REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #501

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INSÓNIA DE FERNANDO MENDES

ÍNDICE

Paulo Cunha (pág. 18)

João Ministro (pág. 22)

Algarve Walking Season (pág. 26)

Ampliação da EB2,3 Eng. Duarte Pacheco em Loulé (pág. 32)

Prémio Novas Dramaturgias José Louro (pág. 40)

Feira de Santa Iria em Faro (pág. 46)

The Campus Carby Volkswagen Ladies Open na Quinta do Lago (pág. 56)

«Insónia» de Fernando Mendes no Teatro Municipal António Pinheiro (pág. 76)

«Mãos Minhas» da Terra Amarela no Cineteatro Louletano (pág. 92)

A brincadeira como remédio

elo segundo ano consecutivo após a proibição do uso do telemóvel em espaço escolar, constatei nas primeiras reuniões intercalares que, com apenas um mês de aulas, as queixas em relação ao comportamento dos alunos são «mais do que muitas». Ao longo da minha já longa carreira docente, habituei-me que este tipo de situações acontecesse apenas no final do ano letivo, devido, em grande parte, ao avolumar do cansaço e natural desgaste resultante de múltiplos fatores. Tendo vindo a refletir sobre o assunto, numa dessas reuniões sugeri que esta panóplia de comportamentos anómalos registados no espaço escolar possa indiciar sintomas de abstinência. Naturalmente, grande parte dos meus colegas não entendeu logo à primeira a pertinência do meu comentário. Respondi-lhes então que quase todos os alunos usaram e abusaram dos seus telemóveis durante o período das férias grandes e, de repente, viram-se privados dos mesmos em grande parte do dia. Ora, como acontece com qualquer dependente em estado de privação, os sintomas não se fizeram esperar!

Felizmente, grande parte das escolas tem vindo a investir na criação de alternativas que venham a dotar o espaço escolar com mais equipamentos e materiais diversificados que possam estimular o convívio e interação entre

alunos, mantendo-os assim ocupados e livres do mundo digital e virtual onde habitualmente habitam e navegam. Contudo, o problema que se coloca é que, por falta de conhecimento, de tempo e de prática, grande parte dos alunos não sabe brincar, confundindo determinados comportamentos mais agressivos e violentos com divertimento. É claro que prefiro os gritos, as correrias e as muitas tropelias que, como quando fui aluno, experimentei, do que o silêncio, a passividade e a inatividade a que me habituei a observar nos últimos anos, fruto da anestesia e apatia que o uso continuado, desproporcionado e descontrolado do telemóvel no recinto escolar provocava nos alunos.

Tal como eu, muitos professores e educadores ficam com a sensação de que os atuais jovens não sabem como divertirse de maneira saudável e construtiva. A falta de orientação, o excesso de tempo em atividades digitais ou a falta de oportunidades para brincar em espaços ao ar livre podem ser algumas das causas. É urgente ensinar a brincar de forma mais saudável, bastando para isso promover jogos e brincadeiras que possam ser realizadas fora de casa, organizar jogos que envolvam o trabalho em equipa e estabelecer limites para o tempo gasto em dispositivos eletrónicos. Brincar deve ser livre, inclusivo, seguro e divertido, respeitando sempre a individualidade de cada jovem. Ao valorizarmos o brincar, contribuímos para o bem-estar dos nossos

jovens e para a construção de uma sociedade mais equilibrada e feliz.

A privação do telemóvel entre os jovens pode desencadear sentimentos de ansiedade, inquietação, irritação, frustração, solidão e tristeza. Pode também provocar alterações bruscas de humor, dificuldade de concentração, desconforto físico, comportamentos compulsivos e perturbações do sono. Muitos jovens desenvolvem uma dependência psicológica dos seus dispositivos eletrónicos, manifestando sintomas semelhantes ao que se observa em situações de abstinência. O fenómeno FOMO (Fear of Missing Out – medo de ficar de fora) é particularmente relevante, levando ao receio de perder eventos sociais, notícias ou tendências importantes. A privação prolongada do telemóvel pode agravar sintomas de

ansiedade social, sobretudo entre jovens que dependem do ambiente digital para se expressarem ou se sentirem integrados.

