OJB EDIÇÃO 47 - ANO 2025

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ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901

Dia do Ministro de Música Batista 4°

domingo de novembro

Missões Nacionais

Jesus Transforma

Porto Velho recebe ação que abençoa crianças e adolescentes de Rondônia

No quarto domingo de novembro, homenageamos homens e mulheres que conduzem a igreja em adoração, discipulado e serviço por meio da música, dando voz e beleza à fé que professamos.

Notícias do Brasil Batista

Novo tempo

Após novo planejamento, UFMBB apresenta sua nova diretora-executiva

Notícias do Brasil Batista

OPBBMG

Pastores Batistas de Minas Gerais se reúnem durante retiro espiritual

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Notícias do Brasil Batista

ADBB

Diáconos Batistas do Brasil participam de 12° Congresso Nacional

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EDITORIAL

O Ministro de Música Batista: entre a tradição e os novos desafios

Neste Dia do Ministro de Música Batista, a Convenção Batista Brasileira e a AMBB celebram homens e mulheres que dedicam suas vidas à adoração, à educação musical e à formação espiritual da igreja. São líderes que, com arte e sensibilidade, têm servido a Deus e moldado gerações através da música.

Mas junto à celebração vem a reflexão: o papel do ministro de música está desaparecendo? Cada vez menos igrejas têm ministros consagrados, e os cursos de formação sofrem com baixa procura. A figura clássica do ministro — teólogo, educador e regente — vem sendo substituída por líderes de louvor ou voluntários bem-intencionados, porém sem formação sólida. O desafio é manter viva a essência desse ministério, unindo competência técnica, profundidade bíblica e cora-

ção pastoral.

Grande parte dessa mudança está ligada à realidade das igrejas locais. A maioria das igrejas batistas brasileiras tem menos de duzentos membros, o que torna rara a contratação de um ministro de música em tempo integral. Muitos líderes precisam exercer outra profissão para sustentar-se, conciliando a vocação com o trabalho secular. Nesse cenário, os seminários se adaptaram, buscando reconhecimento acadêmico para que seus alunos pudessem também atuar no mercado de trabalho. Ainda assim, a permanência desse ministério depende do fortalecimento das igrejas e da compreensão de que uma equipe ministerial completa é sinal de maturidade espiritual e administrativa.

Outro desafio é relacional. Embora muitos pastores tenham desenvolvido

a visão de trabalho em equipe, ainda há casos em que o ministro de música é visto como subordinado, e não como cooperador no mesmo chamado. A AMBB tem observado que essa falta de parceria pastoral é uma das principais causas da rotatividade e do desgaste ministerial. A liderança da igreja precisa ser colegiada, pautada em respeito e diálogo. Onde há pastor e ministro caminhando juntos, há crescimento e edificação. Por outro lado, os próprios ministros também são chamados a amadurecer: a lidar com limites, negativas e processos com humildade e perseverança. A convivência saudável entre pastores e ministros é fundamental para o florescimento de uma igreja que valoriza a adoração como expressão de unidade e serviço.

O futuro do ministério musical

batista passa pela formação de uma nova geração de líderes preparados teológica e artisticamente, mas também conectados à realidade cultural do país. É hora de unir tradição e inovação, técnica e espiritualidade, história e contemporaneidade. A AMBB continua comprometida em oferecer espaços de capacitação e comunhão, fortalecendo a vocação e incentivando novos chamados.

Celebrar o Dia do Ministro de Música é reconhecer um legado e renovar um compromisso. Onde houver uma igreja que canta com entendimento e gratidão, haverá um ministro de música cumprindo sua missão: servir a Deus com excelência, unidade e adoração. n

Samuel Vieira Barros Presidente da AMBB

O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901

INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

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A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação Batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOS

W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946);

Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOS

Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923).

ARTE: Oliverartelucas

IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA

Educação Cristã Missionária: uma resposta à Grande Comissão

Solange Araujo

educadora cristã, diretora-executiva do Seminário de Educação Cristã

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” (Mt 28.19.20)

A Educação Cristã Missionária é uma expressão viva do discipulado integral, que une o ensino da fé cristã à prática da missão de Cristo. Mais do que transmitir conhecimento bíblico, ela busca formar cristãos conscientes de sua vocação, preparados para viver e comunicar o evangelho com relevância, compaixão e compromisso. A Educação Cristã está pautada na Palavra de Deus, e seu objetivo principal é capacitar pessoas para serem agentes de transformação em suas comunidades e além delas, promovendo o Reino de Deus em todas as esferas da vida.

A Bíblia apresenta vários textos sobre a Educação Cristã, mas podemos perceber que o fundamento bíblico

lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”

Esse texto revela o coração da missão: fazer discípulos por meio do ensino e da vivência da fé. A Educação Cristã Missionária, portanto, é uma resposta direta ao chamado de Jesus para ensinar e formar discípulos em todas as nações. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Romanos 3.23), e é desejo do coração de Deus que todos sejam salvos, “…para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

Outro aspecto importante da Educação Cristã está em Efésios 4.11-13, que destaca os dons ministeriais dados por Cristo à igreja: “E ele designou alguns para serem apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado.” Aqui vemos que a Educação Cristã é formativa e funcional. Ela prepara os santos para o serviço, para que cada membro do corpo de Cristo exerça seu papel com maturidade e eficácia.

sito e que são chamados a ser sal e luz no mundo (Mateus 5.13-16). Em terceiro lugar, ela fortalece a igreja local, formando líderes e voluntários capacitados para atuar em ministérios diversos, desde o ensino bíblico até ações sociais e evangelísticas.

Além disso, a Educação Cristã missionária contribui para a construção de uma visão global do Reino de Deus. Ela ensina sobre a diversidade cultural, a realidade das nações, os desafios da evangelização transcultural e a importância da cooperação entre igrejas e organizações missionárias. Essa perspectiva amplia o horizonte dos educadores e educandos, despertando vocações e promovendo o engajamento em projetos missionários locais e internacionais.

No Brasil, uma das Organizações que tem se destacado na promoção da Educação Cristã Missionária é a União Feminina Missionária Batista do Brasil (UFMBB). Com uma história marcada pelo compromisso com a formação cristã, a UFMBB desenvolve materiais, programas e eventos voltados para o discipulado, a educação

estratégica para o avanço do Reino de Deus. Ela não apenas transmite conhecimento, mas inspira compromisso, promove vocações e fortalece a identidade cristã.

Um importante legado da UFMBB é o Seminário de Educação Cristã, localizado em Recife - PE. Este seminário é uma Casa de formação vocacional, onde Cristo é o centro do ensino. Ali, vocacionados são preparados para atuar como educadores cristãos em suas igrejas e comunidades, com sólida base bíblica, visão missionária e compromisso com a transformação de vidas. O SEC oferece cursos voltados para o ensino bíblico, discipulado, liderança educacional e ministérios com diferentes faixas etárias. É um espaço onde a educação cristocêntrica se concretiza, formando discípulos que ensinam com paixão, servem com humildade e vivem com propósito. Uma missão focada na Grande Comissão (Mateus 28.19-20).

