As estrelas da guitarra saúdam Lanny Gordin

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As estrelas da guitarra saúdam Lanny Gordin Após décadas no ostracismo, lutando com problemas pessoais, o mitológico músico, que brilhou durante a Tropicália, confirma a sua recuperação com um álbum repleto de convidados ilustres

Comentar Enviar Imprimir CARLOS ALBUQUERQUE (EMAIL) Publicado:13/01/13 - 7h00

Heróis da guitarra: Luiz Carlini, Roberto Frejat, Gordin, Edgard Scandurra, Sérgio Dias e Pepeu Gomes Divulgação/Marcos Hermes

Durante muito tempo, Lanny Gordin foi considerado um deus da guitarra no Brasil, o músico fora de série, estrela da Tropicália, responsável por solos inesquecíveis em trabalhos com Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, que brilhou também em gravações com Tim Maia, Elis Regina, Jair Rodrigues, Luiz Melodia e Jards Macalé. Nascido em Xangai, na China, há 61 anos, de pai russo e mãe polonesa, criado em São Paulo, com um nome de sonoridade inglesa, ele parecia ter o mundo em suas mãos. Mas havia um bocado de distorção no ar também. E um dia, tudo explodiu. — Passei a acreditar que era uma divindade mesmo e um dia, não lembro quando, resolvi queimar as mãos num sacrifício para salvar o mundo — conta ele, por telefone. — Depois, quando tudo passou, vi que estava com um problema maior do que maginava. O relato do surto, tão arrepiante quanto os seus fraseados no instrumento, descreve um dos inúmeros momentos de escuridão vividos por Gordin, que passou boa parte dos anos 1970 e praticamente toda a década de 80 esquecido, fora de cena, desplugado da realidade, lutando contra os seus próprios fantasmas (a esquizofrenia, agravada pelo uso de LSD). A proverbial volta por cima aconteceu em 2007, quando, recuperado, ele lançou, enfim, seu primeiro disco solo, ironicamente chamado “Duos”. Os bons ventos seguem agora, com um novo álbum, “Lanny´s quartet”, já finalizado e com previsão de lançamento para abril, pelo selo independente Barraventoartes, com a participação de um time estelar de guitarristas — Pepeu Gomes, Sérgio Dias, Edgard Scandurra, Luiz Carlini e Roberto Frejat — todos eles fãs e seguidores do estilo Lanny Gordin de tocar. — Foi maravilhoso tocar com essa turma e encontrar todo mundo depois para tirar a foto de divulgação. Foram momentos mágicos, fenomenais. Fiquei muito feliz — diz ele. Diferentemente de “Duos”, um disco de vozes, que teve convidados como Caetano, Gil, Gal, Fernanda Takai, Max de Castro, Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata, “Lanny´s quartet” — referência ao grupo que o acompanha, formado por Fernando Moura (teclados), Ricardo Mosca (bateria) e Ronaldo Diamante (baixo) — é um trabalho totalmente instrumental. Com direção artística de Glauber Amaral, o disco traz faixas inéditas e novas versões para músicas como “London, London” (com Pepeu), “Eu preciso aprender a ser só” (com Sérgio Dias), “Pérola negra” e “Back in Bahia” (com Frejat e Carlini).


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