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Macaé (RJ), sábado, 21 de março de 2015, Ano XXXIX, Nº 8660
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Marilena Garcia:
Simplesmente uma linda mulher! Marilena Garcia completou 70 anos de vida bonita, na segunda-feira (15), mas festeja a data neste sábado (21) em sua casa da Ilha da Caieira Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
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e um lado, a mulher guerreira, idealista, brava defensora da justiça social, em especial dos Direitos das Mulheres, grande realizadora política. Do outro, uma linda mulher: pura emoção, vibrante e cheia de vida, com o coração batendo forte pelo amor e toda dedicada à família e amigos. Chama-se Marilena Garcia, a primeira mulher eleita para o Legislativo Macaense na década de 80, líder sindical durante a ditadura militar, ex-vice-prefeita do município, tendo cumprido quatro mandatos eletivos e somando 18 anos de vida pública.
A querida Marilena completou 70 anos de vida bonita na segunda-feira (15). A data é festejada neste sábado (21), em sua casa da Ilha da Caieira. A aniversariante deixa claro que não fez lista de convidados, já que vai comemorar com todos que fizeram parte dessa sua vida maravilhosa. Na verdade, Marilena está celebrando a vida com saúde, pois neste mês de março completa cinco anos de uma cirurgia bem sucedida do seu segundo câncer de mama. “Comemoro os meus 70 anos agradecendo e brindando à vida. Rompi e superei um modelo cultural familiar autoritário e conservador, criei sozinha os meus
filhos baseada em critérios éticos e amorosos, casei e descasei quantas vezes decidi. Fui sindicalista durante a ditadura militar, conquistei através de eleições quatro mandatos eletivos defendendo as bandeiras da esquerda feminista, mas conservando a minha feminilidade. Vivi e participei das transformações históricas de Macaé. Muitos dos meus amigos são os mesmos há décadas. Aprendi muito nas salas de aula com meus alunos e colegas. Superei dois cânceres de mama conservando meu otimismo. Paguei um preço por esse histórico. Às vezes alto. Assim é a vida. Sofri e me fortaleci em cada um desses momentos”, declara Marilena.
Marilena família
bem nascida e bem criada em Macaé, Marilena é filha de Carlos Tinoco Garcia, funcionário do Banco do Brasil, e Magda Garcia, comerciante e estilista. Seu avô, José Garcia, espírita kardecista, foi quem doou e construiu o Lar de Maria. Sua avó, Carolina Garcia, foi a primeira professora pública de Macaé. Marilena tem dois irmãos, Paulo César e Margareth. Ca-
sou-se aos 19 anos com Antônio Carlos Assis, mineiro, com quem teve três filhos: Guto, Mônica e Susana. E depois, veio a filha do coração Margarida. “Foram eles que me mostraram a luz quando o túnel da vida estava muito escuro”, disse. Marilena ganhou seis netos: Ana Carolina, Lucas, Luisa, Gabriela, Júlia e Sofia. “Eles são meus desafios, pois através do esforço que faço para conhecê-
los mais, tenho me redescoberto na minha amorosidade”, afirma ela ressaltando o seu genro, Herson Capri, em quem tem um amigo e companheiro de discussões políticas. Depois de divorciada, criou sozinha os seus filhos, que são as prioridades na sua vida. “Tive mais três companheiros e com todos vivi alegrias e problemas, como são as relações humanas no seu cotidiano”, conta ela. FOTOS: DIVULGAÇÃO
linda Marilena Garcia sempre
Marilena política a política foi e sempre será a sua grande paixão. Desde pequena saltava aos olhos de todos o seu desejo de colaborar nas mudanças para melhor. “O que me movia era o sonho, a paixão, a utopia. Durante a ditadura militar, como sindicalista, tínhamos a certeza de que transformaríamos o mundo. E realmente transformamos: a ditadura caiu. Sempre fui da ação”, lembrou Marilena. E grandes realizações marcaram a trajetória política de Marilena Garcia: a Campanha pelos Royalties do Petróleo, a Escola Técnica Federal, a criação do CETEP, as Casas das Mulheres Chefes de Família, a Câmara Juvenil, a criação do
Marilena com seus três filhos: médica e produtora teatral Susana, atriz Monica Martelli e professor e vereador Guto Garcia
Marilena guerreira
durante toda a sua vida, as questões que envolvem a mulher foram alvo de suas atenções e batalhas que enfrentou com bravura. “Nunca aceitei o papel do feminino que era imposto à minha geração. Quando assumi o primeiro mandato no Legislativo, em
1982, transformei as minhas inquietações em ações. Daí a criação dos Conselhos (da Mulher e o de Combate à Violência), da Delegacia de Mulheres, das Casas de Mulheres Chefes de Família, as Mulheres da Paz, dentre outras”, lembra Marilena Garcia,
informando ainda que lutou muito neste contexto político, espaço masculino que detém o poder dos homens. Segundo Marilena, as situações eram complexas e variadas, mas as conquistas foram inúmeras. “Mas a luta continua”, afirma.
Marilena educadora Marilena acumulou o mandato de vice-prefeita e o cargo de Secretária de Educação. Como secretária, brigava feito uma leoa. “Criamos um sistema integrado de Educação: fundamental, médio
e superior. Definimos o eixo principal da FUNEMAC, que foi estruturar, através de cursos, as demandas do serviço público de Macaé. Daí as dezenas de cursos de graduação, extensão e pós. Também fo-
mos buscar os idealistas e sonhadores para criar o CETEP, o CAP- Colégio de Aplicação, a Escola de Idiomas, os Mutirões Escolares e o Centro Filosófico Claudio Ulpiano”, conta Marilena.
A bela guerreira Marilena Garcia
Arquivo do Legislativo, o PRODESMAR - Programa de Desenvolvimento de Macaé e Região, e tantos outras. Ela conta que a sua formação política se deu em Cuba, através da FEDIM - Federação Democrática de Mulheres, ela estudou técnicas de planejamento de Mobilização Popular, na Universidade de Havana. Ela destaca ainda a experiência adquirida na Amazônia, com as Mulheres Seringueiras, com quem aprendeu na prática a capacidade de superação das dificuldades do dia a dia. Com a visão aberta e questionadora do mundo, Marilena participou também do Congresso Mundial de Mulheres, na China, onde a
convivência com mulheres de 165 países alargou seus horizontes. Estudou a filosofia marxista. Assim Marilena entrou para a história de Macaé, como a primeira mulher eleita para o Legislativo Macaense na década de 80, como líder sindical durante a ditadura militar, ex-vice-prefeita, tendo cumprido quatro mandatos eletivos somando 18 anos de vida pública. Como vice-prefeita, assumiu interinamente a prefeitura em seis ocasiões e foi também Secretária Municipal de Educação, iniciando o processo de democratização da educação na cidade. É aposentada como professora do estado.