Baseado na obra de Jacques Martin Argumento Valérie Mangin Desenho Thierry Démarez Cor Jean-Jacques Chagnaud

Agradecimentos a Annie Collognat pela sua ajuda na documentação, tão rica quanto pertinente, e, sobretudo, pela sua paciência capaz de superar todos os obstáculos.
Agradecimentos a Julie Gallego pela sua disponibilidade permanente, o seu dinamismo e o seu enorme entusiasmo.
Valérie ManginTítulo original Alix Senator, tome 7 — La puissance et l'éternité Autores Jacques Martin, Valérie Mangin e Thierry Démarez © Casterman, 2018 Todos os direitos reservados
Tradução Jorge Lima Revisão Elisabete Lucas
Fotocomposição Gradiva Impressão e acabamento ACD PRINT, S. A. Reservados os direitos para Portugal por Gradiva Publicações, S. A. Rua Almeida e Sousa, 21 – r/c esq. — 1399-041 Lisboa Telef. 21 393 37 60 — Fax 21 395 34 71 geral@gradiva.mail.pt
1. a edição novembro de 2022 Depósito legal 506 242/2022 ISBN 978-989-785-182-7
Editor Guilherme Valente NOTADada a imperatividade de utilização do chamado «novo acordo ortográfico» para os livros serem disponibilizados nos estabelecimentos de ensino, a Gradiva segue esta norma ortográfica nas obras que o público escolar e académico lerá com proveito acrescido.
pai, um dia irei recuperar o teu cadáver ao egito e as tuas cinzas repousarão verdadeiramente nesta urna, junto de nós. prometo‑to.
alix, meu amo... porque regressastes lá com khephren? porque nunca ninguém dá ouvidos à velha ama?!

alix, nunca devia ter‑te deixado voltar a partir. devia ter...

pensa que ele continua a viver no seu filho.
tens razão, terência, e o tito vai ficar muito só.
vai precisar de nós.
meu rapaz, acompanha‑me agora mesmo ao palatino. falaremos do teu pai.
minha pobre lídia, ele era um dos nossos melhores amigos.que belo dia para um funeral.
regozija‑te, alix, vais poder obedecer uma última vez a augusto, juntando te a agripa na sua tumba!
então por que esperas para acabares connosco, prefeito?
eu?! eu seria incapaz de matar um senador, tu conheces‑me.
ah!
pois, isso é verdade, contentas te em torturá‑los.
e o gosto de lívia é que sejas enterrado vivo com o teu filho.
os dois já não servem para nada. em última análise, sabem tanto como nós sobre a cibele de auricalco.

toma. um ano de soldo, como combinado. A partilhar com os outros guardas.
e a morte para o primeiro que der à língua.
aliás, a tua urna funerária já se encontra aqui, no teu ossuário.
terias talvez preferido que te entregasse a esses bárbaros siwis, senador?
apesar de tudo, é mais digno de ti agonizar em roma.
poupa no azeite das candeias e, sobretudo, tira bom partido desta água. é o meu presente de despedida.
só para levarmos mais tempo a morrer... foi ideia tua ou da tua ama?

minha, na verdade, mas deveras apreciada por ela.
pensa em nós quando a fome te forçar a comer o corpo do teu próprio filho!
Ah! Ah! Ah!
há muito que não fazias uma visita à Grande Mãe, ó lívia!
o pai suicidou‑se e augusto venceu. perdemos, endymion.
e, no entanto, ela cumulou te dos seus benefícios.
os seus adoradores sempre sustentaram a tua família, mesmo durante a guerra civil, quando ela se opôs ao triunvirato.
além disso, não era contra o seu partido que vós vos batíeis, mas sim contra os fiéis de ísis que o apoiavam em memória de césar.
a deusa cibele não queria uma rival em roma... nessa altura, fracassou, mas eis que soou a hora da vingança.
eu sei quem possui a sua estátua de auricalco... sim, aquela que confere o poder e a eternidade.

ah! ah! então, ó lívia, ela não existe, toda a gente...
não me venhas com isso. a deusa existe, sim, e em breve estará na minha posse.
a tua palavra é de ouro, ó lívia. és digna de cibele.
deveras?! mas como...? onde está ela?
sim, e em troca oferecerei ao culto da mãe o lugar cimeiro em roma. caminhareis diante dos flâmines de júpiter.

então foi por isso que voltaste. precisas das minhas galhas para lhe prestar homenagem e te tornares a sua nova eleita?!
destruirei igualmente os altares de ísis e exilarei os seus fiéis.
no próximo Dia do Sangue, flagelar‑ ‑nos‑emos, e os nossos noviços sacrificarão a sua virilidade para que ela te conceda os teus desejos.
um reinado imorredoiro sobre o império de roma e do mundo.

sim, mas mandou desenterrar alix, khephren e o primeiro profeta de amon.

eu, eu não lhe interessava, mas o solo, permeado de galerias, afundou‑se sob o meu peso.
caí num túnel que conduzia à necrópole.
e a seguir Barbarus partiu novamente, levando consigo o khephren e o alix.
o prefeito visitou por diversas vezes a minha mulher desde que chegou. foi a ela que entregou os seus prisioneiros.
quando me aproximei da saída, vi os soldados torturarem ounas, para o obrigar a dizer onde estava a cibele de auricalco.
mas ela não pode saber que sabemos, se queremos ter a menor possibilidade de voltar a vê‑los vivos.
nada podia fazer por eles, por isso voltei para junto de Quintus no oásis.
foi por isso que organizaste os funerais do alix e não nos disseste nada até agora?
foi.
a minha mulher pertence à mais alta aristocracia... muito acima de mim.
não posso perder o seu apoio oficial. os senadores não esperam menos que isso.
vão ter de resgatar sozinhos o alix.
e se algo vos acontecer, eu não estarei a par.
se eles não chegarem a tempo de salvar o alix, prometo‑te que mo pagarás bem caro, augusto.
então, lídia, tu conheces a lívia tão bem como eu: ela adora brincar um bom tempo com os seus prisioneiros antes de os matar.
és perfeitamente incapaz de nos proteger da insanidade da tua mulher, como as esfinges protegem os seus adoradores do ardor de cibele.

confia em mim.
a tua mulher é tão cruel e sedenta de poder como a Grande Mãe. não me espanta de todo que se identifique com ela.
e tu não fazes nada... de que serve teres inscrito sobre o teu selo uma esfinge como a que está sobre a caixa da deusa?
e confia nos nossos amigos: querem de tal modo encontrar alix e khephren que nem lhes ocorreu interrogar‑me acerca da estátua.
é preciso destruí‑la, lídia. há muito que o devíamos ter feito.
khephren, este fragmento é muito afiado... vou libertar‑te...
não.
não... não finjas que queres ajudar‑me, alix. isto é tudo culpa tua.
a lívia pensava que tu falarias se me torturassem. mas não te conhecia como eu conheço.
não abriste a boca. deixaste‑os continuar.
khephren, eu não sei onde augusto escondeu a sua maldita estátua. por isso, não podia confessar.

a mulher dele desconfiava disso. quis simplesmente fazer mal aos dois.
mesmo que eu tivesse contado tudo, ela ter ‑te‑ia feito sofrer para te fazer expiar a tua traição.
é isso... tão patético um como o outro.