Em contrapartida, uma pausa no uso do telemóvel pode contribuir para a melhoria da qualidade do sono, redução do stress e aumento do bem-estar geral, desde que os jovens encontrem alternativas saudáveis de socialização e ocupação dos tempos livres. A privação do telemóvel entre os jovens é um fenómeno multifacetado que pode gerar tanto desafios imediatos como benefícios a longo prazo. O equilíbrio entre o uso saudável da tecnologia e o desenvolvimento de competências sociais e emocionais fora do mundo digital é fundamental para o bem-estar dos jovens na sociedade contemporânea. Estratégias como o estabelecimento de horários para uso do telemóvel, a realização de atividades offline e o fortalecimento das relações sociais presenciais podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de dependência e os sintomas associados à sua ausência.

Não basta legislar, privando de os usar no espaço escolar quem já nasceu praticamente com equipamentos eletrónicos nas mãos. Temos de criar alternativas e condições para que os tempos-livres dos nossos jovens, na escola, sejam efetivamente livres. Para que tal aconteça, de mãos dadas, as instituições Escola e Família deverão planificar e projetar os intervalos e os «furos» entre aulas de uma forma em que a brincadeira e o convívio fora da sala de aula sejam tão importantes como a instrução dada dentro da mesma.

Foto: Daniel Santos

Em contramão

João Ministro, engenheiro do ambiente e empresário

ircular em contramão numa qualquer estrada tem quase sempre o mesmo resultado: a morte trágica para uma das partes envolvidas, por vezes para ambas. É uma realidade pouco frequente, mas ainda assim regular, infelizmente. Trago este fenómeno à conversa para chamar a atenção para o que se está a passar ao nível das leis ambientais e da governação nacional e internacional. Num momento em que deveríamos estar mais do que nunca a gerir e a preservar devidamente o nosso património ambiental e natural, o que vemos é uma sucessão de episódios que nos coloca cada vez mais na faixa errada da estrada, como que em contramão.

Com a justificação de agilizar determinados processos administrativos e/ou burocráticos – exigência imposta por vários grupos de pressão – Bruxelas prepara-se para mexer nas regras ambientais. Notícias recentes vindas de várias organizações europeias de protecção ambiental, incluindo a EEB (European Environmental Bureau – a maior rede de europeia de ONG’s de ambiente, com cerca de 190 membros, de 41 países), alertam para a desregulação em curso, o desinvestimento em determinados programas (incluindo o Programa Life

Natureza) e ainda para desfasamentos estratégicos. Mesmo depois de uma consulta pública realizada durante o verão na qual cerca de 200 mil pessoas apelaram, através da campanha «hands off Nature», para o reforço da proteção e da regeneração ambiental e a manutenção da legislação vital de conservação da natureza, a Comissão Europeia prepara-se para desfazer décadas de trabalho em prole da defesa de um lugar comum que a todos interessa. Ou devia interessar.

Curiosamente, seguindo a mesma linha de orientação, por cá fala-se do possível desmembramento do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ICNF) por outros institutos, sob a mesma justificação de aumentar a eficiência institucional. Nada mais enganador. O que se propõe é sim, sejamos claros, a tentativa de extinguir esse instituto e com isso fragilizar ao máximo o poder público em matérias essenciais de conservação ambiental no nosso país. Estamos conscientes da necessidade urgente em reestruturar o ICNF e melhorar o seu funcionamento, mas o que saiu a público é algo muito diferente. É a tentativa de acabar com esse organismo e a sua nobre missão.

Se a tudo isto juntarmos ainda as mudanças do uso do solo, nomeadamente de agrícola para urbano, de acordo com a nova legislação

aprovada no início do ano com o objectivo de resolver os problemas de habitação, o que se avizinha nos próximos tempos não augura nada de sustentável. Aliás, tudo se encaixa numa abordagem de esvaziamento regulatório para facilitar os «ataques» aos valores vitais ecológicos para a nossa sobrevivência.

Como dizia no início, parece que de repente decidimos mudar de faixa de rodagem e percorrer um caminho deveras perigoso. Veremos se não colidimos

Mais informação: https://handsoffnature.eu/ https://eeb.org/commissions-2026work-programme/

Uma rede de festivais que valoriza o território

O Algarve é pioneiro na promoção conjunta de cinco festivais de caminhadas que percorrem toda a região, de novembro a abril. Através da iniciativa Algarve Walking Season (AWS), estes eventos celebram a natureza, o património e as comunidades locais, combatendo a sazonalidade turística e promovendo um uso sustentável do território.

Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto

ob o lema «Algarve, uma Região para Caminhar Todo o Ano» é, provavelmente, a única região do país com uma promoção conjunta dos cinco festivais de caminhadas que se realizam ao longo do ano. Esta divulgação é feita através do projeto Algarve Walking Season (AWS), uma iniciativa regional que visa valorizar os recursos endógenos do território — da

cultura ao património, passando pela natureza e pelas comunidades locais.

Com vários anos de existência, o projeto conta com o apoio do Turismo de Portugal e do Turismo do Algarve, sendo este último um parceiro estratégico na divulgação dos eventos, a par das diversas entidades locais envolvidas na organização de cada festival. Os cinco festivais que integram o AWS cobrem, de forma abrangente, toda a região algarvia:

A representar os cinco festivais que integram o AWS estiveram João Ministro (WFA), Filomena Correia (WFSBN), André Gomes (Turismo do Algarve); Helena Martiniano (FC Monchique); Anabela Santos (WAF); Júlio Cardoso (Caminheiros); e Elisabete Rodrigues (Moderadora)

O encontro decorreu em Santa Bárbara de Nexe, a localidade sede do mais recente festival a integrar o calendário AWS

Walk & Art Fest, no Barão de São João (Lagos); Festival de Caminhadas de Monchique; Walking Festival Ameixial, em Loulé — um dos mais antigos do país; Walking Festival de Santa Bárbara de Nexe — o mais recente da família; Festival Caminheiros de Alcoutim, que propõe experiências transfronteiriças até à Andaluzia.

O calendário estende-se de novembro a abril, com o próximo evento — o Walk & Art Fest — agendado para os dias 7 a 9 de novembro. Esta distribuição temporal contribui para mitigar o problema da sazonalidade, tradicionalmente associado ao turismo balnear, e reforça o Algarve como destino de natureza.

Caminhar é uma tendência turística em crescimento sustentado, representando já um nicho de mercado atrativo. Para

André Gomes, presidente da Região de Turismo do Algarve, foi um espetador atento e participativo, destacando a importância dos festivais no Turismo de Natureza

fazer o balanço das edições anteriores e apresentar o novo calendário, o AWS reuniu promotores e parceiros numa sessão pública onde foram reveladas as novidades e os materiais promocionais que irão apoiar a divulgação.

Durante o encontro, os organizadores sublinharam os principais objetivos do projeto: valorizar o território de forma consciente e sustentável, promovendo o contacto com a natureza e a identidade local. A tertúlia que se seguiu abordou desafios como a ausência de um levantamento rigoroso dos caminhos

vicinais e os impactos da massificação turística em percursos não preparados para uso intensivo — desde o lixo acumulado, destruição da flora e erosão acentuada.

O encerramento foi marcado por uma caminhada mindfulness com apontamentos literários, guiada por Anabela Afonso, uma das organizadoras do Festival de Santa Bárbara de Nexe, reforçando o espírito do projeto: caminhar com propósito e respeito pelo território.

Caminhada com os participantes, pelo território de Santa Bárbara de Nexe, guiada por Anabela Afonso e com o apoio de Joaquim Pereira.

Ampliação da EB2,3 Eng.º Duarte

Pacheco reforça resposta escolar

integrada e inclusiva em Loulé

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

uarte Pacheco, ilustre louletano, Ministro da Instrução Pública do primeiro governo de José Vicente de Freitas e Ministro das Obras Públicas e Comunicações do governo de António de Oliveira Salazar, foi sinónimo de investimento público em

Portugal e dá nome a uma das duas escolas EB2,3 de Loulé que abriu portas no ano letivo de 1982/83. Um estabelecimento de ensino que viveu, no dia 16 de outubro, mais um marco na sua história, com a inauguração das obras de ampliação e requalificação, com vista a dar resposta ao aumento da população escolar no concelho de Loulé nos últimos anos.

Numa área de 900 metros quadrados, a intervenção passou pela criação de sete novas salas de aula e requalificação de duas já existentes. Foi também criada uma nova cozinha pedagógica e sala de formação para os Cursos de Educação e Formação (CEF), que contribuirá para preparar os alunos para a entrada no mercado de trabalho. Uma “obra que traduz uma visão pedagógica, inclusiva, que olha para o espaço escolar como um ambiente de formação integral”, destacou Carla Fernandes, Delegada Regional de Educação do Algarve. “Esta ampliação reforça uma capacidade de resposta da escola, mas também a sua vocação para a inclusão, para a

inovação e para a sustentabilidade. O novo espaço, moderno e funcional, reflete o que queremos para a Educação no Algarve: escolas abertas, inspiradoras e preparadas para o futuro”, reforçou.

