Caderno Bairros - Outubro

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Um novo olhar sobre os bairros

FUTURO EM CONSTRUÇÃO

Com mais de 4 mil habitantes, Santo Antônio tem uma das maiores densidades populacionais da cidade. Com desafios na infraestrutura e necessidade de avanços em serviços importantes, bairro luta também contra rótulos e preconceitos.

PÁGINAS 10 , 11 E 14

Trabalho desenvolvido por entidades e associações, como a Slan e a Saidan, ajudam a desmistificar imagem negativa e fortalecer a comunidade local, com uma atuação essencial junto às crianças e adolescentes.

MORADORES ELENCAM

PRINCIPAIS DEMANDAS NAÇÕES E MORRO 25

Os dois bairros mais ao sul de Lajeado, na divisa com Cruzeiro do Sul possuem semelhanças e muitos desafios a serem resolvidos. Com parte de sua área devastada pela enchente de 2024, Morro 25 busca retomada na região mais elevada. Já o Nações, mesmo com populaçao

pequena, luta por maior protagonismo e melhorias sobretudo na infraestrutura urbana. Mas as duas localidades também somam aspectos positivos, como o envolvimento comunitário e a resiliência dos moradores. Poder Público detalha ações para atender aos anseios locais.

PÁGINAS 6 , 7 , 8 E 9

ANDRÉIA RABAIOLLI

O poder do diálogo

Os bairros Morro 25, Nações e Santo Antônio revelam muito sobre a força comunitária de Lajeado. No encontro promovido pelo Grupo A Hora, ficou evidente que os avanços e os desafios dessas regiões refletem uma realidade comum: o crescimento urbano exige planejamento, mas também escuta ativa e corresponsabilidade.

As falas dos convidados — lideranças comunitárias, representantes da prefeitura e entidades locais — convergiram em um ponto essencial: a cidade melhora quando o diálogo prevalece. A infraestrutura, a educação e a saúde são demandas legítimas e urgentes, mas o modo como se constrói a solução é o que determina a sustentabilidade das conquistas.

Entidades como a Saidan e associações de moradores mostraram que a transformação não depende apenas do Poder Público. Projetos sociais, ações voluntárias e o sentimento de pertencimento fortalecem o tecido social e criam pontes onde antes havia carências.

Ao mesmo tempo, o poder público precisa reconhecer e apoiar essa mobilização. A administração de Lajeado tem buscado ampliar parcerias e atender reivindicações, mas a escuta precisa ser permanente — e o retorno às comunidades, constante.

Os bairros da zona sul são exemplo de que a cidade não se constrói de cima para baixo, mas de dentro para fora. O futuro de Lajeado passa por esse entendimento: quem mora, conhece; quem ouve, aprende; e quem une esforços, transforma.

O QUE TEM NO BAIRRO

Bairros ao sul de Lajeado, Morro 25, Nações e Santo Antônio tem limites territoriais que, por muitas vezes, se confundem. São muitas semelhanças, até mesmo nas carências. As áreas de lazer existem, mas são poucos espaços próprios para convívio da população. Por vezes, as famílias precisam encontrar outras opções na área central da cidade.

ÁREA DE LAZER DO NAÇÕES

Situado bem na entrada do bairro, às margens da ERS-130, é um ponto de encontro da comunidade. Além do espaço para a prática esportiva, há também brinquedos e uma mínima estrutura para as famílias desfrutarem. Recentemente, o local passou por melhorias, com a execução de um mutirão promovido pelo município.

Local: Bairro Nações (Acesso pela rua América Latina)

Projetos sociais, ações voluntárias e o sentimento de pertencimento fortalecem o tecido social e criam pontes onde antes havia carências”

GINÁSIO DO MORRO 25

Importante local para a dinâmica do bairro, sedia reuniões da Associação de Moradores e eventos da comunidade. Do lado externo, conta com brinquedos e uma academia ao ar livre, que costumam atrair um bom número de pessoas. Com o mutirão feito pela administração no começo do ano, o local está mais propício para o convívio.

Local: Bairro Morro 25 (Acesso pela rua Theodoro Wiebelling)

GINÁSIO E ÁREA DE LAZER DO SANTO ANTÔNIO

Um dos principais espaços de convívio de toda a zona sul de Lajeado, é uma das poucas áreas da cidade fora do Centro a contar com uma pista de caminhada. Os brinquedos estão em bom estado e, por estar próximo à escola estadual, atrai muitas crianças. O ginásio, utilizado para atividades da Associação de Moradores, carece de mais investimentos.

Local: Bairro Santo Antônio (Acesso pelas ruas Simão Bolívar e Álvaro Mello)

TEXTOS
Andréia Rabaiolli, Maira Schneider, Mateus Souza e
Raica Franz Weiss
Felipe Neitzke
Mateus Souza
Grafica Uma/ junto à Zero Hora

MORADORES DESTACAM URGÊNCIA

EM SAÚDE, SEGURANÇA E RECONSTRUÇÃO

Bairros da zona Sul de Lajeado apresentam desafios semelhantes em áreas essenciais e também na retomada da cidade após as catástrofes recentes

Um retrato de comunidades que enfrentam desafios complexos, mas que compartilham prioridades muito claras: saúde, segurança pública e ações de reconstrução após as enchentes históricas de 2023 e 2024. Esse é o cenário apresentado em três bairros abordados nesta edição do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”.

Conforme apontada em pesquisa feita com moradores, nos bairros Morro 25, Nações e Santo Antônio, o sentimento predominante é de vulnerabilidade diante das catástrofes naturais, aliado à preocupação com a criminalidade e a necessidade de melhorar o acesso a serviços públicos essenciais.

A pesquisa, parte de um dossiê entregue aos três candidatos a prefeito de Lajeado em agosto de 2024, revelou quais os principais anseios e os pontos mais importantes a serem resolvidos nos bairros da cidade. O documento foi desenvolvido pela empresa Macrovisão, contratada pelo Grupo A Hora.

Apesar das diferenças em tamanho e perfil populacional — o Santo Antônio concentra 4,3 mil habitantes e é um dos bairros mais densos de Lajeado, enquanto o Nações reúne 595 moradores e o Morro 25 tem 1.123 —, os três apontam problemas estruturais semelhantes.

No Morro 25, a comunidade

está distribuída em 0,74 km², tendo como eixo principal a Avenida Beira-Rio. No Santo Antônio, ruas como Arnoldo Uhry e Simão Bolívar concentram grande parte do fluxo. Já o Nações, margeado pela ERS130 e pela Avenida Brasil, se mantém como uma zona predominantemente residencial, ainda em consolidação.

Maiores urgências

As marcas deixadas pelas enchentes recentes moldam as principais reivindicações locais. No Morro 25, devastado pela inundação de maio de 2024, 100% dos entrevistados destacaram a necessidade de reconstrução e ações de prevenção. A dragagem de rios e arroios aparece como medida prioritária para 84%, enquanto 80% defendem realocar famílias que vivem em áreas de risco.

Nos bairros Santo Antônio e Nações, menos afetados por catástrofes, as respostas seguem a mesma direção: 87% pedem a limpeza e dragagem dos cursos d’água e 82,6% concordam com o deslocamento de moradores das zonas mais vulneráveis.

Preocupações cotidianas

O tema da saúde pública segue entre os principais entraves. No Morro 25, quase 69% dos entrevistados pedem melhorias na infraestrutura das unidades de atendimento, e o mesmo percentual cobra qualificação no atendimento da UPA.

Nos bairros Santo Antônio e Nações, 75% desejam melhorias na UPA, enquanto metade dos moradores pede mais consultas nos postos de saúde.

A segurança pública também desponta com força. No Morro 25, todos os entrevistados pedem ampliação do policiamento ostensivo, e 93,8% citam a necessidade de combater o tráfico de drogas e a drogadição.

Nos bairros Santo Antônio e Nações, 82,6% cobram melhor iluminação pública e o mesmo índice reforça a preocupação com as drogas e a criminalidade.

