Do norte ao sul das Américas – PDPI e ETA: eixos combinatórios da hegemonia estadunidense

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deste processo, para só então constituírem-se como classes antagônicas e superarem, por conseguinte, estas relações de submissão. Diante do exposto e levando em consideração que, na teoria de Gramsci, a Hegemonia se materializa pela força aliada ao consenso, corroborase com Normam Fairclough (2001) quando defende que o consenso é criado pela naturalização de ideologias dominantes propagadas pelo Discurso, cabendo sempre analisá-lo sob a ótica das relações de poder que podem ser estabe lecidas por meio de construções discursivas. Devido a isso, o Discurso é categoria basilar que se alia ao exposto sobre Ideologia e Hegemonia.

1.3 DISCURSO E RELAÇÕES DE PODER (NORMAN FAIRCLOUGH) O Discurso é uma das categorias essenciais para a construção das análises aqui propostas, pois numa perspectiva tridimensional busca-se envolver Ideologia, Hegemonia e Discurso, estabelecendo uma relação dialética capaz de explicar a relação do Brasil com os Estados Unidos, no âmbito da soberania. Desta forma, a Teoria Social do Discurso, de Norman Fairclough, 6 uma abordagem da Análise de Discurso Crítica (ADC), mostra-se adequada aos objetivos pretendidos. No entanto, a epistemologia concernente dessa teoria não será objeto deste capítulo, pois é procedimento de análise dos dados da pesquisa e está contida no percurso metodológico do trabalho ora desenvolvido. É válido frisar que o linguista britânico Norman Fairclough é um dos grandes expoentes da ADC, que se notabilizou por aliar conceitos tanto da Linguística como das Ciências Sociais, para compreender como se processam as relações de poder na sociedade. O teórico usa o termo Discurso, como “prática social, e não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveis situacionais.” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 90-91). Quer dizer que um evento discursivo provém do indivíduo, mas não expressa sua individualidade, posto que é constituído socialmente, mas o estudioso adverte que Discurso não é só reflexo do contexto social e nisto reside o diferencial de sua teoria, que traz várias implicações: Primeiro, implica ser o discurso um modo de ação, uma forma em que as pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente, sobre os outros, 6

Norman Fairclough foi professor emérito de Linguística na Universidade de Lancaster. Nasceu em 30/04/1941, em Alencastro, Reino Unido. É um dos fundadores da Análise de Discurso Crítica, área de estudos que analisa a influência das relações de poder sobre o conteúdo e a estrutura dos textos, sobretudo os midiáticos. Disponível em: https://lancaster.academia.edu/NormanFairclough (adaptado pelas autoras).

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