Em tempos de grandes desafios sociais, culturais e espirituais, a Educação Cristã Missionária se torna ainda mais urgente. Ela prepara cris-ria, amor e coragem às demandas do mundo contemporâneo, mantendo

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A atual idolatria aos “bezerros de ouro”

Assim como ocorreu no deserto, quando Moisés demorou a descer do Monte Sinai e o povo, impaciente, procurou Aarão para que fizesse “novos deuses” para que o adorassem, como no Egito acontecia, atualmente, existem “bezerros de ouro” que são idolatrados.

O termo hebraico para “imagem de escultura” é pesel, que se refere a algo esculpido ou cortado em materiais como madeira, metal ou pedra. Em Êxodo 20.4, 5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura... Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus...”. E quantos “deuses” surgem no lugar do Senhor dos céus e da Terra!

No contexto de Israel, vindo pelo costume de uma a cultura politeísta no Egito, o mandamento descrito em Êxodo, visava impedir a adoração de outros deuses ou ídolos. O termo “diante de mim” implica uma exigência de adoração exclusiva, semelhante ao compromisso de um casamento, onde o amor e a atenção não podem ser divididos.

Podemos observar uma verdadeira “idolatria” a bens materiais, a líderes

políticos e até religiosos, redes sociais, internet, jogos de azar ou games, seitas, dentre inúmeros outros que são adorados como um “deus”, substituindo àquele a quem, unicamente, devemos adoração: o nosso Deus.

O profeta Isaías, no capítulo 42.8, disse: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem o meu louvor às imagens esculpidas”. É impressionante como, hoje em dia, muitos têm adorado a outros ídolos sem ser o nosso Deus e o substituído descaradamente. Até mesmo por homens e mulheres que nada tem de cristão em suas palavras e atitudes, trazendo até mesmo heresias e difamações ao nome do Altíssimo.

O próprio Jesus já orientou, em Lucas 4.8: “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darão culto”. Somente a Ele e a ninguém e nada mais. Não tem como adorar, idolatrar, ao homem ou às coisas.

O terceiro mandamento descrito em Êxodo 20.7: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” é algo bem sério, pois, quantas pessoas falam em nome do Senhor e não agem como se deles fossem. São uma vergonha para o seu nome para o mundo.

Cantar com inteligência

“Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” (I Co 14.15).

Cantar é, principalmente, uma expressão de ordem emocional. Dificilmente, por exemplo, alguém conseguirá escrever a letra de uma canção usando apenas números e equações do primeiro grau. Talvez, baseado neste raciocínio o apóstolo Paulo trouxe à mesa o tema do conteúdo do culto bíblico: “Orarei com o espírito e orarei também com o entendimento; cantarei salmos com o espírito e cantarei também com o entendimento” (I Coríntios 14:15). É baseado neste tipo de discussão que os pensadores dividiram o tema da música em dois campos – música cultural e música sacra.

A música cultural (que alguns chamam de “mundana”) é encontrada em todas as civilizações.

I Coríntios 14.33a: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz...”. E, assim, devemos agir, glorificando ao único que deve ser real-

Quanto mais primitiva a sociedade, a produção e a expressão da música se limita a comunicar as qualidades emocionais da vida diária. Sempre que a música tribal reflete os males que afligem a comunidade, ela constitui narrativas sobre perigos transcendentais, bem como socorros também sobrenaturais. Paulo, estudioso das religiões, deparou-se com a prática e a doutrina da religião pregada por Jesus Cristo. Ele ficou encantado com a originalidade do Cristianismo, que não se atinha às tradições dos rabinos. O ensino do Mestre de Belém conjugava razão com emoção, aplicava qualidades espirituais transcendentes a todos os dias da existência! Daí o texto da I Carta aos Coríntios: os cânticos do culto cristão requerem a qualidade do “espírito, intimamente conjugada com a qualidade da inteligência. Esta, então, deve ser a qualidade dos hinos contados pelo povo cristão, nos dias de hoje. Olhando

mente adorado e não aos “bezerros de ouro” atuais que surgem para nos desviar do alvo de nossa adoração pura e verdadeira em nossa vida. n

Olhando de dentro para fora, percebemos que, muitas vezes, o que tem regido nossas ações e atitudes é o que vem de fora. Por exemplo, ao abordar temas como bullying, suicídio e preconceito, acabamos tomando os padrões externos como referência para agir na Igreja. No entanto, o caminho ideal é o oposto: agir de dentro para fora.

Quando pensamos no mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, percebemos que a dimensão desse amor é muito maior. Precisamos aprender a amar o outro em qualquer circunstância — em sua cor, dor, tristeza ou fraqueza. Talvez não precisemos ter tantas datas comemorativas, se lembrarmos de ensinar sobre a abrangência de amar ao próximo como a nós mesmos, ou mesmo como na parábola do bom samaritano.

A Bíblia nos ensina a agir como o bom samaritano, que não se preocupou com a identidade ou com o custo, mas simplesmente enxergou a pessoa e a acolheu. O amor bíblico é abrangente: não divide, não exclui, mas abraça a todos como um todo. O caminho da educação para a vida cristã deve seguir a perspectiva de Rousas J. Rushdoony, que em seu livro “A Filosofia do Currículo Cristão”, chama a atenção: “O currículo cristão,

para ser fiel a si mesmo, deve ser cristão em todos os seus aspectos”. Não podemos perder de vista, que ensinamos o Cristianismo, do Cristo Salvador do homem. Precisamos elaborar as ações a partir do cristianismo de Cristo.

Diante disso, precisamos refletir: o que tem regido o caminho da minha e da sua Igreja? O que vem de fora para dentro, ou temos influenciado com o que vem de dentro para fora? n

Rogério Araújo (Rofa) colaborador de
Olavo Fe ijó
Vânia Santos de Paula Extraído de www.oecbb.com.br
pastor & professor de Psicologia

Dilean Baptista de Melo Souza diretor do Seminário Teológico Batista do Litoral Paulista

Celebramos, neste ano, 1.700 anos do Concílio de Nicéia, um dos mais importantes concílios da história. O Concílio aconteceu entre os dias 20 de maio a 25 de julho de 325 d.C. Mais do que um simples olhar para o passado, Nicéia é um poderoso lembrete sobre a importância da sã doutrina, da unidade da igreja e da centralidade de Cristo para a nossa missão hoje.

Contexto histórico

Constantino assume o poder na parte Ocidental do Império Romano em 306, após a morte de seu pai. No entanto, somente em 324, em três grandes batalhas contra Licínio, imperador do Oriente (Adrianópolis, Helesponto – vencida por Crispo, filho de Constantino e Crisópolis), ele se torna o imperador supremo, unificando Ocidente e Oriente.

