

Automação e robótica na segurança


BRUNO PINTO APSEI
DIRETOR
Bruno Pinto
COORDENADORA EDITORIAL
Lara Machado
COLABORADORES RESIDENTES
Ana Barreiros, Bruno Pinto, Catarina Bragança, Lara Machado, Luís Pires, Margarida Murta, Mónica Baeta e Paula Medeiros
COLABORADORES NESTE NÚMERO
Bruno Torres, Catarina Henriques, Cláudia Dias, Eduardo Moreira, Emília Telo, João Cezília, Joaquim Frazão Neto, Maria Halpern Diniz, Pedro Lima e Rui Sousa Marques
EDIÇÃO E PROPRIEDADE
APSEI – Associação Portuguesa de Segurança NIPC 505151057 PUBLICIDADE
Ana Barreiros comercial@apsei.org.pt REDAÇÃO, EDIÇÃO E PUBLICIDADE
Rua Cooperativa A Sacavenense nº 25, C/F 2685 – 005 Sacavém — Tel. 219 527 849 www.apsei.org.pt/proteger FOTOGRAFIA
Arquivo APSEI e imagens geradas com recurso a Inteligência Artificial (Firefly 3.0), quando não atribuídas PROJETO GRÁFICO, PAGINAÇÃO E EDIÇÃO DE IMAGEM José Mendes
PERIODICIDADE Quadrimestral REGISTO ERC 125538
Os artigos assinalados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, as posições e opiniões da APSEI. Consulte o nosso Estatuto Editorial em www.apsei.org.pt/proteger/estatuto-editorial/
Num tempo em que a transformação tecnológica dita o ritmo do progresso, a robótica e a inteligência artificial deixam de ser promessa para se tornarem realidade. Para além dos ganhos de produtividade, está em causa a criação de ambientes de trabalho mais seguros, a redução de riscos e a preparação de um futuro sustentado na responsabilidade e na confiança.
Nesta edição da Proteger, exploramos os desafios e as oportunidades que emergem da automação e da digitalização. Do impacto da robótica na saúde ocupacional às soluções colaborativas em contextos industriais, da logística com mercadorias perigosas aos sistemas inteligentes de evacuação de edifícios, passando pela fiscalização digital na segurança privada e pelas implicações transversais da tecnologia na saúde e segurança no trabalho—cada artigo é uma janela aberta sobre como a inovação pode reforçar a proteção das pessoas e das organizações.
Mas o futuro não se constrói só pelo lado positivo. A par do avanço tecnológico surgem novos riscos e responsabilidades: adaptar o trabalho às necessidades humanas, prevenir
impactos psicossociais, garantir a cibersegurança e investir continuamente na formação dos profissionais. O futuro será mais digital e interligado, mas continuará a depender do discernimento humano para interpretar, decidir e assegurar que a inovação serve o bem comum.
As páginas que se seguem são um convite à reflexão e à partilha de conhecimento. Porque, na era digital, a verdadeira segurança nasce do equilíbrio entre progresso tecnológico e responsabilidade coletiva.
A segurança é um compromisso de todos. Boa leitura.
índice 58
MAIO————AGOSTO 2025
ATUALIDADE
04 AGENDA
08 NOTÍCIAS APSEI
14 NOTÍCIAS SETOR ASSOCIADOS
18 NOTÍCIAS
20 PRODUTO

22
FORMAÇÃO
22 CURSO TÉCNICO EUROPEU DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS
Luís Pires
Uma formação de excelência, que alia teoria e prática, preparando profissionais para avaliar riscos, implementar medidas de proteção e obter uma certificação reconhecida em 26 países.
23 SABER PSEI
FORMAÇÃO ESPECIALIZADA
NAS ÁREAS MAIS RELEVANTES DO SETOR
Catarina Bragança
24 CAPA AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA NA SEGURANÇA
26 O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO E DA ROBÓTICA NA SAÚDE OCUPACIONAL NUMA METALOMECÂNICA
Maria Halpern Diniz & Catarina Henriques
As lesões músculo-esqueléticas ainda afetam milhares de trabalhadores, mas a aposta da MCG em robótica e automação está a transformar esta realidade.

28 ROBÓTICA COLABORATIVA NA SEGURANÇA OCUPACIONAL: O CASO DA MCG NO PROCESSAMENTO DE SUPERFÍCIES METÁLICAS
Rui Sousa Marques
Os robôs colaborativos estão a substituir tarefas de risco por processos mais seguros e eficientes, elevando a qualidade e protegendo os trabalhadores sem substituir o fator humano.
31 AUTOMAÇÃO, ROBÓTICA, DIGITALIZAÇÃO E MERCADORIAS
PERIGOSAS: NOVOS
PARADIGMAS NA LOGÍSTICA
João Cezília
Robótica e veículos autónomos trazem eficiência às operações logísticas, mas também novos riscos no transporte de mercadorias perigosas. A chave está em combinar inovação com normas rigorosas, formação e monitorização inteligente.
34 SISTEMAS INTELIGENTES PARA A EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Joaquim Frazão Neto
Sensores IoT, inteligência artificial e 5G estão a transformar a forma como reagimos a emergências. Dos percursos dinâmicos às simulações em tempo real, os sistemas de evacuação inteligente tornam os edifícios mais seguros, adaptativos e centrados nas pessoas.

38
GRANDE ENTREVISTA PEDRO LIMA
O PAPEL DA AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA NO SETOR DA SEGURANÇA
Luís Pires & Margarida Murta Para compreender melhor a forma como a automação e robótica poderão ser implementadas nos diversos setores da segurança, entrevistamos o Prof. Pedro Lima, Professor Catedrático no Instituto Superior Técnico e Presidente do Institute for Systems and Robotics.

44
INFORMAÇÃO TÉCNICA
44 AS IMPLICAÇÕES DA AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA PARA A SEGURANÇA E SAÚDE
NO TRABALHO
Emília Telo
A Indústria 4.0 está a transformar os ambientes laborais, reduzindo riscos físicos, mas também a criar desafios ergonómicos, psicossociais e de cibersegurança. O artigo destaca oportunidades, riscos e estratégias de prevenção para garantir ambientes de trabalho seguros e inclusivos na era digital.
50 SISTEMAS DE PROTEÇÃO
CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS EM ÁREAS COM RISCO DE EXPLOSÃO
Eduardo Moreira
Destacam-se as formas de prevenir explosões em áreas com gases, vapores ou poeiras inflamáveis, a importância de normas ATEX, da ligação equipotencial e dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.
54 SISTEMAS INTELIGENTES NA FISCALIZAÇÃO DA SEGURANÇA PRIVADA: DESAFIOS, POTENCIALIDADES E IMPLICAÇÕES ÉTICO-LEGAIS. UMA PERSPETIVA FUTURA. Bruno Torres Uma reflexão crítica e académica, sustentada em princípios jurídicos, técnicos e éticos, sobre a integração de sistemas inteligentes na fiscalização da segurança privada em Portugal.

58
NORMALIZAÇÃO
A NP EN 12845–3:2025 “SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIOS—SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE EXTINÇÃO POR SPRINKLERS—ORIENTAÇÕES PARA SUPORTE ANTISISÍSMICO”
Cláudia Dias
A NP EN 12845-3:2025 define requisitos para a proteção sísmica de sistemas de sprinklers, garantindo que permaneçam operacionais durante abalos sísmicos e reforçando a segurança de pessoas e bens.
02 outubro
Café com segurança
Vila Nova de Gaia
O “Café com Segurança” está de volta com o tema: “Automação e robótica na segurança”. O reencontro está marcado para o dia 2 de outubro de 2025, às 17h, na Delegação Norte da APSEI.

Estamos ansiosos pelo regresso deste espaço de partilha, diálogo e networking que acontece na primeira quinta-feira de cada mês e que tanto tem marcado a comunidade.

16 outubro
Espaço debate APSEI
Vila Nova de Gaia e online
No dia 16 de outubro de 2025, realiza-se em Vila Nova de Gaia e online, das 09h00 as 13h00, o Espaço debate APSEI com o tema: “BIM aplicado à SST” Reserve a data!
Mais informações disponíveis aqui
Mais informações disponíveis aqui.
09 outubro
Espaço debate APSEI Sacavém
No dia 09 de outubro de 2025, realiza-se em Sacavém, das 09h00 às 13h00, o Espaço debate APSEI com o tema: “Edifícios seguros: a evolução da segurança contra incêndios”. Reserve a data!
Mais informações disponíveis aqui.


14 outubro
Seminário REACH
Lisboa

22 outubro
2º
Simpósio sobre
Segurança Contra Incêndios em Edifícios do LNEC
Lisboa
Vai acontecer no próximo dia 22 de outubro de 2025 o 2º Simpósio sobre Segurança Contra Incêndios em Edifícios do LNEC, que se realiza no seu auditório, em Lisboa.
30 outubro
3º Debate APSEI Intermodalidade/ Multimodalidade/ Logística: contexto e desafios
Vila nova de Gaia e online
No dia 30 de outubro de 2025, realiza-se em Vila Nova de Gaia e online também em Sacavém, às 14h30, o 3º Debate do Ciclo de Debates APSEI com o tema: “Inter -
Com o apoio institucional da APSEI, vai realizar-se no dia 14 de outubro de 2025, no Jupiter Lisboa Hotel, o Seminário REACH. Este seminário foi planeado com o foco nas principais exigências legais dos produtos químicos para cumprir o Regulamento REACH, nos desafios que as empresas enfrentam na sua implementação e nas melhores práticas para garantir a conformidade legal. O programa contará com sessões destinadas ao esclarecimento de dúvidas, partilha de experiências e atualização relativa aos novos requisitos legais portugueses e europeu.
Mais informações disponíveis aqui

Com o apoio institucional da APSEI, este simpósio será uma oportunidade única para refletir sobre os avanços legislativos, tecnológicos e colaborativos no domínio da segurança contra incêndios em edifícios (SCIE).
A sessão 1 do programa terá como tema “Legislação e Normas Técnicas em Permanente Evolução” e contará com a participação de Paula Carvalho, presidente da APSEI.
Mais informações disponíveis aqui.

modalidade/Multimodalidade/Logística: contexto e desafios”.
Estes encontros destinam-se a todos os profissionais e organizações que integram
a cadeia de valor da segurança, bem como ao público em geral.
Reserve a data!
Mais informações disponíveis aqui
Lisboa 27 novembro
3ª Edição da conferência sobre segurança no retalho

Com o tema central “Do Risco à Resposta: Segurança Inteligente no Retalho”, a 3ª edição da conferência sobre Segurança no Retalho e Grande Consumo, organizada pela Security Magazine, decorre a 27 de novembro, no Hotel Olissipo Oriente, Lisboa.
Esta é uma conferência que decorre pelo terceiro ano consecutivo e que reúne os principais especialistas na área da segurança e do retalho em Portugal, consolidando-se como um dos principais fóruns nacionais dedicados a temas como shoplifting, gestão

18 novembro
4º Debate APSEI
A legislação da segurança privada: contexto e desafios
Sacavém e online
No dia 18 de novembro de 2025, realiza-se em Sacavém e online também em Vila Nova de Gaia, às 14h30, o 4º Debate do Ciclo de Debates APSEI com o tema: “A legislação da segurança privada: contexto e desafios”. A partir das 16h30 irá ter lugar a Assembleia Geral da APSEI.
Estes encontros destinam-se a todos os profissionais e organizações que integram a cadeia de valor da segurança, bem como ao público em geral.
Reserve a data! Mais informações disponíveis aqui
da perda desconhecida, cibersegurança, segurança da informação, gestão de riscos na cadeia de abastecimento, novas tecnologias, crime organizado e segurança no trabalho, entre outros.
Mais informações disponíveis aqui
15 dezembro

No âmbito das comemorações dos 20 anos da APSEI, vai acontecer no dia do seu aniversário, 15 de dezembro a Gala do Associado, um evento comemorativo com fim solidário (parte do valor reverterá para uma causa social).
Reserve a data e venha celebrar connosco! Mais informações em breve.
Gala do Associado
CT 46–Reabertura do Grupo de Trabalho DNP/TS 4513

Publicação da NP EN 1869:2025 “Mantas de incêndio”
Foi publicada, no passado mês de junho, a NP EN 1869:2025 “Mantas de incêndio”, cujo trabalho de tradução foi realizado pela Comissão Técnica 46, Subcomissão 2, Grupo de Trabalho 1 (CT46/SC2/GT1), do ONS/APSEI.
Este documento normativo avalia a adequabilidade do uso das mantas de incêndio, ou mantas ignífugas, e específica os requisitos para o desempenho no combate ao incêndio e de construção, marcação, acondicionamento e preservação.
A NP EN 1869:2025 resulta da tradução da versão europeia EN 1869:2019, sendo que a última versão em português havia sido a NP EN 1649:1998, entretanto anulada.
A Comissão Técnica 46, à responsabilidade do ONS/APSEI, anunciou a reabertura do grupo de trabalho dedicado à DNP/TS 4513 “Segurança contra incêndio—Requisitos do serviço de comercialização, instalação e manutenção de equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio”.
A DNP/TS 4513:2018, de carácter voluntário, é um documento normativo de certificação para os serviços de comercialização, instalação e manutenção de equipamentos e sistema de segurança contra incêndios em edifícios, estabelecendo requisitos mínimos para as empresas prestadoras de serviços, bem como para os respetivos técnicos responsáveis, incluindo a formação. A norma estabelece ainda os procedimentos e periodicidades de manutenção para os diversos sistemas e equipamentos de segurança contra incêndios.
Os trabalhos de revisão, a iniciar durante o segundo semestre de 2025, têm como principais objetivos a revisão dos requisitos aplicáveis às empresas e técnicos, dos conteúdos programáticos e cargas horárias das formações, dos procedimentos técnicos de manutenção dos equipamentos, do âmbito de aplicação da norma no mercado, entre outros aspetos. Poderão integrar o grupo de trabalho quaisquer vogais da CT46.
Portugal Smart Cities Summit
Chegou ao fim mais uma edição do Portugal Smart Cities Summit, que decorreu ao longo de três dias dedicados ao futuro das nossas cidades, com conferências, debates e networking. A APSEI marcou presença com um stand na zona de exposição e organizou dois painéis temáticos: “Gestão Inteligente da Manutenção de Sistemas de Proteção Contra Incêndios em Cidades Inteligentes”, moderado por Paulo Ramos (SFPE Portugal), e que contou com as intervenções de Joaquim Frazão Neto (LNEC), Pedro Machado (NOS) e Fernando Santos (Origami Hub); e “Vídeo Inteligente e Mobilidade Urbana”, moderado por Carlos Nobre (Carlos Nobre Engenharia de Segurança), com a participação de Ricardo Pereira (Axis), Ricardo Bessa (Hikvision) e David Pereira (Departamento de Operações da PSP).
Mais informações disponíveis aqui.

