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Macaé (RJ), quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015, Ano XXXIX, Nº 8624

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ MA

Mestre macaense brilha em Paris O macaense Paulo-de-Tarso de Castro Peixoto se destacou no cenário internacional ao levar a metodologia da Heterogênese Urbana para a França Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

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rilhante Mestre e Doutor em Psicologia da cidade avança no universo internacional, mostrando ao mundo sua competência e expressivo talento. Trata-se do macaense Paulo-de-Tarso de Castro Peixoto, que se destacou mais uma vez no cenário internacional, ao levar a metodologia da Heterogênese Urbana para a França. Em meio ao seu Pós-doutorado em filosofia na Université ParisEst-Créteil - Paris XII, como parte do seu Pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o macaense foi convidado pela Chavagnes International College para levar a metodologia da Heterogênese Urbana, para que seus alunos pudessem pensar a questão que a França passa desde o iní-

cio do mês de janeiro, em meio aos ataques terroristas. Segundo o professor doutor Paulo-de-Tarso, a Chavagnes International College é uma escola britânica fundada no ano de 2002 por Ferdi McDermott, sendo o diretor da escola até o presente momento. A escola, de acordo com o macaense, é situada num antigo seminário na região de Vendée, no oeste da França. “A sensação de estar num espaço histórico de centenas e centenas de anos e de poder partilhar dias de reflexão com seus professores e alunos é algo inesquecível”, declarou ele. EMOÇÕES DA VIAGEM

O mestre macaense revelou as emoções de estar em Paris, considerando o momento em que chegou a França no início do mês de janeiro para cumprir parte do seu pós-doutorado, e podendo sentir e compreender

como um povo, em meio às suas diferenças, se une para lutar em nome da sua república. Ele esclareceu que, em todos os lugares públicos onde um possível ataque pudesse ocorrer, estava marcada a presença de militares e policiais super bem treinados e receptivos. “E foi em meio a tudo isto que recebi o convite da escola para ir a Chavagnes-en-Paillers e poder construir com os professores, direção e seus alunos um espaço reflexivo sobre o que se passa na França”, contou. Paulo-de-Tarso disse que vale a pena se lembrar do filme ‘Sociedade dos Poetas Mortos’ para se situar no ambiente desta escola. “Imaginem uma missa em latim, uma igreja no interior da escola. O terreno onde está construído o colégio é um antigo lugar de uma vila romana que foi dado a uma comunidade de monges beneditinos no

século XIII por uma família de anglo-franceses que moravam neste lugar. Uma história marcante foi a de saber que durante a segunda guerra mundial o colégio foi tomado pelos soldados alemães”, frisou o mestre. E prosseguiu: “No entanto, os jovens seminaristas continuaram vivendo lá. A escola fora utilizada como um hospital militar, servindo também para abrigar uma pequena tropa. Uma metralhadora fora colocada na torre do relógio para ter a visão de toda a pequena cidade. O mais incrível foi saber que os nazistas sabiam que ali estavam escondidas mais de 50 crianças judias protegidas pelas famílias locais até o dia da liberação final, com o término da guerra. Os habitantes da cidade eram pessoas muito boas e os alemães que estavam ali mantinham este segredo em respeito a eles”, afirma Paulo-de Tarso.

Heterogênese Urbana na França Muito entusiasmado, o macaense lembra que foi a primeira vez que pôde compor a Heterogênese Urbana com uma diversidade de alunos estrangeiros da França, Polônia, Rússia, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra dentre outros países. Segundo o mestre, o tema circulou sobre a questão do terrorismo na França, mas, como sempre, o tema se transversalizou para outras questões que fundamentam as causas do que se passa por lá. “O grau de intelectualidade dos alunos é algo impressionante. Em meio às tantas nacionalidades a língua francesa era o nosso ponto comum. Eles rapidamente compreenderam a metodologia e buscaram tomar a palavra para compor uns com os outros sentidos mais complexos e menos reducionistas e simplificadores sobre uma questão difícil e que toca a vida de todos por lá”, informou Paulo-de-

Tarso, ressaltando também que vários falaram que o problema se situa na dificuldade das religiões, das culturas não se aproximarem para se conhecerem mais, para se compreenderem mais. Um aluno polonês falou de maneira sensível e brilhante sobre as políticas públicas de imigração na França colocando o acento se elas realmente integram as pessoas dando condições de vida, buscando integrá-las em meio a sociedade francesa. Já o diretor da escola Sr. Ferdi McDermott estava presente durante todo o trabalho, participando ativamente dos debates. Durante um momento ele falou sobre os preconceitos entre as religiões e os limites entre o que se fala sobre o outro, sobre como as fronteiras entre as diferenças não sejam ultrapassadas e violadas para que não se transformem em violência, garantindo-se o respeito entre elas.

O macaense com o diretor McDermott

Elogios ao macaense O mestre contou ainda que no final o professor de língua francesa da escola internacional Sr. Martin Gardey leu o que ele mesmo vivenciou durante todo o trabalho da metodologia macaense, que ganha outros continentes: “Eu gostaria de agradecer a visita do professor Paulo-de-Tarso à nossa escola em particular pela generosa disponibilidade de desenvolver sua metodologia Heterogênese Urbana, onde a

filosofia prática e aplicada à vida nos permitiu uma abertura para a bela expressividade dos alunos e ainda para a criação de um espaço público no interior de nossa instituição. Eu pessoalmente fui completamente conquistado por sua metodologia filosófica, clínica e artística que, para mim e para o bem comum da humanidade ganhará espaços para ser conhecida, aplicada e difundida”, concluiu.

Paulo de Tarso com o Professor Martin

TROCA DE CONHECIMENTOS

Durante o evento, o diretor McDermott afirmou que o respeito e a tolerância entre as religiões era possível devido aos laços entre as pessoas que habitavam os lugarejos, as vilas, onde a vida partilhada era mais plástica, onde as trocas sociais eram mais vivas. O macaense afirmou que o final foi lindo ver um pequeno aluno agradecer ao diretor pelos conhecimentos que ele não tinha aprendido em livros, mas, sim, através de conhecimentos que o próprio diretor trazia consigo e pôde partilhar com todos os presentes. “Neste momento percebi que o sentido se fez sentido, pois as trocas de conhecimentos, de afetos, de sensações ganhou corpo, se fez unidade, se encarnou na vida de todos ali”, destacou Paulo-de-Tarso.


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