Com mais de 4 mil habitantes, Santo Antônio enfrenta carências em áreas diversas

FICHA TÉCNICA

MORRO 25

População: 1.123 pessoas

Área: 0,74 km²

Densidade: 1.516,20

habitantes por km²

Principais vias: Avenida BeiraRio, Carlos Alfredo Koefender, Travessa Saidan, Rua da Divisa

NAÇÕES

População: 595 pessoas

Área: 0,59 km²

Densidade: 1.011,12 habitantes por km²

Principais vias: Avenida Brasil, Argentina, Equador, ERS-130

SANTO ANTÔNIO

População: 4.388 pessoas

Área: 1,30 km²

Infraestrutura

Nas perguntas abertas, os moradores foram além das estatísticas e apontaram carências específicas.

No Santo Antônio e no Nações, há pedidos por mais vagas em creches, projetos sociais para adolescentes, melhorias no abastecimento de água, manutenção das ruas e investimentos na área da saúde e segurança.

No Morro 25, as respostas

Densidade: 3.379,06 habitantes por km²

Principais vias: Arnoldo Uhry, Bernardino Pinto, Eugenia Christ, Simão Bolívar

revelam um sentimento de abandono histórico, com reivindicações por ações preventivas contra desastres, oportunidades para jovens, reformas em áreas atingidas e melhorias imediatas nas vias.

Os pedidos de moradores* para serem resolvidos pela administração

SANTO ANTÔNIO E NAÇÕES

- Ampliar o número de vagas nas creches

- Arrumar o ginásio

- Calçamento e pavimentação em geral

- Fazer mais projetos voltados para ocupar os adolescentes

- Investir mais na segurança

- Investir na saúde

- Investir na manutenção das ruas e estradas

- Resolver problemas de abastecimento de água

MORRO 25

- Agilizar a manutenção das ruas e estradas

- Combater a criminalidade

- Criar sistema robusto de defensa e prevenção contra catástrofe

- Investir em educação

- Investir em saúde

- Criar programas para manter os jovens longe do crime e das crogas

- Reformar áreas afetadas pelas enchentes

- Se preparar melhor para catástrofes

(*) Os bairros Santo Antônio e Nações foram pesquisados de forma conjunta. Já o Morro 25 foi analisado em conjunto com o Conservas, que não é analisado nesta reportagem.

Melhorias na área da saúde estão entre as prioridades

LÍDERES DEFENDEM DIÁLOGO AO

DESENVOLVIMENTO

Debate na sede da Saidan discutiu desafios e potencialidades do Santo Antônio, Morro 25 e Nações, localidades que ficam mais ao sul de Lajeado

Aunião entre comunidade, poder público e entidades sociais foi o fio condutor do debate de outubro do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros”, promovido pelo Grupo A Hora em parceria com a Imojel Construtora e Incorporadora. O encontro deste mês ocorreu na sede da Saidan Associação Assistencial. O debate reuniu representantes dos bairros Morro 25, Nações e Santo Antônio com a participação do vereador e líder comunitário Antônio Oliveira, do coordenador de Relações Institucionais da administração municipal, Deolí Gräff, do diretor executivo da Saidan, Jorge Eckert, e da presidente da Associação de Moradores do Santo Antônio, Luciana Araújo. Durante pouco mais de uma hora de conversa, os convidados abordaram temas como

infraestrutura, mobilidade urbana, educação, saúde, assistência social e, sobretudo, o papel da participação comunitária no desenvolvimento dos bairros da zona sul, considerada a região mais vulnerável do município.

Infraestrutura e crescimento

O debate começou com o olhar voltado ao bairro Nações, uma das áreas de maior potencial de expansão na zona sul. Conhecedor da localidade, Oliveira destacou preocupações com a falta de infraestrutura para atender o crescimento populacional, especialmente com a chegada de novas moradias destinadas a famílias atingidas pelas enchentes. “A minha preocupação é com saúde, educação e infraestrutura.

Tudo que a gente tem pedido para o bairro tem sido atendido. O diálogo é fundamental”

LUCIANA ARAÚJO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO SANTO ANTÔNIO

Sede da Saidan, na divisa com Morro 25 e Santo Antônio, sediou o debate do mês de outubro

O bairro vai receber novas famílias e é preciso garantir atendimento digno, desde creches até postos de saúde”, destacou. Ele também cobrou atenção à mobilidade e à conservação das vias, reforçando que “as manutenções são uma cobrança constante da comunidade”. Em contraponto, Deolí defendeu o trabalho do município e ressaltou a importância de reconhecer as ações em andamento. “É preciso ver o copo meio cheio. Há muita coisa boa sendo feita nos bairros, e a prefeita Gláucia Schumacher tem valorizado o espírito comunitário e as parcerias entre prefeitura e

moradores”, afirmou. Para o representante da administração municipal, a atuação das associações de moradores é determinante para o fortalecimento da vida comunitária. “Quando a comunidade participa, valoriza mais o que é feito e ajuda a conservar. A cidade cresce quando há envolvimento coletivo”, pontuou.

Entidades que fazem a diferença

Anfitrião do debate, Eckert, destacou o papel da Saidan e de outras entidades da região, como a Slan, a Trezentos de Gidion e a Filadélfia, que atuam no atendimento social e na formação de crianças e jovens. “Temos um número muito grande de adolescentes e crianças com ociosidade no contraturno escolar. Nosso sonho é criar um centro educacional que ofereça formação intelectual, corporal e ética”, revelou Eckert.

Luciana, bastante atuante no Santo Antônio, reforçou o sentimento de pertencimento e gratidão pelo apoio que vem recebendo da comunidade e da administração. “Tudo que a gente tem pedido para o bairro tem sido atendido. O diálogo é fundamental. Quando a comunidade ajuda, ela cuida mais e valoriza o que foi feito”, afirmou.

Ela também mencionou projetos sociais que transformam o cotidiano local, como o Projeto Vida, a escolinha da Alaf e o grupo Gira, além da futura Associação dos Papeleiros do Santo Antônio,

Santo Antônio é um dos bairros com maior densidade populacional em Lajeado

iniciativa que deve envolver cerca de 20 famílias em uma proposta de geração de renda e reaproveitamento de materiais recicláveis.

Olhar ao futuro

Na parte final do debate, os convidados foram provocados a projetar o futuro dos bairros. Antônio Oliveira afirmou esperar que, até o fim da atual gestão, promessas e obras em andamento se concretizem. “Quero chegar ao final do mandato sem ver moradores brigando por vaga em creche ou por atendimento médico. Sou crítico porque quero melhorias, e elas precisam sair do papel.”

Luciana Araújo reforçou a importância de ouvir os moradores. “Às vezes o morador quer ser assistido em uma coisa pequena, mas que para ele é essencial. Ouvir é o primeiro passo para melhorar.”

Deolí Gräff complementou. “O diálogo é a palavra-chave. É isso

Construtora
RAICA FRANZ WEISS

que cria empatia e faz as soluções surgirem em conjunto.”

Já Jorge Eckert trouxe uma reflexão sobre planejamento urbano e mobilidade, destacando a necessidade de novas ligações viárias para evitar o isolamento da zona sul durante as enchentes. “Há soluções simples que precisam de atenção. Ruas como a Arnoldo Uhry e a Bernardino Pinto poderiam integrar melhor os bairros e facilitar o tráfego em períodos de cheia”, alertou.

Quero chegar ao final do mandato sem ver moradores brigando por vaga em creche ou por atendimento médico”

ANTÔNIO OLIVEIRA VEREADOR

Cooperação

O debate encerrou com um clima de cooperação e reconhecimento mútuo.

Entre elogios e contrapontos dos convidados, prevaleceu o consenso de que os bairros da zona sul têm desafios, mas também um forte capital humano e comunitário.

Para os participantes, o futuro depende da continuidade das parcerias entre poder público, associações e entidades locais.

“O ideal é difícil de alcançar, mas podemos chegar muito perto quando trabalhamos juntos”, resumiu Eckert.