Webinar técnico APSEI
“Proteção contra incêndio para baterias de iões de lítio”

Espaço debate NAMP
“Resíduos e transporte de mercadorias perigosas”
Assembleia Geral Ordinária
Realizou-se, no passado dia 8 de julho, mais um Webinar técnico promovido pelo Núcleo Autónomo de Proteção Ativa (NAPA) da APSEI, dedicado à temática “Proteção contra incêndio para baterias de iões de lítio”, cuja apresentação ficou a cargo do Eng.º Carlos Perez, Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Politécnica da Catalunha e em representação da EURALARM.
O Webinar teve como principais objetivos explorar o fenómeno dos incêndios em baterias de iões de lítio, cada vez mais recorrentes devido ao aumento de utilização de equipamentos e veículos elétricos, bem como abordar as possíveis soluções ou metodologias de supressão deste tipo de incêndios, com foco nos incêndios em parques de estacionamentos cobertos.
Esta iniciativa online contou com a participação de cerca de 320 profissionais do setor. Após a apresentação, o público teve a oportunidade de participar ativamente numa sessão de perguntas e respostas com a oradora do evento.
Mais informações disponíveis aqui.
No dia 10 de julho de 2025, a APSEI realizou um espaço de debate sobre Resíduos e transporte de mercadorias perigosas, no Auditório da APSEI, em Sacavém.
O evento fez menção ao enquadramento regulamentar e normas do ADR aplicável ao transporte de mercadorias perigosas por meio rodoviário. No entanto, focou-se nos cuidados a ter na classificação desses resíduos, na documentação e regras a considerar no transporte dos mesmos e nas diferentes vertentes de intervenção que a PSP pode assumir no que toca ao transporte rodoviário de mercadorias perigosas. Para isso, contámos com a presença de representantes de empresas que produzem resíduos perigosos, uma empresa de gestão de resíduos e de quem fiscaliza, a própria PSP.
Foi lançado um tema de debate “Não é excessiva a exigência regulamentar aplicada ao transporte de resíduos?”. Foi uma pergunta sem resposta direta, é um facto que existe muita exigência regulamentar. No entanto, no ADR há uma tentativa de simplificação.
O debate terminou com a participação ativa do público, que colocou questões aos oradores e partilhou experiências e conhecimentos.
A iniciativa demonstrou a necessidade de existirem mais eventos como este sobre temas semelhantes e reforçou a importância da partilha de conhecimentos, consolidando o papel da APSEI na promoção da segurança no transporte de mercadorias perigosas. Mais informações disponíveis aqui.
A Assembleia Geral Ordinária realizou-se no dia 7 de maio de 2025 e aprovou a ata da Assembleia Geral n.º 64, de 17 de dezembro de 2024, o Relatório de Atividades referente ao ano de 2024, bem como as contas do exercício de 2024. Foi dado a conhecer o parecer do Conselho Fiscal e do Revisor Oficial de Contas.
Durante a sessão, foi também apresentada a evidência do cumprimento dos critérios de permanência na associação, conforme estabelecido no artigo 2.º do Regulamento Geral Interno. Por fim, foi comunicada a intenção de proceder a alterações aos Estatutos e ao próprio Regulamento Geral Interno.
66ª Assembleia Geral Extraordinária
A 66ª Assembleia da APSEI aconteceu no dia 25 de junho de 2025 e aprovou a alteração aos Estatutos da APSEI e ao Regulamento Geral Interno, com a criação de uma nova categoria de associado—Associado Estudante—e do novo núcleo NAPCI–Núcleo Autónomo de Proteção Contra Incêndio. Esta nova estrutura resulta da fusão dos atuais núcleos NAPA, NAPP e de parte do NASE, nomeadamente na área dos sistemas de deteção de incêndios abrangidos pelo Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios.
As medidas visam aproximar estudantes, otimizar recursos e melhorar a gestão e participação dos associados.
Ciclo de debates institucionais APSEI: contextos e desafios
No âmbito da comemoração dos seus 20 anos e de forma a promover momentos de reflexão partilhada sobre os principais desafios e oportunidades nas diversas áreas de atuação da Associação, em 2025 a APSEI comprometeu-se com a realização de um “Ciclo de Debates Institucionais: Contextos e Desafios”, divididos em quatro eventos distintos, distribuídos ao longo do ano e a realizar em formato simultaneamente presencial e online. Estes eventos, destinados aos Associados da APSEI, profissionais do setor e público em geral, têm como objetivo proporcionar a oportunidade para a reflexão, debate, partilha de experiências e fortalecimento de práticas e procedimentos, bem como a discussão sobre as principais estratégias, presentes e futuras, para os setores da segurança contra incêndios em edifícios, segurança eletrónica, segurança e saúde no trabalho e segurança no transporte de mercadorias perigosas.
1º DEBATE—O REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS: CONTEXTO E DESAFIOS
Realizou-se, no dia 7 de maio, o primeiro debate institucional desta iniciativa promovida pela APSEI, dedicado ao tema “Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios: Contexto e Desafios”, tendo contado com a participação de 207 pessoas.
Com o objetivo promover uma abordagem estratégica e multidisciplinar ao Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (SCIE), com destaque para a importância de uma gestão eficaz dos riscos, da incorporação de avanços tecnológicos e da adequação do enquadramento legislativo em vigor, com especial referência à Lei n.º 123/2019, de 18 de outubro
Por outro lado, o evento constituiu uma importante oportunidade para a promoção do diálogo e a partilha de conhecimentos e
Oradores convidados para o 1º Debate—O regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios: contexto e desafios. Da esquerda para a direita: Eng.º Carlos Fernandes, Eng.º José Cabeçadas,
Eng.º Carlos Ferreira de Castro, Eng.ª Elisabete Cordeiro, Arq.º Paulo Prata Ramos, Arq.º Pedro Barbosa e Eng.ª Paula Carvalho.

perspetivas entre os diversos intervenientes da cadeia de valor do setor da segurança contra incêndios em edifícios. Estiveram representados projetistas, instaladores, fabricantes, entidades fiscalizadoras e reguladoras, bem como os próprios clientes finais.
No que respeita à constituição do painel, o evento contou com a participação do Eng.º Carlos Ferreira de Castro (Action Modulers), na qualidade de Keynote Speaker e moderador. Como oradores, intervieram o Eng.º Carlos Fernandes (OE), a Eng.ª Elisabete Cordeiro (LNEC), o Eng.º José Cabeçadas (OET), a Eng.ª Paula Carvalho (APSEI), o Arq.º Paulo Ramos (OA) e o Arq.º Pedro Barbosa (ANEPC).
A sessão teve início com uma breve intervenção de abertura pelo Eng.º Carlos Ferreira de Castro, salientando-se o enquadramento histórico da legislação de segurança contra incêndios, desde a criação dos primeiros regulamentos, após o incêndio no Chiado em 1988, até ao desenvolvimento e publicação dos atuais Regime Jurídico e Regulamento Técnico de SCIE, em 2009.

Seguidamente o Arq.º Pedro Barbosa que, na qualidade de Diretor Nacional de Serviços de Segurança Contra Incêndios em Edifícios da ANEPC, abordou os principais desafios e dificuldades no que diz respeito aos serviços prestados pela autoridade e ao processo da revisão da legislação de SCIE, no âmbito do Regime Jurídico de SCIE, nomeadamente no que diz respeito aos recursos humanos existentes, face aos pedidos realizados via plataforma gov.pt para análise. Para este efeito, está prevista a simplificação e desmaterialização total dos serviços prestados pela ANEPC. Foi ainda salientada a necessidade de simplificação e atualização dos atuais Diplomas, estando definida a estratégia para a sua revisão, com a colaboração de especialistas e entidades relevantes no setor.
Na sua intervenção a Eng.ª Elisabete Cordeiro, em representação do LNEC, referiu que um dos papeis mais importantes desta entidade incide na investigação, com intervenção do respetivo laboratório de reação ao fogo, através do qual é possível ensaiar novos materiais de construção, tendo em conta a
Momento captado durante o 2º Debate—O livro verde do futuro da segurança e saúde no trabalho: contexto e desafios.

Oradores convidados para o 2º Debate—O livro verde do futuro da segurança e saúde no trabalho: contexto e desafios. Da esquerda para a direita: Dr.º José Rocha Nogueira, Dra.ª Carla Romão,
Prof. Dr.º Samuel Antunes, Prof.º Dra.ª Sílvia Silva, Dr.º Florentino Serranheira, Eng.ª Emília Telo e Prof. Dr.º Luís Conceição Freitas.

evolução das tecnologias de construção e a chegada de novos produtos ao mercado, com características únicas, mas que carecem de certificação. A sustentabilidade é também uma preocupação do LNEC, tendo em conta as novas e mais exigentes políticas de sustentabilidade da União Europeia, relativamente aos materiais de construção, como tal, é necessário garantir o equilíbrio entre a sustentabilidade e a integração de novos materiais de construção nas soluções de segurança contra incêndios. Neste sentido, salientou-se também a necessidade de garantir que os atuais regulamentos acompanhem a evolução das novas tecnologias e materiais de construção utilizados na segurança contra incêndios em edifícios.
Em representação da Ordem dos Arquitetos, o Arq.º Paulo Ramos começou por referir que a segurança contra incêndios em edifícios deve ser encarada como uma ciência, podendo as necessidades de segurança dos edifícios e pessoas ser determinadas através de diversas metodologias, tal como sucede para os restantes projetos de especialidade dos edifícios. Como tal, por forma a elaborar
um projeto de SCIE e de uma forma geral, poderão ser adotadas metodologias prescritivas ou métodos baseados no desempenho, no entanto, salientou-se que os Regulamentos vigentes em Portugal limitam, cada vez, mais a utilização de métodos baseados no desempenho, ao contrário da tendência de grande parte dos países europeus, bem como para outros projetos de especialidade. Como tal, recomendou-se a revisão integral dos regulamentos em vigor, para que, de futuro, seja possível, não só utilizar um regulamento prescritivo de segunda geração, como, ao mesmo tempo, um regulamento baseado no desempenho, podendo o projetista determinar a metodologia mais adequada às características do edifício.
Por sua vez, o Eng.º Carlos Fernandes, em representação da Ordem dos Engenheiros, mencionou que, apesar da publicação do Regime Jurídico e Regulamento Técnico em 2008 ter significado uma forte e positiva evolução no setor da segurança contra incêndios, esta evolução, de certa forma estagnou, não tendo acompanhado o desenvolvimento do setor da construção e das
necessidades dos projetistas, verificando-se dificuldades em aplicar e implementar as medidas prescritas pelos atuais Diplomas. Referiu também a dificuldade da implementação do artigo 14º-A da Lei nº 123/2019, de 18 de outubro, referente à perigosidade atípica, impossibilitando, em muitos casos, a abordagem dos projetistas pela engenharia de segurança. Neste sentido, salientou-se que a revisão do regulamento será uma importante oportunidade de fornecer aos projetistas ferramentas alternativas e robustas para a elaboração de projetos de SCIE.
O Eng.º José Cabeçadas, representante da Ordem dos Engenheiros Técnicos, iniciou a sua intervenção evidenciando a importância do diálogo e discussão de opiniões entre todos os intervenientes da cadeia de valor da SCIE, não só projetistas e entidades reguladoras, mas também instaladores, fabricantes e quaisquer outros profissionais do setor. Neste sentido, face à reduzida evolução ou atualização da atual legislação, originalmente publicada em 2008, é necessária a partilha de conhecimentos sobre novas metodologias de projeto, produtos, soluções construtivas, tecnologias no âmbito dos sistemas e equipamentos de segurança contra incêndios, entre outros aspetos, por forma a que todo o setor possa colaborar, em conjunto, para a revisão e constituição de novos regulamentos, adequados às necessidades atuais e futuras da segurança dos edifícios e pessoas.
A concluir a Eng.ª Paula Carvalho, Presidente da APSEI, alavancou a importância do papel da Comissão de Acompanhamento da Legislação de SCIE e respetivos membros, incluindo a APSEI, enquanto representante de instaladores, fabricantes e projetistas, para a definição de um caminho adequado e exequível para a elaboração de um novo Regime Jurídico e Regulamento Técnico de SCIE, apelando igualmente ao diálogo de todos os profissionais do setor para este efeito.
Após a intervenção dos diversos oradores e moderador, o público presente no debate teve a oportunidade de intervir com diversas questões, comentários ou sugestões para o futuro da segurança contra incêndios em edifícios. A Direção da APSEI agradece a todos os participantes
pela sua presença, interesse e contributos neste primeiro debate do ciclo de debates institucionais. Agradecimento especial é também dirigido ao moderador e aos oradores, pelo seu empenho, disponibilidade e valiosa colaboração na concretização e promoção desta iniciativa.
2º DEBATE—O LIVRO VERDE DO FUTURO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO: CONTEXTO E DESAFIOS
O segundo do ciclo de quatro debates institucionais promovidos pela APSEI foi realizado no dia 25 de junho, desta feita dedicado ao tema da Segurança e Saúde no Trabalho, sob o título “O Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho: Contexto e Desafios”.
Miguel Fontes, Secretário de Estado do Trabalho do XXIII Governo Constitucional de Portugal, lançou, em julho de 2023, o desafio de criação do Livro Verde à Comissão que mandatou para esse efeito. O objetivo foi o de promover uma reflexão profunda e identificar necessidades de melhoria e mudança no domínio da segurança e saúde no trabalho (SST) a nível nacional.
A Comissão foi estrategicamente constituída por 15 personalidades independentes, com formações académicas e experiências profissionais diversas, que colaboraram de forma voluntária até à apresentação da primeira edição do Livro, em março de 2024. Com a mudança inesperada de Governo, não foi possível avançar, na segunda fase do mandato da Comissão, com a criação de grupos de trabalho, nem com o plano de ação e implementação das medidas recomendadas. O Livro Verde foi apresentado ao novo Governo em junho de 2024 e, posteriormente, aos parceiros sociais no Conselho Económico e Social, em outubro. Publicado oficialmente em janeiro de 2025, prevê-se ainda uma revisão, com base na consulta pública em curso, da qual se aguardam contributos de entidades relevantes.
O debate iniciou-se com uma breve apresentação do Livro Verde e da Comissão, feita pela Prof. Doutora Sílvia Silva, coordenadora do projeto. A metodologia seguida baseou-se em dados estatísticos nacionais e internacionais, estudos e reflexões de entidades como a Comissão Europeia, a
Organização Internacional do Trabalho e a ACT, evidência científica atualizada e uma ampla auscultação a parceiros sociais, organizações da sociedade civil, especialistas académicos e profissionais, inclusive a nível internacional.
O Livro Verde está estruturado em nove capítulos, iniciando com a caracterização e diagnóstico da situação nacional. Posteriormente, são identificadas iniciativas e mudanças a implementar. Foram destacados dois capítulos: um primeiro dedicado à avaliação de todos os riscos profissionais, e outro à promoção de uma cultura de prevenção e de integração da SST, exigindo um esforço articulado a nível organizacional e nacional.
O Livro Verde propõe recomendações concretas e orientações estratégicas para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas organizacionais, dirigidas principalmente a quem detém meios, recursos e responsabilidade de atuação—e não tanto ao trabalhador individual.
Durante o debate, os oradores convidados exploraram diversos pontos do Livro Verde e destacaram as seguintes recomendações:
— Prof. Doutor Luís Conceição Freitas relevou a dispersão do atual quadro legislativo em matéria de SST, recomendando a criação de um Código da Segurança e Saúde no Trabalho que sistematize a legislação existente. Apontou ainda que Portugal apresenta uma elevada taxa de recurso a serviços externos de SST e propôs a criação de uma Agência Portuguesa para a Saúde, Segurança e Condições de Trabalho, com meios adequados para uma atuação eficaz. Sublinhou também que o investimento em prevenção de acidentes e doenças profissionais gera retorno comprovado.
— Prof. Doutor Florentino Serranheira referiu a escassez de dados sobre SST em Portugal, nomeadamente sobre doenças profissionais. Recomendou a criação de uma plataforma eletrónica nacional, gerida pelo Estado e alimentada pelas entidades empregadoras, como base para uma atuação preventiva fundamentada. Salientou ainda a importância de serviços internos de SST para um acompanhamento mais próximo dos trabalhadores, especialmente perante
a redução de capacidades físicas ao longo do tempo.
— Prof. Doutora Emília Telo partilhou dados alarmantes sobre o desempenho de Portugal em matéria de acidentes de trabalho e doenças profissionais face à média europeia. Reforçou a necessidade de reporte e avaliação dos fatores de risco e da criação de indicadores atualizados, bem como da melhoria da literacia em SST. Estas lacunas poderiam ser colmatadas pela plataforma eletrónica e pela agência nacional proposta.
— Dr. José Rocha Nogueira apontou a ausência de uniformização nas avaliações de risco realizadas em Portugal, propondo a criação de normas para padronizar esses processos, de forma a reduzir erros que possam comprometer a eficácia da prevenção.
— Prof. Doutor Samuel Antunes alertou para o impacto dos riscos psicossociais, considerados um dos maiores desafios da atualidade, com elevado custo para a saúde física e mental dos trabalhadores. Referiu que Portugal tem uma das mais elevadas taxas de problemas de saúde mental na Europa, com o trabalho e a pobreza como principais fatores. Defendeu que as entidades empregadoras devem investir em programas de promoção do bem-estar, incluindo condições de trabalho adequadas, acesso a consultas de psicologia e psiquiatria, e promoção da literacia em saúde mental e física.
No encerramento, Dra. Carla Romão, vice-presidente da APSEI, defendeu que a SST não deve depender exclusivamente das entidades públicas ou estatais, mas também da sociedade civil. Reforçou o compromisso da APSEI com ações de sensibilização, capacitação e divulgação técnica através de eventos, discussão normativa e legislativa, formação e momento de debate, reflexão e partilha de informação.
O debate terminou com a participação ativa do público, que colocou diversas questões práticas aos oradores.
A APSEI reitera a sua ambição de ser um agente de mudança e de prestar um contributo relevante nesta nova era de evolução na Segurança e Saúde no Trabalho em Portugal. Para uma compreensão mais aprofundada, recomenda-se a leitura do Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho.