Tal vitória foi celebrada como divina. Eusébio de Cesaréia, em seu livro “História Eclesiástica”, nos diz que “... o poderoso e vitorioso Constantino adornado de toda virtude da religião,... recuperou o controle do Oriente e assim restabeleceu o Império Romano ao seu antigo estado de um corpo unido; estendendo sua influência de paz em todo o mundo...”.1

Durante o período do Império dividido, em 313, Constantino promulgou o famoso Édito de Milão, que pôs fim à perseguição religiosa em todo Império Romano Ocidental e oficializou o

1 EUSÉBIO DE CESARÉIA, História eclesiástica: os primeiros quatro séculos da igreja cristã, São Paulo: CPAD, 2014, p. 388.

Cristianismo como religião do Império. Após a unificação, o Édito passou a ser válido em todo o Império Romano.

Cerca de 300 bispos de diversas regiões participaram do Concílio de Nicéia, principalmente do Oriente 2 O presidente do Concílio foi Ósio de Córdoba. Entre os participantes destacam-se: Alexandre e Atanásio de Alexandria; Ário de Alexandria – cuja doutrina conhecida como arianismo foi totalmente condenada -; Eusébio de Cesaréia; Pafúncio de Tebas; Macário de Jerusalém, entre outros.

Não há convicção entre os historiadores sobre a conversão de Constantino ao Cristianismo. Justo Gonzáles e Steven Lawson defendem que o mais provável é que Constantino usou o Cristianismo como ferramenta política para unificação do seu império3 Contudo, havia um obstáculo a esse projeto: Ário e seus ensinos hereges.

Em 321 foi convocado um sínodo em Alexandria para lidar com a controvérsia ariana, no qual Ário foi considerado herege e despojado do seu ofício pastoral. Tal censura em Alexandria, porém, não foi suficiente. Ário, apesar de derrotado, continuou propagando suas ideias pelo império, o que levou Constantino a convocar o Concílio de Nicéia para restaurar a ordem.

A heresia de Ário pode ser resumida da seguinte forma: Jesus, o Filho de Deus, não era Eterno como o Pai. A questão da subordinação do Filho

2 HAYKIN, Michael, Redescobrindo os pais da igreja, São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2012, p. 136.

3 LAWSON, Steven J., Pilares da graça, São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013, p. 188–189; GONZÁLEZ, Justo L., História ilustrada do cristianismo: era dos reformadores até a era inconclusa., São Paulo: Vida Nova, 2014.

1.700 anos do Concílio

de Nicéia

ao Pai, segundo Ário, referia-se não apenas a “... sua função, mas também quanto ao próprio ser”.4 Assim, Jesus, o “...Logos-Filho era menos que Deus, porém, superior aos homens.”5

As decisões do Concílio de Nicéia

O objetivo principal do concílio era preservar a unidade da Igreja em torno da fé em Jesus. Os ensinos de Ário comprometiam a compreensão da Trindade, atacavam a unidade e, consequentemente, toda a doutrina, especialmente a Soteriologia. Para enfrentar isso, Nicéia formulou uma declaração de fé afirmando que Jesus é Deus consubstancial ao Pai.

Nicéia institui também um modelo para ser seguido de como lidar com as questões que atacam a unidade da Igreja e da fé. A partir de Nicéia em 325, outros concílios foram convocados (Constantinopla I 381; Éfeso 431; Calcedônia 154; Constantinopla II 553; Constantinopla III 680-681; Nicéia II 787 e muitos outros).

Credo de Nicéia

Cremos em um só Deus Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado de seu Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro do verdadeiro Deus, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas

4 OLSON, Roger E, História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas, São Paulo (SP): Vida, 2001, p. 146.

5 PELIKAN, Jaroslav, A tradição cristã: uma história do desenvolvimento da doutrina: o surgimento da tradição católica 100-600, São Paulo: Shedd, 2012, p. 209.

vieram a existir, tanto no céu como na terra, que por nós homens e pela nossa salvação desceu e encarnou, tornou-se humano, padeceu e ao terceiro dia ressuscitou e subiu ao céu e virá para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo.

Lições de Nicéia para hoje

Mais do que condenar Ário, Nicéia nos mostra que a unidade da Igreja precisa ser debatida com foco nos une: a centralidade de Cristo, como Senhor da Igreja, conforme ensinada pelos apóstolos nas Sagradas Escrituras.

Nossa confissão de Fé Batista de 1689 reflete Nicéia quando diz que “... O Senhor nosso Deus é somente um Deus vivo e verdadeiro; cuja subsistência é em e de Si mesmo... é eterno... Em Seu ser divino e infinito há três subsistências, o Pai, a Palavra ou o Filho, e o Espírito Santo, de uma só substância, poder e eternidade, cada um possuindo completa essência divina, e ainda assim, a essência é indivisível: O Pai de ninguém é gerado nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é procedente do Pai e do Filho;0 todos infinitos, sem princípio de existência”.6

Celebrar Nicéia é uma boa oportunidade para redescobrirmos lições de unidade na verdade, de defesa da fé baseada nas Escrituras e de um espírito de comunidade, onde pessoas de diferentes contextos podem ser ouvidas e que a verdade expressa na Palavra será preservada. n

6 SPURGEON, C.H. (Org.), A confissão de fé Batista de 1689 + Um catecismo Puritano, 9. ed. Kindle Version: Estandarte de Cristo, 2019 Cap II, artigos 1 e 3.

Celebrando o Dia do Músico e Ministro de Música Batista: homenagem e reflexão no louvor cristão

Extraído de www.ambf.org.br

No dia 22 de novembro, é comemorado o Dia do Músico. E no quarto domingo de novembro, celebramos o Dia do Ministro de Música Batista. Datas que celebram a importância desses profissionais na condução da adoração e na expressão da fé cristã. Embora os Batistas não sigam tradições de santos, a data é tradicionalmente associada a Santa Cecília, padroeira dos músicos, sendo um momento especial de homenagem a esses artistas que, semana após semana, têm papel fundamental na experiência de louvor nas Igrejas.

As comemorações, no Dia do Mú-

sico e no Dia do Ministro de Música Batista, ressaltam a força da música como expressão espiritual.

O Dia do Ministro de Música Batista é dedicado especialmente aos líderes que se responsabilizam pela organização e direção musical nas Igrejas Batistas. Estes ministros desempenham um papel essencial ao orientar coros, bandas e equipes de louvor, ajudando no desenvolvimento musical e espiritual da congregação. Mais do que uma função técnica, esses ministros são guiados pela responsabilidade de ensinar à Igreja sobre o valor da música como forma de adoração e louvor genuíno a Deus. Referências bíblicas embasam o

papel desses músicos e líderes na adoração cristã. Em Salmos 150.16, a Bíblia convoca toda a criação a louvar a Deus com instrumentos e cânticos, reforçando a importância da música como expressão de alegria e reverência. Já em Colossenses 3.16, o apóstolo Paulo incentiva os cristãos a ensinarem uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, lembrando que a música também é uma forma de comunhão e edificação entre os membros da Igreja.