O projeto

“Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros” é uma iniciativa do Grupo A Hora em parceria com a Imojel, que promove encontros mensais para debater os desafios e perspectivas das comunidades de Lajeado, aproximando moradores, lideranças e o poder público.

Bairros Morro 25 e Nações foram os primeiros da cidade a receberem mutirões de limpeza

Quando a comunidade participa, valoriza mais o que é feito e ajuda a conservar. A cidade cresce quando há envolvimento coletivo”

DEOLÍ GRÄFF, COORDENADOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Temos um número muito grande de adolescentes e crianças com ociosidade no contraturno escolar. Nosso sonho é criar um centro educacional”

JORGE ECKERT, DIRETOR EXECUTIVO DA SAIDAN

Próximos debates

NOVEMBRO - Floresta, Moinhos d’Água e São Bento

DEZEMBRO - Centro

Construtora e Incorporador

NOS BAIRROS DESASSISTIDOS, FALTA ÔNIBUS E SOBRAM DESAFIOS

Cotidiano revela contrastes entre crescimento e abandono no Morro 25 e no Nações. O primeiro tenta se reconstruir e o segundo, expande sem infraestrutura

Atingido pelas enchentes, o Morro 25 é uma das zonas mais vulneráveis de Lajeado e ainda não conseguiu se reconstruir por falta de apoio efetivo e infraestrutura.

A principal referência da comunidade é a Escola Alfredo Lopes, que atende alunos até o quinto ano. O prédio, porém, está em condições precárias. Nem todas as salas funcionam, há portas improvisadas e fios expostos, o que causa insegurança entre os estudantes. Parte dos alunos precisou ser remanejada para outras escolas.

O governo federal teria destinado R$ 10 milhões para a reconstrução da instituição, mas o valor será usado para erguer uma nova escola em outro bairro, o que gera frustração e revolta entre os moradores.

O posto de saúde, que atende também o Bairro das Nações, enfrenta falta de médicos e equipe reduzida. As consultas demoram cerca de 30 dias para

serem agendadas, e há fila de espera. Um dentista atende apenas uma vez por semana. Enquanto o Morro 25 tenta se reerguer, o bairro Nações cresce, mas sem estrutura que acompanhe o aumento da população.

Faltam praças e áreas de lazer, o ginásio não tem estrutura adequada e a iluminação pública precária aumenta a sensação de insegurança. As linhas de ônibus são escassas — em algumas rotas, passam apenas uma vez por dia. O recolhimento de lixo é irregular, o que provoca acúmulo de resíduos, mau cheiro e proliferação de insetos e animais.

Agilidade no

Posto de Saúde

Com 1.123 moradores, o Morro 25 abriga o posto de saúde responsável também pelo atendimento do Bairro das Nações. Para os moradores, a

Eu pego o ônibus

das 7h30min, mas nos dias em que preciso sair mais tarde, espero

mais de uma hora pelo coletivo ou vou a pé”

Moradores dos três bairros se queixam da escassez de linhas de ônibus

área da saúde está desassistida. Mães e gestantes cobram melhorias no atendimento.

A jovem Stefanie Lazzaron, 20 anos, está no sétimo mês de gravidez e relata que não teve uma boa experiência recentemente. Há seis meses morando no Morro 25, ela prefere ser atendida no posto central ou no Centro Especializado do São Cristóvão.

“Durante a consulta, senti falta de atenção da equipe do posto do bairro”, afirma. Stefanie conta que os

atendimentos demoram e a equipe parece sobrecarregada, o que compromete a realização de exames.

“Uma vez, eu estava no posto com consulta marcada, mas o médico precisou sair para atender um óbito. Acabaram nos dispensando e pediram para voltarmos outro dia. São poucos profissionais, então qualquer imprevisto atrasa tudo”, explica. Em dois meses, nasce o bebê e ela quer preservar a saúde e a qualidade de vida do seu primeiro filho.

Ampliação das ESFs

A Secretaria da Saúde informa que os bairros Morro 25 e Nações são atendidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Morro 25, referência para essa região. O posto oferece consultas médicas e odontológicas, vacinação,

Stefanie reside há seis meses no bairro Morro 25

curativos e dispensação de medicamentos.

O município reconhece o aumento na procura por atendimentos, intensificada após a chegada de famílias deslocadas pelas enchentes. Segundo a pasta, está em estudo a ampliação do número de profissionais e o reforço da estrutura para melhorar o atendimento local.

A administração também avalia a implantação de uma nova UBS para atender a macrorregião. O projeto está em fase de análise técnica, ainda sem local e prazo definidos.

Transporte público tropeça na falta de linhas

Moradores do Morro 25 e do Nações cobram soluções para ampliar o número de linhas de ônibus. A dificuldade de locomoção afeta quem precisa se deslocar para o trabalho, estudar ou acessar serviços em outras regiões da cidade. Sem horários regulares, muitos recorrem a táxi ou aplicativos de transporte.

A secretária Marli Angelo da Silva, 61 anos, vive essa rotina. Ela sai do Morro Santo Antônio para trabalhar na escola do Morro 25 e, depois, no Centro. “Eu pego o ônibus das 7h30min,

MARLI ANGELO DA SILVA MORADORA
Construtora e Incorporador
Apresentado por
FOTOS: ANDRÉIA RABAIOLLI

mas nos dias em que preciso sair mais tarde, espero mais de uma hora pelo coletivo ou vou a pé”, relata.

O custo também pesa. Uma corrida de aplicativo custa, em média, R$ 20 por trecho. Quem depende de quatro ônibus por dia gasta mais de R$ 20 apenas para ir e voltar.

Marli defende mais horários e o transporte gratuito nos fins

Entrada do bairro Nações passou por melhorias recentes

de semana. “A passagem de Lajeado está entre as mais caras do país. A administração poderia subsidiar o transporte, nem que fosse um pouco, para que as pessoas pudessem ter lazer. A gente não quer só trabalhar. Quer ter a chance de passear, ir ao parque, ao shopping, aproveitar a cidade”, afirma.

Ela lembra que a falta de ônibus também limita o acesso a eventos culturais. “Durante a Feira do Livro em agosto, muitas

famílias não conseguiram participar porque não havia transporte no fim de semana”, comenta.

Para os moradores, a ampliação das linhas é urgente. A falta de horários regulares transforma deslocamentos simples em longas esperas e reforça a sensação de isolamento de quem vive no alto do morro ou em áreas mais afastadas da região central da cidade.

Moradora há 50 anos, Helena conhece a todos

A aposentada Helena da Rocha, 80, caminha devagar pelas ruas do bairro e cumprimenta quem passa. Mora no Morro 25 há mais de 50 anos e conhece praticamente todos os vizinhos. Com cerca de mil moradores, o bairro mantém um forte espírito comunitário. “Para mim, tem tudo de bom”, diz. Helena sente que a vida de todos está conectada pela característica de ser uma zona familiar. Aos 80 anos, a avó continua ativa. Usa o posto de saúde pelo menos uma vez por mês, onde retira os remédios para falta de ar. O pulmão às vezes se desajeita e ela necessita assistência.

A idosa diz que não tem queixas. Mas acredita que o bairro poderia ser mais acolhedor com melhor oferta de

ônibus e mais praças. Faz falta um lugar pra sentar, conversar e tomar chimarrão entre amigas.

Mercado longevo se destaca no bairro residencial

A comerciante Janete Goergen e o marido Lari Goergen deixaram Boqueirão do Leão há 33 anos para se instalar no Bairro das Nações. Na época, o local era quase desabitado e recebeu o primeiro negócio do casal, um pequeno atacado. Com o tempo, decidiram mudar de direção e abriram o Mercado Nações, que resiste há mais de três décadas.

Foi o primeiro empreendimento do bairro, que ainda mantém o perfil predominantemente residencial.

“Colocamos um mercado pequeno e fomos ampliando. Hoje temos um açougue que atrai clientes de toda a região. Somos referência em carne”, conta Janete.

Os fregueses confirmam a fama: “Vá ao açougue do João, a carne é de ótima qualidade.”