Feira Internacional de Segurança ESS+ 2025
II Jornadas de SST
em
Miranda do Corvo
reuniram especialistas para debater desafios na construção civil

A 31ª edição da Feira Internacional de Segurança ESS+ realizou-se de 27 a 29 de agosto de 2025 em Bogotá e consolidou-se como um dos eventos mais importantes do setor na América Latina.
Contaram-se mais de 16 mil visitantes, cerca de 250 expositores e mais de 200 marcas de 26 países. Durante o evento, foram apresentadas inovações em segurança baseadas em inteligência artificial, domótica, videovigilância, proteção humana e sistemas para infraestruturas críticas e educativas.
A feira contou também com uma agenda académica robusta onde se incluiu a participação de 170 especialistas.
As empresas destacaram a feira como uma plataforma estratégica para networking, visibilidade e geração de negócios e a organização já se prepara para a edição de 2026.
Este evento contou com o apoio institucional da APSEI.
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No passado dia 15 de setembro, realizaram-se no Auditório do Centro de Biomassa para a Energia, as II Jornadas de Segurança e Saúde no Trabalho de Miranda do Corvo. A iniciativa, promovida pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), enquanto Ponto Focal Nacional da EU-OSHA, e em parceria com o Centro Local do Mondego e o Clube de Empresários de Miranda do Corvo, contou com a presença de profissionais e especialistas do setor.
O evento destacou os principais desafios da SST na construção civil, que é um setor marcado por uma elevada sinistralidade laboral, e promoveu a reflexão e o esclarecimento sobre temas como a atuação da ACT em estaleiros temporários ou móveis, o papel das tecnologias emergentes (IA e BIM) na gestão da prevenção, a saúde ocupacional em contexto de obra e a organização de emergência.
Em todas as intervenções, foi salientada a importância da prevenção como investimento estratégico para a competitividade e dignidade no trabalho.
Por fim, foram apresentadas ferramentas práticas de apoio à gestão da SST, como a plataforma OiRA.
A APSEI teve a oportunidade de estar presente e assistir a um evento que se revelou particularmente interessante e dinâmico.
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40 anos de presença da SODECA Portugal no mercado
No passado dia 3 de abril, o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões foi o cenário escolhido para celebrar os 40 anos de presença da SODECA Portugal no mercado. Um momento marcante na história da empresa, que reuniu clientes, parceiros de negócio e diversas entidades num ambiente de celebração e partilha.
Durante o evento, foi apresentado o novo organograma da empresa, refletindo uma nova fase de gestão e liderança. Os novos rostos da administração foram dados a conhecer, simbolizando uma mudança com os olhos postos no futuro.
A SODECA Portugal assinalou este importante marco com um claro compromisso: honrar o passado, celebrar o presente e preparar o futuro com ambição e inovação.
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A
APSEI marcou presença no evento ARDDE

Hikvision realizou o Portugal Tech Summit

O Portugal Tech Summit—Histórias Inovadoras que Inspiram da Hikvision, decorreu no dia 9 de abril, na Estufa Secret Spot, em Lisboa. Este encontro foi uma oportunidade única para conhecer de perto os principais projetos da Hikvision em Portugal, e histórias de sucesso de reconhecidos integradores de sistemas e clientes finais. O evento terminou com um “espetáculo de cores” exclusivo.
Axis Day Porto: um compromisso com acelerar a transformação digital e reforçar a segurança das infraestruturas
No dia 8 de maio, a APSEI marcou presença no evento ARDDE , que teve lugar no Nirvana Café, em Lisboa.
A convite da KIDDE Commercial—a quem felicitamos pela excelente organização—participámos na primeira mesa redonda de discussão, dedicada ao tema “Transformação—Desafios da Indústria”.
Em representação da APSEI, o associado e formador Pedro Araújo, partilhou a sua visão e experiência sobre a evolução da segurança contra incêndio em edifícios, abordando temas como a regulamentação e os desafios da formação dos técnicos neste setor essencial para a segurança da sociedade. Mais informações disponíveis aqui
Portaria nº 271/2025/1 de 24 de julho
Mais informações disponíveis aqui. A Axis Communications organizou o Axis Day Porto a 21 de maio, focado na videovigilância inteligente e segurança pública. O evento abordou temas como cibersegurança, com destaque para a intervenção de Rui Pereira (CNCS), e a transformação digital nas empresas.
A Axis apresentou soluções como Edge Vault e ARTPEC-9, além de casos de sucesso como o Metyis Campus
No dia 24 de julho de 2025 foi publicada em Diário da República, a Portaria nº 271/2025/1, de 24 de julho, que transpõe para a ordem jurídica interna as últimas versões dos anexos da Diretiva 2008/68/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de setembro de 2008, alterados pela Diretiva Delegada (UE) 2025/149 da Comissão, de 15 de novembro de 2024, relativos ao transporte terrestre de mercadorias perigosas.
Esta portaria entrou em vigor a 25 de julho de 2025. É revogada a Portaria nº 283/2023, de 18 de Setembro.
Link para o documento legal aqui
A Inteligência Artificial também teve destaque, com tendências sobre arquiteturas híbridas, sensores adicionais e reconhecimento facial, conforme o relatório “The State of AI in Video Surveillance”.
Mais informações disponíveis aqui

A APSEI marcou presença no Fórum Técnico:
Controlo de Fumo em Túneis e Edifícios de Grande Ocupação, promovido pela S&P
A APSEI marcou presença no Fórum Técnico:
Controlo de Fumo em Túneis e Edifícios de Grande Ocupação, promovido pela S&P –Sistemas de Ventilação, que teve lugar no dia 21 de maio, no Myriad Crystal Center.
Esta iniciativa, que contou com cerca de 90 profissionais do setor, foi dividida em duas sessões, tendo de manhã sido abordado o controlo de fumo e ventilação em túneis, com a participação da APSEI, representada pelo Eng.º Dirceu Santos (Action Modulers), cuja apresentação abordou um estudo de caso de um túnel rodoviário. Durante a parte da tarde foi abordado o controlo de fumo em edifícios de grande ocupação, com diversas apresentações técnicas, culminando numa sessão de debate e perguntas e respostas entre os diversos oradores e o público.
Mais informações disponíveis aqui
Apresentação do Livro “Cidadania Ativa—Riscos, Prevenção e Ação:
O Manual do Cidadão”
No passado dia 19 de julho, teve lugar na Fundação AFID, na Amadora, a primeira apresentação pública do livro “Cidadania Ativa—Riscos, Prevenção e Ação: O Manual do Cidadão”, da autoria de André Morais e que conta com o apoio institucional da APSEI.
“O compromisso da APSEI com a segurança e a proteção das pessoas e bens reflete-se não só na sua atuação junto dos profissionais do setor, mas também no apoio a iniciativas que promovem a literacia em riscos e a capacitação da sociedade”, pode ler-se na obra.
Este livro surge da preocupação com os desafios que a sociedade contemporânea enfrenta no âmbito da gestão de riscos e da proteção civil, particularmente perante fenómenos como as alterações climáticas, a urbanização acelerada e a intensificação de eventos extremos.
Com uma abordagem clara, acessível e prática, o livro procura contribuir para a disseminação de uma cultura de prevenção e resiliência. Foca a necessidade de uma res-

Tutorial lança versão portuguesa do ADR 2025

posta integrada que envolva cidadãos, agentes de proteção civil, entidades governamentais e conhecimento técnico-científico, de modo a enfrentar os riscos atuais eficazmente.
A sessão foi marcada por momentos de partilha, debate e reflexão, enriquecidos pela presença de um painel de oradores, entre os quais Richard Marques (Presidente do Serviço Regional de Bombeiros e Proteção Civil da Madeira), Duarte Caldeira (Presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil), Luís Carvalho (Coordenador da SMPC Amadora e Comandante da Polícia Municipal da Amadora), António Salazar (ESRI Portugal) e Carla Romão (vice-presidente da APSEI).
Enquanto atores da sociedade, os profissionais da comunidade técnica da APSEI partilham os mesmos valores e reconhecem a importância de reforçar os conhecimentos técnicos e práticos nas áreas da prevenção, mitigação e resposta a situações de emergência.
Mais informações disponíveis aqui.
Foi apresentado no dia 8 de abril em Lisboa e no dia 10 de abril, no Porto, pela Tutorial de João Cezília, a versão portuguesa do ADR 2025. O ADR é o Acordo Europeu relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada. A edição do ADR 2025 na versão da Tutorial é mais que uma tradução do texto legal (disponível em inglês, francês ou russo). É uma tradução comentada, assinalando, por exemplo, as alterações introduzidas face ao ADR anterior. A aplicação do ADR é obrigatória e a fiscalização do seu cumprimento também. O que faz com que esta iniciativa seja uma grande mais-valia para os operadores económicos e autoridades policiais.
Mais informações disponíveis aqui

Proibição de espumas de combate a incêndios com PFOA e PFHXA
Jornadas de Engenharia contaram com o
apoio da APSEI
No passado dia 5 de junho aconteceu a Jornada de Engenharia com o tema: “Edifícios Inteligentes e Tecnologias Emergentes na Engenharia da Construção”. Esta jornada foi promovido pela Microsegur e teve o apoio institucional da APSEI e do ISEL.
Este encontro teve como objetivo criar momentos de partilha, reflexão e proximidade
entre profissionais da engenharia, empresas tecnológicas, docentes e estudantes, em torno do tema dos edifícios inteligentes e da segurança eletrónica.
O evento contou com painéis técnicos, casos de estudo, um workshop interativo e um showroom tecnológico, onde foram apresentadas soluções de última geração.
O painel técnico: “Integração de Inteligência Artificial e IoT na Engenharia de Edifícios”, teve como moderador Bruno Pinto, Diretor Técnico da APSEI.
Mais informações disponíveis aqui.
Em 2019, a Comissão Europeia determinou a restrição e proibição da utilização de ácidos perfluoro-octanóico (PFOA) e respetivos sais e compostos, por via da publicação do Regulamento (UE) 2019/1021 e relativo aos poluentes orgânicos persistentes (POP), em inúmeros produtos disponibilizados no mercado, para diversos setores da sociedade.
Não obstante, em 2020, foi publicado o Regulamento Delegado (UE) 2020/784, onde era incluída a derrogação, ou exceção, à utilização de PFOA em agentes extintores utilizados em sistemas fixos ou móveis de combate a incêndios, sob determinadas condições, incluindo sistemas automáticos de extinção, carreteis e extintores, com o prazo máximo de 4 de julho de 2025.
Neste sentido, informa-se que, desde 5 de julho de 2025, é proibido o fabrico, a colocação no mercado e utilização de PFOA em espumas ignífugas ou quaisquer outros produtos destinados ao combate a incêndios.
Adicionalmente, o Regulamento (CE) nº 1097/2006 e referente aos produtos químicos eternos (REACH), determina também a
restrição e proibição de determinados produtos químicos, denominados como PFAS. Neste sentido, em 2024, o Regulamento (EU) 2024/2462 determinou a proibição de colocação no mercado e de utilização de ácido indecafluoro-hexanoico (PFHxA) em espumas ignífugas, a partir de 10 de abril de 2026, nas seguintes condições:
— em concentrações iguais ou superiores a 25 ppb para soma do PFHxA e seus sais;
— em concentrações iguais ou superiores a 1000 ppb para a soma das substâncias afinas do PFHxA em espumas utilizadas em treinos e ensaios, com exceção dos ensaios funcionais dos sistemas, desde que exista confinamento da espuma, e em espumas e concentrados de espumas ignífugas destinadas aos serviços públicos de combate a incêndios industriais, em estabelecimentos abrangidos pela Diretiva 2012/18/EU.
No âmbito da aviação civil, incluindo aeroportos civis, é igualmente determinada
a proibição, a partir de 10 de outubro de 2029, da colocação no mercado e utilização de espumas ignífugas com PFHxA em concentrações iguais ou superiores a 25 ppb para a soma de PFHxA e seus sais e de 1000 ppb para a soma das substâncias afinas do PFHxA.
O Regulamento REACH encontra-se ainda em fase de revisão, prevendo-se a sua atualização no final de 2025 e a proibição generalizada dos PFAS em espumíferos de combate a incêndios, a partir do final de 2026.
Face a estas restrições, já se encontram em desenvolvimento e disponibilização no mercado de soluções alternativas de espumíferos livres de flúor, com impacto ambiental reduzido, recomendando-se o contacto com os fabricantes dos sistemas.
Casmar e Honeywell
Soluções avançadas de deteção de incêndios

Temos o gosto de anunciar o novo acordo estratégico entre a Casmar e a Honeywell. Graças a esta aliança, começaremos a distribuir os sistemas de proteção contra incêndios da Honeywell em Espanha e Portugal.
Fundada em 1906, a Honeywell foi pioneira em sistemas de deteção avançados, integrando tecnologias como sensores inteligentes, conetividade, IoT e automação para proporcionar a máxima proteção em ambientes industriais, comerciais e residenciais
Entre a vasta gama de produtos que este fabricante líder oferece, a Honeywell reforçou o seu catálogo com tecnologias avançadas que otimizam a segurança e a manutenção dos sistemas. Destaca-se a nova série de detetores inteligentes com função de autoteste (Self-Test), capazes de realizar testes automáticos de fumo sem intervenção manual, cumprindo as normas EN54. Igualmente relevante é a tecnologia OTBlue da Gent, marca que introduz dete-
tores multicritério com sensores óticos LED azuis e análise de sinal temporal, melhorando a deteção de incêndios abertos, latentes e de alta temperatura.
Também merece destaque a gama S-Quad da Honeywell, que integra detetores com sirene e dispositivos de alarme visual (VAD) certificados pela norma EN54-23, oferecendo alertas acústicos e visuais num único dispositivo, ideal para ambientes como hotéis ou hospitais. Por fim, vale a pena mencionar a nova série LT de centrais Morley-IAS, que se caracterizam pelo seu design compacto e ecrã tátil de 4,3 polegadas, com configuração intuitiva e integração com dispositivos sem fios.
Os produtos Honeywell já estão disponíveis no nosso catálogo. Se estiver interessado em saber mais sobre estes produtos e consultar todas as vantagens de trabalhar com eles, pode fazê-lo através do seu agente comercial Casmar ou diretamente aqui no nosso site.
Os produtos da Honeywell agora também na Casmar.
OBO Bettermann
A OBO Bettermann apresenta a nova geração da série de calhas de proteção contra incêndios
PYROLINE® Rapid PLM.

A OBO Bettermann está presente em mais de 60 países com 40 filiais. A gama de produtos da OBO abrange 30.000 artigos para a infraestrutura elétrica, na qual são utilizados sistemas para ligações e fixações, proteção contra raios e sobretensões, caminhos de cabos, antifogo, condução de cabos, aparelhagens e sistemas de chão.
OBO Bettermann possui fábricas próprias na Alemanha, Hungria, Suíça, nos EUA, na Grã-Bretanha, África do Sul e Índia.
A filial portuguesa está sediada no concelho de Sintra, onde integra todos os serviços e armazém. A Norte, a delegação da Maia, tem como finalidade o apoio Técnico e Comercial.
Apoiados na qualidade dos nossos produtos e na prestação de serviços, que pretendemos o mais profissional possível, o nosso objetivo em Portugal Continental e Ilhas prende-se por uma estreita e eficaz colaboração com os profissionais do setor.
Visite o nosso website e saiba mais sobre os nossos produtos.
Masterlux & Sinalux
A inovação Masterlux venceu nos Prémios de Segurança 2025

A Masterlux venceu o Prémio Inovação na IV edição dos Prémios de Segurança 2025, promovidos pela Security Magazine.
“Receber esta distinção é mais do que um motivo de celebração, é um reconhecimento do esforço, dedicação e compromisso de toda uma equipa, que muito tem contribuído para o sucesso da Masterlux na área da SCIE. Prometemos não ficar por aqui!”, revelou a marca após a conquista do galardão, adiantando que “este prémio é mais um marco, mas o caminho está apenas a começar”.
O Prémio foi entregue no início de julho, em Lisboa, numa cerimónia na qual o gestor de produto, Daniel Fernandes, após o devido agradecimento à revista por “lançar iniciativas que reconhecem a inovação e valorizam quem ousa fazer diferente e melhor” referiu a importância das mesmas “para o reconhecimento do trabalho desenvolvido”. Um merecido agradecimento foi, também, mencionado para todos os que votaram e acreditaram na Masterlux para a conquista deste Prémio.
“A Masterlux é uma marca portuguesa, com desenvolvimento de engenharia português e patenteada, por ser considerada como inovação do estado da arte. Significa que inventámos dispositivos de Iluminação e Sinalização de Segurança”, concluiu.
Mais informações no website
Masterlux—Prémios de Segurança
LUNAR FIREWATCH WIRELESS SEGURANÇA AVANÇADA NUM ÚNICO DISPOSITIVO
Este produto foi concebido para proporcionar uma proteção abrangente sem comprometer a estética ou a funcionalidade. Quando instalado no teto, assegura uma cobertura de deteção alargada, minimizando os ângulos mortos e reduzindo o risco de adulteração ou danos, e é perfeitamente compatível com os sistemas de segurança LightSYS+ e LightSYS Air da RISCO, assegurando uma integração perfeita e eficiente.
Principais vantagens:
Segurança tudo-em-um; elimina a necessidade de instalar vários dispositivos para garantir uma proteção total. Oferece uma solução económica e eficiente para monitorização de incêndios e movimentos suspeitos.
Design elegante e discreto; permite-lhe integrar-se em qualquer ambiente, sem comprometer a decoração ou a funcionalidade do espaço.
Cobertura alargada e precisa; ângulo de visão de 110° e cobertura de 360°. Garante a máxima proteção sem deixar áreas vulneráveis.
Rápido e fácil de instalar; inclui um sistema de montagem integrado que facilita um processo de instalação sem complicações.
Modo de teste incorporado; ao pressionar firmemente a almofada de teste, o alarme de incêndio é ativado, garantindo que o sistema responde corretamente.
Especificações excecionais:
Deteção de fumo; câmara fotoelétrica com sensor ótico para identificar a presença de fumo.
Deteção de calor; quatro sensores térmicos para um alerta precoce e redução de falsos alarmes.
Sistema PIR; tecnologia piroelétrica de dois elementos para a deteção de movimentos.
Indicadores visuais e sonoros; LED e alarme sonoro de 85 dB a 3 metros.
Duração da pilha; até 4 anos com a pilha de lítio CR123A.
Frequência de funcionamento; disponível em 433,92 MHz e 868,65 MHz.
Temperatura de funcionamento; 0°C a 55°C.



