Jornal DCE UFF Junho 2007

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Essa matéria é composta por informes enviados direto da ocupação da USP por 5 estudantes de História da UFF, Fábio Frizzo, Ivan Martins, Lucas Von der Weid, Marco Pestana e Pablo Azevedo. Foram enviados como delegação do CAHIS (Centro Acadêmico de História) da UFF e contaram com o apoio da Comunicação do DCE. Importante percebermos as diferentes colocações se comparadas às divulgadas pela grande imprensa. Entre as muitas descrições e observações ficam salientadas principalmente a forma de organização e a diversidade de atividades da ocupação. Vale a leitura com atenção e aprendermos com novas experiências. No site do DCE www.uff.br/dce você encontra na íntegra todos relatos, que infelizmente tiveram cortes no jornal e letra diminuída a drástico e exprimido Arial 8 devido à falta de espaço. Os relatos são divididos em 5 informes enviados em momentos distintos da ocupação entre os dias 6 e 10 de junho para a lista de emails do CAHIS. Serão em breve publicados numa edição especial da revista “A Roda”, oublicada pelo CAHIS. “Primeiros Contatos Ola a todos, Na chegada à cidade, tivemos contato com algumas pessoas na rua e até agora não encontramos nenhuma posição frontalmente contrária à ocupação da USP, no máximo algumas ressalvas à condução do processo. Seguimos em frente para verificarmos com nossos próprios e delegados olhos. Chegamos à USP por volta de 9 horas da manhã e encontramos uma fila para a entrada na ocupação, muitas faixas no prédio e barricadas nas ruas, ainda que muito pouco efetivas (eles têm muito a aprender com as do Complexo do Alemão). A entrada só foi permitida com identificação estudantil, fosse ela qual fosse. Ao apresentar a carteirinha da UFF, fomos saudados pela comissão de segurança e convidados a entrar. A entrada principal é feita por um corredor montado pela ocupação, para facilitar o controle dos transeuntes. Todas as paredes são ocupadas por painéis de apoio, de várias instituições, à greve e à ocupação, além de informes de dezenas de atividades (já fomos informados que os cursos em greve têm calendários próprios) e manifestações culturais (charges, pinturas, recados etc). É importante ressaltar que há cartazes gigantes listando todas ocupações estudantis, inclusive, é claro, a da UFF. Há dez ocupações atualmente! O hall principal estava tomado por mais de uma centena de estudantes de diversas instituições, envolvidos no II Encontro Estadual de Universidades Públicas Paulistas. Uma rádio própria da ocupação dava o tom da movimentação. (...) Assim, pudemos perceber que é uma ocupação ampla e que funciona em todos os espaços da reitoria. (...) e, ao contrário do que a imprensa deixa a entender, toda a estrutura está

sendo otimamente preservada e re-utilizada (à exceção da porta pantográfica da frente, que se tornou uma instalação de arte pós-moderna). Há coisas muito simbólicas e curiosas, como um filhote de cocker-spaniel amarrado na porta do Conselho Universitário. Bom, logo voltaremos a contactar. Abraços dos que aqui estão. Segundos Contatos Olá a todos, A primeira impressão, que logo se confirmou, é que o movimento foi e é largamente tocado por 'independentes', ou seja, pessoas sem vínculos com grupos partidários em geral, apesar de haver apoio de alguns partidos e participação de coletivos que não têm atuação expressiva no Rio; essa idéia de independente, no entanto, não é algo muito definido. (...)A estrutura formada, numa primeira vista, nos é muito familiar. Deparando com as dificuldades de organização de uma ocupação que durasse, as pessoas se dividiram em comissões com base em trabalhos específicos, tais como de Cultura, Comunicação, Finanças, Limpeza, Alimentação, Segurança e Negociação. Esta última é composta de forma que todos os seus participantes tenham necessariamente se envolvido em debates nos Grupos de Discussão, tais como Decretos (do Serra, que limitariam a autonomia das universidades públicas paulistas), Estatuinte (que discute a possibilidade de rever o estatuto da própria USP). Muitas outras atividades têm sido organizadas tanto na ocupação, quanto nas unidades que aderiram à greve, como aulas abertas, palestras, debates, exibição de filmes, etc. A grande maioria delas têm obtido êxito, (..) Ainda não conhecemos toda a estrutura de funcionamento da ocupação, mas percebemos que não há uma autoridade central instituída, ou melhor, um coletivo menor, algo como uma diretoria; as comissões parecem ter muita autonomia para a realização de seus trabalhos, ou seguindo decisões gerais tomadas em plenárias. Eles estão tentando organizar uma espécie de reunião inter-comissões, ou seja, parece mesmo que essa nova estrutura se faz a partir das necessidades da base da organização. Hoje ocorreu aqui o III Encontro Estadual das Universisades Públicas Paulistas, que lotou o espaço da ocupação, e em certo momento contou com sete reuniões paralelas (a maior delas contando com mais de setenta pessoas) e neste momento está se finalizando, com uma plenária conjunta das universidades com fins, dentre outras coisas, de formar um comando de greve unificado, bem como de defender a bandeira das eleições diretas para as reitorias (aprovada por consenso). Terceiros Contatos “Pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal, pessoal...” Bem, acordamos – o idiota do Ivan acordou

