Do norte ao sul das Américas – PDPI e ETA: eixos combinatórios da hegemonia estadunidense

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3.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES EMPÍRICAS Para o tratamento analítico dos dados (recortes das entrevistas) considerou-se a proposta teórico-metodológica da Análise de Discurso Crítica, conforme descrito em 2. 2 (Programas PDPI e ETA: trilha metodológica para análise da hegemonia estadunidense sobre o Brasil). Para Resende e Ramalho (2006), apoiadas em Fairclough (2001), essa proposta configura-se como um modelo teórico-metodológico flexível e aberto ao tratamento de diversas práticas sociais — inclusive as práticas discursivas — que possibilitam ao analista mapear e compreender relações de poder marcadas no discurso decorrente de recursos linguísticos utilizados por atores sociais, bem como por seus grupos ancorados em aspectos de redes de práticas discursivas que sustentam relações de poder de discursos hegemônicas de dominação. Fairclough (2001) adotou, conforme visto anteriormente, uma perspectiva tridimensional do discurso, que envolve texto, prática discursiva e prática social, na tentativa de abarcar aspectos descritivos, interpretativos e explicativos na prática da análise discursiva. Nessa perspectiva, para o autor discurso envolve a constituição de um texto (análise descritiva da língua), a prática discursiva, ou seja, aspectos interpretativos, relacionados à produção, distribuição e consumo dos textos e prática social, que se refere aos aspectos explicativos, relacionados à ideologia, relações de poder e hegemonia. Assim, o discurso deve ser visto como um modo de ação historicamente situado, isto é, as estruturas sociais organizam a produção discursiva, mas cada texto e discurso novo é um modo de agir no mundo e sobre o mundo. Ocorre que esse agir pode contribuir para continuidades e para a transformação, sendo que para o autor, a ação interposta pelo discurso pode manter certas relações hegemônicas, como também pode quebrá-las, promovendo a configuração emancipatória dos sujeitos sociais. Com base na proposta da ADC em Fairclough (2001, pp. 289-295), foi necessário definir para a pesquisa o corpus de análise, que corresponde a saber o que é útil à ordem do discurso da organização pesquisada (totalidade das práticas discursivas de uma organização) e aos processos de mudança em andamento no domínio do que se está pesquisando. Outra definição feita diz respeito à codificação e seleção das amostras no corpus (codificação do discurso em tópicos, ou decomposição do corpus em certos tipos de questões ou formulações; focalizar pontos importantes da seleção de amostras). Por fim, definiu-se a forma de análise, ou seja, os caminhos reais para alcançar a ADC e evidenciar o que se propõe como discussão advinda dos da91


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