A OBO BETTERMANN CALHAS PYROLINE® RAPID PLM
A OBO Bettermann apresenta a nova geração da série de calhas de proteção contra incêndios PYROLINE® Rapid PLM. Salvar vidas humanas e, ao mesmo tempo, reduzir ao mínimo os danos num edifício ou no seu conteúdo: durante um incêndio, esta prioridade máxima pode agora ser implementada com particular facilidade com as calhas de proteção contra incêndios PYROLINE® Rapid PLM da OBO. A série de calhas combina as propriedades de uma conduta corta-fogo segura e classificada com as de uma calha de instalação elétrica standard. Isto impede a propagação do fogo através da instalação elétrica e oferece soluções flexíveis, que se destacam tanto em edifícios novos como em projetos de modernização. Mais informações disponíveis aqui.


CONTIMETRA
REGISTOS DE CONTROLO DE FUMOS
Proteja pessoas, bens e infraestruturas com soluções fiáveis e duradouras.
A norma EN 12101-8 exige dispositivos que garantam segurança e controlo rigoroso. Esteja preparado e mantenha os edifícios em conformidade com a lei.
EK-JZ Registo multilâmina: registo multilâmina de elevada resistência ao fogo (EI 120/90–HOT400/30) elevada estanqueidade (S1000), devido à dupla fiada de vedantes em cada lâmina. Operação motorizada (Cmod MA multi).
EKA2-EU Registo unilâmina: aprovado para utilização em condutas de exaustão de fumo verticais e horizontais. Design unilâmina para instalação em espaços reduzidos com fácil manutenção. Operação motorizada (Cmod AA multi).
Kamouflage MP: do tipo “portinhola” caracterizado pela fácil integração arquitetónica. Pode ser integrado em sistemas centralizados de controlo de fumo, tanto ativos como passivos. Operação motorizada (C10000 AA multi).

LANÇA NOVO PRODUTO PARA SINALIZAÇÃO PODOTÁTIL
A Segurança de todos os cidadãos tem sido, desde sempre, a principal missão da Sinalux e a inclusão de sinalização específica no catálogo e ainda a disponibilização de sinalização em braille, reforça esse compromisso com a acessibilidade e a segurança de todos. Mantendo a intenção de reforçar a segurança dos cidadãos com deficiência visual dentro de um edifício, a Sinalux acaba de lançar um novo produto: indicadores podotáteis.
Este sistema de sinalização podotátil permite fornecer uma orientação contínua no caminho, através de um código de relevos percetíveis ao tato e visualmente contrastantes.
O seu principal objetivo é guiar pessoas com deficiência visual, ao longo de caminhos acessíveis (piso direcional) e advertir sobre situações de perigo ou mudança de trajetória (piso de alerta), garantindo uma mobilidade autónoma e segura para este grupo de utilizadores.
Este sistema, constituído por poliuretano (material com elevada resistência) e com uma textura ligeira e não escorregadia, é ainda composto por 2 elementos autoadesivos para fácil instalação, não constituindo perigo ou obstáculo à movimentação dos demais cidadãos.

Formação em foco
Curso Técnico
Europeu de Segurança Contra Incêndios em Edifícios
Aperfeiçoe as suas competências com a APSEI
LUÍS PIRES APSEI
Na qualidade de entidade formadora certificada pela DGERT, para a área de educação e formação 861—Proteção de Pessoas e Bens, e enquanto única entidade portuguesa membro da Confederação Europeia de Associações de Proteção Contra Incêndio (CFPA-E), a APSEI disponibiliza no seu catálogo de formação o curso de Técnico Europeu de Segurança Contra Incêndios em Edifícios, destinado a todos os profissionais do setor que pretendam incrementar os seus conhecimentos técnicos, com uma abrangência transversal às mais diversas temáticas no âmbito da segurança contra incêndios em edifícios (SCIE).
Com uma carga horária total de 120 horas, o curso de Técnico Europeu de SCIE é constituído por uma forte componente formativa teórica, tendo por base as disposições legislativas estabelecidas no Regime Jurídico e no Regulamento Técnico de SCIE, com as atuais redações aprovadas pela Lei nº 123/2019, de 18 de outubro, e pela

O curso de Técnico Europeu de SCIE da APSEI apresenta a oportunidade de acesso ao Diploma Europeu de Fire Safety–Technical Cycle
Portaria nº 135/2020, de 2 de junho, respetivamente, e ainda as mais recentes tecnologias dos sistemas e equipamentos de prevenção e intervenção, as disposições normativas europeias e internacionais, as regras de boas práticas e os métodos de auditoria e avaliação de risco. Ainda relativamente aos conteúdos programáticos, para além da legislação nacional, são abordadas matérias essenciais à compreensão da SCIE, nomeadamente a fenomenologia da combustão, o comportamento humano em situações de emergência, a realização de auditorias, a prescrição de medidas compensatórias de prevenção e proteção e a organização e gestão da manutenção das condições de segurança contra incêndio. O curso inclui também uma abordagem aos requisitos regulamentares e princípios de dimensionamento dos diversos sistemas e equipamentos de SCIE, abrangidos pela legislação.
No que diz respeito à componente prática—CFPA e no âmbito do módulo
de realização de auditorias, é realizada uma visita técnica externa, onde os formandos têm a oportunidade de simular uma auditoria a uma instalação enquadrada na Utilização-tipo VIII (edifícios comerciais) ou XII (edifícios industriais), com base nos referenciais lecionados durante o curso. Ainda no âmbito da componente prática, é também realizado um módulo dedicado à utilização dos equipamentos de 1ª intervenção, habitualmente ministrado pela Escola Nacional de Bombeiros, nas suas instalações, no qual os formandos aprendem a utilizar alguns equipamentos de combate a incêndios, designadamente extintores portáteis e móveis, mantas ignífugas, bocas de incêndio do tipo carretel e aparelhos respiratórios.
No final do curso de Técnico Europeu de SCIE, pretende-se que os formandos obtenham a capacidade de reconhecer os fatores que influenciam o risco e o desenvolvimento do incêndio, saber efetuar uma auditoria,
implementar e dimensionar medidas de prevenção e proteção adequadas ao risco e ainda conhecer a regulamentação aplicável e os princípios de funcionamento e utilização dos diversos sistemas e equipamentos de SCIE. Neste sentido, o curso de Técnico Europeu, do qual se destaca a qualidade e experiência dos formadores, não só é uma mais-valia a nível curricular, como se trata de uma ação formativa abrangente aos mais diversos conceitos da SCIE e que dota os formandos de conhecimentos técnicos avançados, resultando numa oportunidade para a atualização e incremento de conhecimentos e para a melhoria do desenvolvimento das diversas atividades profissionais inerentes ao setor da SCIE. Os formandos que obtiverem aprovação a todos os módulos do curso, isto é, às avaliações finais de cada módulo, terão acesso ao certificado de formação emitido pela APSEI e ao certificado emitido pela Escola Nacional de Bombeiros, no âmbito da formação de utilização dos equipamentos de 1ª intervenção.
O curso de Técnico Europeu de SCIE apresenta ainda a oportunidade de acesso ao Diploma de “Fire Safety–Technical Cycle”, emitido pela confederação europeia CFPA-Europe e reconhecido nos 26 países membros da referida organização. Para acesso ao diploma europeu, os formandos devem realizar um exame final, sobre todas as matérias lecionadas, e um trabalho final, que incide na avaliação de risco e aplicação do método de Gretener, para a situação apresentada na visita técnica.
O curso de Técnico Europeu de SCIE foi, portanto, desenvolvido com base nos exigentes referenciais de formação da CFPA-E, estando sujeito aos processos periódicos de atualização e auditoria.
Este curso é realizado em formato B-Learning com componente prática em Sacavém.
Inscreva-se já na próxima edição do curso, com início agendado para dia 29 de setembro, através do nosso portal da formação.
Saber APSEI Formação especializada nas
áreas mais relevantes do setor
CATARINA BRAGANÇA APSEI

A segurança é um pilar essencial para o desenvolvimento sustentável da sociedade e das organizações. Em Portugal, a formação nesta área assume um papel determinante, não apenas para garantir a conformidade legal, mas sobretudo para proteger vidas, salvaguardar património e assegurar a continuidade dos negócios. Num setor em constante evolução, marcado por exigências técnicas e regulamentares cada vez mais complexas, investir em conhecimento é investir no futuro.
É neste contexto que nasce o SABER APSEI, a nova marca de formação da APSEI, criada para responder de forma eficaz e inovadora às necessidades dos nossos associados, das empresas e dos profissionais que atuam no ecossistema da segurança. Mais do que disponibilizar cursos de carácter obrigatório, queremos proporcionar experiências de aprendizagem que acrescentem valor real, combinando rigor técnico com metodologias modernas e conteúdos atuais, relevantes e de qualidade. Pa-
ralelamente, reforçamos a ligação da Associação à comunidade, promovendo comunicações diferenciadas, partilha de experiências e disseminação de conhecimento.
Através do SABER APSEI, disponibilizamos formação especializada nas áreas mais relevantes do setor: segurança contra incêndio, segurança eletrónica, segurança e saúde no trabalho e segurança no transporte de mercadorias perigosas. Cada curso é concebido para responder aos desafios concretos do mercado, garantindo qualidade, aplicabilidade e inovação.
Com esta iniciativa, reforçamos o compromisso social da APSEI: contribuir para um país mais seguro, onde empresas e profissionais dispõem das ferramentas necessárias para atuar com competência e confiança. Porque acreditamos que na segurança, o conhecimento salva-vidas.


Automação e robótica na segurança
Nesta edição da Proteger, exploramos como a automação, a robótica e os sistemas inteligentes estão a transformar a saúde ocupacional, a logística e a segurança em edifícios. Do impacto da robótica na indústria à colaboração homem-máquina, dos novos paradigmas na gestão de mercadorias perigosas às soluções inteligentes de evacuação, cada tema mostra como a tecnologia pode fazer avançar o setor da segurança.
O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO
E DA ROBÓTICA NA SAÚDE
OCUPACIONAL NUMA METALOMECÂNICA
Maria Halpern Diniz
Médica do Trabalho (Responsável pelo Programa de Saúde Ocupacional)
Catarina Henriques
Directora do Sistema Integrado de Gestão MCG–Manuel da Conceição Graça, Lda.

Na indústria metalomecânica, as doenças profissionais são há muito uma preocupação central. Lesões músculo-esqueléticas, em particular, têm sido frequentes entre colaboradores sujeitos a ambientes exigentes, tarefas repetitivas e movimentação manual de cargas. Este cenário impõe um desafio contínuo às organizações: repensar práticas e colocar a prevenção no centro da atividade industrial.
As Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) resultam da exposição prolongada a fatores de risco físicos (força excessiva, movimentos repetitivos, posturas forçadas, vibrações, temperaturas extremas) e organizacionais (ritmo de trabalho elevado, monotonia, baixo controlo sobre as tarefas, insatisfação laboral). Fatores individuais como idade ou condição física agravam a sua incidência. De início silenciosas, estas patologias evoluem para queixas permanentes que afetam não só o desempenho profissional, mas também a vida pessoal dos trabalhadores.
Neste contexto, a automação e a robótica assumem um papel transformador. Mais do que avanços tecnológicos, representam oportunidades concretas para eliminar ou reduzir as principais causas das doenças profissionais. Ao automatizar tarefas repetitivas ou fisicamente exigentes, é possível proteger a saúde dos colaboradores e criar ambientes de trabalho mais seguros.


Na MCG, empresa metalomecânica com 75 anos de história, a transformação tecnológica está alicerçada numa visão clara: usar a tecnologia para proteger as pessoas, melhorar as condições de trabalho e aumentar simultaneamente a eficiência e a produtividade. Esta aposta tem-se traduzido numa redução significativa da exposição a riscos físicos e ergonómicos.
O investimento contínuo em automação e robótica tem sido determinante na modernização dos processos produtivos. A introdução de robots de soldadura já fazia parte da realidade da MCG, mas foi na última década que a robótica passou a ser encarada como ferramenta estratégica para eliminar tarefas repetitivas e de elevado esforço físico. Um exemplo claro foi a automatização da alimentação de prensas numa linha de alta cadência, permitindo a adaptação do posto de trabalho a colaboradores com doenças profissionais.
A MCG implementou recentemente uma linha de soldadura totalmente robotizada. Com este projeto, os ganhos ultrapassaram a exposição a riscos físicos: a exposição a temperaturas elevadas e à inalação de fumos metálicos foi significativamente reduzida — dois riscos relevantes neste tipo de operação.
Mais recentemente, a empresa concentrou esforços na redução da circulação de empilhadores dentro das fábri-
cas, com o duplo objetivo de melhorar a segurança nas vias de movimentação e diminuir a exposição dos operadores às vibrações. Para tal, foram introduzidos AGV (Veículos Guiados Automaticamente), inspirados nos robots domésticos mas aplicados ao transporte industrial de cargas. O impacto positivo tem sido evidente, estando já prevista a expansão do sistema a toda uma unidade fabril.
Os robots colaborativos—ou cobots—constituem outra inovação de relevo. Projetados para interagir diretamente com operadores humanos, compartilham o mesmo espaço de trabalho de forma segura, estes robôs trabalham a velocidades mais baixas que os robôs industriais e têm a capacidade de detetar pequenos impactos, garantindo que o operador está sempre salvaguardado. Utilizados em tarefas como montagem, manipulação de peças, colagem ou aparafusamento, atuam como assistentes que aumentam a precisão e a eficiência, enquanto reduzem o esforço físico, o risco de lesões e a monotonia.
Na MCG, um desses equipamentos foi recentemente adquirido para realizar tarefas de afagamento, tradicionalmente exigentes e associadas a elevado risco de lesões por esforço repetitivo. A operação, agora assumida por um cobot, é executada com maior precisão e consistência, representando um avanço concreto na forma como se alia tecnologia e saúde no trabalho.
As consequências destas transformações têm sido claras: diminuição das queixas de dor lombar, tensão muscular e fadiga física, redução de acidentes e doenças profissionais com impacto a médio e longo prazo. Além dos benefícios físicos, os ganhos psicológicos são igualmente relevantes, podendo os colaboradores passar a exercer outras funções.
Contudo, a automação também traz novos desafios para a saúde ocupacional. A convivência com robots colaborativos, por exemplo, requer uma análise rigorosa dos riscos de interação homem-máquina. A formação torna-se essencial—tanto para a operação segura dos equipamentos como para a adoção de comportamentos preventivos.
A vigilância da saúde deve acompanhar esta evolução, com especial atenção a novos riscos psicossociais (como medo de perda de emprego ou dificuldade de adaptação) e à eventual sobrecarga mental e cognitiva causada por sistemas mais complexos. Exames psicotécnicos que avaliem visão, audição, atenção e coordenação tornam-se importantes para assegurar a aptidão dos trabalhadores.
O futuro da indústria metalomecânica será, inevitavelmente, mais automatizado. Mas isso não significa menos pessoas—significa pessoas em funções mais seguras, mais qualificadas e com maior valor acrescentado. O investimento em robótica e automação permite à MCG proteger a saúde dos colaboradores, reduzir o desgaste físico e melhorar a ergonomia dos postos de trabalho, enquanto mantém, ou até eleva, os padrões da eficiência.
ROBÓTICA COLABORATIVA
NA SEGURANÇA
OCUPACIONAL: O CASO DA MCG NO PROCESSAMENTO DE SUPERFÍCIES METÁLICAS