Contudo, e apesar da melhoria das condições para a comunidade escolar, “este momento não se encerra aqui”, assumiu Carlos Fernandes, diretor deste estabelecimento de ensino e do Agrupamento de Escolas Eng.º Duarte Pacheco, já que há necessidade de mais espaços, numa escola que conta com 880 alunos de 44 nacionalidades, onde lecionam 100 professores, contando com o apoio de 58 colaboradores, além da

existência de uma sala de unidade multideficiência e da oferta formativa CEF, que trazem necessidades acrescidas. “Vamos precisar de manter aqui mais quatro monoblocos”, confirmou o diretor, que, além de mais escolas, é da opinião que, em termos de gestão, se justifica em Loulé um terceiro agrupamento de escolas, “para libertar os diretores e coordenadores”

Também o presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Analídio Ponte, acredita ser necessário mais equipamentos escolares nesta freguesia, depois desta inauguração e da abertura, no ano letivo passado, da Escola EB1/JI Hortas de Santo António 2. Quanto a esta obra, teve um custo total que ascende a 1,5 milhões de euros, cofinanciada pelos Fundos Europeus, no âmbito do Programa Regional ALGARVE 2030.

A poucos dias de cessar funções, o autarca Vítor Aleixo lembrou, entretanto, as diferenças no panorama escolar da altura em que tomou posse, há 12 anos, e os dias de hoje. “Nessa altura estávamos a fechar escolas porque havia uma quebra da população escolar e as instruções políticas ao nível governativo eram para reagrupar a população escolar. Havia escolas quase sem alunos”, recordou. Passada a crise, “a população escolar começou a crescer muito rapidamente e percebemos que teríamos que planear mais escolas”. Porém, entre novas construções e algumas requalificações levadas a cabo nestes anos, o edil tem consciência de que continua a haver “um déficit considerável de salas de aula no concelho de Loulé”.

Por último, em resposta ao pedido público do presidente da Junta de São Sebastião para colocação de ar condicionado nos espaços escolares, Vítor Aleixo revelou que a Câmara Municipal de Loulé já constituiu um grupo de trabalho que aprovou um caderno de encargos para a contratação de uma

empresa que faça um levantamento exaustivo de todas as salas de aula de todas as escolas do concelho, de modo a que haja conforto térmico garantido em todas elas. “A mudança do clima preocupa-nos muito. O aumento da temperatura, com semanas a fio de muito calor, interfere com a vida nas escolas. No inverno, quando faz frio,

não se pode estar dentro de uma sala de aulas. Vamos, portanto, fazer esta obra para nos adaptarmos ao calor intenso. Vai ser uma empreitada de muitos milhões de euros, mas absolutamente prioritária”, disse o autarca.

«Petróleo» de Inês Filipe conquista

Prémio Novas Dramaturgias

José Louro

Teatro das Figuras, a ACTA –A Companhia de Teatro do Algarve/Teatro Lethes e o CIAC –Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve entregaram, no dia 16 de outubro, o primeiro Prémio

Novas Dramaturgias José Louro à autora Inês Filipe pela obra «Petróleo». O júri, composto pelos professores universitários Ana Isabel Vasconcelos, da

Universidade Aberta, António Branco, da Universidade do Algarve, Rui Pina Coelho, da Universidade de Lisboa, e pelos encenadores Nuno Carinhas, Luís Vicente e Jorge Balça, decidiu ainda entregar uma Menção Honrosa a Afonso Lages pela obra «Um Editor à procura de Autor».

