114 se que a terminalidade específica é um recurso que ainda não deve ser planejado para ele, pois independentemente de idade-limite oficial para sair da Classe Especial, enquanto houver possibilidades de que um aluno seja alfabetizado, a referida classe ainda poderia ser uma alternativa, enquanto sua inclusão escolar não seja verdadeiramente efetivada. E esse é o caso do Sujeito 2.
Sujeito 3 – O Sujeito 3 da pesquisa nasceu em 1986, em Cascavel-PR, e, no momento da pesquisa, estava com dezessete anos, frequentando a 6ª série de um Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio, na mesma cidade. Em 1998, foi encaminhada pelo neurologista à Universidade Estadual de Maringá, onde, por meio de cariótipo, foi diagnosticada com Síndrome de Williams 44. Ela frequentava a pré-escola de uma escola estadual de Cascavel, em 1993, aos sete anos, quando foi encaminhada à dupla avaliadora45 do NRE, para avaliação. Após a avaliação psicoeducacional, foi encaminhada, por meio de carta enviada pela psicóloga, à APAE de Cascavel. No entanto, antes de ir para a APAE, frequentou uma Classe Especial para verificar se seria possível permanecer nela, o que não aconteceu; o motivo está explicitado num relatório de avaliação psicoeducacional de agosto de 1998, que apresenta a seguinte informação: “decidiu-se que pelas condições de aprendizagem naquele momento (1993), o encaminhamento deveria ser para a APAE”. Esse relatório (de 1998) segue afirmando que o Sujeito 3 estudou na APAE “durante alguns anos, tendo saído por iniciativa da mãe”. A mãe matriculou-a num colégio da rede privada, na qual frequentou a pré-escola por cerca de um ano (1995) e depois matriculou-a na Classe Especial de um colégio público, em que frequentava, no momento da pesquisa, a 6ª série, em que permaneceu de 1996 a 1998, quando foi encaminhada novamente para avaliação psicoeducacional, agora no CRAAD. Segundo o primeiro relatório de avaliação, de outubro de 1993, a queixa principal da pré-escola sobre a aluna – motivo pelo qual foi encaminhada para avaliação – era: “não realiza as tarefas, briga bastante, não assimila cores, formas, letras, números, imaturidade, falta de coordenação”. O relatório também apontava que, durante a avaliação, a criança não parava de falar e agitar-se. Não conseguia entender as explicações. Ficou dispersa. Teve dificuldade com limites. Mostrava uma verbalização excessiva. Mas “é comunicativa e extrovertida”.
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A Síndrome de Williams é uma rara desordem genética frequentemente não diagnosticada. Não é transmitida geneticamente. Não tem causas ambientais, médicas ou influência de fatores psicossociais. Tem impacto sobre diversas áreas do desenvolvimento, incluindo a cognitiva, comportamental e motora. Estima-se que uma em cada 20.000 crianças nasçam com SW. Foi descrita pela primeira vez em 1960, por um médico neozelandês, Dr. J. C. P. Williams, quando verificou que um grupo de pacientes pediátricos possuía sintomas parecidos: problemas cardiovasculares, rostos com características semelhantes, atraso mental moderado, dificuldade para ler, escrever e efetuar operações matemáticas. Alguns possuíam extraordinário talento musical, com alta noção de ritmo. 45 Dupla Avaliadora era a forma como eram denominados os profissionais – Psicólogos e Professores Especializados – que recebiam um curso de formação de 80 horas oferecido pela SEED/DEE, que os credenciava para realizarem avaliações no modelo psicoeducacional, de crianças com deficiência e/ou dificuldades/distúrbios de aprendizagem, na rede pública do Paraná.