Rui Sousa Marques Manager I&D, MCG–Manuel da Conceição Graça, Lda.
A crescente integração de robôs colaborativos (cobots) na indústria portuguesa representa uma transformação significativa não apenas na produtividade, mas especialmente na segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores. O caso da empresa Manuel da Conceição Graça (MCG), localizada no Carregado, ilustra de forma exemplar como esta tecnologia pode redefinir ambientes de trabalho tradicionalmente perigosos e fisicamente exigentes.
O DESAFIO: QUANDO A SEGURANÇA ENCONTRA A PRODUTIVIDADE
A MCG enfrentava um problema comum a muitas empresas industriais: a dificuldade em manter capacidade produtiva numa área crítica—o afagamento e preparação de superfícies metálicas para pintura. O processo manual de lixagem expõe os trabalhadores a riscos significativos, incluindo vibrações constantes, posturas inadequadas e exposição a poeiras metálicas.
A empresa identificou que este bottleneck não era apenas uma questão de eficiência, mas um problema de segurança ocupacional que dificultava a contratação e retenção de mão de obra especializada.
A SOLUÇÃO COLABORATIVA: UR20 COMO PARCEIRO DE TRABALHO
A implementação do cobot UR20 da Universal Robots focou-se na preparação de superfícies para pintura. A escolha desta tecnologia baseou-se na filosofia de colaboração homem-máquina, onde o robô assume as tarefas mais perigosas e repetitivas, permitindo ao operador focar-se em atividades de maior valor acrescentado.
— Sistema de troca automática de lixa reduzindo manipulações manuais;
— Posicionamento vertical das peças eliminando posturas inadequadas;
— Trajectórias programadas seguindo recomendações da 3M para acabamento ótimo.
Esta configuração permite que o operador trabalhe numa peça enquanto o robô processa outra, eliminando a exposição direta às vibrações e reduzindo significativamente o esforço físico.
VANTAGENS PARA A SEGURANÇA OCUPACIONAL
Redução de riscos físicos
O projeto demonstrou benefícios imediatos na segurança dos trabalhadores:
— Eliminação da exposição a vibrações: O trabalho mais desgastante fisicamente é assumido pelo cobot;
— Redução de manipulações: Processamento vertical diminui movimentações perigosas;
— Melhoria ergonômica: Operadores trabalham em posições mais confortáveis;
— Ambiente mais limpo: Possibilidade de aspiração de poeiras na fonte.
DEMOCRATIZAÇÃO DA FUNÇÃO
A crescente integração de robôs colaborativos (cobots) na indústria portuguesa representa uma transformação significativa não apenas na produtividade, mas especialmente na segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores (…)
Uma vantagem significativa é a possibilidade de substituir operadores especializados por trabalhadores indiferenciados para determinados tipos de peças. Isto não só resolve problemas de recrutamento, mas também reduz a dependência de trabalhadores expostos a condições adversas.
CONSISTÊNCIA E QUALIDADE
CONFIGURAÇÃO TÉCNICA COM FOCO NA SEGURANÇA
O sistema implementado inclui: — Indexador rotativo com sensores de posição para garantir segurança operacional;
O cobot garante acabamento uniforme e consistente, eliminando variações na qualidade que podem resultar de fadiga ou desconforto do operador humano. Esta consistência traduz-se também em maior segurança e garantia de qualidade no produto final.
DESAFIOS E LIMITAÇÕES
Investimento e manutenção
O investimento inicial representa um desafio significativo para muitas empresas. Adicionalmente, existem questões sobre custos de manutenção e durabilidade do equipamento em ambientes industriais exigentes.
Flexibilidade limitada

A implementação requer produção de múltiplos jigs e sistemas de fixação para diferentes peças, limitando a flexibilidade operacional. Esta rigidez pode representar um desafio em ambientes com grande variedade de produtos.
Formação e adaptação
Para funcionamento ideal, é necessário encontrar e formar o “operador-afagador” adequado. Esta função híbrida requer competências tanto técnicas como de segurança, representando um desafio de recursos humanos.
Impacto quantificável
Os resultados obtidos demonstram a viabilidade da solução1:
— Redução do tempo de ciclo semanal: Uma redução do tempo de processamento aproximado de 40%;
— Output: 1 conjunto por hora;
— Capacidade aumentada numa área tradicionalmente bottleneck
ESCALABILIDADE E FUTURO
A solução demonstra potencial de escalabilidade para outros postos de trabalho perigosos, incluindo quinagem, aplicação de selantes e outras operações. Esta versatilidade torna o investimento mais atrativo e permite uma abordagem gradual à automatização.
O projeto também serve como plataforma de aprendizagem para futuras implementações mais complexas, incluindo sistemas completos de rectificação de soldadura e preparação para pintura.
CONSIDERAÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO
Análise de risco-benefício
Cada implementação deve considerar:
— Características específicas do processo e níveis de risco atuais;
— Volume de produção que justifique o investimento;
— Disponibilidade de mão de obra qualificada para operação híbrida;
— Complexidade das peças e necessidade de flexibilidade.
INTEGRAÇÃO
GRADUAL
A experiência da MCG sugere que uma abordagem gradual é mais eficaz, começando com processos menos complexos e expandindo progressivamente a automação.
CONCLUSÃO
O caso da MCG demonstra que os robôs colaborativos representam uma ferramenta valiosa para melhorar simultaneamente a segurança ocupacional e a produtividade. Contudo, o sucesso da implementação depende de uma análise cuidadosa das necessidades específicas, investimento adequado em formação e uma estratégia de implementação gradual.
A transformação do paradigma trabalho-segurança através da robótica colaborativa não elimina a necessidade de operadores humanos, mas redefine o seu papel, concentrando-os em tarefas de maior valor e menor risco. Esta evolução representa não apenas um avanço tecnológico, mas uma melhoria fundamental nas condições de trabalho da indústria portuguesa.
Para empresas que enfrentam desafios similares de segurança ocupacional e capacidade produtiva, a experiência da MCG oferece um modelo replicável que demonstra como a tecnologia pode ser uma aliada eficaz na proteção dos trabalhadores.
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AUTOMAÇÃO, ROBÓTICA, DIGITALIZAÇÃO E MERCADORIAS
PERIGOSAS: NOVOS
PARADIGMAS NA LOGÍSTICA
João Cezília
Tutorial–Conteúdos e tecnologia, lda.
A automação, a robótica e a digitalização estão a transformar profundamente o setor da logística, e, como não poderia deixar de ser, também as operações que envolvem o transporte e manuseamento de mercadorias perigosas.
Esta revolução tecnológica, impulsionada por ganhos de eficiência, redução de custos operacionais e maior precisão nos processos, levanta também novos desafios para a segurança—uma área crítica quando se trata de matérias ou objetos com características potenciadoras de maiores riscos. Num cenário onde os operadores logísticos recorrem, cada vez mais, a sistemas automáticos de armazenamento, carregamento, transferência modal e distribuição, importa questionar de que forma a integração destas tecnologias pode melhorar ou diminuir a segurança. Por exemplo, os sistemas
automáticos tendem a “estupidificar” os seus utilizadores e em caso de acidente estes tendem a ser mais gravosos pois confunde-se repetibilidade com domínio da operação.
Os sistemas robotizados e automatizados utilizados nas plataformas logísticas são compostos por sensores, atuadores, unidades de controlo e elementos de acumulação de energia e todos eles podem falhar, mesmo quando existem redundâncias.
E se não falham de imediato, podem não ter capacidade e autonomia suficientes para casos em que a falha seja mais persistente. Veja-se, por exemplo, uma falha de energia que pode ser suprida por um sistema de geração alternativo, mas também este pode falhar e, no limite, terá de ser também abastecido, passado algum tempo (não muito).
É interessante ver que alguns dos componentes destes sistemas são eles próprio classificados como mercadoria perigosa (não raramente têm de possuir baterias para manter set-points) ou fluidos ou constituintes que possam conter, e por isso o seu transporte e as operações logísticas a que estiveram adstritos, tiveram de ser efetuados ao abrigo de regulamentos como o ADR1, RID 2, Código IMDG 3 ou Instruções Técnicas da OACI4.
Há inclusive um número ONU aplicado a mercadorias perigosas contidas em máquinas ou mercadorias perigosas contidas em aparelhos (UN 3363).
¹ Acordo relativo ao transporte internacional de mercadorias perigosas por estrada.
² Regulamento relativo ao Transporte Internacional Ferroviário de Mercadorias Perigosas.
³ Código Marítimo Internacional das Mercadorias Perigosas.
⁴ Organização da Aviação Civil Internacional.
Os sistemas robotizados e automatizados utilizados nas plataformas logísticas são compostos por sensores, atuadores, unidades de controlo e elementos de acumulação de energia e todos eles podem falhar, mesmo quando existem redundâncias (…)
A presença destas matérias nos equipamentos exige uma abordagem holística da segurança, que considere não apenas a carga transportada, mas também os meios de movimentação. Por exemplo, em alguns casos, haverá necessidade de equipamentos ATEX.
Uma falha técnica, uma colisão ou uma má programação de um braço robótico ou de uma linha, pode gerar emergências envolvendo derrames, reações químicas ou incêndios.
Alguns destes equipamentos ou sensores são altamente sensíveis a condições de temperatura, impacto físico ou falhas de fabrico, podendo entrar em combustão espontânea ou gerar reações térmicas em cadeia difíceis de conter, como acontece com as baterias de iões de lítio. O problema agrava-se quando se considera a dificuldade de extinção de incêndios, que poderão obrigar a procedimentos e agentes extintores específicos, muitas vezes ausentes nas plataformas convencionais.
VEÍCULOS AUTÓNOMOS E A CADEIA DE RISCOS
EMERGENTES
A implementação de veículos autónomos—tanto em espaços fechados como entre terminais e armazéns—é uma realidade em crescimento. No entanto, a sua utilização no transporte de mercadorias perigosas coloca uma série de novas exigências. Em caso de acidente, como se assegura a contenção do risco sem a intervenção humana imediata? Estão os sistemas de
emergência preparados para atuar sem a presença de um condutor/operador? Qual o tempo e eficácia da resposta? Muitos destes veículos já virão equipados com sistemas de extinção automática, mas, a título de exemplo, imagine-se um veículo autónomo de transporte que sofra um despiste, colidindo com uma estrutura e provocando o derrame de uma matéria inflamável nela existente. A ausência de um operador humano no local exige que o sistema consiga, autonomamente, detetar o incidente, acionar mecanismos de contenção, notificar os serviços de emergência e fornecer dados precisos sobre a carga, a localização e o estado da infraestrutura.
INTEGRAÇÃO SEGURA: SOLUÇÕES PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
A resposta a estes desafios passa, inevitavelmente, por uma adaptação das normas e regulamentos, bem como pela formação contínua de profissionais em segurança. A integração de sistemas de monitorização em tempo real, a utilização de inteligência artificial para deteção precoce de anomalias e a aplicação de protocolos de segurança específicos para veículos e equipamentos robotizados/automatizados são algumas das soluções emergentes.
Também ao nível documentação de transporte têm sido dados passos na desmaterialização da informação, mas será que estamos preparados para agir se houver uma falha nas redes de comunicação ou ficarmos sem energia? Até que ponto estamos interessados e disponíveis para investir na plena redundância dos sistemas?
Se as Fichas de Dados de Segurança (FDS) para produtos químicos estiverem exclusivamente num qualquer sistema informático qual a capacidade de intervenção se esse sistema não puder ser acedido?
CONCLUSÃO: A TECNOLOGIA COMO ALIADA, NÃO SUBSTITUTA, DA INTERVENÇÃO HUMANA
A automação, a robótica e a digitalização estão a redesenhar o panorama da segurança no transporte de mercadorias perigosas. Se por um lado oferecem ferramentas poderosas para melhorar a precisão, reduzir o erro humano e aumentar a velocidade dos processos, por outro lado introduzem novas variáveis de risco que exigem vigilância, preparação e capacidade de resposta rápida.
O caminho futuro não passa por confiar cegamente na tecnologia, mas sim por integrá-la de forma consciente e informada, combinando inovação com uma cultura de segurança robusta e resiliente, devendo por isso existir uma aposta renovada na formação de todos os potenciais intervenientes.

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SISTEMAS INTELIGENTES
PARA A EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Joaquim Frazão Neto

Nas últimas décadas, a frequência de desastres naturais, incêndios e falhas estruturais tem revelado as limitações dos sistemas de evacuação tradicionais. Em paralelo, a digitalização urbana e o avanço de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Big Data e 5G, abriram caminho para soluções mais eficazes.
Hoje, é possível desenvolver edifícios inteligentes, capazes de reagir autonomamente a emergências, orientando os ocupantes, reduzindo riscos e melhorando a coordenação com os serviços de socorro. Face à crescente complexidade urbana e à diversidade funcional dos edifícios, os modelos convencionais, baseados em sinalização estática, tornam-se obsoletos. Surgem, assim, sistemas adaptativos, sensíveis ao contexto, que monitorizam o ambiente em tempo real, antecipam riscos e definem percursos de evacuação dinâmicos e personalizados.
Estudos recentes comprovam a eficácia destes sistemas inteligentes, que não substituem, mas ampliam os princípios clássicos da segurança contra incêndios. Além disso, iniciativas políticas como o European Green Deal e a Renovation Wave reforçam a urgência de integrar estas soluções na modernização do edificado existente.
Um sistema inteligente de evacuação de edifícios assenta numa estrutura ciberfísica composta por três camadas

A Internet das Coisas (IoT) permite que os edifícios se tornem “conscientes” do seu estado em tempo real, através de sensores distribuídos que
monitorizam continuamente variáveis ambientais e comportamentais.
principais: perceção, processamento e atuação, funcionando de forma integrada para detetar riscos, avaliar o ambiente, tomar decisões e comunicar com os ocupantes.
Na camada de perceção, sensores IoT monitorizam, em tempo real, variáveis como temperatura, fumo, gases, ocupação e integridade estrutural. Na camada de processamento, algoritmos de IA analisam os dados localmente ou na cloud, avaliando riscos e recalculando percursos de evacuação. Na camada de atuação, o sistema comunica alertas, atualiza sinalética digital, ativa alarmes e envia instruções personalizadas via dispositivos móveis.
A Internet das Coisas (IoT) permite que os edifícios se tornem “conscientes” do seu estado em tempo real, através de sensores distribuídos que monitorizam continuamente variáveis ambientais e comportamentais. Estes sistemas possibilitam a deteção precoce de temperatura, fumo e gases perigosos como CO e HCN, o mapeamento da propagação do fogo, a localização e densidade dos ocupantes,
a verificação da abertura de portas e janelas para validar percursos de evacuação disponíveis, e a deteção de pessoas em condições de baixa visibilidade por meio de câmaras com inteligência artificial.
A Inteligência Artificial está no centro dos sistemas modernos de evacuação, ao permitir decisões rápidas, adaptativas e baseadas em dados. Com o suporte de Big Data, a IA monitoriza fluxos em tempo real, aprende com eventos anteriores, antecipa congestionamentos e reconfigura percursos de forma dinâmica. Tecnologias como as redes neuronais processam em tempo real dados visuais e ambientais com elevada precisão, ativando alarmes, orientando ocupantes com instruções personalizadas e ajustando continuamente a resposta à evolução da emergência.
A evacuação inteligente exige uma infraestrutura de comunicação fiável e de latência ultrabaixa. A tecnologia 5G responde a esse requisito ao proporcionar uma comunicação quase instantânea entre sensores e sistemas centrais,

transmissão contínua de vídeo em tempo real, conectividade escalável com milhares de dispositivos e operação resiliente suportada por edge computing. Estas capacidades tornam o 5G um elemento fundamental na gestão de cenários de emergência.
Com a integração de sensores, inteligência artificial e conectividade 5G, a sinalização de emergência evolui de um sistema estático para um mecanismo dinâmico e adaptativo. Painéis LED ajustam em tempo real as mensagens exibidas com base na localização e progressão do perigo; sistemas de luzes e sinais sonoros são calibrados para orientar eficazmente pessoas com deficiências visuais ou auditivas; e aplicações móveis fornecem percursos de evacuação personalizados, com instruções visuais e sonoras em tempo real, garantindo uma resposta mais inclusiva e eficaz em situações críticas.
A evolução tecnológica aponta para a integração dos sistemas de evacuação inteligente em redes de segurança urbana interligadas, onde edifícios, infraestruturas de transporte, unidades hospitalares e serviços de emergência comunicam de forma contínua e coordenada. Com o apoio de inteligência artificial generativa e simulações baseadas em dados reais, será possível prever zonas de risco urbano tendo em conta a densidade populacional e as condições climáticas, otimizar planos de evacuação à escala de bairros inteiros—em vez de se limitar a edifícios isolados—e utilizar drones para orientar evacuações aéreas ou fornecer visibilidade em zonas com fumo denso ou visibilidade reduzida.
Os digital twins—réplicas digitais dinâmicas de edifícios físicos—são uma ferramenta estratégica para a segurança contra incêndios e evacuação inteligente. Integrados com sensores IoT e inteligência artificial, permitem simular cenários de emergência em tempo real, testar e otimizar estratégias de evacuação e antecipar falhas ou congestionamentos. Facilitam ainda a coordenação com os serviços de emergência, através de visualização remota do edifício, e a integração com sistemas BIM (Building Information Modeling), garantindo intervenções mais precisas ao longo do ciclo de vida do edifício.
A implementação de soluções inteligentes para evacuação envolve desafios críticos que exigem uma abordagem multidisciplinar. É fundamental garantir a privacidade dos dados através de anonimização e controlo de acesso, reforçar a cibersegurança para evitar ataques que comprometam o sistema, assegurar a inclusão de todos os perfis de utilizadores, incluindo pessoas com mobilidade reduzida ou limitações sensoriais, e definir regulamentação clara, interoperável e alinhada com a inovação tecnológica e os requisitos de segurança.
A convergência entre IA, IoT, Big Data, 5G e Digital Twins está a transformar os sistemas de evacuação, tornando-os mais adaptáveis, proativos e centrados nas pessoas. Estes sistemas inteligentes permitem detetar riscos em tempo real, orientar evacuações de forma dinâmica e integrar-se com serviços de emergência, respondendo de forma mais eficaz a cenários complexos.
Mais do que uma inovação tecnológica, estas soluções representam uma necessidade crescente num contexto urbano em constante mudança. A sua adoção reforça a resiliência das cidades, protege vidas humanas e contribui para uma gestão mais eficiente e sustentável dos edifícios.

