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Macaé (RJ), sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015, Ano XXXIX, Nº 8635 Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Coro de amor à poesia e a Macaé O Coro das Cigarras se reúne periodicamente para celebrar o amor à poesia e a Macaé Isis Maria Borges Gomes
FOTOS: DIVULGAÇÃO
isismaria@odebateon.com.br
G
rupo de pessoas da cidade de profissões diversas se reúne periodicamente para celebrar o amor à poesia e a Macaé, resgatando os encantos e as belezas literárias. Assim, assinando a coluna no jornal O DEBATE intitulada Cigarras de Macaé (aos domingos no Caderno Dois), o Coro das Cigarras é um espaço de vivência da poesia como criação, sensibilização e reflexão crítica diante de realidades humanas e sociais. O mais interessante é que o grupo é unânime em concordar com a afirmação de Vinícius de Moraes: “A este mundo, só a poesia poderá salvar”. Neste sentido, os encontros acontecem mensalmente, sempre no segundo sábado, quando uma integrante organiza o chá das cinco, em sua própria casa. Inicialmente, as reuniões aconteciam sempre na residência de Dª Laurita de Souza Santos Moreira, a fundadora do grupo, talvez pela própria arquitetura, já que carregava um ar poético, começando pelo chamado “jardim encantado”. Depois que ela faleceu, em 22 de outubro de 2010, passou a fazer rodízio de casas. OS POETAS
Atualmente, o Coro das Cigarras conta com a participação especial dos seguintes poetas:
pela amizade e pelo amor à poesia”, declararam as poetas, esclarecendo que, durante cada evento, são escolhidos dois ou três temas para cada mês, tratando de assuntos específicos ou da atualidade. “Um dos pontos preferidos é a cidade de Macaé, sua gente e seus lugares, em que misturamos nostalgia, indignação, responsabilidade social e esperança”, informam eles, explicando também que as poesias das Cigarras presentes são divulgadas semanalmente na Coluna Cigarras de Macaé e muitos professores da região as utilizam em trabalhos e estudos literários. AMOR PELA POESIA
Laurita e Aurora
Aurora Ribeiro Pacheco, Celita Aguiar, Éstia Batista, Ivania Ribeiro, Lecy Dias, Maria Inez Lemos Vieira, Marilena Murteira de Muros Bittencourt, Mariúcha Corrêa, Oscar Batista Lima, Sandra Wyatt. Outros participantes, por força maior, se afastaram do grupo,
Amor pela poesia
(Laurita Santos Moreira)
Cá fora a violência impera: homem-fera. De que vale este viver/ O que se há de fazer? Entro na minha toca e passo a escrever poesia. Se ela está feia ou fria... Um vaso de gerânio ponho à janela Tudo se alinda, ri, alegra. Que venham músicos, estetas, sonhadores e poetas. Estarei bem alerta!! Oferecerei brioches de sonhos e goles de poesia. A toca é pequenina, mas é grande o coração. Faça cerimônia não, venha a vida embelezar. Quem quiser sonhar pode chegar... A porta está aberta.
Casa de Laurita
mas são consideradas como tal, já que suas poesias continuam sendo lidas nos encontros mensais e recebem homenagem postuma. São elas: Laurita de Souza Santos Moreira, Lenise Bittencourt, Yolanda Uchôa, Dulce Arueira, Elza Ibrain, Lisa Tavares, Sonilton Campos.
O grupo conta ainda com a presença de visitantes e convidados, que também apresentam seus trabalhos poéticos. CLIMA POÉTICO DE CHÁ DAS CINCO
Segundo as integrantes, a reunião do Coro das Cigarras co-
meça com o chá das cinco, já que a mesa é o lugar da partilha de saberes e sabores. Num segundo momento, as poetas leem suas poesias com liberdade e simplicidade. “A grande marca do nosso grupo é que não há qualquer espírito de competição, vaidade ou diletantismo. Nos reunimos
Realmente, num mundo tão materialista em se vive atualmente, é admirável assistir o expressivo amor pela poesia declarado por esses componentes. “O amor pela poesia é alimentado pelos versos que Dona Laurita escreveu em 2005 (abaixo-transcritos), não como fuga da realidade, e sim como recurso para apontar outras dimensões de vida que vão além do consumismo e da mediocridade.” Além do aconchego mensal das reuniões, as Cigarras estão sempre participando de eventos e movimentos ligados à literatura, defesa da vida, da dignidade humana e do meio ambiente.
Coro das Cigarras
o coro das cigarras foi fundado em 13 de novembro de 1992. A responsável pela fundação do grupo foi Laurita de Souza Santos Moreira que, de forma instigante, exigia poesias novas todos os meses. As Cigarras contam que Dona Laurita não aceitava repetição de textos, tocava um sininho sempre que ouvia conversas paralelas e não admitia desânimo. “Sem dúvida alguma, a memória viva que temos dessa forte e insubstituível liderança é que nos faz acreditar
Voz de Bronze
em vida longa para o Coro das Cigarras. Para ela e para o Coro das Cigarras foram feitas muitas poesias e trovas”, afirmam. Portanto, o grupo completa este ano 23 primaveras. E, desde então, algumas Cigarras já produziram seus próprios livros. Porém, coletivamente, o grupo publicou duas belas obras: “Macaé em Versos” e “Macaé em Trovas”, e está no “forno” um livro idealizado por Dona Laurita intitulado “Quem Canta Macaé”, que reúne poemas de diversos autores.
Nas Reuniões das Cigarras Quando o falario impera, Lá vem Laurita com o sino, Para acalmar a galera. Só assim, com a voz do bronze As Cigarras se aquietam E voltam a se organizar, Pois o assunto poesia, Que está impregnado no ar Parece deixá-las em alfa, Rodopiando a cantar. De Camões a Mário Quintana, Bilac, Casemiro, Bandeira, Rubem Braga, Drumond, Cecília, Os assuntos vão surgindo E se retorna o falatório Laurita toca o sino Para mencionar Gregório. Amor, ódio, riso, saudade, Morte, vida, felicidade, Sol, lua, chuva, sereno, Céu, inferno, remédio, veneno, Calor, arco-íris, sexo, paixão, Amizade, velhice, infância, solidão, Arte, futebol, mulher, ecologia, Universo, estrelas, Natal, carnaval, Pátria, escola, abraço, magia, Tudo vira poesia, Sob a batuta magistral De Laurita Cigarrinha, Que pia como pardal!