Essas datas são ocasiões de reflexão e gratidão pelo papel que a música desempenha na vida da Igreja. Através dela, músicos e ministros de música batistas não apenas embelezam os

cultos, mas também promovem uma conexão mais profunda com a mensagem do Evangelho. Em um mundo cada vez mais voltado ao visual e digital, a música se destaca como uma linguagem que ultrapassa palavras e toca o coração da congregação, criando uma atmosfera de louvor e comunhão com Deus.

Em suma, tanto o Dia do Músico quanto o Dia do Ministro de Música Batista são celebrações que lembram a importância de uma adoração genuína e do compromisso daqueles que, através da melodia e harmonia, levam a mensagem de amor e esperança a toda a comunidade de fé. n

A importância do ministro de Música e Adoração

O ministro de Música e Adoração é uma figura importante em uma Igreja evangélica, responsável por liderar a Congregação em momentos de louvor e adoração a Deus. Além de cantar e tocar instrumentos tem a missão de conduzir a Igreja em um ambiente de comunhão com Deus, através da música e da adoração.

A importância do ministro de música e adoração se dá, principalmente, pela influência que a música exerce

sobre a vida das pessoas. A música tem o poder de tocar o coração, de transmitir emoções, de criar atmosferas e de conectar as pessoas com Deus. Por isso, é fundamental que a música na igreja seja conduzida por alguém capacitado e comprometido com a adoração a Deus.

O ministro de Música e Adoração deve ser uma pessoa de fé, com um relacionamento íntimo com Deus e uma compreensão profunda da Palavra de Deus. Ele deve ser capaz de liderar a congregação em um ambiente de adoração sincera, livre de distrações

e com o foco em Deus.

Além disso, o ministro de Música e Adoração deve ser um músico habilidoso, capaz de tocar e cantar com excelência. Ele deve ter conhecimento musical, saber trabalhar em equipe e ter uma sensibilidade para escolher as músicas mais adequadas para cada momento da liturgia.

Outra função importante do ministro de música e adoração é de liderar os ensaios da equipe de música da Igreja, que geralmente é formada por músicos voluntários. Ele deve ser capaz de orientar e treinar os músicos, de forma a

aprimorar a qualidade da música e a proporcionar uma experiência de adoração mais envolvente para a Congregação. Em resumo, o ministro de Música e Adoração é uma figura importante em uma Igreja evangélica, responsável por liderar a congregação em momentos de louvor e adoração a Deus. Ele deve ser uma pessoa de fé, habilidosa, sensível e comprometida com a adoração a Deus. Com a liderança adequada do ministro de música e adoração, a música pode se tornar um instrumento poderoso para conectar as pessoas com Deus e para transformar vidas. n

Ação Jesus Transforma em Porto Velho abençoa crianças e adolescentes de Rondônia

Rute Goulart

missionária de Missões Nacionais

Eu sou a Rute Goulart. Nasci no Rio de Janeiro e, hoje, sou missionária de Missões Nacionais, atuando junto às crianças do nosso Brasil.

Estivemos em Porto Velho, no estado de Rondônia, nos dias 12 a 19 de outubro, com a Ação Jesus Transforma Crianças. Foi um privilégio muito grande treinar duas igrejas para essa mobilização missionária: a Primeira Igreja Batista em Vitória Régia e a Primeira Igreja Batista dos Milagres.

No culto de comissionamento, nosso coração explodiu de alegria ao ver a PIB Vitória Régia, em lágrimas, atendendo ao chamado, indo até ao altar, dedicando as suas vidas para alcançar crianças e adolescentes de sua comunidade.

No primeiro dia da ação, fomos para as ruas fazer o impacto evangelístico. Foi maravilhoso quando chegamos perto de um bar e abordamos dois homens que estavam bebendo, entregamos as ventarolas para eles e um deles disse que foi servo de Jesus e se encontrava afastado, mas queria voltar. Marcamos de ir até a sua casa para buscá-lo para o culto à noite, pois ele queria voltar para Cristo.

Outro testemunho extraordinário foi ouvir um irmão da igreja dizendo o quanto foi impactado e constrangido pelo trabalho realizado, e que ele não será mais o mesmo depois de ver o que Deus fez na Ação Jesus Transforma Crianças.

Estivemos em três escolas e alcan-

çamos 294 crianças. Para a glória de Deus, 200 delas tomaram a decisão de caminhar ao lado de Cristo, recebendo-O como Senhor e Salvador de suas vidas.

Fomos também para Cujubim, uma comunidade ribeirinha, fazer um dia alegre com as crianças. Foi emocio-

nante ver o agir de Deus naquela região. Conhecemos as duas missionárias guerreiras, Gabriela e Luana, que têm feito um trabalho incrível naquele local.

Que gratificante foi ver tantos irmãos interessados em se capacitar para alcançar a nova geração! Minha

oração é para que Deus continue me usando como instrumento em Sua obra, pois, enquanto Ele me presentear com vida e saúde, eu quero ter a alegria e o prazer de obedecer à Grande Comissão.

A Deus, todo louvor, honra e glória! n

Pastores de Minas vivem dias de renovação e comunhão no Retiro da OPBBMG

O encontro reuniu cerca de 150 pastores de diversas regiões do estado.

Katia Brito jornalista da Convenção Batista Mineira

De 20 a 23 de outubro, a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil – Seção Minas Gerais (OPBBMG) promoveu o Retiro de Pastores 2025, na Pousada Cheiro da Terra, em Betim - MG. O encontro reuniu cerca de 150 pastores de diversas regiões do estado.

Com o tema “Cuidando de ti mesmo para que possas cuidar dos outros”, o retiro teve como preletores principais os pastores Aílton Desidério e Éber Silva, que abordaram a importância do cuidado integral do pastor — corpo, mente e espírito — como base para um ministério saudável e frutífero.

Além das ministrações principais, o encontro contou com oficinas práticas conduzidas pelos pastores Hélio Volotão (Ministério Diaconal), Jair Leal (Gestão de pessoas e finanças

na Igreja) e Ademir Ramos (Gestão das emoções).

O presidente da OPBBMG, pastor Geraldo Silva, destacou a relevância do tema e o impacto do encontro: “O pastor Aílton Desidério nos falou de modo extraordinário sobre o cuida do da saúde emocional do pastor. O pastor Éber também falou de forma pastoral aos nossos corações. O retiro trouxe um tempo de congraçamento, aprendizado e refrigério para nossas vidas.”

O preletor pastor Aílton Desidério reforçou o valor do autoconhecimento e do cuidado pessoal no ministério: “A melhor forma de cuidar bem do ministério é cuidando de si mesmo. Antes de ser pastor, o ministro é um ser humano, alguém chamado por Deus a partir da sua humanidade. O cuidado emocional e espiritual é essencial para permanecer firme na vocação.”

“Cuidando de ti mesmo para que possas cuidar dos outros” foi o tema escolhido

Para o pastor Éber Silva, participar do retiro foi motivo de alegria e gratidão: “Estar aqui, compartilhando a Palavra, é uma grande honra. Vivemos um tempo de desafios e insatisfação no mundo, mas Cristo continua sendo a água viva que renova e inspira nossa alma.”