Pedro Lima
O papel da automação e robótica no setor da segurança
ENTREVISTA
LUÍS PIRES & MARGARIDA MURTA
A automação e robótica têm um papel cada vez mais proeminente em diversos setores da sociedade, destacando-se a indústria, a medicina e a inovação, no entanto, as tecnologias emergentes têm igualmente vindo a ser implementadas de forma gradual em áreas críticas, tais como a segurança contra incêndios em edifícios, a segurança eletrónica, a segurança e saúde no trabalho e a segurança no transporte de mercadorias perigosas.
Para compreender melhor a forma como a automação e robótica poderão ser implementadas nos diversos setores da segurança, entrevistámos o Prof. Pedro Lima, Professor Catedrático no Instituto Superior Técnico e Presidente do Institute for Systems and Robotics.

A automação e robótica têm, há décadas, um papel essencial em diversos setores, salientando-se a indústria, podendo, no entanto, ser aplicáveis a muitas outras áreas profissionais e da sociedade. Na sua opinião, atualmente, qual é a importância da automação e robótica na sociedade portuguesa, considerando as suas possíveis aplicações para os diversos setores profissionais e da administração pública?
A robótica tem um enorme potencial na sociedade portuguesa, dada a existência de um conhecimento avançado sobre o tema nos meios académicos e em algumas empresas, incluindo peritos de excelência internacional. Infelizmente, a transferência desta tecnologia para o mercado nem sempre tem sido conseguida, seja por falta de comunicação entre utilizadores finais (que muitas vezes compram feito no estrangeiro) e a academia e unidades de investigação, seja pela pequena dimensão da maioria das empresas do setor. Ainda assim, há áreas de sucesso, como as relativas a veículos aéreos autónomos (ou drones) e sistemas de automação diversos. É importante melhorar rapidamente este

panorama. As condições de partida existem e as oportunidades são cada vez maiores para que Portugal seja um nicho na área de desenvolvimento de robótica e automação, nomeadamente na robótica de serviços, que engloba robôs em hospitais, domésticos, em supermercados e centros comerciais, busca e salvamento, etc.
Nos últimos anos, tem-se verificado uma evolução significativa nos equipamentos e sistemas utilizados na segurança contra incêndio em edifícios, com a implementação de novas tecnologias, tais como a IA e o IoT. De que forma podem a automação e robótica ser aplicadas na deteção, prevenção e combate a incêndios (urbanos, industriais ou florestais) e evacuação?
A verificação remota já é uma realidade para alguns sistemas de segurança contra incêndios, poderá a manutenção autónoma através da robótica ser uma solução para o futuro?
Os robôs são normalmente veículos móveis com uma ou mais missões. Nesse sentido, desenvolvimentos na tecnologia de navegação que se têm vindo a registar nas últimas décadas permitem

Prof. Pedro Lima é formado em Engenharia
Eletrotécnica e de Computadores, pelo Instituto
Superior Técnico, e doutorado em Engenharia
Eletrotécnica, pelo Rensselaer
Polytechnic Institute (EUA), é Professor Catedrático no Instituto Superior Técnico e investigador e Presidente no Institute for Systems and Robotics, onde coordena o
Intelligent Robots and Systems Group (IRSg). O Institute for Systems and Robotics (ISR, Lisboa) é um instituto de investigação, desenvolvimento e inovação, associado ao Instituto Superior Técnico, e a maior unidade de investigação em Portugal dedicada à investigação de robótica, sistemas e processamento de informação.
aos robôs conhecer melhor a sua localização e mover-se entre localizações em espaços interiores e exteriores. Outros desenvolvimentos tecnológicos importantes dizem respeito, neste caso, à missão: por exemplo, melhores câmaras, incluindo de infravermelhos, facilitam a deteção de fogos. A junção destes desenvolvimentos permite hoje demonstrar soluções em que equipas de drones autónomos cobrem uma área mais vasta, e de forma dinâmica, do que seria possível com uma solução baseada apenas em IoT com sensores estáticos. A evacuação e manutenção são missões mais complicadas, porque requerem provavelmente o uso de robôs todo-o-terreno, no chão, onde a locomoção é mais complicada. Também aí os desenvolvimentos em termos de robôs quadrúpedes e com lagartas são promissores. Mas a capacidade de manipulação destes robôs ainda é limitada, ainda que o tema da manipulação móvel esteja neste momento a ser abordado com grande intensidade.
A segurança eletrónica, tais como os sistemas de alarme, de videovigilância, de controlo de acesso, entre outros, é uma área na qual igualmente se verifica um progresso constante, no que diz respeito ao desenvolvimento de novas soluções com implementação de tecnologias cada vez mais evoluídas. Na sua opinião, quais os avanços mais relevantes na área da videovigilância robótica, nomeadamente na utilização de robôs e drones autónomos? Como vê o equilíbrio entre automação da videovigilância e a salvaguarda da privacidade?
Em parte, já respondi a esta pergunta na questão anterior. No que toca à videovigilância de pessoas e a salvaguarda da privacidade, há que ser muito cuidadoso. Em geral, os robôs podem amplificar alguns receios de privacidade que conhecemos da interação com as redes sociais, por exemplo. Um robô que vigie a nossa casa, interaja connosco e se adapte às nossas preferências “sabe” muito mais de nós (incluindo informação multimédia) do que qualquer rede social onde tenhamos atividade. Da mesma forma, robôs e redes de câmaras que vigiem espaços urbanos podem ter a boa intenção de aumentar a segurança, mas mecanismos
para impedir a sua utilização fraudulenta e violadora da privacidade devem ser colocados em prática. Estas questões de limitações éticas da tecnologia, sobretudo na União Europeia, têm sido muito criticadas por serem limitadoras do progresso tecnológico, comparativamente com a maior liberdade de utilização noutros países, como a China ou EUA. Pessoalmente, embora compreendendo também esta preocupação, penso que o cuidado com a privacidade é uma marca europeia que devemos preservar.
Com a crescente digitalização e interligação dos sistemas de segurança, considera que a cibersegurança se afirmará como um dos principais desafios no domínio da robótica aplicada à segurança? Que medidas podem ser adotadas para proteger sistemas autónomos contra-ataques cibernéticos?
Não é fácil dizer com absoluta confiança quais serão os maiores desafios da robótica aplicada à segurança, mas seguramente a cibersegurança é uma boa candidata. A possibilidade de ciber-atacantes poderem introduzir-se no sistema informático do robô e comandá-lo remotamente para provocar vários tipos de disrupções é preocupante e terá que merecer a maior atenção dos fabricantes destes sistemas, de forma semelhante ao que acontece, por exemplo, com automóveis autónomos.
No âmbito da segurança e saúde no trabalho, os trabalhadores podem estar expostos a diversos perigos, mediante o contexto laboral, tendo a automação e robótica, essencialmente no setor da indústria, vindo a contribuir para a evolução deste setor. De que forma considera que estas ferramentas podem ser uma solução para outros ambientes laborais e de que forma podem ainda evoluir no setor industrial para a melhoria das condições de trabalho?
Na robótica industrial, as soluções consistindo em robôs que levam em
conta a presença de humanos, incluindo controlo de força ou evitar obstáculos, têm vindo a generalizar-se, até pela necessidade de evitar que os robôs tenham de continuar a ocupar gaiolas de grandes dimensões e/ou deslocar-se em corredores privativos.
Na robótica de serviços, na maioria das aplicações a interação humano/robô é um dos desafios mais aliciantes da investigação e desenvolvimento modernos. Isto inclui não só a interação o mais natural possível, como também o evitar de movimentos que ponham em risco o utilizador humano.
O transporte de mercadorias perigosas é um setor com padrões de segurança elevados, estabelecidos e implementados internacionalmente, considerando os diversos meios de transporte, nomeadamente o rodoviário, o ferroviário, o aéreo e o marítimo. Em Portugal existem sistemas autónomos de controlo para transporte de determinadas mercadorias perigosas, como as consideradas de alto risco (explosivos, gases sob pressão, produtos inflamáveis e tóxicos)? De entre os meios de transporte mencionados, qual ou quais considera que estão mais evoluídos e qual a perspetiva para o futuro?
Não tenho conhecimento da existência em Portugal de sistemas autónomos de transporte em geral, e em particular, por ser mais delicado, de sistemas autónomos de transporte de mercadorias perigosas. Diria que os meios de transporte mais evoluídos nessa área serão os camiões autónomos, que algumas empresas noutros países já desenvolvem com elevado grau de funcionalidade. Os meios ferroviário, aéreo e marítimo têm também trabalho em desenvolvimento, mas possivelmente menos avançado e fiável (não considerando os comboios de passageiros autónomos para pequenas distâncias, que já vão sendo vulgares).
A integração de soluções robóticas em contextos de segurança depende frequentemente da sua compatibilidade com sistemas pré-existentes. Quais são, na sua opinião, os principais desafios no que respeita à compatibilidade e integração entre diferentes dispositivos e plataformas autónomas, bem como à harmonização
normativa que permita o seu funcionamento conjunto de forma eficiente e segura?
A robótica em geral, e em particular a de serviços, sofre ainda de alguma falta de estandardização, que complica a sua integração fácil com diferentes dispositivos. Isto inclui não só o hardware mas também o software, já que não existem sistemas operativos standard para robôs (havendo alguns candidatos, como o Robot Operating System/ROS), mas ainda menos abordagens universalmente aceites para modularização e transferibilidade de software. A indústria e a academia europeia estão envolvidas em projetos que visam a disponibilização de módulos transferíveis entre aplicações e plataformas, tais como os projetos Horizon Europe AIonDeman e euROBIN (estando o ISR–Lisboa e eu próprio envolvidos neste último—a rede de execelência de IA e Robótica europeia).
A introdução de soluções robóticas e automatizadas implica inevitavelmente a requalificação dos profissionais da área da segurança. Que competências considera essenciais desenvolver e que perfis profissionais serão mais valorizados num contexto cada vez mais tecnológico?
Será importante que os profissionais da área da segurança desenvolvam competências digitais em geral, nomeadamente facilidade em interagir com computadores e outros dispositivos digitais e a capacidade de compreender a forma como os dispositivos robóticos funcionam por forma a melhor conhecer as suas capacidades e identificar os seus pontos menos fortes. Cada vez mais a capacidade de compreender como é que se visualiza a informação de vários sensores proporcionada por um dispositivo robótico e como é que se compreende essa informação é importante para rápida e efetiva a ação do profissional que lida com o dispositivo ou com o sistema robótico de segurança. Também a operação remota de robôs tem vários níveis de autonomia com os quais é importante os operadores profissionais se familiarizarem.
Sendo a sustentabilidade um eixo transversal a todas as áreas de desenvolvimento, como avalia o impacto ambiental associado ao ciclo de vida das soluções robóticas na área da segurança—desde a produção e utilização até ao fim de vida? Que boas práticas recomenda para garantir uma abordagem mais ecológica e responsável?
A sustentabilidade é de facto transversal a todas as áreas de desenvolvimento e a robótica não é uma exceção. Importa por um lado que os materiais utilizados nos dispositivos robóticos sejam, tanto quanto possível, amigos do ambiente, reciclados e recicláveis. Por outro lado, em tempos de grande fulgor da inteligência artificial e sobretudo da aprendizagem automática, a disponibilidade de energia a bordo dos robôs móveis autónomos ou mesmo tele-operados sem fornecimento direto de energia, é crítica, uma vez que as necessidades computacionais da aprendizagem automática são elevadas, levando a grandes consumos energéticos e reduzindo a autonomia energética dos robôs. Por esse motivo a utilização de abordagens que, por exemplo partam da existência de modelos matemáticos e não só da completa aprendizagem desde zero de soluções que por vezes até já são conhecidas e eficazes, é um bom princípio para reduzir as necessidades computacionais e consequentemente as necessidades energéticas.
INFORMAÇÃO TÉCNICA
As implicações da automação e robótica para a segurança e saúde no trabalho
A Quarta Revolução Industrial, Indústria 4.0, caracterizada pela integração de tecnologias digitais, inteligência artificial (IA) e robótica avançada e automação, está a remodelar os ambientes laborais em setores como a indústria, logística, saúde e serviços. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2023), estima-se que até 2030 cerca de 30% das tarefas manuais repetitivas poderão ser automatizadas globalmente.
Emília Telo
Coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, Autoridade para as Condições do Trabalho
Embora a automação tenha potencial para reduzir a exposição dos trabalhadores a riscos físicos, como ambientes perigosos ou tarefas repetitivas, também emergem novos desafios relacionados com a ergonomia, a interação homem-máquina e os fatores psicossociais.
Os principais benefícios associados à implementação de sistemas de automação e robótica podem ser considerados os seguintes:
— Redução de acidentes físicos: Robôs industriais e colaborativos (cobots) podem assumir tarefas de alto risco, como esforços físicos, manipulação de químicos, corte de materiais ou trabalhos em altura;
— Melhoria ergonómica: Sistemas automatizados reduzem esforços repetitivos e posturas forçadas, prevenindo lesões musculoesqueléticas;
— Aumento da precisão e eficiência: Automação diminui erros humanos, contribuindo para ambientes mais controlados.
Assim, os principais riscos emergentes com impacto na Segurança e Saúde no Trabalho (SST) podem ser considerados os seguintes:
Riscos físicos e biomecânicos
— Movimentos não previstos por robôs colaborativos podem causar colisões, por exemplo por falhas nos sensores de segurança;
— Operadores expostos a posturas estáticas prolongadas devido ao controlo remoto de sistemas.
Riscos psicossociais
— Stress e ansiedade: Medo da substituição por máquinas ou insegurança laboral. E ansiedade pela necessidade de novas competências;
— Sobrecarga cognitiva: Necessidade de monitorização constante de sistemas complexos;
— Isolamento social: Redução da interação humana em ambien-





