Caderno2 14 03 15

Page 1

www.odebateon.com.br

Macaé (RJ), sábado, 14 de março de 2015, Ano XXXIX, Nº 8654

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ MACAÉ MA

Benedito Lacerda é reverenciado hoje em Macaé O projeto ‘Será o Benedito?’ agita Macaé em festa de choro na Praia dos Cavaleiros Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

O

ilustre músico macaense Benedito Lacerda, uma das mais expressivas figuras da Música Popular Brasileira de todos os tempos, é reverenciado em celebração que movimenta o cenário do choro em Macaé.

Trata-se do Solar dos Mellos Museu da Cidade de Macaé, que abre a sua temporada de projetos 2015, prestando homenagem a Benedito Lacerda, neste mês em que se comemora os 112 anos de nascimento do músico e compositor macaense. Assim, o Projeto Cultura de

Quintal intitulado ‘Mas será o Benedito?’ acontece neste sábado (14), na Orla do Cavaleiros, em meio a apresentação do Grupo de Choro da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (EMART). O evento tem início às 18h na praça dos barcos na Praia dos Cavaleiros.

Benedito por Sônia Lapa uma das maiores e mais genuínas figuras da música popular brasileira, o macaense Benedito Lacerda, nasceu em 14 de março de 1903. Da infância sofrida, desde cedo se encantava pela música e, pelo som da flauta. Aos oito anos ingressa na Sociedade Musical Nova Aurora para aprender a tocar flauta. Em 1920, com 17 anos, Benedito Lacerda foi obrigado a transferir-se para o Rio de Janeiro, devido à morte de seu pai e dificuldades financeiras enfrentadas pela família. No Rio incorporou-se à banda da antiga Escola Militar do Realengo, ingressou e acabou diplomandose pelo então Instituto Nacional de Música como flautista e compositor. No início de sua carreira tocou em orquestras e cinemas até o advento dos filmes sonoros. Mas, dono de grande talento musical, encontrou no rádio e no disco seus maiores campos de expansão artísticas, sempre empenhando em representar a alma musical do povo brasileiro, expressada em ritmos como o choro, samba, marcha e batuque, deixando um acervo considerável de mais de trezentas composições. Em 1928 passou a fazer parte do conjunto "Boêmios da Cidade" . Dois anos depois formou o conjunto regional "Gente do Morro" e gravou seus primeiros discos pela Brunswick, onde Benedito além de tocar flauta apresenta-se como cantor. Pouco tempo depois o grupo se desfez e surgiu um dos mais importantes conjuntos de nossa história musical, o Regional Benedito Lacerda, cuja primeira formação era composta de Benedito na flauta e líder do conjunto; Gorgulho (violão), Canhoto (cavaquinho), Ney Orestes (também violão) e Russo (pandeiro). Em sua extensa obra fonográfica, Benedito Lacerda algumas vezes compunha sozinho, mas grande parte de sua obra foi realizada com parcerias, quase 60, destacando-se: Herivelto Martins, Pixinguinha, Darci de Oliveira, Aldo Cabral e Haroldo Lobo. Entre os mais de 80 cantores

que fizeram a gravação original sobressaem-se: Francisco Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva, Trio de Ouro, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves e Almirante; Carmem Barbosa, Linda Batista, Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Dircinha Batista. Mas foi com seu grande amigo e músico de renome Pixinguinha que Benedito Lacerda revelou todo seu imenso talento, compondo e gravando ou excursionando pelo país, apresentando, de forma original de execução - flauta em primeiro plano e saxofone em segundo. A afinidade entre ambos era tão grande que realizaram proezas como gravar de improviso, direto, sem erro e quase sem ensaio. Várias pérolas do cancioneiro brasileiro foram deixadas por Benedito Lacerda: "Macaco olha teu rabo" (1933), "Eva Querida" (1935), "Despedida de Mangueira" (1940), "Palhaço" (1947), "Falta um Zero no meu ordenado" (1948), "A Lapa" (1950), "Normalista" (1949). Apareceu com seu grande conjunto de filmes "Alô, alô carnaval" (1936), "Laranja da China" (1940) e "Abacaxi azul" (1944). Por impressionante e comovente coincidência, esse macaense que dedicou sua vida à exaltação da mais legítima expressão da música brasileira que é o samba, faleceu na Casa de Saúde João de Deus, no Rio de Janeiro, no dia 16 de fevereiro de 1958, em pleno domingo de carnaval, enquanto o povo nas ruas cantava uma das mais conhecidas composições "A Jardineira". Este grande músico e compositor nunca se esqueceu de sua terra natal. Sempre que podia vinha a Macaé e, com sua inseparável flauta, organizava saraus e serestas nos cafés, nas ruas, clubes e em sua casa. A História da música e, em particular, do carnaval brasileiro jamais poderia ser escrita sem uma referência especial ao ilustre macaense Benedito Lacerda. a biografia de Benedito Lacerda por feita e assinada pela historiadora Sônia Lapa, que faleceu recentemente.

