,7 bilhões em agosto, um aumento de 6,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior — um recorde histórico para o período. Os serviços de hospedagem cresceram 10,3%, enquanto o transporte aéreo avançou 9,7%. Outro destaque é o setor de tecnologia da informação, que registrou alta de 12,5% em agosto na comparação anual. Esses dois segmentos contribuíram para que o setor de serviços como um todo tivesse expansão de 2,6% no mês. Apesar dos desafios, há sinais mais positivos no horizonte, principalmente no comportamento dos preços. Em setembro, a inflação variou 0,48% e acumula 5,17% em 12 meses, mostrando clara tendência de arrefecimento. A alta mensal foi impulsionada pelo fim do bônus temporário na conta de energia elétrica residencial. Excluindo esse item, a variação geral teria ficado próxima de zero, indicando preços mais contidos e convergindo para o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Uma inflação mais branda, combinada com um mercado de trabalho aquecido, pode gerar ganho real de renda para a população, criando espaço
para a quitação de dívidas e uma retomada mais consistente do consumo. A taxa de desemprego atingiu 5,2% no trimestre encerrado em agosto — o menor nível já registrado no país — e os rendimentos médios reais têm alcançado volumes recordes. O ponto negativo é que parte desses recursos ainda é comprometida com o pagamento de juros elevados. Na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para o início de novembro, a expectativa é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano. No entanto, o Banco Central pode sinalizar o início de um novo ciclo de cortes no começo de
DADOS IMPORTANTES:
1
Safra: A nova projeção do IBGE indica que a safra de 2025 deverá alcançar 342 milhões de toneladas, representando um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. Na próxima divulgação, será apresentada também a perspectiva para a safra de 2026.
Taxa
2
2026, o que teria impacto positivo sobre a confiança e o ânimo dos empresários.
A projeção é que o Brasil mantenha um crescimento próximo de 2% em 2025 e 2026 — um resultado positivo diante de taxas de juros tão elevadas. O cenário atual pode ser comparado a “pisar no acelerador com o freio de mão puxado”. Caso o ajuste fiscal avance de maneira mais concreta, o ciclo de aceleração poderá ocorrer de forma mais rápida. Ainda assim, o ano eleitoral de 2026 traz desafios adicionais em relação aos gastos públicos, o que pode limitar a velocidade dessa expansão.
Emprego: Em agosto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) registrou 48,7 milhões de vínculos formais, o que representa um aumento de quase 1,5 milhão em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse resultado sinaliza uma perspectiva positiva para o pagamento do 13º salário no final deste ano.
3
Inadimplência: Segundo dados do Banco Central, em agosto, 6,8% do saldo de crédito das famílias estava com atraso superior a 90 dias — 1,6 ponto percentual acima do registrado no início do ano e o maior índice desde junho de 2012. O dado reforça o cenário de maior dificuldade das famílias em manter o controle das contas domésticas.
Confiança do Consumidor (ICC): ): O índice registrou queda de 1,5% em setembro, retornando ao patamar de 110,2 pontos, nível também inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, quando atingia 123,2 pontos. Embora a inflação na região esteja mais branda nesta reta final do ano, os juros elevados e a desaceleração da economia têm reduzido o otimismo dos paulistanos.
Confiança do Empresário do Comércio (ICEC): Em setembro, o índice recuou 5,9%, passando de 99,8 pontos em agosto para 93,9 pontos — o menor nível desde junho de 2021. A ampliação do pessimismo está associada ao cenário desafiador das vendas, marcado pelo crédito mais caro para o consumidor e pelo aumento do nível de inadimplência, fatores que têm limitado a capacidade de consumo.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
Pedimos à Amadeus que fizesse um levantamento sobre a intenção de viagens dos brasileiros no próximo verão. Para o período de 1º de dezembro de 2025 a 28 de fevereiro de 2026, as viagens internacionais de brasileiros apresentam crescimento de +4,7% em relação ao verão anterior, considerando as mesmas premissas metodológicas de duração, exclusão de residentes e reservas emitidas até 11 de outubro de 2025.
O desempenho positivo é impulsionado por mercados como:
Colômbia (+50,7%), Japão (+37,2%), República Dominicana (+23,2%), Emirados Árabes Unidos (+24,8%) e México (+21,2%).
Esses destinos se consolidam como novos polos de interesse entre os viajantes brasileiros.
Já destinos tradicionais da Europa e América do Norte mostram estabilidade, com destaque para:
Portugal (+10,2%),
Itália (+11,6%), Espanha (+13,5%) e Alemanha (+8,5%.
ATRAPALHAM PANORAMA
Mesmo com pequenas retrações pontuais, como nos Estados Unidos (-9%) e Argentina (-8,9%), o panorama geral reflete uma retomada sólida e diversificada, evidenciando a crescente disposição dos brasileiros em explorar novos destinos internacionais durante o verão de 2025/2026.
Entre os emissores brasileiros, São Paulo (51,5%) e Rio de Janeiro (11,9%) continuam liderando o volume total de viagens internacionais, respondendo juntos por quase dois terços de todas as reservas realizadas.
No entanto, o destaque está em mercados emergentes com crescimento acelerado, como: Rio Grande do Sul (+54,9%),
Amazonas (+82,4%), Pará (+62,6%) e Rio Grande do Norte (+18,5%).
Também se observam avanços relevantes em Pernambuco (+31,6%), Bahia (+11%) e Espírito Santo (+12,9%), evidenciando uma participação cada vez mais descentralizada do Turismo emissivo brasileiro. No que diz respeito à duração das estadas no Exterior, os brasileiros demonstram preferência por viagens mais longas: o maior volume concentra-se em estadas entre 6 e 8 noites (25%) e 9 a 13 noites (24%), ambas com crescimento superior a +8% e +3,5%, respectivamente, frente ao mesmo período anterior. Também crescem as viagens de 3 a 5 noites, enquanto os deslocamentos muito curtos ou acima de 22 noites mantêm estabilidade.
O comportamento reforça uma tendência clara de viagens planejadas e de maior permanência, típicas do período de férias de verão, com distribuição equilibrada entre lazer, visitas familiares e turismo de experiência.
PARA ONDE VÃO OS PASSAGEIROS
DA CVC VIAGENS?
Pedimos também à CVC Viagens um ranking dos destinos mais procurados por seus clientes para o próximo verão. Porto de Galinhas, em Pernam-