Assim, o mercado se consolidou como ponto de encontro da comunidade e símbolo da permanência em um bairro que ainda cresce em ritmo lento. O Bairro das Nações é essencialmente residencial e ainda tem poucos comércios. Entre os destaques está o Curtume Koefender, que emprega moradores e movimenta a vida do bairro.

“Estamos perto do curtume, e isso atrai movimento”, conta Janete, proprietária do mercado local. Além do emprego, ela valoriza a tranquilidade e o convívio entre vizinhos. “Aqui todo mundo se conhece”, afirma. Como empreendedora, viu o mercado crescer junto com a comunidade. “A gente procura atender o melhor possível os clientes”, diz, certa de que não pretende sair dali.

Construtora e Incorporador
ANDRÉIA RABAIOLLI

ESTRADAS PRECÁRIAS E BUEIROS

ARREBENTADOS PREOCUPAM MORADORES

Crescimento atual do bairro das Nações não é acompanhado por melhorias em infraestrutura.

Moradores elencam pedidos e buscam um futuro melhor

OBairro das Nações cresce, mas sem o mesmo ritmo de estrutura. Localizado ao lado do Morro 25 e distante das áreas de enchente, virou destino de famílias que buscam um lugar seguro para recomeçar. A administração também vem promovendo loteamentos para abrigar pessoas atingidas pela cheia de 2024. O aumento populacional é evidente, mas o bairro ainda carece de infraestrutura básica.

A Escola Municipal Oscar Koefender é o ponto positivo. Além de ensinar, acolhe e ampara as famílias, exercendo papel essencial na comunidade. O eletricista Miguel Jonathan Martens Sugo, 35 anos, nasceu e cresceu no bairro, ainda quando a área fazia parte do São Bento. “Ele foi desmembrado, mas não mudou muita coisa. Somos um bairro esquecido”, lamenta. Filho de Francisco Gervásio Sugo Galeano, um dos primeiros moradores, Miguel conhece cada palmo da Avenida Brasil, a principal via da localidade. Com cerca de 300 habitantes, o Bairro das Nações é o menor de Lajeado. “Agora está crescendo, com novos loteamentos”, afirma. Miguel elogia a tranquilidade e o espírito comunitário. “É um bairro familiar, de pessoas maduras. Não há marginalidade, todos se conhecem.”

Mas o crescimento trouxe também novos desafios. As estradas de chão estão em más condições e os bueiros, estourados. “Falta manutenção. Quando fizeram um mutirão, soltaram os canos e agora qualquer chuva causa alagamento”, relata.

Ele também critica o fechamento do berçário local. “Disseram que não havia crianças suficientes, mas o bairro está crescendo.”

Das mais de 20 ruas, apenas três são asfaltadas. O restante precisa de reparos urgentes. “Queremos que ajeitem o que estragaram aqui”, desabafa. As ruas do bairro homenageiam países — Miguel mora na Rua

Ele [o Nações] foi desmembrado, mas não mudou muita coisa. Somos um bairro esquecido”

MIGUEL JONATHAN

MARTENS SUGO

ELETRICISTA

Colômbia, cruzada pela Avenida Brasil e pela Avenida América Latina. Ele conta com orgulho que o pai ajudou a batizar cada uma delas.

Hoje, o eletricista gostaria de participar mais ativamente da Associação de Moradores. “Quero ajudar a debater e buscar melhorias. O bairro pode ser pequeno, mas não deve ficar no esquecimento.”

Percepção de crescimento

De acordo com moradores, Nações cresce por não ter área inundável. Por estar próximo ao

é desafio no Nações

Morro 25 e distante das áreas de enchente, muitas famílias migram para o local. Em breve, deve receber 30 casas populares do projeto “A Casa é Sua”, do governo estadual. Apesar da percepção de crescimento dos moradores, a prefeitura garante que o bairro diminuiu de população se observar o Censo de 2010 e 2022. Passou de 595

moradores para 584. “No bairro são realizadas manutenções contínuas em ruas que ainda são de terra”, esclarece a nota da administração municipal, que afirma der feito mutirão para roçada, conserto da academia ao ar livre, manutenção no letreiro. “Após o mutirão, as melhorias são mantidas”. Para Sugo, a vizinhança é a parte

positiva.“É um bairro familiar, de pessoas maduras. Não há marginalidade e todos se conhecem”, resume.

Mas ainda há carências. Miguel lamenta a precariedade das vias e os encanamentos estourados. “Falta manutenção. No dia em que fizeram um mutirão, soltaram os canos e agora qualquer chuva causa alagamento”, relata.

Construtora e Incorporador
Falta de infraestrutura é alvo de críticas de moradores
Bueiros quebrados incomodam a comunidade. Infraestrutura urbana
FOTOS: ANDRÉIA RABAIOLLI

ESCOLA INFANTIL FACILITA A ROTINA DE PAIS NO MORRO 25

Moradores do bairro que enfrentam longas jornadas no trabalho deixam seus filhos na Mundo Encantado. No Nações, comunidade cobra reabertura de escola infantil fechada em 2022

AEscola de Educação

Infantil Mundo

Encantado é a espinha dorsal do bairro Morro 25. O espaço atualmente acolhe 58 crianças, de seis meses a quatro anos e nove meses, e garante o suporte que muitas famílias precisam para conciliar a vida profissional e os cuidados com os filhos.

Com atendimento integral, a escola é o principal ponto positivo de um bairro que ainda busca se reconstruir após as enchentes e enfrenta dificuldades de transporte. A diretora Juliana Mittelstadt explica que a Emei é a única escola de educação infantil do bairro e fica em uma região segura, longe do risco de inundações.

“É de suma importância porque este é um bairro dormitório. A maioria dos moradores trabalha fora e dorme aqui”, resume.

O deslocamento é um dos

grandes desafios. Como o transporte é considerado escasso, muitas mães deixam os filhos no início da manhã e só conseguem buscá-los no fim do dia. “A maioria chega entre 6h30 e 7h30min e sai às 18h. Tem criança que fica até 18h20, quase 12 horas dentro da escola”, relata Juliana.

Refeições diárias

A Emei Mundo Encantado atende 53 famílias, algumas com irmãos matriculados, e oferece quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, fruta e jantar. “As crianças ficam seguras, recebem alimento, cuidado e instrução. É um apoio essencial para as famílias”, afirma.

Grande parte dos pais trabalham no Centro, em bairros como Moinhos e Florestal ou até em cidades vizinhas, caso de Arroio do Meio. Outros são

empregados do curtume.

“Nem todos têm carro próprio. O transporte público é limitado e os horários, reduzidos. Às vezes, os pais saem correndo, nem conseguem se despedir das crianças, com medo de perder o ônibus”, explica.

Juliana cita o caso de um funcionário da escola que precisou abandonar um curso na Univates por falta de transporte. “Ele fazia o curso à tarde, mas não tinha ônibus de volta para o bairro. Essa é a realidade de muitos moradores.”

Realidade do bairro

Na Emei Mundo Encantado, maior parte dos alunos são filhos de moradores que trabalham em outros bairros

Emei fechada em 2022

Na Emei Mundo Encantado, o dia começa cedo e termina tarde. Entre brinquedos, refeições e cochilos, a escola sustenta a rotina de quem trabalha longe e sonha perto.

A estrutura se tornou referência também pela proposta pedagógica. Os professores adotam uma educação contextualizada, que incentiva a autonomia dos alunos.

“Não trabalhamos mais com projetos, e sim com contextos que nascem da realidade das crianças e do bairro. Elas aprendem a observar, pensar e se expressar”, explica Juliana.

transferidas das áreas atingidas pelas enchentes. “O bairro está aumentando, mas parece que a estrutura não acompanha”, observa.