O Grupo de Choro é formado por alunos de cavaquinho, percussão, canto e violão, que aproveita a oportunidade para aperfeiçoar o seu repertório popular, visando aprimorar o seu vocabulário musical e promover a vivência e experiência musicais.

REGINA LYRIO

Grupo de Choro da EMART

BENEDITO LACER DA

‘Mas será o Benedito?’ por outro lado, o Projeto Cultura de Quintal ‘Mas será o Benedito?’ apresenta a vida e obra do compositor e músico Benedito Lacerda, através da arte em quadrinhos. A exposição, que acontece no Solar dos Mellos neste sábado (14), das 9h às 13h, consta de painéis de tiras de cartuns desenhadas pelo servidor Leonardo Barreto, Design gráfico, Publicitário e Gestor de Projetos na prefeitura. Os painéis ficarão expostos durante todos os sábados deste mês. Durante o evento haverá ainda a apresentação de um curta editado por uma das colaboradoras do Projeto Memória.doc, Paula Moura, que é uma das ganhadoras do Macaé Cine, consistindo em um material filmado pelo fotógrafo e cineasta Tomas Farkas há 51 anos. “Eu estava assistindo a um programa documentários na tv aberta e de repente vi o Benedito tocando com Pixinguinha e toda a velha guarda durante o IV centenário de São Paulo, em 1954. Aquilo me chamou muito a atenção porque eu nunca tinha visto um vídeo do músico e apesar dele aparecer tanto no vídeo quanto o Pixinguinha, eu percebi que em hora nenhuma o filme falou sobre o nosso compositor. Isso é uma coisa que sempre me intrigou muito em relação a história do Benedito e como macaense me senti na obrigação de fazer um filme para apresentá-lo a Macaé”, conta Paula.

ENTUSIASMO DE GISELE

Muito entusiasmada, a vicepresidente de Acervo e Patrimônio Histórico, Gisele Muniz, ressalta a importância do trabalho de preservação da memória macaense, dando prosseguimento ao projeto de Educação Patrimonial. O projeto traduz um chamamento à população no sentido de reunir esforços para preservar cada patrimônio material e imaterial de Macaé. “Penso que esta é uma boa oportunidade que temos em conhecer e visitar os espaços de cultura que oportunizam o encontro do cidadão com seus valores e sua produção cultural. O Solar dos Melos nestes onze anos vem cumprindo com a missão de preservar e democratizar o patrimônio histórico e cultural do município, reconhecendo sua importância juntamente com a sociedade”, declarou Gisele, acrescentando ainda que o Solar deve ser um espaço do cidadão curioso, criativo que se identifica com o bem coletivo: histórias, memórias e o apreço pela cidade. E concluiu: “Com esta homenagem a Benedito Lacerda, o Solar dos Mellos dá continuidade aos Projetos que têm como evidência a Educação Patrimonial, que concebem todos os processos educativos que primem pela construção coletiva do conhecimento e desenvolvem o sentido de pertencimento e apoderamento, buscando vários pontos de intercessão entre as histórias pessoais e as histórias que se recriam ao nosso redor.” FOTOS: DIVULGAÇÃO

Avice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico, Gisele Muniz


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.