Pastores com longa trajetória ministerial também expressaram gratidão por participarem de mais uma edição do encontro. O pastor Sebastião Arsênio, da Igreja Batista Esplanada, em Governador Valadares - MG, afirmou: “O retiro é sempre uma oportunidade de bênção, de descanso e de alegria. Em 52 anos de ministério, só perdi duas edições, porque é um momento muito especial de reencontro e renovação.”

Já o pastor René Toledo, diretor executivo da OPBBMG, ressaltou a relevância da proposta e o desafio de ampliar a participação: “O tema foi muito feliz, pois precisamos cuidar de nós para cuidar dos outros. O retiro é sempre uma bênção, um tempo de comunhão e reflexão. Esperamos ver ainda mais pastores se juntando a nós nos próximos encontros.”, encerra. n

Lar Tabea, em Panambi - RS, celebra

70 anos de amor, fé e cuidado

Várias programações foram realizadas durante o mês de outubro.

Roselei Kepler

diretora do Lar de Idosos Tabea

“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Samuel 7.12b).

Temos muitos motivos para louvar o Senhor por Sua misericórdia e Sua imensa bondade, e um deles é a cele bração dos 70 anos do Lar de Idosos Tabea, em outubro, com várias progra mações envolvendo nossos morado res e suas famílias, os funcionários e a comunidade em geral do município, incluindo um culto de gratidão e louvor a Deus por todos esses anos de história, programado para o dia 26 de outubro, realizado na Igreja Batista Emanuel.

Organização foi fundada em 1955

Luise Landenberger, formada em enfermagem, o perfil mudou: passaram a ser acolhidos idosos com maiores demandas de cuidado. Desenvolveu-se uma enfermaria e foram ampliados os serviços de saúde.

têm diminuído. As doações, sejam financeiras ou de bens, são vitais para a manutenção e o crescimento dos serviços de que nossos idosos necessitam.

O Lar de Idosos Tabea foi fundado em 31 de outubro de 1955, por membros da Igreja Batista Emanuel de Panambi, especialmente o pastor Otto Grellert e outros pioneiros. Sua origem, no entanto, remonta a 1950 com a criação da Sociedade Batista de Beneficência Tabea (Diakonieverein), inspirada na discípula Tabita, conhecida por suas boas obras (Atos 9.36-43). Desde seu início, o cuidado ao próximo esteve no centro dessa missão. Mais do que uma iniciativa isolada,

o Lar foi o marco inicial da assistência social batista na região sul, dando origem à Junta de Serviço Social da Convenção Batista Pioneira. Desde a doação dos terrenos por Ernesto Kepler, Adolfo Kepler e Oswaldo Rehn até a construção com apoio de voluntários, tudo foi movido por solidariedade e fé. A comunidade se uniu em mutirão para transformar o sonho em realidade.

Ao longo de sete décadas, o Lar cresceu e se adaptou às novas necessidades da população idosa. Nos primeiros anos recebia aposentados independentes. Porém, desde os anos 80, com a atuação da então diretora

Hoje, muitos residentes requerem cuidados especializados e personalizados, refletindo o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. Embora alguns não consigam participar de todas as atividades, recebem atenção e carinho constantes. Essa nova realidade exige investimentos contínuos em infraestrutura, adequações legais e profissionais qualificados como cuidadores especializados. A dedicação da equipe é essencial, e por isso nosso profundo agradecimento a cada colaborador que vive essa missão com paixão.

O apoio comunitário é essencial. Como entidade sem fins lucrativos, todo valor arrecadado é destinado ao bem-estar dos residentes. Nosso patrimônio foi construído com generosidade: doações de terrenos, móveis e equipamentos, e essa cultura de solidariedade continua sendo o pilar de nossa existência. No entanto, percebemos que, com as transformações sociais, as contribuições materiais

Diante do envelhecimento acelerado da população brasileira (segundo o último censo, 10,9% dos brasileiros têm 65 anos ou mais), o trabalho do Lar se torna ainda mais relevante. Não somos apenas um legado do passado, mas uma resposta concreta às necessidades atuais e futuras da sociedade. Como expressa nossa logomarca, enxergamos a velhice como uma estação da vida, repleta de beleza e sabedoria, mesmo com suas limitações.

Que possamos continuar cultivando esse espaço onde o respeito e a dignidade caminham juntos, valorizando aqueles que tanto têm a nos ensinar. Desejamos que os próximos anos sejam marcados pelo mesmo amor que acolhe, pelo cuidado que transforma e pela fé que sustenta essa história. Seguimos confiando naquele que, em cada detalhe, continua a escrever novos capítulos de graça no Lar Tabea.

Sim, coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres! n

Voluntários da Moldávia

Uma equipe de voluntários do Voluntários Sem Fronteiras realizou uma ação solidária na região de Criuleni, localizada a 40 km de Chișinău, capital da Moldávia. A área enfrenta fortes desafios marcados pela pobreza e pelo abandono social: muitas senhoras idosas vivem esquecidas pelas famílias, enquanto mulheres jovens, deixadas pelos maridos que foram embora “em busca de uma vida melhor”, precisam criar sozinhas seus filhos, realidade que tem gerado, inclusive, “órfãos de pais vivos”.

A equipe, acompanhada pelo casal

missionário Matews e Jéssica, percorreu locais de difícil acesso para entregar cestas básicas, levar atenção e oferecer apoio emocional e espiritual. Mais do que mantimentos, os voluntários compartilharam cuidado, orações, cânticos e palavras de esperança, além de distribuírem lembrancinhas e presentes para as crianças, levando alegria a lares marcados pela necessidade.

Através das visitas, os voluntários conseguiram distribuir não apenas alimentos, mas também um pouco de consolo, afeto e esperança de dias melhores.

Nós, uma equipe de voluntários do Voluntários Sem Fronteiras, realizamos

Esse ano, a equipe do Voluntários Sem Fronteiras viveu uma jornada intensa e profundamente desafiadora na Ucrânia. Há três anos, o país enfrenta as dores e impactos devastadores da guerra, realidade que deixou marcas profundas nas cidades e, sobretudo, nas pessoas. Foi exatamente nesse contexto de sofrimento e incerteza que Deus conduziu a equipe, com uma missão muito clara: levar o amor, o cuidado e a esperança de Jesus por meio do esporte à crianças e adolescentes que carecem de consolo, segurança

uma ação solidária na região de Criuleni, a 40 km de Chișinău, capital da Moldávia. A localidade enfrenta graves desafios marcados pela pobreza e pelo abandono social: muitas senhoras idosas vivem esquecidas pelas famílias, enquanto mulheres jovens, deixadas pelos maridos que partiram “em busca de uma vida melhor”, criam sozinhas seus filhos — realidade que tem gerado inúmeros “órfãos de pais vivos”.

Junto ao casal missionário Matews e Jéssica, percorremos áreas de difícil acesso para entregar cestas básicas e oferecer apoio emocional e espiritual. Levamos não apenas mantimentos, mas também presentes e lembrancinhas para as crianças, além

Missão na Ucrânia

emocional e momentos genuínos de alegria.

