A epopeia da comida - Uma breve história da nossa alimentação

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de 1,10 m, pesa cerca de 30 kg e tem uma capacidade craniana de 360 cm3 (muito insuficiente para formular a linguagem). Com mãos bem semelhantes às nossas, talvez fossem capazes de talhar a pedra ou efetuar tranças. Eles ainda se alimentam unicamente de legumes, frutas e pequenos animais crus ou cadáveres encontrados.11, 325, 326 O nomadismo é, então, e ainda será por vários milhões de anos, uma necessidade alimentar: o australopiteco se desloca por todo o continente africano a fim de encontrar o que comer. Consome tubérculos, plantas, insetos, pequenos animais e carcaças abandonadas pelas hienas. Sem dúvida, ele começa a matar animais para comer. Com as mãos nuas. Com pedradas. Sem dúvida, ele aperfeiçoa também o esboço do que ainda não é uma linguagem. Há 3 milhões de anos, grande evolução: a desertificação da África Oriental provoca um recuo das florestas e um avanço das savanas africanas, que levam os australopitecos a se reagruparem.28 Como certos símios de hoje cujos cérebros têm o mesmo tamanho, eles se reúnem em pequenos grupos, comem folhas, frutas, ovos, insetos; guardam juntos os produtos de suas caçadas e de suas colheitas, e compartilham refeições. Isso leva a um desenvolvimento de suas faculdades intelectuais e cooperativas.28 Certamente, a partir desse momento, os mais fortes comem melhor do que os mais fracos; e, em particular, os homens comem melhor do que as crianças e as mulheres. Eles ainda comem cru. São antropófagos? Ninguém sabe; e raros são aqueles que, como eu, ousam pensar que sim. Há 3 milhões de anos, é possível estimar (comparando-os aos comportamentos atuais dos macacos na ilha de Hashima, no Japão, cujo tamanho do cérebro é próximo ao deles) que eles começam a lavar seus alimentos. Alguns se organizam para estocar cadáveres de animais perto de onde escondem suas ferramentas. J Os Homo habilis, ergaster e erectus: comer cru e grunhindo

Há 2,3 milhões de anos, no início do Pleistoceno, aparece na Etiópia a primeira espécie considerada humana: o Homo habilis. Viver do mundo, caminhando

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