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Macaé (RJ), quinta-feira, 7 de janeiro de 2016, Ano XL, Nº 8910
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Múltiplos talentos de Paulo Azevedo O macaense Paulo Azevedo enfrenta um dos seus maiores desafios: a defesa de sua tese de Doutorado no Programa de Pós-graduação da PUC-Rio em Ciências Sociais Isis Maria Borges Gomes
FILIPE ITAGIBA
isismaria@odebateon.com.br
P
rofessor, pensador, poeta e produtor injeta muito talento e criatividade em sua vida profissional, em tempo de celebrar 20 anos de carreira. Trata-se de Paulo Emílio Azevedo, que no ano passado recebeu o prêmio Nacional de Poesia “Olaria das Letras”, além de homenagens na Alemanha, na França e no Uruguai. No momento se prepara para enfrentar um dos seus maiores desafios: a defesa de sua tese de Doutorado no Programa de Pós-graduação da PUC-Rio em Ciências Sociais, mais especificamente em Antropologia do Corpo. Paralelamente, o macaense está ultimando detalhes para estrear a sua mais nova obra, intitulada “mÒdio”, em que ele revisita o tema ‘violência’ através da dança. Paulo explica que, em “mÓdio”, estão presentes sete intérpretes, cuja qualidade cênica é impressionante. Para a audição da obra passaram quase 100 artistas. VOANDO À ÁFRICA
Considerado atualmente uma das personalidades mais inovadoras sobre o tema Arte e Diferença do país, Paulo está em preparativos também para aceitar mais um dos cobiçados convites, o de participar do seminário “Poetry of difference” (Poesia da diferença), a ser realizado na África, nos territórios da Île de Lá Reunion e Ilhas Mauritius.
Ele vai ministrar conferência sobre o ‘Arte e Diferença’. Segundo o próprio Paulo Emílio, apesar de todos seus feitos e efeitos comprovados, cujas metodologias são copiadas em alguns países pelo mundo e, ainda assim sendo ‘prata da casa’, ele luta para que sua voz seja reconhecida no município de Macaé. Sem perder tempo para lamento, sendo crítico severo dos modelos de inclusão social que
ainda são aqueles mais adotados pelas práticas de projetos sociais, ele tem dado consultorias para que as empresas e instituições possam se atualizar sobre os sistemas conhecidos por responsabilidade social. CIA GENTE
Paulo Azevedo coordena a Cia Gente, que funciona como espaço colaborativo no fomento
aos processos do fazer artístico em diversas cidades do Brasil e do mundo. Ele ressalta que, em Macaé, uma de suas ações se concentra nas articulações com a cultura urbana, prezando a valorização de artistas reconhecidos e emergentes no cenário local. Uma dessas ações se faz através da Roda Urbana, que ocorre mensalmente no calçadão da Avenida Rui Barbosa (em fren-
te à Sociedade Nova Aurora). O evento tem duração de duas horas e chega a ter público de 500 pessoas por cada apresentação. OUTROS DESTAQUES
Paulo conta que, no Rio de Janeiro, o destaque vai para a ocupação “Tagarela: o maior slam do mundo”, que é uma prática idealizada por ele que subverte a formalidade de saraus de poesias,
fazendo uso de um megafone. O projeto recebeu o prêmio Multilinguagens da Secretaria de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro. O macaense é um inventor de novos repertórios ou uma usina de ideias, como costuma ser chamado pelos seus seguidores. Além da Cia Gente, ele coordena um espaço virtual com publicações diversas. Trata-se da Fundação PAz, abreviação de seu nome Paulo Azevedo.
Paulo Azevedo Professor, Mestre em Políticas Sociais e Doutorando em Ciências Sociais, o macaense Paulo Emílio Azevedo foi contemplado em diversas ocasiões, entre elas com o recebimento do prêmio “Rumos Educação, Cultura e Arte” em 2008 (edição 2008-10) pelo Instituto Itaú Cultural, sendo o único educador em todo o Estado do Rio a recebê-lo. Sua experiência se destaca pela capacidade de unir teoria e prática de modo espontâneo, sendo os resultados apresentados em mais de 20 países pelo mundo, com destaque para as ações no espaço urbano, na capacitação de educadores e formação de intérpretes. Educador, diretor artístico,
poeta, coreógrafo, compositor, e escritor, Paulo é um gestor de sonhos que transforma em ações vivas e multiplicadoras aquilo que parecia amorfo, inútil, incapaz. Seu atual programa de desenvolvimento nos campos das Artes e Humanidades se chama Cia GENTE, e o espaço virtual de suas publicações é destinado à Fundação PAz. MAIS NOVIDADES
O professor macaense anuncia que, para este ano, irá lançar mais dois novos livros, completando assim uma dezena de publicações. Ele informa ainda que toda a parte visual e midiática de suas ações é de-
senvolvida por Filipe Itagiba, um dos principais protagonistas de sua história. Paulo Azevedo atribui o seu enorme fôlego de vida à sua inquietude. Paulo é pai do pequeno Hiago, de 8 anos, menino que parafraseando seu amigo Dauro Franco, o faz “ter um pouco menos de respeito pela razão”. É o afeto a mola propulsora desse criador que sabe bem o caminho do fracasso. Inspirado nas ideias de Nietzsche, esse professor macaense conhece bem e aprova a noção de que seu êxito é um exercício de aprender a respeitar a mobilidade que o fracasso produz em nossos valores e experiências.