buco, e Orlando, na Flórida, são os campões de vendas do Verão CVC. Confira abaixo:
Top 10 destinos nacionais para o Verão CVC
1. Porto de Galinhas (PE)
2. Maceió
3. Porto Seguro (BA)
4. Gramado (RS)
5. João Pessoa
6. Natal
7. Fortaleza
8. Foz do Iguaçu (PR)
9. Rio de Janeiro
10. Balneário Camboriú (SC)
Top 10 destinos internacionais para o Verão CVC
1. Orlando, Flórida (EUA)
2. Punta Cana, República Dominicana
3. Portugal
4. Itália
5. Buenos Aires, Argentina
6. Chile
7. Cancun, México
8. França
9. Miami, Flórida
10. Espanha
E na Decolar (Despegar), maior OTA da América Latina, os destinos mais buscados para o verão são:
Top 10 destinos nacionais
Verão 25/26 na Decolar
1. Rio de Janeiro
2. Maceió
3. Porto de Galinhas (PE)
4. Porto Seguro (BA)
5. Natal
6. Florianópolis
7. Imbassaí (BA)
8. Foz do Iguaçu (PR)
9. Búzios (RJ)
10. Maragogi (AL)

Top 10 destinos internacionais
Verão 25/26 na Decolar
1. Cancun, México
2. Punta Cana, República Dominicana
3. Orlando, Flórida (EUA)
4. Riviera Maya, México
5. Nova York, EUA
6. Puerto Vallarta, México
7. Playa del Carmen, México
8. Acapulco, México
9. San Andrés, Colômbia
10. Cartagena, Colômbia
INBOUND NO VERÃO
Entre 1º de dezembro de 2025 e 28 de fevereiro de 2026, o Brasil registra um crescimento expressivo de +12,6% nas chegadas internacionais em comparação com o mesmo período anterior. A análise considera apenas viagens com duração entre 1 e mais de 22 dias, excluindo residentes e conexões. A expansão é impulsionada principalmente por Argentina (+29,8%), Espanha (+20%), Peru (+28,3%), Uruguai (+10,7%) e Portugal (+11,2%), que apresentam forte recuperação e interesse crescente pelo destino Brasil. Mercados regionais como Chile (+6,1%) e Colômbia (+12,6%) também reforçam o avanço do fluxo intrarregional, enquanto mercados maduros, como Estados Unidos (-2,3%) e França (-4,1%), mantêm estabilidade dentro de um cenário global positivo. O saldo geral confirma o Brasil como um dos destinos mais desejados do hemisfério sul, com sólida demanda para a próxima alta temporada.
Entre os principais destinos finais dos viajantes internacionais dentro do país, Rio de Janeiro (34,5%) e São Paulo (23,2%) seguem na liderança, respondendo juntos por mais da metade de todas as chegadas internacionais ao Brasil. Também se destacam Santa Catarina (+13,4%), Bahia (+9,9%), Pernambuco (+37,1%), Ceará (+11,3%) e Rio Grande do
Norte (+28,4%), que registram crescimentos significativos e reforçam a diversificação da demanda turística pelo território nacional. Estados como Alagoas (+43,5%), Rio Grande
do Sul (+65,4%) e Pará (+22,1%) confirmam o avanço da conectividade aérea e o fortalecimento da presença internacional em destinos fora do eixo tradicional sudeste-nordeste.



Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br


