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Macaé (RJ), terça-feira, 13 de setembro de 2016, Ano XLI, Nº 9122
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Espetáculo atrai atenções da cidade
LUIS ALBERTO GONÇALVES
O Teatro do Sesi Macaé apresenta o espetáculo ‘Estamira - Beira do Mundo’ na quinta-feira (15) Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
O
premiado espetáculo ‘Estamira - Beira do Mundo’ chega a Macaé. A apresentação acontece na quinta-feira (15) no Teatro do Sesi Macaé, sendo destinada ao público adulto. O evento terá início às 20h, com ingresso a R$ 22 (inteira), e a classificação etária é de 16 anos. O espetáculo conta a história da catadora de lixo do Jardim Gramacho, que fazia reflexões sociais em meio aos seus dis-
túrbios mentais. A montagem tem a participação de Dani Barros, atriz, idealizadora e co-autora da peça, sob a direção de Beatriz Sayad. “Estamira” é uma adaptação do documentário homônimo do diretor Marcos Prado. Depois de ver o filme sobre a “profetisa do lixão”, Dani Barros se sentiu inspirada a levar a história adiante, em formato de monólogo. A atriz, como a retratada, tem um histórico de vida permeado por hospitais psiquiátricos: ela trabalhou com os Doutores da Alegria e, na família, acompa-
nhava a mãe em suas consultas de tratamento mental. O espetáculo, então, mescla um pouco dos pensamentos de Estamira com os da própria Dani Barros, revisitando sua história com sua mãe. A atriz costuma dizer que a peça é “um acerto de contas”. O Teatro do Sesi Macaé fica na Alameda Etelvino Gomes, 155 (Bairro Riviera Fluminense). DETALHES DO ESPETÁCULO
Livremente inspirado no premiado documentário “Es-
tamira”, do diretor Marcos Prado, o espetáculo ganhou mais de 23 prêmios nacionais e internacionais. Mais do que uma adaptação, o projeto é um depoimento carregado de tragédia e humor de uma profeta sábia, provocadora e deliran-
te. Grande sucesso de público e crítica, “Estamira - Beira do Mundo” participou de festivais nacionais e internacionais de teatro e venceu diversos prêmios, entre eles o Questão de Crítica, Shell, APTR e APCA na categoria “Melhor Atriz”
(Dani Barros). Foi ganhador também do Funarte Myriam Muniz (2011 e 2012) e do edital Fate 2012. A peça figurou na lista de melhores em diversos meios de comunicação, sendo eleita a peça do ano de 2012 pela Veja São Paulo.
LUIS ALBERTO GONÇALVES
Ficha técnica
‘Estamira’
● DIREÇÃO E DRAMATURGIA:
Beatriz Sayad
O espetáculo “Estamira - Beira do Mundo” relata a história de uma catadora de lixo, que dá nome ao filme, com uma doença mental crônica, mas com uma percepção do mundo surpreendente e devastadora; uma profeta do lixão, carregada de tragédia e humor, delirante e sábia, atordoante e provocadora. Mais do que uma adaptação, o projeto é também um depoimento pessoal e artístico, fala sobre os que se encontram à margem da sociedade, no meio do lixo do descaso e que são tratados como restos na maior parte da vida. A voz de
● ATUAÇÃO, DRAMATURGIA E
IDEALIZAÇÃO: Dani Barros ● TRECHOS DE:
Ana Cristina Cesar, Antonin Artaud, Estamira Gomes de Souza, Manoel de Barros, Michel Foucault e Nuno Ramos ● DESIGN DE LUZ: Tomás Ribas ● CENÁRIO: Aurora dos Campos (com colaboração de Beatriz Sayad e Dani Barros) ● FIGURINO: Juliana Nicolay ● DIREÇÃO MUSICAL: Fabiano Krieger e Lucas Marcier ● DESIGN DE SOM: Andrea Zeni ● ASSISTENTE DE DIREÇÃO:
Marina Provenzzano ● PREPARAÇÃO CORPORAL:
Georgette Fadel ● PREPARAÇÃO VOCAL: Lucia-
na Oliveira ● INTÉRPRETE DO FADO:
So-
raya Ravenle ● PREPARADOR VOCAL DE SO-
RAYA RAVENLE: Felipe Abreu ● OPERADOR DE LUZ E CON-
TRARREGRA: Sandro Lima ● OPERADOR de som e micro-
fonista: ● BONECA:
Getúlio Damado
● ASSISTENTE DE CENOGRA-
FIA: Camila Cristina ● COSTUREIRA: Cleide Moreira ● COLABOROU PARA ESTA
CRIAÇÃO: Ana Achcar ● PRODUÇÃO: Amanda Barroso ● COORDENAÇÃO GERAL DO
PROJETO: Dani Barros ● REALIZAÇÃO: Momoenddas
Produções Artísticas “CURRÍCULOS EQUIPE
Dani Barros Dani Barros (Elenco, Dramaturgia e Coordenação do Projeto) é atriz formada pela Uni-Rio. Integrou o grupo “Os Privilegiados” dirigido por Antônio Abujamra e João Fonseca. Trabalhou no projeto “Doutores da Alegria” por 13 anos. Além do trabalho nos hospitais, atuou no espetáculo “Inventário aquilo que seria esquecido se a gente não contasse” dirigido por Beatriz Sayad, que contava os bastidores dessa experiência. Atuou na peça “Maria do Caritó”, dirigido por João Fonseca e “Conchambranças de Quaderna” dirigido por Inez Vianna,
ganhando o prêmio APTR de Teatro de Melhor Atriz Coadjuvante por estes trabalhos. Atuou no filme “O Veneno da Madrugada” dirigido por Ruy Guerra. Atuou no programa “Minha Nada Mole Vida” exibido pela Rede Globo. Pelo seu trabalho em “Estamira” recebeu os prêmios: Shell, APCA, APTR e Questão de Crítica. Atuou nas novelas "Fina Estampa", “Império” e "Além do tempo" exibidas pela Rede Globo. Pelo seu trabalho na novela "Império" com a personagem Lorraine foi indicada aos Prêmios Extra, Contigo e Revista Quem.
Estamira é uma resposta a essa negligência social: o lixão é a representação irônica e trágica da própria condição em que vive a nossa sociedade. “Estamira - Beira do Mundo” fala sobre os que se encontram à margem da sociedade, em meio ao lixo do descaso e que são tratados como restos na maior parte da vida. A voz de Estamira é uma resposta a essa negligência social: o lixão é a representação irônica e trágica da própria condição em que vivemos. O espetáculo trata deste desamparo humano, social, econô-
mico e político a que os loucos, e outros tantos excluídos, estão relegados. A contundência no discurso de Estamira, somado ao poder que o teatro tem em provocar transformações, possibilita uma reflexão potente e eficaz, nos campos da arte, da ciência e da nossa organização sócio-cultural. Temos que repensar, urgentemente, os limites entre sanidade e loucura, entre as instituições de saúde e o mundo à sua volta, entre o dentro e o fora dos hospitais, das doenças e das camadas da nossa própria sociedade.