Ao longo da missão, a equipe percorreu diferentes regiões como Lviv, Truskavets, Radyvyliv e Terlo. Em cada uma delas, portas foram abertas de maneiras surpreendentes, permitindo que as ações fossem realizadas. As clínicas esportivas, que aconteceram diariamente, alcançaram cerca de 100 crianças por dia, oferecendo um espaço seguro onde elas poderiam brincar, correr, sorrir e, por alguns instantes, simplesmente viver como crianças novamente. As atividades incluem jogos, dinâmicas esportivas, integração em grupo, além de momentos de conversa e acolhimento emocional.

Além das ações diretas com as crianças, o Voluntários Sem Fronteiras também tem investido na capacitação de líderes e voluntários locais. A equi pe realizou treinamentos de ministério esportivo, compartilhando estratégias, metodologias e valores que permitem que o trabalho continue de forma sustentável, mesmo após o retorno da equipe ao Brasil. Esse processo tem fortalecido igrejas e organizações locais que atuam diariamente com comunidades afetadas pela guerra. Outro momento especial da missão foi a oportunidade de compartilhar a Palavra de Deus nas igrejas IB Germom e IB Central, ambas localizadas em Lviv. Durante cultos e encontros

de orações, cânticos e palavras de encorajamento.

Também realizamos oficinas de futebol que reuniram dezenas de crianças e adolescentes, criando espaços de convivência, alegria e acolhimento. Em cada casa que visitamos, buscamos ir além da necessidade material: queríamos transmitir dignidade, afeto e a certeza de que essas famílias não estão sozinhas.

Nosso desejo é que cada lar tenha recebido mais do que alimentos — que tenha recebido cuidado, amor e a esperança de dias melhores, mesmo em cenários tão desafiadores. Ore pelas famílias vulneráveis na Moldávia. n

comunitários, a equipe transmitiu mensagens de fé, cura e restauração, reforçando a esperança em meio ao caos. Cada abraço, oração e sorriso recebido nessas igrejas refletiu o mover de Deus em corações feridos, mostrando que, mesmo em tempos difíceis, o Evangelho continua encontrando caminhos para crescer. Ao final de cada dia, fica evidente que, apesar das feridas da guerra, a esperança ainda brota, e que o amor de Cristo continua sendo luz em meio à escuridão. Essa missão nos mostra que pequenos gestos podem gerar grandes impactos, e que a presença de Deus continua restaurando vidas, um encontro de cada vez. n

Rafaela Roberto Redação Missões Mundiais

12o Congresso Nacional dos Diáconos Batistas do Brasil reúne centenas em retiro espiritual no RJ

Evento marca o 1º Retiro Nacional dos diáconos e diaconisas e destaca unidade, comunhão e adoração ao Senhor.

Eduardo Martins Pires presidente da Associação dos Diáconos Batistas do Brasil

Depois de 24 anos desde o primeiro Congresso Nacional dos Diáconos Batistas do Brasil, realizado no templo da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro - RJ, o evento retornou ao estado fluminense em uma edição histórica. O 12º Congresso Nacional dos Diáconos Batistas do Brasil, que também marcou o 1º Retiro Espiritual dos Diáconos e Diaconisas Batistas do Brasil, foi realizado entre os dias 31 de outubro e 02 de novembro de 2025, no Acampamento Batista Fluminense, em Rio Bonito (RJ).

O encontro reuniu cerca de 300 participantes, entre diáconos, diaconisas, pastores, aspirantes ao ministério diaconal e familiares. Diferente das edições anteriores, o evento foi realizado no formato de retiro espiritual, sem deliberações administrativas, e teve como foco principal a adoração, comunhão, testemunho, oração e edificação espiritual.

Representantes de 11 das 23 Associações e Ordens que formam a Associação dos Diáconos Batistas do Brasil (ADBB) estiveram presentes, vindos de estados como Bahia, Pernambuco, Maranhão, Brasília, São Paulo, Alagoas, Rio de Janeiro, Amazonas, Espírito Santo e Minas Gerais.

Programação espiritual e preletores

Os cultos e palestras foram transmitidos ao vivo pelo canal do YouTube da ADBB, permitindo que outros diáconos e Igrejas acompanhassem os momentos de adoração e aprendizado.

As mensagens bíblicas foram ministradas por líderes nacionais da denominação. Na abertura, na sexta-feira (31), o preletor foi o diácono Jonatas Nascimento, membro da Primeira Igreja Batista de Maricá - RJ e autor da “Cartilha da Igreja Legal”. No sábado (1º), pela manhã, o pastor Sócrates Oliveira, chanceler da Convenção Batista Brasileira, trouxe a mensagem. À noite, a ministração ficou a cargo do pastor Fernando Brandão, diretor0Executivo da CBB. O encerramento, no domingo (2), contou com a pregação do pastor Ormindo José, pastor da Primeira Igreja Batista em Olinda, em Nilópolis - RJ e pai do presidente da ADBB, diácono Eduardo Martins Pires.

No sábado à tarde, o doutor Gilberto Garcia, presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

Diáconos de diversas partes do país participaram do 12° Congresso da ADBB

Louvor, palavra e oração foram constantes na programação dos diáconos Batistas do Brasil

e membro da Primeira Igreja Batista em São João de Meriti - RJ, ministrou a palestra “Blindagem jurídica para estatutos das igrejas”.

Louvor e adoração

Os momentos de louvor e adoração foram conduzidos por diferentes ministérios e grupos musicais. A abertura contou com o Grupo Ekballo, da PIB de Maricá - RJ; o Ministério Altos Louvores conduziu o louvor na manhã de sábado; e o Grupo LouvAção Gospel inspirou os congressistas na noite do mesmo dia com suas 14 vozes. No domingo, as ministrações musicais ficaram por conta do diácono Lair Ribeiro, da Igreja Batista Central no Campinho - RJ, e das irmãs Renata Martins Pires, da PIB em Olinda - RJ, e Stephanie de Oliveira Pires, da Primeira Igreja Batista de Nova Iguaçu - RJ. Presenças e homenagens

O congresso contou com a presença de diversas lideranças Batistas. Estiveram presentes o pastor Rafael Antunes, presidente da Convenção Batista Fluminense; pastor Exequias e pastor Humberto Primo, de Missões Nacionais; pastor Paulo Roberto, de Missões Mundiais; e pastor Daniel Martins Cunta, de Missões Estaduais da Convenção Batista Fluminense. O pastor Diego Bravim, diretor-Executivo

da CBF, enviou uma mensagem em vídeo.

Durante o evento, foi celebrada a Ceia do Senhor, conduzida pelo pastor Ormindo Pires e com a participação dos presidentes estaduais e nacional. Também foram apresentados a nova bandeira oficial da ADBB, o novo site da associação, o programa “Bom Diáconos com Jesus” na Rede 3.16, e lançada a campanha dos 60 dias de oração, com início em 20 de novembro, intercedendo pela 105ª Semana Batista, a 105ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira e a 26ª Assembleia da ADBB, quando será eleita a nova diretoria e o primeiro diretor-executivo dos diáconos.