FIG. 1 Oportunidades e riscos identificados na implementação da automação num posto de trabalho.
tes automatizados. Redução do convívio humano, com impacto na saúde mental.
Falhas técnicas e cibersegurança
— Vulnerabilidades em sistemas robotizados podem causar falhas operacionais graves;
— Ataques cibernéticos podem comprometer a segurança física dos trabalhadores. Sistemas interligados podem ser alvo de ataques ou falhas, causando riscos diretos aos trabalhadores.
Dados baseados na literatura (Fig. 1):
— A automação das tarefas físicas ajuda os trabalhadores a evitar lesões por esforço prolongado,
retirando-os de ambientes de trabalho perigosos, reduzindo a sua carga de trabalho, eliminando a exposição a substâncias perigosas e evitando acidentes;
— Outras oportunidades da robótica avançada incluem um fluxo de trabalho positivo, motivação e satisfação no trabalho, compromisso reforçado e melhoria de competências;
— Por outro lado, os riscos envolvem rejeição, desconfiança e a subutilização da tecnologia, incerteza quanto a alterações organizacionais, receio de perda de emprego, desqualificação, esgotamento emocional e irritabilidade em relação à conceção das tarefas.
A interação segura entre humanos e robôs requer design ergonómico, interfaces intuitivas e formação contínua. Normas como a ISO 10218 e a ISO/TS 15066 estabelecem requisitos para a segurança de robôs industriais e colaborativos.
Para além das normas Tipo A (normas básicas de segurança) e Tipo B (normas genéricas de segurança), que também se aplicam quando relevantes, existem atualmente três normas de segurança de máquinas (normas Tipo C) para sistemas robotizados, nomeadamente a ISO 10218-1 (que se refere ao próprio robô) e ISO 10218-2: Robôs e dispositivos robotizados—Requisitos de segurança para robôs industriais (que se refere ao sistema robótico, ou seja, ao sistema ou linha de trabalho ou de produção em que um robô é utilizado); e a ISO 13482: Robôs e dispositivos robóticos—Requisitos de segurança para robôs de cuidados pessoais (que se refere a robôs móveis de assistência, robôs de apoio ao movimento e robôs de transporte de pessoas).
Além disso, existe uma especificação técnica relevante a ser mencionada, bem como um relatório técnico: ISO/ TS 15066: Robôs e dispositivos robóticos—Robôs colaborativos; e ISO/TR 9241-810: Ergonomia da interação homem-sistema—Parte 810: Sistemas robotizados, inteligentes e autónomos.
Nota: Este sistema de trabalho pode, para além dos robôs, incluir outras máquinas, que por sua vez têm as suas próprias normas do Tipo C. Também relevante para um robô que faz parte de um sistema de produção integrado é a ISO 11161: Segurança de máquinas – sistemas integrados de fabrico.
A OiRA, a avaliação interativa em linha de riscos, proporciona um novo instrumento a nível da UE para as empresas avaliarem os riscos de segurança e saúde no trabalho relacionados com a automação de tarefas.
Esta ferramenta online orienta as empresas no desenvolvimento de planos de ação de prevenção, abordando os fatores de risco organizacionais e psicossociais. Também aborda os riscos relacionados com tarefas físicas e cognitivas, incluindo movimentos altamente repetitivos ou estáticos, imparcialidade dos dados e controlo de processos.
A ferramenta foi desenvolvida como um recurso prático da Campanha Eu-
ropeia Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis 2023–25 “ Trabalho seguro e saudável na era digital”.
Pode ser utilizada em conjunto com outras ferramentas OiRA específicas do setor e adaptada ao contexto nacional de qualquer país parceiro da OiRA.
Face às transformações introduzidas pela automação e robótica nos ambientes laborais, torna-se essencial considerar um conjunto de estratégias de prevenção e gestão, entre as quais se destacam:
— Avaliação de riscos contínua: Inclusão de riscos emergentes em planos de SST. Reavaliar continuamente os planos de SST. Necessidade de ferramentas abrangentes de avaliação dos riscos;
— Formação e capacitação: Formação adequada e melhoria das competências dos trabalhadores, operadores, engenheiros e técnicos. Capacitar trabalhadores para interação segura com tecnologia;
— Ergonomia e design inclusivo: Adaptação dos postos de trabalho à diversidade dos trabalhadores. Projetar postos adaptáveis e inclusivos;
— Protocolos de cibersegurança: Proteção de sistemas automatizados contra falhas e ameaças externas. Garantir segurança digital forte e supervisão automatizada;
— Monitorização psicossocial: Programas de apoio para reduzir stress e ansiedade relacionados com a automação. Monitorização ativa da saúde mental;
— Seleção cuidadosa das tarefas a automatizar;
— Informação, comunicação e transparência;
— Envolvimento dos trabalhadores para uma introdução bem-sucedida da tecnologia.
A EU-OSHA desenvolveu 16 estudos de caso para investigar a implementação prática da automação de tarefas físicas e cognitivas, centrando-se no impacto
na SST. A seguir, apresentam-se os estudos de caso:
— Robô colaborativo que levanta peças num fornecedor automóvel e industrial (ID1)
— Automatização cognitiva e física na linha de produção de uma serração (ID2);
— Sistema baseado em inteligência artificial para inspeção de produtos durante o fabrico (ID3);
— Robôs multieixos para automatização da montagem e veículos guiados autónomos na produção (ID4);
— Robô colaborativo que automatiza a costura de sacos na indústria de fornecedores de automóveis (ID5);
— Automatização de veículos baseada em inteligência artificial instalada em escavadoras para automatizar a abertura de valas (ID6);
— Sistema robótico para a paletização e a despaletização de produtos (ID7);
— Um sistema baseado em inteligência artificial para o reconhecimento visual de partículas perigosas em amostras de ar (ID8);
— Software de inteligência artificial que apoia os médicos nas tarefas de diagnóstico por colonoscopia (ID9);
— Sistemas robóticos avançados para inspeção e manutenção de infraestruturas de gás e petróleo (ID10);
— Um robô que automatiza a limpeza do estrume animal para manter as condições de higiene (ID11);
— Automatização inteligente para reduzir o trabalho fisicamente exigente no fabrico de produtos em aço (ID12);
— A robótica avançada no fabrico de produtos plásticos moldados por injeção e extrudidos reduz as tarefas fisicamente exigentes (ID13);
— Software baseado em IA para aumentar a rapidez, a escala e o

impacto da verificação de factos (ID14);
— Medidas de controlo da qualidade de materiais baseadas em IA (ID15);
— Drones que inspecionam os locais de trabalho dos operadores de infraestruturas de gás (ID16).
Deste modo, pode-se afirmar que a automação e a robótica representam uma oportunidade significativa para aumentar a segurança no trabalho, ao reduzir a exposição a riscos físicos e repetitivos. Contudo, os riscos emergentes, especialmente psicossociais e relacionados com a interação humano-máquina, exigem uma abordagem preventiva integrada, apoiada por regulamentações claras, formação contínua e vigilância tecnológica. Investir em práticas seguras e inclusivas permitirá que a transformação digital dos ambientes laborais seja também uma oportunidade de promoção da saúde e bem-estar dos trabalhadores.
REFERÊNCIAS
— Antoska-Knights, V., Stankovski, M., Nusev, S., Temeljkovski, D., & Petrovska, O. (2015). Robots for safety and health work. In International Conference for Regional Collaboration, Ohrid. http://eprints.uklo.edu.mk/2083/
— EU-OSHA–European Agency for Safety and Health at Work, Advanced robotics, artificial intelligence and the automation of tasks: definitions, uses, policies and strategies and occupational safety and health, 2022a. Available at: https://osha.europa. eu/en/publications/advanced-roboticsartificial-intelligence-and-automation-tasks-definitions-uses-policies-and-strategies-andoccupational-safety-and-health
— EU-OSHA–European Union Agency for Safety and Health at Work, Advanced robotics and automation: implications for occupational safety and health, 2022b. Available at: https://osha.europa.eu/sites/default/files/2022-06/Advanced_robotics_automation_implications.pdf
— EU-OSHA – European Union Agency for Safety and Health at Work, Advanced robotic automation: comparative case study report, 2023. Available at: https://osha.europa.eu/en/publications/ summary-advanced-roboticautomation-comparative-case-study-reports
— EU-OSHA – European Union Agency for Safety and Health at Work, Cognitive automation: implications for occupational safety and health, 2022c. Available at: https://osha.europa.eu/en/publications/ summarycognitive-automation-implications-occupational-safety-and-health-0
— International Labour Organization (ILO). (2023). The future of work in a digital era
— ISO. (2016). ISO/TS 15066: Robots and robotic devices—Collaborative robots.
— ISO. (2021). ISO 10218-1: Robots and robotic devices—Safety requirements for industrial robots — Part 1: Robots
— World Health Organization (WHO). (2022). Mental health in the workplace: Emerging risks in digitalized environments.
FIG. 2
Imagem ilustrativa de alguns estudos de caso enumerados.

Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas em áreas com risco de explosão
Eduardo Moreira
OBO Betterman Portugal

Todos os anos, explosões colocam em risco pessoas e sistemas em todo o mundo, como tal, qualquer empresa que fabrique, processe ou armazene substâncias combustíveis está sujeita ao risco de explosão.
As áreas com risco de explosão (áreas Ex) são todos os espaços e áreas em que gases, vapores, névoas ou poeiras que formam misturas explosivas com o ar podem acumular-se em quantidades perigosas. A proteção contra explosões serve para prevenir danos em produtos técnicos, instalações e outros equipamentos. O operador da instalação é responsável pela disponibilidade adequada da instalação.
Devem existir simultaneamente três fatores para que ocorra uma explosão:
• Substância combustível
• Oxigénio
• Fonte de ignição de acordo com a norma EN 1127-1: Atmosferas explo-
sivas—Prevenção e proteção contra explosões/Normas Técnicas de Segurança Operacional (TRBS) 2153/Normas Técnicas para Substâncias Perigosas (TRGS) 727: eletricidade estática, ondas eletromagnéticas ou raios.
A norma EN 1127-1 estabelece que, quando um raio atinge uma atmosfera com risco de explosão, esta é sempre inflamada. O forte aquecimento das vias de descarga do raio também pode provocar uma ignição.
A partir do local do impacto do raio, correm fortes correntes que podem provocar faíscas nas proximidades do local do impacto. Mesmo sem impacto direto do raio, as tensões induzidas podem causar danos a equipamentos elétricos, sistemas e componentes para técnica de medição, comando e
Diagrama explosão
GRAU DE PERIGO
Zona 0, Zona 20: formação constante ou frequente de atmosferas explosivas
Zona 1, Zona 21: formação ocasional de atmosferas explosivas
Zona 2, Zona 22: normalmente sem formação ou com formação breve de atmosferas explosivas
TABELA 1 Intervalos de ocorrência de atmosferas explosivas.
ZONA EX DESCRIÇÃO
INTERVALO DE OCORRÊNCIA DAS MISTURAS (ANUAL)
Mais elevado do que na Zona 1, > 1.000 vezes
≥ 10 vezes, < 1.000 vezes
≥ 1 vez, < 10 vezes
INTERVALO DE OCORRÊNCIA DAS MISTURAS (DIFERENCIADO)
TEMPO DE PERMANÊNCIA DAS MISTURAS
Mais elevado do que na Zona 1, > 3 vezes/dia Mais longo do que na Zona 1
≥ 1 vez/mês, < 3 vezes/dia Mais de 0,5 h, menos de 10 h
≥ 1 vez/ano, < 1 vez/mês < 1 vez/mês menos de 0,5 h
Zona 0 Na zona 0, durante o funcionamento normal, forma-se constantemente, durante longos períodos de tempo ou com frequência, uma atmosfera explosiva perigosa, constituída por uma mistura de ar e gases, vapores ou névoas inflamáveis.
Zona 1 Na zona 1, durante o funcionamento normal, forma-se ocasionalmente uma atmosfera constituída por uma mistura de ar e gases, vapores ou névoas inflamáveis.
Zona 2 Na Zona 2, durante o funcionamento normal, normalmente não se forma ou apenas se forma por curtos períodos uma atmosfera explosiva como mistura de ar e gases, vapores ou névoas inflamáveis.
Zona 20 Na zona 20, durante o funcionamento normal, forma-se constantemente, durante longos períodos de tempo ou com frequência, uma atmosfera explosiva perigosa sob a forma de uma nuvem de poeira inflamável contida no ar.
Zona 21 Na zona 21, durante o funcionamento normal, forma-se ocasionalmente uma atmosfera explosiva perigosa sob a forma de uma nuvem de poeira inflamável contida no ar.
Zona 22 Na zona 22, durante o funcionamento normal, normalmente não se forma ou forma-se apenas por um curto período de tempo uma atmosfera explosiva perigosa na forma de uma nuvem de poeira inflamável contida no ar.
TABELA 2 Definição de zonas Ex.
regulação (MCR) e, no pior dos casos, provocar uma explosão.
Os três princípios básicos da proteção contra explosões são:
• Evitar atmosferas explosivas;
• Evitar qualquer fonte de ignição eficaz possível;
• Limitar os possíveis efeitos da explosão a um nível aceitável.
As medidas de proteção contra raios devem ser executadas de forma a não causar efeitos de fusão e pulverização. Num sistema de proteção contra raios, instalado de acordo com a norma IEC/ EN 62305-3, a criação de faíscas inflamáveis, bem como efeitos perturbadores ou prejudiciais nas instalações elétricas devido ao impacto de raios, não precisa ser evitada em todos os casos.
Por esse motivo, ao planear e executar um sistema de proteção contra raios em áreas potencialmente explosivas, zonas Ex, é necessário ter em consideração as seguintes normas adicionais:
IEC/EN 62305–3—Anexo D
“Informações adicionais para sistemas de proteção contra raios para
estruturas em áreas potencialmente explosivas”;
VDE 0185–305–3—Suplemento 2
“Informações adicionais para estruturas de edifícios especiais”.
As partes do edifício onde se encontram tanques para armazenamento de líquidos inflamáveis com um ponto de inflamação ≤55°C e um volume superior a 3.000 l devem ser protegidas contra riscos de ignição por raios através de dispositivos adequados. Isto aplica-se igualmente a tanques acima do solo ao ar livre e tanques subterrâneos com líquidos inflamáveis com um ponto de inflamação ≤55°C, que não estejam rodeados por terra, alvenaria, betão ou vários destes materiais em todos os lados.
As áreas com risco de explosão são divididas em 3 zonas, de acordo com a duração e frequência da ocorrência de atmosferas com risco de explosão.
Numa subdivisão adicional das áreas com risco de explosão, é feita uma distinção entre gases inflamáveis e poeiras inflamáveis.
Na União Europeia, as condições prévias para uma normalização completa foram criadas nas diretivas 2014/34/ UE para fabricantes e 99/92/CE para operadores. A diretiva 2014/34/UE (ATEX) para fabricantes regula os requisitos para a estrutura de dispositivos e sistemas de proteção contra explosões, prescrevendo requisitos básicos de saúde e segurança. Os sistemas em áreas potencialmente explosivas requerem ligação equipotencial de acordo com a norma IEC 60079–14. Todos os corpos das peças eletricamente condutoras devem ser ligados ao sistema de ligação equipotencial. As ligações equipotenciais devem estar protegidas contra o auto afrouxamento de acordo com a norma IEC 60079–14 e as Regras Técnicas para Segurança Operacional (TRBS) 2152 Parte 3. A ligação equipotencial deve ser permanentemente eficaz! Os requisitos para a inspeção e manutenção de instalações elétricas em áreas classificadas estão descritos na norma IEC 60079–17. Além disso, é regulada a proteção de funcionários
e terceiros contra riscos, estabelecendo requisitos adequados para os operadores. Entre outras coisas, é especificado que a construção e operação da instalação, o equipamento e os materiais devem estar em conformidade com o estado atual da técnica.
As áreas de aplicação podem incluir:
• Indústria química;
• Oficinas de pintura;
• Indústria de petróleo e gás;
• Instalações de tanques e armazenamento;
• Instalações de regulação e medição da pressão do gás;
• Tanques de armazenamento de gás liquefeito.
O barramento equipotencial para áreas potencialmente explosivas é utilizado para a proteção contra descargas atmosféricas através de equipotencialização, de acordo com a norma IEC 62305-3, e para a proteção funcional através da equipotencialização, de acordo com a norma IEC 60364-5-54. A construção do barramento incorpora medidas para evitar desapertos que eventualmente originaria faíscas perigosas.
Os elementos de separação elétrica em zonas potencialmente explosivas devem ser protegidos com explosores de equipotencial. Estes devem ter uma tensão de resposta de 50% da tensão de ensaio AC dos elementos isolantes, embora com um máximo de 2,5 kV.
Os explosores com certificação ATEX isolam as peças do sistema contracorrentes de corrosão, cumprindo os requisitos para a ligação de correntes de raios em zonas potencialmente explosivas, de acordo com a norma IEC/ EN 62561-3. Para evitar a formação de arcos elétricos entre peças isolantes em áreas Ex, é necessário o uso de explosores com certificação Ex.
Desde que a braçadeira EX seja testada de acordo com a norma IEC 62561-1 para assegurar a ausência de faíscas na ligação à terra em atmosferas explosivas. Esse teste é feito no grupo de explosão mais exigente IIC com uma mistura de gases explosivos.




1. Barra de compensação de potencial para zonas 1/21 e 2/22.
2. Explosor EX com cabos de ligação.
3. Explosor EX.
4. Condutor isolado.
5. Exemplo de montagem de explosor entre flanges de tubos metálicos.

Pode assim, ser utilizada em todos os grupos de explosão, incluindo os grupos de explosão IIB e IIA.
Todos os condutores ativos introduzidos externamente da tecnologia de energia, informação e MCR devem ser incluídos na compensação de potencial com descarregadores de corrente de raios do tipo 1 ou D1.
Os descarregadores devem cumprir os requisitos de teste para sistemas de segurança intrínseca conforme diretiva ATEX 2014/34/UE.
A derivação com cabo isolado ensaiado pela norma IEC 62561–8 para garantia de distâncias de segurança, impede a descarga direta entre a derivação e o objeto a ser protegido. Assim, é possível uma instalação direta sobre estruturas metálicas e elétricas.
A derivação isolada de para-raios em zonas Ex deve ser certificada de acordo com a diretiva ATEX. Nas zonas Ex 1 e 21, a derivação isolada deve ser conectada à ligação equipotencial a intervalos regulares (0,5 metros) após a primeira ligação equipotencial, utilizando abraçadeiras metálicos para cabos isolados. Existem sistemas de captação e derivação adequados para cada aplicação.
Em áreas com risco de explosão, recomenda-se a utilização de sistemas de ligação à terra do tipo B, de acordo com a norma IEC/EN 62305–3. Nesta aplicação específica, a resistência de terra deve ser a mais baixa possível e não deve atingir 10 ohms.