Segundo Schneider, o berçário foi desativado para economizar recursos, mas a medida trouxe prejuízos ao dia a dia de muitas famílias. “O lugar cresce e há muitas crianças”. Explica que a escolinha mais próxima fica a cerca de dois quilômetros, no Santo Antônio. “Para quem não tem carro e depende de transporte público, é inviável”. Com a distância e a falta de opções, muitas mães se sentem inseguras. “As mães acordam

Fica complicado levar os filhos para outro bairro. É um problema do dia a dia, e muitos estão insatisfeitos”

GELSON CLAUDIANO SCHNEIDER MOTOBOY

cedo para trabalhar. Fica complicado levar os filhos para outro bairro. É um problema do dia a dia, e muitos estão insatisfeitos”, reforça.

Quando a Emei Mundo Mágico foi fechada, mais de 300 pessoas assinaram um abaixo-assinado pedindo a manutenção da creche no bairro. A administração, na época, justificou que o prédio seria transformado em uma extensão da Escola Municipal Oscar Koefender, que já funciona na mesma localidade.

Juliana Mittestaldt: acompanhamento integra as crianças da escola Mundo Encantado
FOTOS: ANDRÉIA RABAIOLLI

VULNERABILIDADE TRANSFORMADA EM REFERÊNCIA SOCIAL

Entidades oferecem moradia, educação, esporte, cultura e acolhimento a centenas de crianças e adolescentes

No bairro Santo Antônio, a vulnerabilidade social convive com uma poderosa rede de solidariedade. Há décadas, entidades comunitárias e assistenciais trabalham para transformar a realidade local, oferecendo moradia, educação, acolhimento e oportunidades para crianças, adolescentes e famílias. A atuação da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan), através do Centro Pedro Albino Müller, da Associação

Assistencial - Saidan e do Centro Social Trezentos de Gidion faz do bairro um verdadeiro polo de serviços sociais — um exemplo de que quando sociedade civil, poder público e comunidade se unem, a mudança acontece de forma concreta.

Amor, fé e acolhimento

Com 56 anos de história no Santo Antônio, o Trezentos de Gidion acolhe cerca de 30 crianças e adolescentes encaminhados por órgãos de proteção. Em três casas lares, a instituição oferece moradia, acompanhamento com equipe multidisciplinar e atividades socioeducativas.

“Essas crianças chegam marcadas por lutas e perdas. Nossa missão é amar e cuidar, oferecendo uma nova chance de futuro”, afirma Daniel Fich, presidente da entidade e pastor. Para ele, a convivência diária transforma a relação: “Eu me considero pai de 33 filhos. Eles crescem, seguem suas vidas, e muitos voltam para mostrar que conseguiram — e isso não tem preço.”

O apoio da comunidade e de empresas, além de convênios com o poder público, garantem a manutenção da instituição, que também desenvolve projetos musicais e atividades em parceria com a Igreja Assembleia de Deus.

Maternidade social e reconstrução de vínculos

Localizada na divisa do Santo Antônio e Morro 25, a Saidan realiza acolhimento institucional de crianças e adolescentes de Lajeado e de diversos municípios da região. Com funcionamento 24 horas por dia, 365 dias por ano, a entidade abriga atualmente 28 acolhidos em três casas lares.

“O trabalho da Slan é como o de uma avó, e o da Saidan é como o de uma mãe”, compara Jorge Felipe Eckert, presidente da entidade. “As mães sociais conduzem e orientam essas crianças com todo o cuidado e afeto. Tentamos dar as mesmas ou até melhores condições que teriam na família de origem.”

Além de oferecer moradia e rotina familiar, a entidade atua na reconstrução de vínculos com familiares e, quando possível, viabiliza a reintegração ou ado-

Educação, cultura e vínculos: A força da Slan

Com 43 anos de atuação no bairro, o Centro Pedro Albino Müller (Slan Santo Antônio)atende cerca de 180 crianças e adolescentes diariamente, com educação infantil em turno integral e atividades no contraturno escolar para jovens de 6 a 15 anos. A rotina inclui oficinas de cidadania, teatro, circo, esportes, música, informática e projetos culturais financiados por leis de incentivo. A instituição também mantém parcerias com

O trabalho da Slan é como o de uma avó, e o da Saidan é como o de uma mãe”

JORGE FELIPE ECKERT

EXECUTIVO DA SAIDAN

ção. Jovens a partir dos 14 anos recebem orientação profissional e ingressam em programas de estágio ou Jovem Aprendiz.

profissionais de saúde e promove atividades de integração com o bairro, priorizando a proteção e o desenvolvimento dos direitos das crianças.

“Uma das coisas que mais cuidamos é levar essas crianças para outros espaços, mostrar um pouco do mundo lá fora. Para muitas delas, essas experiências são inesquecíveis”, destaca Sandra Pretto, gerente administrativa e coordenadora da unidade.

Além da estrutura física e pedagógica, a Slan se tornou um espaço de afeto. Muitos alunos são encaminhados de casas de acolhimento e encontram no Centro um ambiente de segurança e pertencimento. Fabiane Marasini Mattje, diretora da instituição e ex-aluna, resume bem essa história: “A Slan é tudo pra mim. Eu cresci aqui. Temos orgulho de dizer que essas crianças são nossas. A Slan é a nossa casa.”

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Apoio do poder público

A transformação social no Santo Antônio conta também com o suporte da administração municipal. A Prefeitura mantém repasses anuais para as entidades:

Saidan: R$ 283.750,94; Trezentos de Gideon: R$ 798.048,84; Slan: R$ 6,1 milhões em 12 meses.

Além disso, desenvolve projetos esportivos e sociais em parceria com escolas e mantém planejamento para ampliar a rede de atendimento com a construção de um novo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) no bairro. “As entidades desempenham um papel fundamental, oferecendo acolhimento, formação e oportunidades de desenvolvimento para crianças, adolescentes e famílias. O município reconhece essa importância e atua de forma complementar, fortalecendo as parcerias e investindo em novos projetos sociais”, destaca a gestão municipal.

Uma história

de crescimento e acolhimento

Silvia Regina Gomes Schmitz, 46, conheceu a Slan ainda jovem, em 1987, e descreve a instituição como sua segunda casa. “Aqui aprendi a ler, dançar, fazer crochê, participar de brincadeiras e crescer como pessoa. Os maiores ajudavam os menores, e todos cuidavam uns dos outros”, lembra. A experiência marcou sua vida de forma tão positiva que hoje ela compartilha essa vivência com os filhos.

Nelson Júnior chegou no Centro Pedro Albino Müller com apenas 2 anos e permaneceu até os 14, enquanto Vitor Schmitz começou com 2 anos e hoje tem 13. Silvia ressalta o cuidado e o respeito que a instituição oferece: “A Slan é uma segunda casa para meus filhos. É um lugar incomparável, que nos dá segurança e tranquilidade. Sem ela, nossas crianças estariam na rua. É um orgulho imenso ter essa instituição no

bairro Santo Antônio.”

Além de oferecer acolhimento e educação, a Slan prepara adolescentes para o mercado de trabalho por meio do programa Jovem Aprendiz. Para Silvia, gratidão é a palavra que define sua relação com a entidade: “Só tenho a agradecer por tudo que a Slan fez por mim e pelos meus filhos.”

Uma vida dedicada à entidade

Sem a Slan, nossas crianças estariam na rua. É um orgulho imenso ter essa entidade no bairro Santo Antônio”

SILVIA REGINA GOMES SCHMITZ, MÃE DE ALUNO

Uma história construída a muitas mãos

Com iniciativas que unem amor, dedicação, educação e fé, o bairro Santo Antônio se tornou uma referência em atuação social em Lajeado. A força das entidades e o engajamento da comunidade mostram que é possível transformar realidades — uma vida de cada vez.

“Tem que ter valido a pena esse dia, de ter impactado uma vida”, resume Sandra Pretto. “Aqui, trabalhamos com vidas. E isso muda tudo.”

Fabiane Marasini Mattje é a prova viva de que a Slan não é apenas uma entidade, mas uma verdadeira extensão de família. Com apenas cinco anos, ela entrou na entidade como aluna e, desde então, sua trajetória se entrelaçou com a da instituição. Ao longo de 25 anos, passou por diversos papéis: voluntária, assistente de creche, aluna do magistério, professora e auxiliar de direção escolar. Recentemente, aos 30 anos, assumiu a direção do Centro Pedro Müller, levando consigo toda a experiência e amor dedicados à Slan.