Natural de Lisboa, mas a residir no Porto, a jovem de 27 anos é licenciada em Teatro e detentora de uma pósgraduação em Dramaturgia e Argumento, aliando a escrita dramatúrgica a uma carreira de atriz,

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

tanto no teatro como no cinema. A obra «Petróleo» aborda questões relacionadas com sexualidade e consentimento num jogo de tensões entre amor, desejo sexual e afetos. “Saúdo todas as iniciativas que visam promover a Dramaturgia em Portugal e em língua portuguesa de uma forma sustentável e digna para os autores”, disse Inês Filipe no momento do agradecimento, acrescentando que “ainda temos um caminho longo para a consolidação do papel do dramaturgo em Portugal”

«Petróleo» será encenada por Luís Vicente, diretor da ACTA, tendo a sua

estreia, provavelmente, a 14 de maio de 2026, no Teatro das Figuras, após o qual fará um percurso no Teatro Lethes. O prémio visa distinguir uma obra dramática original escrita em língua portuguesa e homenagear o professor José Louro, um impulsionador de teatro na região, sendo que terá periodicidade bienal. A primeira edição tem como parceiros a Câmara Municipal de Faro e o CET – Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa e a Sociedade Portuguesa de Autores, contando com o patrocínio do Grupo Rolear e da Metalofarense e com o apoio do Club Farense.

Feira de Santa Iria regressou a Faro

Feira de Santa Iria, o mais antigo e emblemático certame do concelho de Faro, regressou, de 16 a 26 de outubro, ao Largo de São Francisco. Mantendo uma tradição que atravessa gerações, o evento conjuga diversão, comércio, música, artesanato e gastronomia oferecendo aos visitantes 11 dias de festa e convívio popular.

esta edição, a feira reforçou a sua componente de segurança, fruto da integração do efetivo do Corpo de Polícia Municipal no dispositivo operacional, com quatro agentes de autoridade em permanência. Também a Polícia de Segurança Pública esteve muito presente no recinto, assegurando o policiamento preventivo com seis agentes de autoridade. Em articulação com este efetivo e com a equipa de fiscalização da Ambifaro E.M., foi ainda contratada uma equipa de segurança privada cujo objetivo era garantir a tranquilidade e o

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

bem-estar a todos os operadores e visitantes dos espaços circunscritos.

m termos de oferta, o destaque deste ano foi para a presença de novos divertimentos, entre os quais um salão de jogos, que animou públicos de várias idades, e de um operador especializado na venda de encomendas não reclamadas, uma proposta curiosa que se

estreou este ano e que tem feito sucesso pelos certames populares um pouco por todo o País. Para além disto, a Feira contou com o habitual pavilhão das entidades oficiais, onde associações e outras coletividades puderam mostrar o seu trabalho. A oferta completou-se com variada e suculenta gastronomia, bares, gelados, as habituais farturas, carrosséis e muitas, muitas mais atrações.

Maria Timofeeva conquistou

The Campus Carby Volkswagen Ladies

Open e voltou a celebrar em Portugal

aria Timofeeva estendeu a invencibilidade em Portugal com a conquista do título no The Campus Carby Volkswagen Ladies Open, o torneio internacional feminino organizado pelo Resort da Quinta do Lago com o apoio da Federação Portuguesa de Ténis que, à quarta edição, se tornou no mais importante de sempre (ITF W75 com 60 mil dólares de prize-money) a acontecer no Algarve.

Três meses depois de vencer um ITF W100 na Figueira da Foz, Maria Timofeeva (164.ª) assinou a 12.ª vitória consecutiva em Portugal ao levar a melhor sobre a qualifier norte-americana Alexis Blokhina (450.ª) por 7-6(7) e 7-6(3). A final estendeu-se por 2h16 e contou com casa cheia no The Campus, palco do torneio entre os dias 12 e 19 de outubro.

Timofeeva e Blokhina treinam na mesma academia em Hesse, na Alemanha, são colegas de apartamento e esta semana foram acompanhadas pelo

Texto: Gaspar Ribeiro Lança| Fotografia: Daniel Pina

mesmo treinador, que seguiu com neutralidade uma final decidida em dois tie-breaks. Apesar de desfechos semelhantes, os dois parciais foram totalmente distintos. Timofeeva entrou a todo o gás no primeiro frente a frente com a amiga e abriu muito rapidamente uma vantagem de 5-0 ao penalizar o nervosismo de Blokhina. A jogadora menos cotada reagiu a tempo, anulou quatro set points e até dispôs de dois no «tira-teimas», uma recuperação que, apesar de não concretizada, a colocou na discussão da final e a ajudou a abrir a segunda partida com um break.