Sempre no lado seguro.
Manutenção dos compartimentos corta-fogo
Selagens e envolturas
Proteção das vias de evacuação e salvamento
Condutas de proteção antifogo e sistemas de suporte
Garantir o fornecimento de energia de emergência
Sistemas de manutenção de funções
Proteção antifogo com sistema OBO
A base da nossa competência abrangente, na proteção contra incêndios, é uma gama de produtos única e extensa.
Isto faz com que sejamos um dos poucos fornecedores com uma gama que abrange os três objetivos de proteção contra incêndios na construção.
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INFORMAÇÃO TÉCNICA
Sistemas inteligentes na fiscalização da segurança privada: desafios, potencialidades e implicações ético-legais. Uma perspetiva futura.
Bruno Torres
Subintendente da PSP
Este artigo propõe uma reflexão crítica e académica, sustentada em princípios jurídicos, técnicos e éticos, sobre a integração de sistemas inteligentes na fiscalização da segurança privada em Portugal, reconhecendo desde logo que se trata da opinião pessoal do autor, enquanto investigador académico e não vinculativa de qualquer entidade pública ou privada, incluindo a Polícia de Segurança Pública (PSP).
A segurança privada tem assumido um papel cada vez mais relevante na arquitetura da segurança interna em Portugal, enquanto uma atividade privada de fins comerciais, complementar, mas distinta da função policial do Estado. Embora não esteja expressamente prevista na Constituição, a sua interpretação deve ser feita à luz do artigo 272.º, que define a missão das forças de segurança e consagra o monopólio estatal da força, impondo o respeito pelos princípios da legalidade, da igualdade, da proporcionalidade e da necessidade.
Neste enquadramento, a atividade de segurança privada atua em domínios específicos que não envolvem o exercício de autoridade pública, sendo regulada pela Lei n.º 34/2013, de 16 de maio, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 46/2019, de 8 de julho. Esta legislação define de forma explícita que a referida atividade não substitui nem se confunde com as missões das forças de segurança. A sua importância estratégica é evidente na atuação em
locais privados e em espaços privados abertos ao público, funcionando como um complemento à segurança pública, mas sujeita a uma rigorosa regulamentação, licenciamento e fiscalização pela PSP, através do Departamento de Segurança Privada.
A nível europeu, a Diretiva (UE) 2018/958 estabelece que as restrições impostas ao setor da segurança privada devem ser justificadas, necessárias e proporcionais, estando fundamentadas no artigo 52.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. Esta perspetiva assegura um equilíbrio entre a liberdade económica e a proteção da ordem pública, condicionando eventuais alterações legislativas futuras. Neste contexto, a consolidação da segurança privada como um pilar complementar da segurança pública exige o reforço dos mecanismos de supervisão e a sua adaptação às exigências contemporâneas, particularmente no que respeita à incorporação de sistemas inteligentes que permitam aprimorar a eficiência, a transparência e a eficácia da fiscalização, garantindo um controlo rigoroso e em tempo real.
As plataformas de análise preditiva, baseadas em grandes volumes de dados, permitem antecipar riscos e apoiar decisões estratégicas assentes em padrões comportamentais. Tecnologias como a inteligência artificial, o machine learning, a Internet das Coisas (IoT) e o big data apresentam-se como ferramentas promissoras para reforçar a fiscalização. A automação da supervisão, ainda incipiente na segurança privada, poderá responder às exigências administrativas, elevando a qualidade, a transparência e a responsabilização. Contudo, a sua adoção vai além da dimensão técnica, impondo um debate ético e político sobre justiça, transparência e direitos humanos.
É certo que a automatização de decisões pode conduzir à desumanização, com algoritmos a operar sem uma supervisão crítica, o que pode gerar vieses, discriminação e falta de transparência. Poderão estes sistemas
replicar os preconceitos existentes nos dados, comprometendo a equidade e a imparcialidade essenciais à fiscalização pública, sendo certo que o uso intensivo de dados pessoais levanta preocupações quanto à privacidade e aos direitos fundamentais, exigindo o cumprimento rigoroso do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).
Politicamente, a adoção destas soluções exige um equilíbrio entre inovação e controlo social, podendo alterar a dinâmica de poder entre o Estado, os cidadãos e os fiscalizados. A integração dos sistemas inteligentes exige um enquadramento regulatório claro, que assegure a transparência algorítmica, a auditabilidade das decisões e a responsabilidade legal dos operadores. É esperado que a modernização da fiscalização da segurança privada respeite os valores democráticos, a justiça e os direitos individuais, garantindo uma supervisão eficiente, legítima e ética. É certo que o setor da segurança tem sido transformado por tecnologias que simulam funções cognitivas humanas, como a perceção, a aprendizagem e a decisão. A crescente complexidade dos desafios e a necessidade de uma fiscalização mais ágil justificam o recurso a soluções que ultrapassem as limitações dos modelos tradicionais, como a escassez de recursos, a morosidade e a deteção tardia de infrações. Nisto, ferramentas como os algoritmos de apoio à decisão, o reconhecimento facial, os sensores inteligentes, os drones e as plataformas preditivas têm uma aplicabilidade concreta no controlo do setor, podendo transformar o modelo atual, promovendo uma fiscalização preventiva, baseada em dados e menos dependente do trabalho manual.
A monitorização remota através de dashboards inteligentes poderá reforçar a eficácia e a transparência na fiscalização, permitindo detetar em tempo real ocorrências e desvios operacionais. A análise preditiva e a inteligência artificial otimizam recursos, mas exigem uma supervisão humana, uma transparência algorítmica e um
respeito pelos direitos fundamentais, conforme a Constituição, assegurando explicabilidade, auditabilidade e um controlo independente para prevenir abusos.
A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) desempenha um papel central na supervisão da utilização de dados pessoais, assegurando conformidade com o RGPD, que limita a tomada de decisões exclusivamente automatizadas sem uma intervenção humana significativa. O uso de tecnologias deve obedecer a critérios claros de finalidade, proporcionalidade e responsabilidade institucional, sendo necessária uma regulamentação específica para a inteligência artificial na fiscalização da segurança privada em Portugal.
As questões éticas associadas à delegação de competências fiscalizadoras a sistemas não-humanos requerem um debate público alargado e informado, com uma transparência normativa e garantias de responsabilidade. A legitimação social destas tecnologias depende da compreensão por parte dos cidadãos e da garantia de direitos como o contraditório e a defesa. Portanto, a adoção dos sistemas inteligentes na fiscalização da segurança privada é um imperativo técnico, ético, jurídico e político que deve respeitar os princípios do Estado de direito, assegurando que a inovação serve a justiça e não a substitui.
No aprofundamento das potencialidades e dos desafios, os sistemas inteligentes apresentam vantagens claras, como o aumento da eficiência, da rapidez e da objetividade da fiscalização, reduzindo o tempo de deteção e de reação a infrações e otimizando a alocação de recursos humanos para inspeções. A automatização diminui o erro humano e a subjetividade, promovendo uma maior consistência e imparcialidade nas decisões. Estes sistemas operam 24/7, assegurando uma cobertura permanente e a recolha automatizada de dados operacionais, gerando indicadores que sustentam decisões estratégicas e orientadas para
resultados. A rastreabilidade e a transparência são reforçadas, promovendo a responsabilidade institucional.
Todavia, é crucial reconhecer riscos como a tomada de decisões automatizadas sem uma supervisão adequada, a opacidade dos modelos algorítmicos — que prejudica a auditabilidade, a transparência e o direito à fundamentação.
No plano ético-jurídico, a utilização dos sistemas inteligentes deve respeitar os direitos fundamentais, especialmente o direito à privacidade, à proteção de dados e à não discriminação. O artigo 22º do RGPD proíbe decisões exclusivamente automatizadas com efeitos jurídicos relevantes sem um controlo humano efetivo, destacando a necessidade de supervisão e de capacidade de controlo em processos críticos. A Constituição Portuguesa reforça estes limites, garantindo os direitos de identidade pessoal, de reserva da intimidade da vida privada e de proteção de dados.
A inovação tecnológica, portanto, deve estar subordinada à legalidade democrática, servindo o interesse público e respeitando os princípios do Estado de direito, sem substituir o escrutínio institucional. A experiência internacional oferece importantes lições para o contexto português, onde o desafio reside em adaptar boas práticas ao quadro jurídico e institucional nacional, garantindo que os sistemas inteligentes sejam instrumentos de apoio à decisão, preservando o controlo humano e a legitimidade democrática.
A análise da evolução internacional destaca o modelo espanhol, onde a Guardia Civil desenvolveu mecanismos interoperáveis que cruzam dados entre empresas, clientes e entidades reguladoras, através do Sistema Integrado de Gestão Operativa, permitindo o registo
em tempo real de escalas, licenças e ocorrências. O sistema integra uma supervisão humana, assegurando que os alertas gerados por algoritmos sejam suporte à decisão e não substitutos da autoridade administrativa, centralizando dados para agilizar a fiscalização e melhorar a rastreabilidade.
No Reino Unido, a Security Industry Authority promove a digitalização dos processos de certificação e de monitorização, disponibilizando plataformas online para verificação pública das credenciais dos profissionais, reforçando a transparência e o acesso à informação. Fomenta ainda um conjunto de parcerias intersectoriais para avaliar os impactos éticos da inteligência artificial na segurança privada, promovendo a justiça algorítmica e assegurando que a regulação digital não comprometa direitos fundamentais, laborais e de proteção de dados. Esta cogovernação, envolvendo instituições públicas, empresas tecnológicas e o ensino superior, constitui um modelo de antecipação e de gestão dos riscos associados à automatização.
Para Portugal, a análise destes casos evidencia que a eficácia da fiscalização tecnológica depende não só da sofisticação das soluções, mas sobretudo da articulação com um quadro institucional robusto, transparente e orientado para os direitos fundamentais. A legislação nacional, através da Lei n.º 34/2013, obriga à comunicação eletrónica e prévia de elementos essenciais como escalas de serviço, alterações contratuais e registo de ocorrências, sustentando a fiscalização administrativa. O artigo 41.º exige ainda uma organização interna e registos atualizados, criando uma base para a transição para modelos digitais inteligentes. Contudo, o país ainda não dispõe de um sistema

plenamente automatizado baseado em inteligência artificial e monitorização em tempo real.
A transição para este novo paradigma exige uma clarificação legal dos dados a comunicar, formatos interoperáveis e um reforço das competências tecnológicas da PSP, em especial do Departamento de Segurança Privada, para uma análise avançada e uma supervisão adequada. É necessário regulamentar critérios técnicos e éticos, garantir a proporcionalidade, a legalidade e a transparência, bem como promover uma formação contínua, salvaguardas éticas e transparência algorítmica, com vista a um modelo híbrido que combine inovação com controlo humano.

institucional reforçada entre a PSP, a CNPD, os ministérios e as universidades é imprescindível para harmonizar normativas e operacionalizar a fiscalização inteligente, alinhando Portugal com padrões internacionais, como os da European AI Alliance.
A revisão legislativa deverá prever expressamente a utilização de sistemas automatizados, definindo limites e salvaguardas, e criar entidades consultivas independentes para acompanhamento e avaliação do uso tecnológico. A certificação tecnológica e a definição de critérios objetivos garantirão a fiabilidade, a equidade e a responsabilidade, tanto para o Estado como para os operadores privados.
A experiência internacional demonstra que a introdução de tecnologia deve ser complementar e não substitutiva, cabendo-nos desenvolver soluções adaptadas à nossa realidade, garantindo a proteção do interesse público num setor sensível.
O futuro da fiscalização inteligente passa pela consolidação das ferramentas digitais existentes, como o SIGESP, evoluindo para uma triagem automatizada, uma verificação de padrões de risco e uma análise preditiva. A interoperabilidade entre bases de dados é essencial para uma fiscalização célere, objetiva e eficaz, apoiada por alertas automáticos e interfaces digitais acessíveis a empresas e cidadãos, promovendo a transparência e a responsabilização.
O enquadramento ético e jurídico deve ser sólido, com uma proteção estrita de dados pessoais, uma supervisão humana nas decisões sancionatórias e canais claros para contestação e revisão, assegurando o contraditório e a defesa. No entanto, é fundamental que existam auditorias técnicas e éticas independentes para verificar a fiabilidade e a imparcialidade dos algoritmos.
A sustentabilidade deste novo paradigma requer uma qualificação técnica dos recursos humanos da PSP, capacitação em análise de dados, regulação tecnológica e ética digital, bem como o envolvimento das empresas na promoção de uma cultura de conformidade e responsabilidade. A articulação
Em síntese, a incorporação de sistemas inteligentes na fiscalização da segurança privada será um marco na modernização regulatória portuguesa, com potencial para ganhos expressivos em eficiência, rigor e transparência, especialmente numa atividade caracterizada por uma dispersão territorial e uma diversidade operacional. Os desafios ético-jurídicos relacionados com a transparência, os direitos fundamentais e a supervisão humana exigem uma abordagem cautelosa e integrada, com políticas públicas que conciliem tecnologia, ética e direito. A experiência comparada reforça a necessidade de um modelo que combine a inovação tecnológica com o controlo institucional democrático, evitando a substituição da justiça por algoritmos. A construção deste futuro depende de uma visão estratégica inclusiva e transparente, que ponha a inovação ao serviço do interesse público, promovendo um equilíbrio sustentável entre eficácia, equidade e direitos fundamentais.
NORMALIZAÇÃO
A NP EN 128453:2025 “Sistemas fixos de combate a incêndios—Sistemas automáticos de extinção por sprinklers Orientações para suporte antissísmico”
Cláudia
Dias
Coordenadora CT46/SC2/GT4
O grupo de trabalho CT46/SC2/GT4, Sistemas Fixos de Extinção por Água, integrado na Comissão Técnica (CT) 46 do IPQ (Instituto Português da Qualidade), tem desempenhado um papel essencial na adaptação das normas europeias ao contexto português ao longo dos anos.
Desde a sua primeira edição em 2004 que a norma EN 12845 tem sido a referência europeia tanto ao nível do projeto, como da instalação e manutenção dos sistemas fixos de extinção por sprinklers a nível nacional. A sua evolução tem acompanhado os avanços tecnológicos e as necessidades evolutivas da segurança. Esta nova parte 3 da norma, NP EN 12845–3:2025, foca-se
na proteção sísmica destes sistemas, uma área até agora pouco detalhada na normalização europeia e essencial na proteção das pessoas e dos bens num cenário deste tipo de catástrofe natural.
A NP EN 12845–3, assim, estabelece os requisitos para a proteção sísmica dos sistemas fixos de extinção por sprinklers. Esta norma aplica-se a edifícios localizados em zonas sísmicas, conforme definido na EN 1998–1 (Eurocódigo 8) e fornece orientações detalhadas para o dimensionamento (projeto) e instalação de suportes antissísmicos.
O trabalho dos membros do CT46/ SC2/GT4 foi determinante para garantir que esta norma responde às especificidades nacionais e que a sua aplicação irá contribuir para uma maior e uma proteção mais eficaz dos sistemas de sprinklers. A sua implementação exigirá um esforço conjunto de toda a cadeia de valor, desde projetistas, instaladores, clientes finais, entidades reguladoras, e também companhias de seguros, mas representa um passo essencial para a segurança integrada dos edifícios protegidos com estes sistemas.
A aplicação desta norma terá implicações diretas:
— No dimensionamento (projeto) tanto para sistemas novos como para revisão/remodelação de sistemas de sprinklers (devidamente projetados) já existentes em edifícios localizados em zonas sísmicas;
— Na instalação das proteções antissísmicas necessárias, quando aplicáveis, com a eventual formação específica de técnicos e engenheiros;
— Nas verificações periódicas aos sistemas já instalados.
Apesar de ser um tema que, para muitos profissionais, não será novidade, em especial quando outros requisitos internacionais eram aplicados, em termos de normalização europeia de sistemas de sprinklers este assunto estava incompleto. Estando Portugal, continental e ilhas, numa zona de atividade sísmica não negligenciável, é, como tal, essencial que esta norma esclareça os diversos parâmetros a seguir e seja implementada.

Capa da EN 12845–3:2025.
Com efeito, esta norma introduz uma série de requisitos específicos para instalações de sistemas de sprinklers localizados em zonas sísmicas definindo, entre outros critérios de dimensionamento:
— pontos de ancoragem em que será necessário restringir ao máximo o movimento deslizante
de equipamentos e sistemas, por exemplo as bombas de serviço de incêndio;
— suportes oscilantes (de diversos tipos) que permitam algum grau de movimento sem que toda a tubagem colapse com o abalo sísmico;
— entre outros.
A norma impõe limites rigorosos para o espaçamento entre suportes, com o objetivo de reduzir ao máximo o risco de colapso ou desunião das tubagens de sprinklers durante um abalo sísmico.
Desde a central de bombagem de incêndio (bombas de incêndio), passando pela coluna montante, coletores principais e troços de tubagem a norma estabelece os critérios a adotar, assim como, quais os elementos estruturais aos quais os respetivos suportes devem ser adequadamente fixados.
A adoção da NP EN 12845–3:2025 representa um avanço significativo na resiliência dos sistemas de sprinklers em contextos sísmicos e a sua implementação irá contribuir de forma eficaz para a segurança de pessoas e bens, assegurando que os sistemas de sprinklers permanecem operacionais incluindo em momentos mais críticos de sismicidade.
De referir que atualmente o grupo de trabalho CT46/SC2/GT4 está a avançar com a tradução da parte 2 da EN 12845 relativa aos sistemas de sprinklers ESFR e CMSA e que conta, no final dos trabalhos enviar o respetivo documento para publicação pelo IPQ.
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