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Macaé (RJ), quarta-feira, 3 de junho de 2015, Ano XL, Nº 8723

Fundador/Diretor: Oscar Pires

CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ

FOTOS: REPRODUÇÃO

Zezinho do Violão, um seresteiro que deixou saudades Os mais antigos vão lembrar de um político mineiro que perguntou ao filho como estava o pai. Surpreso, o filho respondeu. Mas... meu pai morreu. E, rapidamente, a resposta: “Morreu para você, meu filho. Ele continua vivo no meu coração!!!

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O adeus inesperado

Dona Hilma prepara uma galeria dos seresteiros. O primeiro homenageado foi zezinho do viloão.

Zezinho do Violão, ou José dos Santos Moraes, como sempre, num sábado alegre, dia 02 de maio, estava no Caiçaras Bar, livre, leve e solto, enlevado pelos acordes dos instrumentos que ele sempre gostou e sem hora para encerrar, atendendo aos pedidos de bis. Naquele dia, Lucio do Violão parou e Carlinho da Batera acompanhava até que Zezinho teve um mal súbito e foi caindo. Levado para o posto de saúde, por volta da meia-noite, ele foi medicado, a pressão baixou, e durante a madrugada foi liberado. Na manhã do dia três - contam as pessoas - ele acordou, tomou café com a filha e, de novo, enfartou. Não houve tempo para ser socorrido. Adeus, Zezinho! A notícia voou na velocidade do som e durante o velório até o sepultamento, ocorrido no Memorial da Igualdade, na Virgem Santa, eram centenas de pessoas que ouviam o som do violão de Neguinho, Jean da Flauta, e Aroldo Meireles cantando as músicas que, juntos, apresentavam. Um adeus inesperado, e que ainda guarda os bons momentos onde ele se apresentou pela primeira vez, no Caiçaras Bar, situado na Rua Professor Antonio Alvarez Parada (rua 64), esquina com Angela Puerari (rua 2).

s mais antigos vão lembrar de um político mineiro que perguntou ao filho como estava o pai. Surpreso, o filho respondeu. Mas... meu pai morreu. E, rapidamente, a resposta: “Morreu para você, meu filho. Ele continua vivo no meu coração!!! Pois é. Ontem, véspera do dia três de junho, quando hoje são completados 30 dias da morte de José dos Santos Moraes, ou da maneira carinhosa como era conhecido, Zezinho do Violão, no Bar Caiçaras, situado no Parque Aeroporto, era este o sentimento de algumas pessoas. Zezinho não morreu para quem gostava dele. A proprietária do estabelecimento, Hilma Santana Xavier, 52 anos, há 23 no comércio, mostrava na parede onde o grupo de seresteiros se apresenta a foto de Zezinho do Violão. O espaço foi destinado, quatro semanas antes dele morrer, para uma galeria daqueles que, nos finais de semana, ali se reúnem para as apresentações, atraindo os amantes da seresta, vindos dos mais diferentes pontos da cidade e, também, de outras localidades. Não é tão fácil recordar os momentos que os amigos se reuniam para ver Zezinho tocar violão. Músico por vocação (ele nunca esteve matriculado ou cursou escola de música e tocava de ouvido), José dos Santos Moraes morreu depois de completar 77 anos no dia 19 de março passado. Antes, recebera o convite de Salvador Baptista (Dodô) para fazer uma apresentação domingo na Taberna da Praia, nos Cavaleiros, ausência enlutada pela sua morte. Mas a vida de Zezinho do Violão era assim. Simples, sempre cordial, com intensa humildade. Ele se tornou hoje uma estrela que vagueia no céu iluminando o caminho de muitos. Dona Hilma lembra, ainda, das músicas que ele gostava mais. Mas ele sempre marcava sua presença tocando o chorinho “Pedacinho do Céu”, embora muitos cobrassem o solo de "Brasileirinho". São tantos os momentos em que Zezinho do Violão surge nas lembranças das pessoas que o cercavam que se torna difícil até listar todos. Mas,

quando a saudade apertava, lá no Caiçaras Bar apareciam Chiquinho do Cavaquinho, Heitor do Teclado, Nenem, Jean da Flauta, Rogerio do Cavaquinho, Raimundo, Eraldo Lanterneiro, Aroldo Meireles, Charutinho, Humberto da gaita (como muitos conhecem), e até Tutuca, que sempre arriscava cantar algumas músicas. Mas antes, bem antes, na década de 60, ou melhor, há 55 anos, ele veio do Visconde de Imbé e ingressou no serviço público federal, através do Ministério da Saúde, quando a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública, integrou dois órgãos e teve como chefe o macaense

Pery Gonçalves de Oliveira. Toda sexta-feira, quando os grupos retornavam do campo, era dia de festa. Os bares ficavam mais alegres. Zezinho não parava e tão pouco o violão. O tempo foi passando e, também, as pessoas foram dizendo adeus à vida. Zezinho, continuou, até os 77 anos, quando no dia três de junho, não resistiu ao enfarto. Agora, somente saudades e lembranças dos amigos que ainda guardam boas recordações dele. Quem sabe, o grupo ao qual se dedicou, não prestem a ele uma homenagem na Taberna da Praia, último convite que ele não pode atender.

Bico da Coruja

outro ponto também freqüentado por Zezinho do Violão, onde ele era chamado de estrela cadente, era a Rua Benedito Lacerda, local de apresentações da turma do Bico da Coruja todas as quartas-feiras. Wallace Agostinho tem muitas histórias para contar. Ele no tambor, César no pandeiro, Celso no bandolim, Batata no cavaco, Ivan no violão. Alí, Zezinho também tem uma placa comemorativa. Quem sabe, nesta quarta-feira, dia 03 de junho, um mês após a morte, a turma do Bico da Coruja não decida prestar a ele uma homenagem?


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