Visite e conheça o site do DCE www.uff.br/dce

O site do dce tem sido atualizado constantemente. Participe sendo leitor e também participante! Você pode falar conosco e enviar notícias e publicar atividades na parte “Contato”. Além obviamente das esperadas sugestões e críticas. O site e a comunicação do DCE são espaços que se propõem abertos e, portanto, não fazem sentido sem a participação dos estudantes da UFF.

antes [horas antes! – grifo do próprio] – para informar sobre o III Encontro Estadual das Universidades Públicas Paulistas. A plenária final, composta por cerca de 300 estudantes da Unicamp, UNESPs (Franca, Ribeirão Preto, Araraquara, Presidente Prudente) e USP (São Paulo e São Carlos), durou por volta de 4 horas e transcorreu calmamente. Interessantemente, composta apenas por mulheres, que coordenou as votações e debates com serenidade. (...) A plenária votou por convocar associações de docentes e funcionários públicos para compor uma greve forte e, no estado de São Paulo, unificada; fazendo manifestações contra os decretos do Serra. Apontaram para a construção de uma greve nacional da educação contra a reforma universitária do governo Lula. Conversas noturnas, enquanto acompanhávamos as mensagens de vocês, com alunos das estaduais do interior mostraram que o movimento está bastante mobilizado por lá também. Na UNESP de Presidente Prudente, que conta com 3 mil alunos, a última assembléia contou com a presença de mais de mil deles. (...)Após o jantar, participamos das manifestações culturais da ocupação – três shows de rock, um espetáculo/manifestação de palhaços (do Exército Clandestino Insurgente de Palhaços Rebeldes e Revolucionários) e uma roda de samba que “participamos”, enquanto tentávamos dormir na sala ao lado. (...) Quartos Contatos (...) o DCE da USP, um dos alvos principais dos ataques por parte da Ocupação, se pronunciou avaliando que a mobilização estudantil estava diminuindo, citando a menor participação em assembléias (que tem tido uma freqüência semanal!). A representação da Ocupação (na verdade, do movimento, porque seguindo as assembléias gerais) falou contra esta colocação do DCE, pondo que um relativo esvaziamento das assembléias se deve antes de tudo a um desgaste do formato, que está sendo rediscutido aqui dentro. O DCE não tem participado das assembléias e nem segue suas deliberações, de forma que a representação estudantil tem se dado sempre partida entre o Diretório e delegações das assembléias e da Ocupação. Podemos nós tomar este caso para pensar de que formas a nossa própria representação estudantil nos fóruns da Universidade pode se dar de forma mais horizontal, de forma a evitar que haja em algum momento um descolamento tão grande do nosso DCE quanto às mobilizações estudantis. O próprio modelo de representação do CA pode ser um caminho. (...)aconteceu uma sessão do “Cultura de Greve”, um ciclo de palestras diários organizado pelo pessoal da Ocupação, com a função de discutir questões que relacionem mobilização política (como greves, ocupações, etc) com questões teóricas. O convidado de ontem foi o Plínio de Arruda Sampaio Júnior, professor de economia da UNICAMP.(...) Por volta da meia-noite, saiu, finalmente!, a

