
4 minute read
Apologética A PREDESTINAÇÃO (III
A PREDESTINAÇÃO (III)
Rev. Luis M. Ortiz
Advertisement
As Sagradas Escrituras não dizem que Deus predestina uns para a salvação e outros para a perdição, mas uns e outros fazem sua própria escolha e tomam sua própria decisão. E todos nós colhemos os frutos de nossa própria escolha e decisão.
Nem Jó, nem David, nem Isaías, nem Jeremias, nem João Batista, nem Paulo, nem nenhum outro homem na Bíblia foi predestinado por Deus para a salvação ou para a perdição. Isso é porque Deus conhece, antecipadamente, desde a concepção, como é que cada pessoa vai responder a seu eterno propósito de redenção mediante seu Filho Jesus Cristo. E este conhecimento prévio ou antecipado de Deus é chamado na Bíblia de “presciência de Deus”.
O apóstolo Pedro escreve: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai” (1 Pedro 1:2). Isto é que Deus elege, escolhe e chama aqueles que Ele sabe de antemão, ou por adiantado, que vão responder positivamente a sua escolha ou chamado.
O próprio Pedro, no dia de Pentecostes, responsabilizando os judeus de ter matado Cristo, assinala que Deus sabia antecipadamente qual seria a atitude deles e lhes diz: “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus… A este que vos foi entregue pelo determinado conselho [propósito] e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos” (Atos 2:22-23)
E voltamos a Romanos 8:29, para que notemos a divina sequência neste assunto: “Porque os que dantes conheceu”. Ali está sua presciência, seu conhecimento antecipado; e mediante este conhecimento antecipado, ele sabe quem vai responder positivamente a seu chamado, e quem vai rejeitar seu chamado, pois Deus não escolhe, elege ou predestina ninguém para a salvação ou para a perdição. Esta decisão tem que ser tomada pelo próprio indivíduo.
Em 1 Timóteo 2:4, claramente diz que Deus quer salvar todos os homens, mas não todos os homens querem ser salvos. Em 2 Pedro 3:9, diz que “o Senhor… é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”; mas não todos querem se arrepender.
Mesmo no Antigo Testamento, além de muitos outros versículos similares, Deus convida, e diz: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Isaías 45:22). Deus reitera: “Vinde então, e raciocinemos juntos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Isaías 1:18).
E nos quatro Evangelhos, e em todo o Novo Testamento, são muitos os convites do Senhor para todos. O primeiro convite do Senhor está no primeiro livro do Novo Testamento, Mateus 11:28, com muito amor ele diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. E, do mesmo modo, o último convite do Senhor com amor para todos se encontra
no último livro do Novo Testamento, e diz: “quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).
Mas, como já assinalamos, aos que rejeitam seu amor, o Senhor, com muita firmeza e justiça, diz: “Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada… mas, quanto aos covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Isaías 1:20; Apocalipse 21:8).
Portanto, está muito claro nas Sagradas Escrituras que Deus não predestina uns para a salvação e outros para a perdição, mas uns e outros fazem sua própria escolha e tomam sua própria decisão. E todos nós colhemos os frutos de nossa própria escolha e decisão: quem aceita Jesus Cristo é salvo e quem rejeita Jesus Cristo está perdido; em ambos casos, eternamente.
Mas continuemos nestes versículos do capítulo 8 da epístola do apóstolo Paulo aos Romanos, que são os versículos nos quais Santo Agostinho, Calvino e outros atualmente pretendem encontrar apoio. “Porque os que dantes conheceu” (v. 29). A palavra ou verbo “conhecer” significa, entender e saber, mediante o exercício das faculdades mentais e intelectuais e mediante a experiência, a natureza, qualidades e relações das pessoas e as coisas. E Deus, o Criador, sempre reuniu, com excelência e perfeição, todas e muitas outras qualidades que o capacitam para conhecer e saber otimamente; que nada, nem ninguém escapa a seu conhecimento. E por esta razão, o Espírito Santo inspirou o apóstolo Paulo para escrever: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis [incompreensíveis] são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Romanos 11:33-36).