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Macaé (RJ), quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015, Ano XXXIX, Nº 8634

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ MA

Exemplo de vida e de superação

Dando a volta por cima após acidente de trânsito, Adriano Ramos Lima ganha evidência e conquista muitos amigos no meio da Academia Os Anormais Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

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evelando sua incrível capacidade de transformar a realidade, através de sua força interior e da natação, Adriano Ramos Lima ganha evidência e conquista muitos amigos no meio da Academia Os Anormais. Portador de deficiência física, ele conta que o grupo de natação mudou radicalmente a sua vida. Adriano é o primeiro a chegar todas as manhãs na Praia de Imbetiba, e nada por até três horas seguidas, num ato de superação, rompendo as barreiras das limitações físicas, fazendo dessa atividade instrumento de

reestruturação de sua vida e de revitalização no trabalho. Na verdade, Adriano sofreu um acidente de trânsito em 1995, quando foi atropelado por um veículo, tendo sofrido traumatismo craniano com a sequela de um coágulo no cérebro, tendo perdido 100% dos movimentos do braço direito, 70 % da perna direita e 50% do braço esquerdo. Mas nunca desanimou e jamais se sentiu derrotado. Ao contrário. Lutou muito para se tornar independente das pessoas e voltar a ter uma vida normal. Atualmente, ele trabalha com plantas, produzindo mudas e vendendo no Mercado de Peixes,

onde possui uma barraca de flores e plantas. A LUTA DE ADRIANO

A garra de Adriano Ramos Lima é demonstrada no seu dia a dia, onde luta contra as dores que ainda sente, mas vencendo uma a uma. Após ficar dois anos sem andar e internado em um hospital de Campos por mais de um ano, ele chega em sua casa cheio de limitações e sem saber o que fazer de sua vida: sem trabalho e sem ninguém para cuidar dele. E o pior foram as vozes negativas que se levantaram contra ele, afimando que nunca mais iria andar.

Foi quando olhou para o jardim e sentiu vontade de mexer com as plantas. Ali fez 20 mudas e as vendeu. Assim viu que essa atividade poderia se tornar o seu sustento, descobrindo a sua fonte de renda na beleza das flores. Monta a partir daí a sua barraca no Mercado de Peixes, tornando-se o ‘empresário das plantas’. Merece ressaltar ainda que as limitações de Adriano não o impedem de fazer os serviços domésticos, já que ele utiliza os dentes para fazer procedimentos como cortar os alimentos e os pés para algumas atividades onde os braços não podem fazer. Interessados em flores e plantas em geral podem entrar em contato com ele pelo telefone (22) 99751-3218.

ADRIANO R AMOS LIM A

Apoios e suporte

logo após o acidente, Adriano encontra apoio no Núcleo de Dança Portadores da Alegria, onde aprendeu a superar as dificuldades e dali nasceu o seu prazer de nadar em piscina. Reaprendeu a dançar e a jogar capoeira, apoiado por tantos outros exemplos de superação. Um dia, na Praia de Imbetiba, assistiu Os Anormais numa travessia de mar aberto e se encantou. Enfrentou, assim, um novo desafio ajudado por todos os integrantes do grupo, e onde ganhou o apelido “Bebê lindo da mamãe” e “Esquisito”. Segundo o Presidente Valter Bittencourt, Adriano se integrou plenamente ao grupo, onde é muito querido e admirado.

Membros da Academia Os Anormais

Novos desafios e agradecimentos adriano revela ainda que o seu próximo desafio é se especializar para poder ministrar curso de natação para amputados. “Sonho em transmitir meus conhecimentos e minha força para quem necessita”, declarou revelando que o seu outro sonho é retomar os movimentos do braço esquerdo. Ele faz questão de deixar re-

gistrado seus agradecimentos a Deus por lhe dar a oportunidade de viver; aos Portadores de Alegria e aos Anormais. “O meu maior agradecimento é ao grupo Os Anoirmais por me abrigar, por ter se tornado a minha família, pois quando preciso de ajuda eles me apoiam em tudo. É a família que eu tenho hoje”, concluiu.

ADRIANO RAMOS LIMA

Nascido em Santa Luz (BA), divisa do sertão baiano com Pernambuco, Adriano Ramos Lima deixa a casa dos pais ainda na adolescência e embarca num mundo de aventuras pelo Brasil afora. Aos 19 anos, acompanha um circo e uma namorada. Acaba trabalhando no Polo Petroquímico de Camaçari (BA). Posteriormente chega ao Rio de Janeiro, indo trabalhar como cobrador de empresa de ônibus e, logo em seguida, chega a Macaé para trabalhar na construtora de Joel Trindade como cozinheiro do canteiro de obras. Aqui vai trabalhar como dono de um trailler de sanduíches. De lá passa a vender peixe no mercado e a fazer horta em casas de família, quando ocorre o acidente.


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