primeira refeição do dia (só aguentamos até ela, porque à tarde fomos fazer uma visitinha a uma padaria), uma saborosíssima feijoada, que contou com os nossos irreprimíveis dotes culinários para ficar pronta. O segredo do sucesso do rango foi o nosso tempero secreto carioca, feito à base de sangue do dedo do Fábio (sabem como é, né? não se deve deixar crianças brincarem com facas). Quintos informes (...) Como dissemos no último informe, houve um ato anti-globalização realizado por ocasião da reunião do G8, que, apesar do feriado, foi bastante cheio. Decidimos não enviar uma subdelegação para poder aproveitar melhor o tempo aqui na ocupação. Contudo, uma galera daqui participou. Como era de se imaginar, os conflitos entre os manifestantes e a repressão resultaram em prisões, incluindo dez pessoas daqui. A divisão do trabalho da Ocupação levou o Fábio a atender telefonemas durante um tempo e ele mesmo recebeu a chamada da delegacia dando as boas notícias de que todos foram liberados e só uma pessoa acabou fichada, por danos materiais, embora os danos materiais nos manifestantes não tenham sido fichados. A produção do dia de hoje inciou-se compondo a galera da faxina; o prédio é limpo todos os dias para evitar a degradação do patrimônio. Inclusive, na manhã de hoje uma fotógrafa fez uma excursão guiada pelo pessoal da Ocupação para retratar o estado do prédio e mostrar que ele continua inteirinho. (...) Hoje, a Culutra de Greve contou com a presença do professor Henrique Carneiro, do Dep. de História da USP e militante do PSTU (para surpresa de alguns integrantes desta delegação, impressionados com a qualidade da exposição), que fez um panorama do movimento estudantil em todo mundo no final da década de 60, incluindo Japão, EUA, Brasil, México, Leste Europeu, Alemanha e, é óbvio, França, terminando com uma reflexão sobre as análises de Ernest Mandel e Herbert Marcuse. Boa parte da conversa subsequente girou em torno de inevitáveis comparações com o movimento que vivemos. (...) Copiamos algumas Rodas para deixar aqui pra galera (já falamos do sucesso da revista aqui, não?) e fizemos o cartaz de apoio do CAHIS para deixar no saguão, que está repleto de manifestações deste tipo feitas por várias organizações (CAs, Universidades, DCEs e etc). Agora, está acontecendo uma reunião sobre auto-gestão e dois dos nossos membros estão lá coletando informações para descobrir como acontece esta “estranha e conspiratória” organização, para que possamos aprender e tentar utilizar isto na nossa própria organização do CA. Despedimo-nos dos informes de terras paulistas, já que embarcamos de volta com o raiar do dia, ainda que haja muito trabalho pra ser feito nesta madruga. Esperamos sinceramente que isto tenha acrescentado algo ao pessoal daí e faremos de tudo para aprofundar os debates sobre o que vimos aqui. O trabalho não acabou, está só começando!!!”

Coordenação de Comunicação informa Primeira Reunião do Projeto “Memória do Movimento Estudantil da UFF”. Dia 20/06, às 14 horas na salas dos DA's do IACS. Esse projeto iniciado pelo Comunicação do DCE tem como o objetivo resgatar a memória do movimento estudantil da UFF por um viés independente, colocar-se enquanto uma atividade acadêmica reconhecida pela Universidade e publicar os resultados da maneira mais expressiva na Universidade e fora dela!

JORNAL

01/07 - 31 de junho de 2007

CONTATO COM A OCUPAÇÃO DA USP

www.uff.br/dce

DCE-UFF realizará III Encontro do Interior da UFF Para quem não sabe, a UFF está presente em mais de 10 cidades do interior do estado com políticas de interiorização. Aqui nessa edição você verá que apesar da boa notícia que isso parece ser, na maioria dos locais não existe condições básicas de estudo como biblioteca, ou mesmo garantia da continuidade dos estudos. Saberá também que estudantes da UFF estarão em Bom Jesus de Itabapoana reunidos no III Encontro do Interior para mudar esse quadro, integrar e organizar os estudantes da UFF toda, sem distinção numa perspectiva comum de garantir um ensino de qualidade e público com pesquisa e extensão em todo lugar em que estiver a Universidade Federal Fluminense

páginas 4 e 5

Saiba tudo sobre a Reforma Universitária. Os motivos para barrá-la e participarmos da Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. Conheça também a cara velha de sucateamento da chamada

querem enganar a gente. isso tambem ´ é e´ velho.

Reunião da Comunicação do DCE. Dia 20/06, às 14 horas na salas dos DA's do IACS. Pauta: Rádio Universitária na rede; Calourada do próximo semestre; Jornal ou Boletim; e mais o que se quiser debater

Coordenação de Estrutura e Finanças informa

Plenária Nacional Contra a Reforma Universitária em 26 de março

Balancete - Abril/Maio Ativo 1 - Aluguéis de Espaços Comerciais 2 - Aluguel do 5° Andar para Eventos 3 - Aluguel do Teatro para Eventos

Total

Valor Passivo 4226 1 - Despesas Administrativas e de Segurança 350 2 - Obras 370 3 - Pagamento por Serviços - P. F. 4 - Passagens para Militância do M.E. 5 - Material de Divulgação 6 - Pagamento de Dívidas 7 - Investimentos 8 - Outros 9 - Caixa 4946 Total

contatos: Igor Pinheiro - 96217828, Willian Kitzinger Costa - 88757323

Valor 217,8 1230 490 580 240 900 825 30 433,2 4946

E MAIS...

pag 6 PODE HAVER PASSE-LIVRE UNIVERSITÁRIO EM NITERÓI

APROVADA MORADIA ESTUDANTIL pag 6 NO GRAGOATÁ

pag 8 O QUE ESTÁ ESTÁ ACONTECENDO NA USP

pag 7 UMA VISÃO DOS CURSOS NO ESPAÇO CRÔNICA DOS CURSOS


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