Caderno2 23 03 2016

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Macaé (RJ), quarta-feira, 23 de março de 2016, Ano XL, Nº 8973

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ

A emoção da via sacra em forma de cordel Espetáculo de autoria do cordelista paraibano Chico Pedrosa, conta a tradicional Via Sacra, por meio de cordel, marcando as celebrações da Semana Santa Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

A

emocionante vida de Jesus Cristo, que mudou a história da humanidade, é encenada em Macaé em forma de cordel. Assim, entra em cena nesta quarta-feira (23) o espetáculo de autoria do cordelista paraibano Chico Pedrosa, contando a tradicional Via Sacra, por meio de cordel, marcando as celebrações da Semana Santa. A promoção acontece em duas sessões gratuitas na Praça das Artes (entrada do Centro Macaé de Cultura): às 11h30 e 14h30, sendo brilhantemente apresentada pelo publicitário e ator, Helder Santana, também organizador do evento. Ele ressalta que a proposta é utilizar a literatura de cordel como a ferramenta de incentivo à leitura e representatividade da cultura popular. “A iniciativa não somente promove a cultura popular como envolverá o público presente na literatura de cordel. Com o cordel contamos histórias de pessoas comuns,

coisas do cotidiano que as pessoas se identificam e ensinam valores", afirma. E conclui: “o cordel é uma tradição nordestina de importância universal. Para o ator, é uma oportunidade de explorar um enorme universo de temas e emoções, além de manter viva nossa riqueza cultural.” LITERATURA DE CORDEL

Também conhecida no Brasil como folheto, literatura de cordel é um gênero literário popular escrito, frequentemente, na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos, sendo alguns ilustrados. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.

Chico Pedrosa Nascido no município de Guarabira, Paraíba, em 14 de março de 1936 (Dia da Poesia e de aniversário de Castro Alves), Francisco Pedrosa Galvão é poeta popular e declamador. Seu pai, Avelino Pedro Galvão, era cantador de coco e agricultor conhecido por Mestre Avelino; sua mãe, Ana Maria da Cruz, era dona-decasa e prima legítima do cantador Josué Alves da Cruz. Estudou na escola do sítio onde morava até o terceiro ano primário quando sofreu a injustiça de ser afastado pela professora, incidente relatado no poema "Revolta dum Estudante". Começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos sob a influência do ambiente que encontrava em casa.

Hélder Santana At o r e p u b l i c i tá r i o, Hélder Santana é nascido em Salvador (BA), mas criado e apaixonado por Macaé. É formado em dramaturgia e interpretação pela Escola de Artes Maria José Guedes (EMART), com passagem pela Duke Ellington School of the Arts (Washington

D.C), vencedor do prêmio de melhor curta metragem pela Associação Brasileira de Documentarista e Curtametragistas e do primeiro Festival Internacional de Cinema de Macaé (Macaé Cine). Há mais de 10 anos Hélder Santana se dedica à comunicação pública e governamen-

tal, além de produção de peças de teatro e audiovisual. Também produziu o último Macaé Cine. Admirador e pesquisador de cordel e poesia, Hélder vem há anos mantendo a tradição de falar o cordel Jesus no Xadrez para as mais diversas plateias, sempre em saraus públicos e gratuitos.

Junto com seu amigo e poeta Ismael Freire cantava e vendia seus folhetos nas feiras da região. Além de folheteiro foi camelô. Também trabalhou como representante de vendas durante muitos anos. É pai de dois filhos: Francisco Carlos Galvão e Flávio do Nascimento Galvão. Pedro Henrique, um de seus netos, já aos cinco anos começou a demonstrar tendência para a arte do avô. Morou em Feira de Santana por 32 anos. Chico Pedrosa tem três livros publicados (Pilão de Pedra I I e II, Raízes da Terra, Raízes do Chão Caboclo - Retalhos da Minha Vida) e vários cordéis escritos. Tem poemas e músicas gravadas por cantores e cantadores como

Téo Azevedo, Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Geraldo do Norte, Lirinha, dentre outros. Lançou três CDs, chamados "Sertão Caboclo", "Paisagem Sertaneja" e "No meu sertão é assim", registrando assim a sua poesia oral. Ele é cultuado hoje pela geração nova, como o pessoal do "Cordel do Fogo Encantado", que em seus shows declamam poemas desse "poeta matuto". Nos últimos anos, tem participado de diversos shows, apresentando sua poesia ao público nacional, em especial nas grandes capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife. O seu poema mais conhecido é "Briga na Procissão".


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