Aqui, trabalhamos com vidas. E isso muda tudo”

“A Slan é tudo pra mim, é a

minha vida. Me emociono quando falo sobre ela. É um orgulho, uma gratidão muito grande.” Para ela, acompanhar as transformações do espaço — desde a busca por doações até a evolução da infraestrutura e dos programas — é motivo de celebração. Hoje, a Slan atende 725 crianças em seus três centros, e cada uma delas representa a continuidade de uma missão que começou há décadas. “São nossas crianças, e aqui é a nossa casa”, conclui Fabiane, sintetizando a essência de uma história de dedicação, cuidado e crescimento mútuo.

Priscila e seus filhos: cuidado, aprendizado e inclusão

Para Priscila Antunes da Rosa, 39, a relação com a Slan começou quando a filha Kelita Francesca tinha apenas 2 anos. Hoje, aos 14, a jovem participa da banda de música da instituição e também ajuda a cuidar das crianças menores. A mãe ressalta a importância da entidade no desenvolvimento dos filhos: “Aqui ela aprendeu a comer direito e a se relacionar. Foi aqui que descobrimos o TDAH da minha filha, algo fundamental para seu tratamento.”

O filho mais novo, Jahaziel Ricardo, de 6 anos, também se beneficia do cuidado e da atenção da equipe, o que para ela, vai muito além do ensino: “Aqui somos uma família. Eles cuidam do que temos de mais precioso: nossos filhos. Sem não tivéssemos o Centro, a situação do bairro seria muito pior. Para muitas crianças, aqui é seu mundinho feliz. A Slan resgata

A Slan resgata e salva famílias, reestruturando lares e oferecendo carinho, atenção e educação de qualidade”

PRISCILA ANTUNES DA ROSA, MÃE DE KELITA E JAHAZIEL

e salva famílias, reestruturando lares e oferecendo carinho, atenção e educação de qualidade.”

Outubro de 2025 • 11
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Cuidado e ensino há gerações

Nos bairros Santo Antônio, Morro 25 e Nações, as escolas e as instituições assistenciais testemunharam a história dessas comunidades.

Os primeiros movimentos iniciaram na década de 1950 e, desde então, gerações passaram por esses estabelecimentos

Aentidade assistencial mais antiga de Lajeado é a Saidan, criada em 1953 e localizada na divisa dos bairros Santo Antônio e Morro 25 desde os anos 1960. A história da instituição remonta à década de 1950, quando Lajeado enfrentava um surto de tuberculose. Na época, a cidade tinha pouco mais de 10 mil habitantes e encontrava dificuldades para atender aos doentes.

Assim, lideranças da época se uniram para criar a então Sociedade de Assistência à Infância Desamparada e de Auxílio aos Necessitados (Saidan). Além de amparar os doentes e suas famílias, também assistia à população em situação de rua.

Nos primeiros dez anos, a

É uma grande satisfação participar desse processo da Saidan, que muda sim algumas vidas”

JORGE ECKERT DIRETOR EXECUTIVO DA SAIDAN

Saidan funcionou em uma sala no Fórum de Lajeado (época em que ele ficava no atual prédio do CRPO, em frente à Praça da Matriz). Em 1964, a prefeitura cedeu uma área na Chácara da Prefeitura (hoje, bairro Santo Antônio) para a instalação da então chamada Escola Agrícola e Industrial.

Esse patronato da Saidan recebia verba pública para acolher meninos de 5 a 14 anos em situação de vulnerabilidade. No início, eram em torno de 40 jovens, cujos pais não tinham condições de cuidar ou crianças que haviam sofrido algum tipo de violência.

O patronato oferecia escola e moradia para essas crianças. Havia apenas uma casa para o responsável pelo patronato e outra estrutura, que existe ainda hoje, onde ficava o alojamento, refeitório e as salas de aula. Os professores eram cedidos pelo Estado e, por conta das atividades agrícolas, a própria escola plantava muitos dos seus alimentos para consumo. Mais tarde, a ampliação do prédio permitiu a acolhida de 80 jovens.

A partir de 1986 o antigo patronato da Saidan foi transformado no modelo de casas lares, que se mantém até hoje, com base na assistência social e no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Quem conhece bem a história da Saidan é o atual diretor executivo da instituição, Jorge Eckert, 74. Ele chegou na Saidan em 2008, para trabalhar na parte administrativa. Natural de Lajeado, foi Oficial da Brigada Militar por 11 anos e, na década de 1980, passou a integrar o Rotary de Lajeado e, por consequência, teve os primeiros contatos com a Saidan.

Jorge assumiu a frente da entidade em 2015 e hoje faz parte do Conselho Administrativo. “É uma grande satisfação participar desse processo da Saidan, que muda sim algumas vidas. É bom fazer parte disso”, comenta. Hoje,

Mesmo depois de tantos anos, cada dia é uma novidade e aprendo algo”

CÁTIA MALLMANN LAUERMANN AUXILIAR DE DIREÇÃO NO CENTRO PEDRO ALBINO MÜLLER

são 30 acolhidos na Saidan, com três casas-lares, todas no Santo Antônio.

Décadas de dedicação

Do outro lado da rua, o Centro Pedro Albino Müller também presenciou a história de gerações no bairro Santo Antônio. Inaugurado em 1983 na presença do então secretário de Saúde do Estado, Jair Soares, a entidade oferece atendimento dos 2 aos 15 anos, com educação infantil e contraturno escolar.

O centro faz parte da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan), fundada em 1958.

A professora Cátia Caroline Mallmann Lauermann, 47, chegou ao centro em 1999. Natural de Estrela, ela pegava dois ônibus na época para chegar até a instituição. “Tudo era muito diferente, o centro era menor e tinha menos alunos”, lembra. Cátia iniciou como professora, passou pela secretaria e hoje é auxiliar de direção. Há 26 anos no espaço, toda a trajetória profissional de Cátia passou pelo Centro Pedro Albino Müller. “Hoje vejo antigos alunos trazendo seus filhos para cá. Me deixa muito feliz poder acompanhar a trajetória deles e vibrar com suas conquistas. Mesmo depois de tantos anos, cada dia é uma novidade e aprendo algo”, comenta.

Apaixonada pelo trabalho e pelo propósito da Slan e do Centro Pedro Albino Müller, cita Lenira Klein como grande exemplo. “Lembro dos 40 anos do Centro, foi muito emocionante ver a caminhada da instituição, seu significado para a comunidade e como faz diferença na vida das pessoas”, reforça. O centro passou

A FOK nos anos 1990, quando uma parte dos prédios atuais já existia
A Saidan funciona no mesmo endereço desde 1964
A Saidan foi fundada em 1953 e, por anos, abrigou somente meninos
Inauguração
A professora Cátia trabalha desde 1999 no Centro Pedro Albino Müller
ARQUIVO FOK

Inauguração do Centro Pedro Albino Müller, em 1983

A gente percebe um carinho muito grande da comunidade com a escola, um vínculo muito forte e especial”

ROSEMARÍ DULLIUS SEHN

DIRETORA DA EMEF ALFREDO

LOPES DA SILVA

por ampliações e reformas nesses mais de 40 anos e hoje atende em torno de 180 alunos.

A FOK

Seguindo pela rua Bernardino Pinto, a Escola Municipal Francisco Oscar Karnal também se consagra como testemunha da história do Santo Antônio. O educandário foi criado em 1956 e, naquele tempo, funcionava no terreno do atual Centro Pedro Albino Müller. Depois, passou a funcionar junto da Saidan até que, em 1986, a Emef foi transferida para a localização atual, na baixada da rua. Naquele ano, também foi inaugurado um dos prédios que se mantém até hoje na escola.