Esquerdina, Blokhina tornou-se na jogadora mais agressiva e, uma vez sacudidos os nervos, pareceu ganhar o ascendente sobre Timofeeva, só que a experiência da russa fez a diferença nos momentos de maior aperto e ajudou-a a

resgatar o segundo set. “Estou muito, muito feliz com esta semana e com o ténis que apresentei porque consegui evoluir de encontro para encontro”, admitiu Maria Timofeeva já com o troféu nas mãos — o segundo da temporada e novamente em Portugal, onde no início de julho interrompeu o jejum de títulos que se prolongava há dois anos, desde que conquistou um WTA 250 em Budapeste (pelo meio chegou ao top 100). “Comecei muito bem, mas nas finais há sempre um lado mental e, à medida que a Alexis entrou na partida, começou a jogar a um nível muito elevado. Acho que foi uma final com nível de top 100 e espero que o público reconheça isso, porque foi uma excelente partida”, acrescentou. “Ela causou-me imensas dificuldades, não acho que tenha baixado o meu nível [quando vencia por 5-0]. Fez com que

fosse bastante difícil fechar o set e mais tarde o encontro, por isso, estou bastante feliz por mentalmente ter sido capaz de manter-me no encontro e lutar”, concluiu a análise da sua performance.

Com a vitória no The Campus, Maria Timofeeva vai subir 18 lugares na atualização do ranking WTA da próxima semana para regressar ao top 150. Alexis Blokhina terá um ganho ainda maior depois de disputar a final mais

importante da carreira e chegará ao 355.º lugar, superando o 447.º como melhor classificação da carreira.

Esta foi a quarta edição do The Campus Carby Volkswagen Ladies Open, que começou como ITF W25 e evoluiu anualmente até tornar-se um ITF W75 e passar a ser o torneio mais importante de sempre no Algarve. O Resort da Quinta do Lago também organiza, desde 2018, um torneio internacional masculino.

FERNANDO MENDES MUNICIPAL ANTÓNIO EM TAVIRA, COM A SUA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

PINHEIRO, SUA «INSÓNIA»

nsónia», uma comédia com Fernando Mendes, na personagem de Custódio Reis, um português de classe média que vive afogado em dívidas e créditos, bem como à beira do divórcio, foi a cena, no dia 18 de outubro, no Teatro Municipal António Pinheiro, em Tavira, e a resposta da população local foi lotação esgotada.

Com texto e encenação de Roberto Pereira, num espetáculo para brincar com coisas sérias, Custódio encontra-se à beira do divórcio. A mulher, Sónia, esgotou de vez a sua paciência para com um marido que é cada vez mais um falhado e um tipo sem rumo ou grandes objetivos de vida para além de comer, beber e dormir. É um marido ausente e um pai ainda mais. Não tanto por falta de amor, mas mais de energia.

Custódio sente-se cansado, pesado e sem paciência. A única ginástica que faz é financeira e a pouca pachorra que ainda vai tendo é para o trabalho. Aos 17 anos começou a trabalhar como padeiro. Hoje em dia, vende vinho, mas, na verdade, é quase tanto aquele que bebe como aquele que vende. Até gosta do que faz e acha-se entendido em vinhos, não o sendo verdadeiramente. É, em boa verdade, um tipo sem grande profundidade intelectual e sem grandes teses filosóficas. Por sua vez, é desenrascado e tem lábia de vendedor. O típico português de café que fala de tudo sem dizer quase nada.

Certa noite, Custódio, que sempre teve preguiça de pensar muito na sua vida, pára para pensar e, ao contrário de passar a noite a ressonar, como é seu hábito,

não consegue dormir. Tem uma terrível insónia. Uma insónia onde vai questionar tudo na sua vida e tentar encontrar soluções. Só que, por mais que grande parte dos seus problemas tenham soluções óbvias, para um homem que foi toda a vida assim, a mudança não parece fácil.

Assiste-se, então, a uma hilariante crise interior pela qual, em tempo real,

Custódio vai passar, na tentativa de alcançar a paz de alma necessária para que volte a conseguir dormir. Pelo meio desta «insónia» o público vai assistindo a alguns programas de televisão que Custódio vai vendo para «ver se chama o sono», onde Fernando Mendes protagoniza momentos muito improváveis com alguns dos seus amigos e colegas de toda a vida.