Apoio e agradecimentos

O sucesso do congresso foi resultado do trabalho conjunto de diversos voluntários. O diácono Eduardo Martins Pires, presidente da ADBB, destacou a dedicação de irmãos e irmãs envolvidos em áreas como som, transmissão, mídia, ornamentação, hospedagem e logística, incluindo Carlos Eduardo, Humberto, Lucas Ferreira, Raquel e pastor Paulo Henrique, Monique e Viviane, Alexandre Garcia, Ademir José de Paula, Osmar da Silva e Bethania de Oliveira. Agradecimentos também foram feitos aos parceiros institucionais, como Missões Nacionais, MCM, Editora Sinodal, Faculda-

des Batistas e outros apoiadores. O registro fotográfico oficial ficou sob responsabilidade de Sélio e Maria Morais, que anunciaram que este foi o último evento nacional de que participaram como fotógrafos. A diretoria expressou gratidão e orações pelo casal, reconhecendo sua contribuição à história dos diáconos e das famílias Batistas.

Um marco histórico para o ministério diaconal

Ao final, o presidente da ADBB, Eduardo Martins Pires, celebrou a realização do evento e destacou o caráter histórico do retiro: “Agradecemos a Deus pela oportunidade dada aos diáconos Batistas do Brasil na realização desse 12º Congresso em formato de Retiro Espiritual. Fica como uma semente plantada, a prova de que podemos fazer muito mais do que pedimos ou pensamos, pois servimos a um Deus que tudo provê.”

Em mensagem final, o presidente parabenizou os diáconos, diaconisas e igrejas Batistas de todo o Brasil: “Que o Senhor continue levantando diáconos e diaconisas cheios de fé, sabedoria e compaixão, para que a Igreja de Cristo permaneça firme, acolhedora e relevante neste tempo. Juntos somos mais fortes, juntos somos melhores, dirigidos por Deus somos imbatíveis! Até Salvador!” n

Pagamento em até 4x sem juros no cartão

Uma homenagem ao diácono Batista

O diácono Batista é um servo. O seu ministério é servir com alegria e se apresentar ao Senhor com cântico! (Salmo 100.1).

O diácono Batista foi chamado para uma nobre missão – servir às pessoas em nome, no caráter de Cristo. Servir as mesas dos órfãos e das viúvas.

O diácono Batista é um líder-servo. Servidor por excelência. Trabalha com amor e transparência, sendo amigo do ministério pastoral.

O diácono Batista labora com con-

vicção, criatividade e intensidade. Ele tem consciência de quem o bom é inimigo do ótimo.

O diácono Batista está sempre pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar (Tiago 1.19). Ele é sábio em aconselhar e em suas decisões pessoais e familiares.

O diácono Batista lança a semente do amor, da gratidão, humildade, do serviço, da dependência e excelência.

O diácono Batista é proativo e não simplesmente reativo. Ele estimula outros a servirem com amor. Ele é um trabalhador pela unidade da Igreja do

Senhor Jesus.

O diácono Batista é promotor da solidariedade. Estimulador da cultura. É um leitor criativo e responsável.

O diácono Batista ama e fomenta as Escrituras, aprecia o Cantor Cristão e estimula fortemente a comunhão. Dá um grande valor à oração e à relevância da promoção evangelística-missionária.

O diácono Batista crê nos princípios da Reforma: a não secularização da Igreja e a não clericalização do Estado.

O diácono Batista é sensível, solidário, fiel, íntegro, facilitador, liberal

em repartir, doador e discipulador. Tem muito prazer em ajudar os mais carentes. Combate a injustiça social fundamentado nas Escrituras.

Que grande bênção ser um diácono ou diaconisa Batista! Sim, um servidor amoroso, atencioso, vigoroso, ardoroso e profundamente ordenado pelo Senhor para fazer sempre o bem semelhança de Jesus (Atos 10.38).

Ser diácono Batista é uma vocação sublime que, acima de tudo, glorifica o nosso Deus de quem somos por direito de criação e por direito de redenção! n

OBSERVATÓRIO

Discipulado “A” estratégia de Jesus

Ao longo do tempo fomos desenvolvendo inúmeras estratégias, programas e atividades para que a igreja fosse cumprindo o seu papel nas mais variadas frentes de atuação: cultos nos lares, Escola Bíblica Dominical, cultos ao ar livre, cruzadas evangelísticas. Algumas dessas estratégias possuem elevado desempenho e resultados, algumas foram sendo ajustadas e algumas, infelizmente, acabaram ficando em plano menor, como a Escola Bíblica Dominical (EBD) e outras já nem estão mais na lista de atividades normais.

Me lembro de um colega pastor que me demonstrou que sua estratégia era manter o povo ocupado, pois igreja que trabalha não dava trabalho. Ao longo do tempo também é possível notar que as pessoas falam sempre no domingo como o dia de trabalho na igreja e até a concepção do que seja Igreja ficou restrita a um espaço físico e a um dia da semana.

E isso nos leva a um estágio mais profundo de compreensão do que seja ser salvo, membro de uma igreja. Normalmente aprendemos que após a conversão somos salvos, então já temos garantido o nosso ingresso no céu e devemos seguir uma trilha que nos leva à preparação ao batismo, depois engajamento nas no trabalho dominical da igreja, onde vamos para “assistir ao culto”, frequentar reuniões de trabalho, mas também o culto de oração, exercer algum cargo na estrutura da igreja e assim vamos vivendo a nossa vida eclesiástica.

Já tive a oportunidade de ter contato com seminários que preparam alunos em seu conteúdo curricular para desenvolverem especificamente esse tipo de atuação na liderança de uma igreja. Por isso será fundamental compreendermos mais profundamente esse tema, pois, a depender de nossa conclusão poderemos ter a necessidade de revisitar essa estratégia de formação teológica.

No artigo anterior desta coluna mencionei o missiólogo Ed Stetzer que poderá nos ajudar ao afirmar que “se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus (missĭo Dei).” E o que é essa missĭo Dei? É o alvo de Deus em resgatar toda criação e criatura de seu estado de rebelião trazendo de volta para si, para o Plano da Criação o qual foi abandonado. Me permita relembrar a citação que fiz de Chris Wright que nos lembra que “... nossa tendência é reduzir o Evangelho a uma solução para o problema do nosso pecado individual e a um cartão magnético para abrir a porta do céu, de modo que substituiremos essa impressão reducionista por uma mensagem que tem a ver com o reino cósmico de Deus, em Cristo, que, no

final, erradicará o mal do universo de Deus e resolverá nosso problema de pecado individual, obviamente”.

Assim, se converter ao Evangelho é mais do que conseguir um cartão magnético para entrar na Nova Jerusalém, é adotar uma nova forma de vida, à luz da missĭo Dei (Rm 12.1ss; Gl 2.20) e isso em tempo integral (Lc 9.23). O missiólogo Goheen afirma que “não há um centímetro quadrado da vida sobre o qual ele [Jesus] não diz: ‘Isto é meu!’”.