Quem viveu esse cenário foi Antônio Rempel, que chegou à Francisco Oscar Karnal (FOK) em 1989. “A escola era cercada por tela e por uma planta espinhosa, chamada coroa de cristo”, lembra. Na época, Antônio assumiu a direção da escola, onde ficou até 2004, quando passou a atuar como professor substituto na FOK. São mais de 30 anos de história na instituição, que hoje

era tudo estrada de chão”, lembra. Naquele tempo, a escola tinha dois prédios verdes que, nos anos 2000, deram lugar à atual estrutura da Emef. Em 2009 foi inaugurado o último prédio. “Naquela época, não tinha muitos equipamentos tecnológicos, lembro que o mimeógrafo era algo moderno”, conta.

Quem são os patronos das escolas?

A escola era cercada por tela e por uma planta espinhosa, chamada coroa de cristo”

ANTÔNIO REMPEL

EX-DIRETOR E PROFESSOR DA FOK

atende cerca de 460 alunos.

“O ônibus parava lá na Avenida Beira Rio e precisávamos ir a pé até a escola, a rua era toda de chão batido. À noite, nós professores contratamos uma kombi para nos levar para casa”, conta. Na memória, Antônio guarda as muitas campanhas escolares. “Fazíamos muitas para arrecadar alimentos para a merenda. A comunidade do Santo Antônio sempre contribuiu muito com a escola. Tenho um sentimento muito especial pela FOK”, destaca o ex-diretor.

Carinho pela escola

No mesmo ano de fundação da Saidan, também foi criada a atual Escola Municipal Alfredo Lopes da Silva, em 1º de maio de 1953. Localizada no bairro Morro 25, começou com um pequeno prédio. Mais de quarenta anos depois, a professora Rosemarí Dullius Sehn, 54, chegou na Emef, em 1993.

Natural de Cruzeiro do Sul, trabalhava no distrito de Sério, quando foi transferida para a escola do Morro 25. “Eu morava no interior de Cruzeiro e vinha todo dia de moto para a escola,

Há mais de 30 anos na escola, Rosemarí é diretora da Alfredo Lopes desde 2017. Quando chegou, a escola atendia somente os anos iniciais do ensino fundamental, depois, expandiu também para os anos finais. A Emef chegou a ter quase 500 alunos em uma época. Hoje, são cerca de cem estudantes e, desde a enchente de maio de 2024, a escola voltou a atender somente do pré ao 5º ano.

Localizada próximo à beira do Rio Taquari, a Emef Alfredo Lopes da Silva sofreu com as cheias, mas teve apoio da comunidade para a limpeza e reabertura. “A gente percebe um carinho muito grande da comunidade com a escola, um vínculo muito forte e especial. Hoje, estudam na escola filhos de alunos que eu alfabetizei aqui na escola, isso é muito legal.”

Homenagem ao bairro

Outra escola das redondezas é a Emef Oscar Koefender, no bairro Nações. Mais nova, foi criada em 1988. A fundação oficial data de 1989, com o nome de Escola Municipal de 1º Grau Incompleto do Loteamento Antares VI. Em 1998, passou a se chamar Escola Municipal de Ensino Fundamental Oscar Koefender, em homenagem à família Koefender, dona de várias terras no bairro e do Curtume Koefender.

O Curtume Koefender funciona no Morro 25 desde os anos 1950, um dos fundadores dá nome à Emef Oscar Koefender

Alfredo Lopes da Silva – Nasceu em 1866, em Venâncio Aires, filho de Mariana e de Malaquias Lopes da Silva. Foi morar em Cruzeiro do Sul em 1905, onde estabeleceu indústria e comércio da erva-mate. Silva casou duas vezes, as esposas eram irmãs e também tias de Artur da Costa e Silva, presidente do Brasil nos anos 1960. Doou as terras para a construção da Emef que leva seu nome e foi vereador em Lajeado em 1916. Faleceu em 1932.

Francisco Oscar Karnal – Nasceu em 1864, em Rio Grande, filho dos imigrantes alemães João José Karnal e Amália Augusta Matte. Com 22 anos de idade, casou com Antonieta da Costa, que era professora. Em 1891, Karnal veio para Lajeado, onde assumiu o cartório da recém emancipada cidade. Foi intendente (prefeito) de Lajeado de 1902 até 1908. Faleceu em 1915, em Lajeado, onde foi sepultado no Cemitério Evangélico Velho.

Oscar Koefender – Nasceu em 1927, na Linha Clara, Teutônia, filho de Leopoldina e de Carlos Alfredo Koefender. Em 1951, com seus pais e irmãos, fundou o Curtume Koefender no Morro 25, em Lajeado. Casou com Lili Koefender, com quem teve quatro filhos. Faleceu em 1980, alguns anos antes da Emef ser fundada.

Pedro Albino Müller – Nasceu em 1896, em Lajeado, filho de Carlos Müller e Susanna Petter. Junto do irmão Alberto Müller abriu a Casa Müller e, depois, a antiga Loja Pinto Müller, no Centro de Lajeado. Foi prefeito de Lajeado em 1947. Pedro Albino casou com Ottilia Rockenbach, com quem teve quatro filhos, entre eles, Lenira Müller Klein e Lauro Müller. Pedro Albino Müller esteve entre os fundadores da Slan em 1958. Hoje, sua filha Lenira dá nome a outro centro da Slan. Pedro Albino faleceu em 1968.

Origem

dos bairros

Santo Antônio – No princípio, a área era conhecida como Chácara da Prefeitura. A partir dos anos 1970, o espaço foi sendo loteado e recebeu o nome de bairro Santo Antônio.

Morro 25 – O nome faz referência à antiga Sociedade 25 de Julho, fundada em 1930 pelos funcionários da antiga fábrica Oderich, do Conservas. O prédio, erguido pela comunidade, contemplava salão de baile, bar, cancha de jogos e até uma pequena biblioteca, ficava próximo ao rio Taquari.

Nações – Localizado na divisa com Cruzeiro do Sul, esse bairro só foi criado em 1993. O nome faz referências às várias ruas que carregam nomes de países da América Latina.

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ARQUIVO ARI WIEBBELLING

BAIRRO CRESCE, MAS DESAFIOS PERSISTEM

Moradores do Santo Antônio lutam por maior qualidade de vida e engajamento comunitário e rompem antigos estigmas, enquanto obras e programas habitacionais avançam

Considerado um dos bairros mais populosos de Lajeado, o Santo Antônio mantém papel de destaque na vida da cidade, reunindo famílias, comércios, entidades sociais e diversos projetos comunitários. Apesar de carregar, historicamente, o estigma de violência, os moradores reforçam que a realidade é outra: o bairro é tranquilo, possui forte senso de comunidade e oferece espaço para crescimento.

Para Gelci Mota, microempreendedora que vive no bairro há 41 anos, o Santo Antônio oferece qualidade de vida para famílias.“Temos posto de saúde, creches, minimercados, igrejas e áreas de lazer. É um bairro muito bom para se morar. Aqui me criei, estudei, meus filhos cresceram aqui. É o meu bairro e pretendo continuar aqui.”

Essa mesma visão se reflete em centenas de famílias, como destaca o autônomo Samuel Araújo, 37 anos, morador desde a infância. Ele reforça o papel das iniciativas comunitárias:

“Aqui há pessoas batalhadoras, projetos que beneficiam jovens em educação, cultura e esportes. Quanto mais oportunidades tivermos para a gurizada, mais o bairro se desenvolve como um todo.” Segundo Samuel, a referência negativa do bairro persiste entre pessoas que não conhecem a realidade.

“Teve seu tempo de má fama, e hoje ainda muitas pessoas de fora têm essa visão. Nós que nos criamos no bairro vemos que há poucas pessoas envolvidas em problemas. Aqui tem muita gente do bem. Muitos vêm de fora, gostam do local e acabam fixando residência.”

Essa mesma visão se reflete em centenas de famílias, como destaca o autônomo Samuel Araújo, 37 anos, morador desde a infância. Ele reforça o papel das iniciativas comunitárias:

“Aqui há pessoas batalhadoras, projetos que beneficiam jovens em educação, cultura e esportes.

Vista geral do bairro Santo Antônio, que combina tradição, convivência comunitária e áreas de lazer para famílias

Quanto mais oportunidades tivermos para a gurizada, mais o bairro se desenvolve como um todo.”