TERRA AMARELA LEVOU AO CINETEATRO LOULETANO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

LEVOU «MÃOS MINHAS» LOULETANO

os dias 9 e 10 de outubro, a companhia Terra

Amarela apresentou, no

Cineteatro Louletano, em Loulé, a peça «Mãos Minhas», que tem lugar num museu onde, quando as luzes se apagam, no final do dia, tudo pode acontecer. Até mesmo desaparecer a obra de arte mais importante da civilização ocidental. Para resolver este caso vai ser preciso encontrar os

detetives certos que ponham mãos à obra.

Pode uma obra de arte contar-nos a história de uma Língua? Pode uma Língua contar a história de um Museu? É isso que se propõe responder esta peça com texto de Alex Cassal e criação coletiva e interpretação de Marta Sales, Patrícia Carmo e Tony Weaver. A coprodução é do Teatro-Cine Pombal, Teatro Municipal de Torres Vedras, A Oficina, Teatro Diogo Bernardes, Cineteatro Louletano e Centro de Artes

de Ovar, sendo o projeto financiado pela Direção Geral das Artes.

A par da apresentação da peça tiveram ainda lugar várias ações de mediação, quer com público em geral quer com alunos de escolas de Loulé e das escolas de referência para surdos no Algarve. Destaque ainda para uma oficina

de Língua Gestual Portuguesa para alunos ouvintes, bem como uma oficina de vídeo arte, para alunos surdos, e uma oficina de criação teatral.

A Terra Amarela é uma estrutura financiada pela República Portuguesa –Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.

CARLOS MENDES ENCHEU O MÚSICA E EMOÇÃO NO CHOQUE

Texto: Vera Lisa Cipriano| Fotografia: Vera Lisa Cipriano

O TEMPO COM HISTÓRIAS, CHOQUE FRONTAL AO VIVO

o dia 16 de outubro, o auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão foi o ponto de encontro de fãs, curiosos e amantes da boa música para mais uma edição do «Choque Frontal ao Vivo», o talk show da rádio Alvor FM apresentado por Ricardo Coelho e Júlio Ferreira. O convidado da noite foi um verdadeiro ícone da música portuguesa, Carlos Mendes.

Com uma carreira que já soma seis décadas, Carlos Mendes dispensa apresentações. Cantor, compositor, ator, apresentador e, acima de tudo, um artista que continua a emocionar gerações. Natural de Lisboa, foi duas vezes

vencedor do Festival RTP da Canção (1968 e 1972) com os temas «Verão» e «Festa da Vida». Formado em Arquitetura, deixou os projetos e plantas de lado em 1982 para se dedicar por completo à música.

Sozinho em palco, apenas com a sua voz e um piano, Carlos Mendes conquistou o público com interpretações cheias de alma. Canções como «Ruas de Lisboa», «Amélia dos Olhos Doces», «Missing You» e «Molly» ecoaram pelo auditório, numa noite que provou que a simplicidade pode ser sinónimo de magia.

Durante a conversa, os anfitriões Ricardo Coelho e Júlio Ferreira percorreram a carreira do músico desde os tempos dos Sheiks até aos dias de

hoje, dando espaço a histórias deliciosas sobre a mãe pianista, a amizade com Fernando Tordo, os bastidores dos festivais da canção e até a vida fora dos palcos. Carlos Mendes partilhou ainda curiosidades sobre o álbum «Só Nós Três» (com Paulo de Carvalho e o maestro Pedro Osório), o programa «Autores» que apresenta na TVI com Mafalda Veiga, e revelou estar prestes a lançar um triplo álbum.

Mas a noite não foi só de música, houve também espaço para brindar. Thierry Sampaio, produtor do Vinho Regional do Algarve da Adega Sampaio Schleiss (Monchique), apresentou o vinho Mons Cicus 2021, premiado com a Medalha de Prata no concurso «Best Wines of Portugal 2025» da revista VINUM. No final, público e convidados conviveram com o artista e degustaram vinhos e

iguarias das pastelarias Delícias, o toque perfeito para encerrar uma noite memorável.

O «Choque Frontal ao Vivo» é atualmente um dos programas culturais mais originais do sul do país. Todos os meses, 125 pessoas têm a sorte de assistir às gravações no TEMPO e de estar frente a frente com grandes nomes da música nacional. Mais tarde, o programa é transmitido na Alvor FM, permitindo que todos possam sentir um pouco da energia vivida em Portimão.

Foi mais uma noite de boa música, boas histórias e boa conversa, daquelas que ficam na memória. Carlos Mendes voltou a provar, assim, que há artistas que não envelhecem: apenas afinam o coração.

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