A partir disso, é possível deduzir que, se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus (missĭo Dei) que vai além de ser frequentante de uma igreja, pois, a partir de minha conversão, a minha agenda e o meu projeto de vida passam a ser direta e completamente conectados ao projeto da missão de Deus e eu me entrego a ele para que, em sua missão de restaurar toda criação, inclusive o indivíduo, me tenha como seu instrumento e ferramenta.

Algo a mais que nos leva a considerar a profundidade de nossa experiência de conversão e vida é quando consideramos a igreja como a nova humanidade, que também já descrevemos aqui nesta coluna. Assim “a igreja não é um corpo religioso, mas a nova humanidade que é uma imagem da vontade de Deus no final da história universal para trazer unidade a todas as coisas no céu e na terra sob Cristo [Efésios 1.10; 2.11- 22]” (Goheen, Tornando-se uma igreja missional). Embora esta expressão não esteja literalmente no Novo Testamento (assim também como a Trindade), esta figura descreve que nós como igreja estamos presentes em diversos momentos da vida demonstrando nosso estado de novas criaturas (II Coríntios 5.17; I Coríntios 15.45-49) que são chamadas para deixar o antigo padrão ou cosmovisão de vida, para assumir um novo modo de viver, à luz do Plano da Criação, abandonado quando da rebeldia no Éden (Gênesis 3).

Como pertencentes a uma nova humanidade “os discípulos devem causar uma impressão na terra como sal, e no mundo como luz. Devem também impressionar a humanidade como praticantes de boas obras” (David E. Garland). E isso nos leva a compreender que “essas três imagens bíblicas definem os discípulos como ‘a comunidade de contraste de Deus’” (John Driver).

Veja que quando nos convertemos nosso papel na vida é radicalmente mudado, nossa agenda passa a ser a agenda do reino de Deus. Com Lohfink aprendemos que “se Mateus 5.13-16 [sal e luz] é lido em seu contexto e dentro do pano de fundo do Antigo Testamento, fica claro que a cidade radiante na colina é um símbolo para a igreja

como uma sociedade de contraste e, que precisamente como sociedade de contraste, transforma o mundo”.

A partir daqui poderemos compreender um dos principais motivos pelos quais o “fazer discípulos” está no modo imperativo em uma das principais versões da chamada Grande Comissão. Não há como ser uma sociedade de contraste, ou, para utilizar outra figura, um povo-tradução do reino de Deus, sem que esse mesmo povo e cada membro desse povo, tenha um estilo de vida, uma cosmovisão, transformada que possa ser espelho e vitrine para mostrar o verdadeiro e real sentido de vida conectado com o Plano da Criação abandonado lá na rebelião no Éden, de modo que as pessoas deste mundo possam ser a atraídas para terem sede das Boas Novas por meio do único caminho de volta que já havia sido prometido pelo Criador no protoevangelho (Gênesis 3.15).

Portanto, discipulado é mais do que uma ordem, é A estratégia que Jesus estabeleceu para que vidas possam ser transformadas e serem transformadoras.

Com o tempo tem sido possível ver o discipulado sendo transformado como mais uma opção de atividades e trabalho na igreja, a encontros facilitadores, a estudo bíblico, a mentoria, a estratégia programática para o crescimento numérico da igreja, a preparação para o batismo e a tantos outros programas.

Não há discipulado se não houver em primeiro lugar a intencionalidade de mudança de vida a partir de um modelo transmitido por alguém que já tem vida transformada pelo Evangelho. Paulo nos ensinou: “sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo” (I Co 11.1) e isso não foi meramente algo cognitivo, doutrinário, foi mais longe, mudança radical de vida. Por isso chamo discipulado de processo de transfusão vivencial

É bem interessante que por muito tempo em um dos principais textos da Grande Comissão (Mateus 28.18-20) o foco foi no verbo IR (IDE) como se fosse um imperativo, mas que nem está no modo imperativo (está no aoristo particípio) e, na gramática grega o particípio quando está em uma construção que tem como verbo principal conjugado no modo imperativo (FAZ\EI DISCÍPULOS) indica a maneira como o imperativo vai ser realizado. Já vi uma certa interpretação que indica que o verbo “ir” (ide) está no particípio de consequência, isto é, aponta para uma ação concomitante com a realização do verbo que está no imperativo e por isso adquire o mesmo significado que o imperativo. Aqui, em geral, é citada uma gramática (Wallace) que tem um equívoco primário, pois a ideia de uma ação

de consequência está no campo de significado temporal e não significado modal, que é o caso do imperativo que é um modo e não um tempo verbal. A ideia com este equívoco é manter o sentido imperativo do IR (IDE). Mas mesmo se considerarmos esse particípio do verbo “ir” como consequente, a tradução desta parte do versículo deveria ser “à medida que vocês forem, façam discípulos” ou “ao irem, façam discípulos” em que a ideia do imperativo (IDE) não aparece. E isso se torna por demais importante, pois torna o discipulado algo NATURAL, INTENCIONAL, que alcança o modo de vida natural de quem é convertido que, à medida que a pessoa vai vivendo a vida (“à medida que vocês forem”), seja no trabalho, na vida cidadã, na escola, enfim na vida pública no ambiente em que vive, a sua história de vida deverá ser um modelo a ser seguido, uma vitrine e tradução do reino que se expresse por meio de suas decisões e ações a partir da cosmovisão bíblica. E quando as pessoas forem atraídas pelo agradável perfume de Deus (II Coríntios 2.14-16) manifesto nesse modo de viver e aceitarem as Boas Novas, terá essa pessoa como modelo para seguir, ser seu mestre. Essa pessoa seguirá esse mestre se unindo à sua igreja para participar da comunhão e adoração familiar, ter a oportunidade em crescer no estudo da Palavra de Deus, descobrir e desenvolver seus dons etc. Isso demonstra que para “fazer discípulos” não preciso ter um dom, deverá ser algo natural na vida de todo cristão.

O interessante é que para participarmos em estruturas, programas, eventos etc., não nos é requerido necessariamente que sejamos modelo de vida, basta ir e fazer o trabalho, cumprir calendário, envolver pessoas etc. Mas, para discipular é fundamental ser exemplo na vida, ter maturidade emocional, espiritual, saber lidar com as dificuldades da vida, ter equilíbrio no falar, no relacionamento, ter fortalecida sua compreensão doutrinária à luz da Bíblia. Então, parece-me que a transformação de vidas tem sido substituída por performance demonstrada na ação e ativismo de final de semana.

Jesus não deixou outra estratégia, pois o discipulado é A estratégia. “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, a cada dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). “A cada dia” aponta para uma vida integral, um estilo integral. Tomar a cruz indica o início do caminho, seguir a Jesus nesse caminho indica a cruz, mas também aponta para a ressurreição, pois a cruz não foi o final do caminho. Paulo ensina que se fomos crucificados em Cristo também devemos nos considerar sermos ressuscitados por ele em novidade de vida (Romanos 6.4). n

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