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Macaé (RJ), quarta-feira, 12 de novembro de 2014, Ano XXXIX, Nº 8551

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ

CRÉDITO

“Raul Fora da Lei” é um “monólogo musicado”, como Bomtempo prefere defini-la

‘Raul Fora da Lei’ em cena hoje Sobe ao palco do Teatro do Sesi Macaé o ator Roberto Bomtempo, para apresentar o musical ‘Raul Fora da Lei - A História de Raul Seixas’ nesta quarta (12) Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

L

evando aos palcos macaenses a vida de Raul Seixas, toda a sua ousadia e seu caráter transgressor, entra em cena o musical ‘Raul Fora da Lei - A História de Raul Seixas’, com textos de Raul Seixas, roteiro de Luis Arthur Nunes, Roberto Bomtempo e José Joffily, e interpretação do ator Roberto Bomtempo. O espetáculo acontece às 20h desta quarta-feira (12), no Teatro do Sesi Macaé, em comemoração a passagem do Dia Nacional da Cultura ocorrido no dia 5 de novembro. A montagem é baseada em experiências de Raul Seixas, relatadas em fitas, fotos, composições e textos guardados em seu baú. No palco, o público confere a relação do astro com suas mulheres, espiritualidade, anseios, sonhos e frustrações. O monólogo musical conta ainda com a participação da Banda M-743, tendo na direção Jose Joffily e na direção musical Igor Eça. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) e a classificação etária é de 16 anos e os interessados devem adquiri-los na bilheteria do Teatro do Sesi Macaé - Alameda Etelvino Gomes, 155, Riviera Fluminense. Outras informações pelo telefone (22) 2791-9214.

“RAUL FORA DA LEI”

O compositor e cantor Raul Seixas, o “Raulzito”, deixou um farto material, entre fitas, escritos, fotos e composições, guardados em seu famoso baú. Tinha mania de registrar tudo para a posteridade, na esperança de manter-se vivo na memória do seu público. E o esforço valeu a pena. Parte deste material serviu de fonte de pesquisa para que o ator Roberto Bomtempo realizasse um antigo sonho: montar um espetáculo que falasse sobre Raul Seixas com a intimidade que só os textos do próprio Raulzito poderiam expressar. “Raul Fora da Lei” é um “monólogo musicado”, como Bomtempo prefere definila. Na peça o

público poderá conferir um Raul Seixas aberto, em carne viva, inteiro, exposto. Ele fala de sua relação (nem sempre pacífica) com o sucesso, com suas mulheres, sua espiritualidade, seus anseios, seus sonhos, suas frustrações. Através da generosa interpretação de Bomtempo, Raulzito se manifesta no palco, afirma-se e contradiz-se a todo instante, rompe com todas as regras, provoca riso e emociona. Um transgressor apaixonante e apaixonado. Os seus fãs certamente vão matar as saudades do ídolo e mesmo aqueles que conhecem apenas as músicas mais famosas (como “Gita”, ”Cowboy Fora-da-Lei”, “Maluco Beleza”, entre outras) são tocados pela vida repleta de altos e baixos de Raul, que nos deixou precocemente em 1989. No pal-

co, além de Roberto Bomtempo, a banda M-743 toca ao vivo, sob a Direção Musical de Igor Eça. Os músicos não apenas executam a maior parte da trilha da peça, composta por sucessos de Raul Seixas, como também contracenam com o protagonista em alguns momentos. Até mesmo uma inusitada Wanderléa faz um dueto com Raulzito. RAUL SEIXAS

Largo, raso, profundo. Com ele, o iê-iê-iê deixou de ser romântico para tornar-se realista, numa definição de próprio punho. Por um caminho desobediente à genealogia evolutiva da MPB (a única linha que eu conheço é a de empinar uma bandeira), o baiano Raul Seixas provou que era possível filosofar em rock’n roll brasileiro. As aparências enganavam sempre no baile de contradições deste maluco beleza. “Sou apenas uma mistura de todas as informações q u e recebi com o

coração assustado”. Na linhagem Presley (em fusão natural com o baião de Luiz Gonzaga), ele saiu-se mais para Elvis Costello que Tortelvis. Injetou Bob Dylan no iê-iê-iê do Jerry Adriane. Fez o jogo dos ratos sem comer as migalhas da ratoeira do showbizz. A mãe o queria presidente da República e aos 14 anos ele foi ao psiquiatra pela primeira vez. “Minha existência caminha muitos anos à frente do meu corpo e é justamente o meu corpo frágil, esquálido e desprovido de reservas de energia que tem que suportar as demandas da mente atribulada, terrivelmente neurotizada pela civilização”. Várias vezes Raul confessava ter perdido o controle dos cheques, da vida familiar, das contas nos bares, da própria persona artística. Mas sempre que anunciavam o seu fim ele dizia: “Fim da linha? Não. De 15 em 15 minutos eu costumo escovar os dentes com pasta sabor hortelã, para eu sentir que tudo está começando de novo”. Um moleque maravilhoso como esse “nunca comete pequenos erros enquanto pode causar terremotos”, como dizia na canção. Encarava a obra de arte como as vísceras. “Meu peito está inchando, é a criação que pede passagem”. Na pele infantil do carimbador maluco ou sob a capa senil de quem nasceu há dez mil anos atrás e conhecia o início, o fim e o meio, ele colocou todas as fichas na experimentação ilimitada. “Quero a certeza dos loucos que brilham. Pois se o louco persistir na sua loucura, acabará sábio”.

Ficha técnica TEXTOS: Raul Seixas ● ROTEIRO: Luis Arthur Nunes, Roberto Bomtempo e José Joffily ●A T O R : R o b e r t o Bomtempo ● BANDA: M- 743 ● DIREÇÃO: Jose Joffily ● A S S I ST E N T E de Direção: Daniel Dias ● PRODUÇÃO Executiva: Anna Sant’ana ● CENÁRIO e Figurinos: Teka Fichinsky ● ILUMINAÇÃO: Fernando Albano ● PREPARAÇÃO Corporal: Paula Aguas ● PREPARAÇÃO Vocal: Paula Santoro ● DIREÇÃO Musical: Igor Eça ● ADMINISTRAÇÃO: Regina Sampaio ● OPERADOR de Luz: Ricardo França ● CONTRA-REGRA: Leandro Baumgratz ●T R I L H A S o n o r a : Roberto Bomtempo, José Joffily, Daniel Dias, Banda M743 ●


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