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Macaé (RJ), quinta-feira, 27 de outubro de 2016, Ano XLI, Nº 9160
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Banda Black Rio atrai atenções do público hoje O Movimento Black Rio 40 anos chega ao Teatro do Sesi Macaé, na noite desta quinta-feira (27) com show da Banda Black Rio Isis Maria Borges Gomes
Movimento Black Rio
isismaria@odebateon.com.br
S
obe aos palcos macaenses a Banda Black Rio, celebrando o Movimento Black Rio 40 anos. O show acontece nesta quinta-feira (27), no Teatro do Sesi Macaé, celebrando o 40º aniversário do importante movimento social, que teve seu auge no Rio de Janeiro dos anos 1970, em projeto que inclui exposição e publicação de livro inédito pela José Olympio Editora. Numa promoção do Sesi Cultural e Natura Musical, o espetáculo terá início às 20h, prometendo uma noite de muita beleza artística. Os ingressos custam os valores de R$ 34 (inteira) e R$ 17 (meia). A classificação etária é de 14 anos.
HISTÓRIA DE 40 ANOS
Nos idos dos anos 1960, surgia uma manifestação entre uma nova mocidade negra-mestiça carioca, em sua maioria moças e rapazes oriundos das áreas periféricas da cidade, que ficaria conhecida como Movimento Black Rio. Com patrocínio do Sesi Cultural e do Natura Musical, o projeto 1976 - Movimento Black Rio 40 anos - tem início em 2016 com uma série de atividades e produtos culturais, entre
os quais exposição, livro e shows. A circulação do projeto, sempre com shows da Banda Black Rio, exposição com fotos de Al-
Banda Black Rio Uma das mais importantes bandas brasileiras, nos anos 1970, a Banda Black Rio mostrou para o mundo que a fusão do jazz e do funk, combinados com o samba e gafieira, formava elementos necessários para fazer a diferença no mercado da música. Então, em 1977, a Banda Black Rio lança o primeiro disco “Maria Fumaça”, pela Warner Music. Em 1978, o grupo lança, pela gravadora RCA, o álbum “Gafieira Universal”, considerado um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos. O terceiro álbum, “Saci Pererê”, foi lançado em 1978 e relançado em 1980; a banda então ganha ainda mais força no mercado internacional. Após uma longa parada, a Banda Black Rio é retomada com uma nova formação. Em 2000 lança o CD “Movimento” e, em 2002, lança na Inglaterra o álbum “Rebirth”. Em 2011, Banda Black Rio retoma a trajetória e oferece ao público seu 6º álbum, chamado Super Nova Samba Funk. Um audacioso álbum que mantém as bases originais e moderniza-se com a inserção de vários outros elementos. O disco é produzido por William
Magalhães, filho de Oberdan Magalhães - líder da banda em sua primeira formação. William tem sido, por mais de uma década, a pessoa que acende a chama da banda. Nos anos 1970, quando a Banda Black Rio surgiu, tinha uma clara filosofia: ter o samba com funk e grooves nas bases, trazer encorpados arranjos de metais e misturar tudo, harmonicamente, com diferentes ritmos brasileiros. Desde então, o grupo tem sido uma grande referência para o mundo da música, onde artistas renomados como MosDef e a banda Incógnito gravaram suas músicas. Ao longo dos anos, banda teve várias formações e competentes músicos fizeram parte dessa história. Em 2011, BBR lançou “Super Nova Samba Funk”, pelo Selo Inglês FarOut Recordings, no Brasil. O álbum mostra que é mais do que um conceito musical, é a unificação da música negra numa variedade de ritmos desde jazz ao rap. É a união dos estilos, artistas e gerações. A gravação traz participações de importantes ícones da música black brasileira, como Gilberto Gil, Elza Soares e muitos outros.
mir Veiga e lançamento do livro 1976 - Movimento Black Rio 40 anos, inclui o Teatro SESI Centro (06/09), o Theatro Dom
Pedro, em Petrópolis (09/09), o Teatro SESI Jacarepaguá (16/09), o Teatro SESI Caxias (17/09), Teatro SESI Macaé
(27/10), Teatro SESI Campos (28/10), com encerramento da temporada no Teatro SESI Itaperuna (29/10).
O Movimento Black Rio teve início nos primeiros bailes de black soul, na época espalhados por bairros suburbanos. Suas lideranças buscavam, através de uma nova expressão de comportamento e de costumes, a afirmação do orgulho negro contra o preconceito racial e totalmente a favor da dança e da música como formas de libertação. Já em meados da década de 1970, o movimento chamava a atenção da imprensa como fenômeno de massa. Os bailes e seus DJs (na época conhecidos como discotecários) eram a molamestra do movimento. Eles alcançavam outros pontos da cidade e concentravam um público que ultrapassava a marca de mais de 10 mil pessoas em cada evento. Da mesma forma, o movimento influenciou toda uma geração de artistas que promoveria a mistura entre o samba e a MPB com elementos do soul norte-americano, marcando profundamente a música brasileira. No ano de 1976, o movimento chega ao auge, reconhecido em uma reportagem histórica de Lena Frias no Jornal do Brasil, com fotografias de Almir Veiga. O circuito de bailes e shows de artistas negros ganha repercussão nacional, influenciando mobilizações artísticas e sociais em diversas capitais. A série de shows da Banda Black Rio por várias unidades do Sesi Cultural em todo o Estado do Rio, entre setembro e outubro, inclui a exposição 1976 - Movimento Black Rio 40 anos e a publicação do livro, de autoria de Zé Octávio Sebadelhe e Felipe Gaoners Lima. Eles contam a história desses blacks ou browns (tratamento utilizado entre os frequentadores dos bailes de soul nos anos 1970), sua música, suas danças, suas gingas, suas roupas, seus cabelos, seus sorrisos e, mais do que tudo, a sua consciência e espírito de liberdade. Além das fotografias de Almir Veiga, convidamos Izolag, artista plástico que utiliza diferentes linguagens. O resultado você confere nesta exposição, que abre uma série de ações de valorização do Movimento Black Rio.