Segundo Samuel, a referência negativa do bairro persiste entre pessoas que não conhecem a realidade.“Teve seu tempo de má fama, e hoje ainda muitas pessoas de fora têm essa visão. Nós que nos criamos no bairro vemos que há poucas pessoas envolvidas em problemas. Aqui tem muita gente do bem. Muitos vêm de fora, gostam do local e acabam fixando residência.”

Escolha pelo Santo Antônio

“Meu pai sempre dizia: ‘quem bebe da água do Santo Antônio, sempre volta para cá’. Já tive várias oportunidades de ir para outros bairros, mas é aqui que gosto de morar. Fixei residência, tenho minha família comigo, somos felizes. Se hoje surgisse uma oportunidade de ir para outro lugar, certamente pensaria duas vezes”, conclui Samuel.

Coleta de lixo e saneamento

A precariedade do serviço de coleta de lixo é apontada pelos moradores como um desafio. De acordo com Luciana Araújo, presidente da associação do bairro, as principais demandas estão relacio-

nadas ao excesso de lixo espalhado pelas ruas devido à irregularidade da coleta, além de problemas de infraestrutura, como ruas esburacadas em períodos de chuva.

“A comunidade tem buscado apoio para trazer melhorias ao bairro. Sabemos que nosso bairro concentra um grande número de moradores, o que demanda muito do poder público, mas enfrentamos desafios estruturais ao longo de anos. Precisamos que a gestão olhe para nossa comunidade com olhos de pertencimento e não de desmerecimento.”

Em resposta às demandas, a Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal (Sema) adotou medidas para melhorar o serviço, como instalação de novas lixeiras e contêineres em pontos críticos,

próximos a complexos habitacionais e escolas. A coleta ocorre às terças, quintas e sábados.

Infraestrutura em transformação

Nos últimos meses, o bairro recebeu pavimentação em vias importantes, como a rua Maria Joana de Freitas e a rua Arnoldo Uhry, com investimentos superiores a R$ 1,3 milhão. A rua Simon Bolívar terá pavimentação completa, incluindo drenagem e calçadas, enquanto a rua Bernardino Pinto contará com um novo pontilhão, aguardando captação de recursos. Vias de chão batido continuam recebendo manutenção regular da Secretaria de Obras.

No Santo Antônio me criei, estudei, meus filhos cresceram aqui. É o meu bairro e aqui pretendo continuar”

GELCI

Habitação

O programa habitacional Novo Horizonte, do Minha Casa Minha Vida institucional, prevê a construção de 56 casas na Rua 10. Paralelamente, o município realiza a regularização fundiária de imóveis, garantindo segurança jurídica e melhores condições de moradia para famílias em áreas ainda não regularizadas.

Engajamento comunitário

Embora antigos estigmas ligados à violência ainda persistam, os moradores destacam a tranquilidade do bairro. A presença de entidades sociais e projetos comunitários tem sido essencial.

“A força da comunidade e os projetos sociais mostram que o Santo Antônio é muito mais do que os estigmas antigos”, conclui Luciana Araújo.

Lixo acumulado nas ruas é um dos problemas mais evidentes no bairro. Coleta é considerada um dos principais desafios

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FOTOS: FELIPE NEITZKE

mateus@grupoahora.net.br

A necessária organização dos papeleiros

Estruturada em julho, com apoio da Coordenadoria de Relações Institucionais do município e assessoria do Sebrae, a Associação dos Papeleiros do Santo Antônio avança para a formalização definitiva. O CNPJ da entidade, que reúne dezenas de famílias que atuam com reciclagem no local, deve sair ainda este mês. Toda a documentação já está pronta e foi encaminhada ao cartório para finalizar o

processo. A papelada inclui estatuto, atas de fundação e de eleição, além do cadastro dos sócios-fundadores. Passou por alguns ajustes pontuais, como correções de grafia, de número de artigo e a falta de um dado pessoal.

Para trabalharem legalmente, o próximo passo após a liberação do registro será o encaminhamento à Junta Comercial para obtenção do CNPJ. Ao que tudo indica, há empresas e entidades

interessadas em firmar parcerias para a coleta de materiais recicláveis. E isso é muito positivo.

Em paralelo, o grupo promove melhorias no espaço físico onde funcionará a sede, em um galpão localizado na Vila dos Papeleiros. Movimentos importantes e que garantem a tão sonhada dignidade destes profissionais. Pessoas que terão a atividade, enfim, regularizada. Um reconhecimento devido e necessário.

Estigma x Realidade

Ano passado, quando abordamos o Santo Antônio na primeira rodada de publicações do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”, pontuei sobre a importância de tratarmos o bairro com respeito e empatia, deixando de lado todo e qualquer preconceito existente – na maioria dos casos, por pura desinformação. Na coluna deste mês, reforço esse posicionamento. Insegurança, criminalidade não são exclusividades de uma só localidade. Lajeado é um polo regional, o que traz o bônus e o ônus. A segurança pública é um desafio de toda a cidade.

Consciência em Movimento

6 de novembro

Local: Cras Espaço de Todos Nós

Marcha para Jesus 8 de novembro

Local: Concentração no Parque dos Dick

5ª Parada Livre de Lajeado 9 de novembro

Local: Casa de Cultura

16º Rodeio Crioulo do CTG Tropilha Farrapa 14 a 16 de novembro

Local: Parque de Eventos

Pequeno em busca do protagonismo

Nações é um bairro que, para muitos, passa despercebido em meio a tantas localidades existentes em Lajeado. Mas é uma região muito singular no mapa do município. Primeiro, é o bairro mais ao sul da cidade, e faz divisa com Cruzeiro do Sul. Segundo, suas ruas levam nome de países da América do Sul, sendo a avenida Brasil a principal delas. E, por último, há uma leve margem para crescimento, diferente de outras áreas nas proximidades. É uma comunidade que busca um protagonismo.

Onde

o tempo demora a passar

A parte margeada pelo Rio Taquari do bairro Morro 25 foi devastada pela enchente. O cenário é idêntico ao vizinho Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. Mas no “lado lajeadense”, embora claramente a área destruída seja bem menor, a sensação é de que o tempo demora mais a passar. Claro, não teremos novas ocupações residenciais/comerciais ali, mas passar pelo local desperta sentimentos variados nas pessoas, como a tristeza em saber que a “vida normal” não vai mais voltar.

DAS RUAS

– A escolha da administração municipal pelo Parque Ney Santos Arruda para a programação natalina despertou reações diversas na comunidade. Teve muitos elogios, mas também sobraram críticas. Eu, particularmente, achei interessante. Por ser a primeira vez, não significa que será definitivo. Se algo não der certo, é só voltar para os locais tradicionais no ano que vem.

– Sem espaço para expandir suas atividades na sede atual, no bairro São Cristóvão, a Apae avalia uma mudança profunda em sua localização. A diretoria avalia um terreno no cada vez mais pujante bairro Conventos. O local apontado é considerado ideal para que seja erguida uma estrutura capaz de comportar o crescimento da instituição.

– Ainda sobre Conventos, a administração municipal executou nas últimas semanas obras de recuperação do pavimento da rua

Pedro Theobaldo Breidenbach, a via principal do bairro. De fato, havia a necessidade. Mas, e quanto à Arno Eckhardt? O trecho de chão batido está cada vez pior. Seja pela buraqueira, seja pela poeira que invade as casas nas imediações.

– Outro local prejudicado pela poeira é o bairro Imigrante. Um vídeo enviado pelo presidente da Associação de Moradores, Fábio Verruck, dava conta do drama enfrentado diariamente pelos moradores. O fluxo de caminhões por ali é grande. E as reclamações da comunidade também são crescentes.

– Ponto positivo para o avanço da iluminação com lâmpadas de LED nos bairros. É um movimento necessário. Aumenta a sensação de segurança em moradores, pedestres, comerciantes e trabalhadores. E ainda gera economia aos cofres públicos com a substituição das lâmpadas convencionais.

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