O Mágico de Oz

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L. Frank Baum

L . F R A N K B A U M

O mágico de Oz

Tradução e adaptação

Ligia Cademartori

O mágico de Oz

igia Cademartori

Ilustrações

Marilia Pirillo

O mágico de Oz

L . F R A N K B A U M

O mágico de Oz

Tradução e adaptação

Ligia Cademartori

Ilustrações Marilia Pirillo

1a edição

Curitiba – 2021

Copyright © herdeiros de Ligia Cademartori, 2021 Todos os direitos de edição reservados à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT

Rua Imaculada Conceição, 1155 – Prédio da Administração – 6o andar Campus Curitiba – CEP: 80215-901 – Curitiba – PR Tel. (0-XX-41) 3271-1701

Editora assistente Bruna Perrella Brito Revisoras Lívia Perran e Marina Nogueira

Tradução e adaptação de The Wizard of Oz, Wordsworth Editions Limited, 1993, ISBN: 1-85326-112-2, publicado originalmente como The Wonderful Wizard of Oz, em 1900.

L. Frank Baum (1856-1919), escritor estadunidense, foi jornalista, dramaturgo e ator. Publicou O maravilhoso mágico de Oz em 1900, seguido por 13 outros títulos sobre a terra mágica de Oz, totalizando 70 livros para crianças.

Dados da Catalogação na Publicação Pontifícia Universidade Católica do Paraná Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR Biblioteca Central Pamela Travassos de Freitas – CRB 9/1960

Baum, L. Frank (Lyman Frank), 1856-1919

B347m O mágico de Oz / L. Frank Baum ; tradução e adaptação Ligia Cademartori; 2021 ilustrações Marilia Pirillo. – 1. ed. – Curitiba : Champagnat, 2021. 96 p. : il. ; 30 cm.

Tradução e adaptação de The Wizard of Oz ISBN 978-65-89590-17-0 (livro literário do estudante) 978-65-89590-16-3 (livro literário do professor)

1. Literatura infantojuvenil. I. Cademartori, Ligia. II. Pirillo, Marilia, 1969-. III. Título.

21-101

CDD 20. ed. – 028.5

Fundada em 1983, a Editora Universitária Champagnat, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, publica livros em todas as áreas do conhecimento. Tendo como premissa a relevância científica, literária, artística e cultural, visa a atender aos interesses de ensino, pesquisa e extensão da comunidade acadêmica e da sociedade como um todo.

Siga as pedras amarelas

Apresentação

Você já deve ter ouvido falar de O mágico de Oz, pois esta é uma das mais famosas narrativas infantis de quantas se conhecem. A história de L. Frank Baum, publicada em 1900, vem encantando sucessivas gerações. Além disso, o filme de Victor Fleming, baseado na obra de Baum, é exibido com frequência na televisão.

Baum quis escrever um conto de fadas moderno, diferente de outros, em que as bruxas são sempre más e seres poderosos fazem o que querem com os pequenos. Nessa história não é bem assim, como você vai ver.

Dorothy, menina que mora numa fazenda com seus tios, é transportada pelos ares, pela fúria de um ciclone, para um lugar bem distante. A partir daí, tudo muda. Ela ingressa num mundo de criaturas e objetos mágicos. Mas, por mais fascinante que esse mundo possa ser, o que a menina quer é encontrar o caminho de volta para casa. Esse é o seu grande desejo.

Para realizá-lo, ela percorre a estrada de pedras amarelas que a levará ao Grande Oz, mágico tão poderoso que imagina poderá mandá-la de volta. No caminho, encontra seus companheiros. O Espantalho, que decide procurar Oz para pedir um cérebro. O Leão, que vai em busca de coragem. O Lenhador de Lata, que deseja ter um coração.

Juntos, vivem aventuras extraordinárias ao atravessar o campo de papoulas mortais, enfrentar os Cabeças de Martelo, conhecer os Macacos Alados, entrar no País de Porcelana, transpor as muralhas da Cidade das Esmeraldas. Os quatro companheiros conhecem lugares maravilhosos e também fazem descobertas importantíssimas sobre eles mesmos.

Por que essa Terra se chama Oz? Dizem que o nome se deve à existência de certos arquivos na casa do escritor. Eram três. No primeiro, lia-se A-G; no segundo, H-N; no terceiro, O-Z. “Oz”?, pensou Baum, “Por que não”? Pronto. Tinha encontrado o nome para o reino mágico e fascinante onde você, agora, poderá entrar e percorrer com Dorothy e seus amigos. Tudo o que tem a fazer é virar as páginas seguintes.

Ligia Cademartori

1. O ciclone

tarja ilu

orothy morava numa planície do Kansas, bem no meio dos Estados Unidos, com tio Henry e tia Ema, um casal de fazendeiros. Viviam numa casa bem pequena que tinha, no meio do assoalho, um alçapão. Era passagem para um abrigo onde podiam se proteger da violência dos ciclones, muito comuns na região.

Da porta, Dorothy olhava ao redor e só o que via era o campo cinzento sem uma árvore sequer. Tempos atrás, tinham pintado a casa. Mas não demorou para que o sol descolorisse a tinta e a chuva a levasse embora. A casa ficou triste e sem graça, como o resto.

Tio Henry e tia Ema nunca riam. Só Dorothy era alegre ali, graças a Totó, um cachorrinho preto, de pelo longo e macio, com quem gostava de brincar. Naquele dia, porém, estavam sem disposição para brincar. Sentado à soleira da porta, tio Henry olhava o céu escuro, preocupado. Dorothy também examinava o céu, enquanto tia Ema lavava a louça.

Ouviram, então, vindo do norte, o uivo baixo do vento. A grama alta se dobrou em ondas. Em seguida, o ar soprou do sul e a grama ondulou nessa direção. Tio Henry se levantou.

– É ciclone! – gritou à mulher. – Vou recolher o gado.

Tia Ema veio à porta olhar.

– Depressa, Dorothy, para o alçapão! – gritou.

Totó saltou dos braços da menina e foi para baixo da cama. Ela foi atrás dele. Tia Ema, apavorada, correu para o abrigo. Dorothy conseguiu apanhar o cachorrinho e quis seguir a tia. Mas, antes de chegar ao alçapão, ouviu o vento rugir com mais violência. A casa balançou. Ela perdeu o equilíbrio e foi ao chão.

Então, algo muito estranho aconteceu.

A casa deu duas ou três voltas no ar e subiu devagar, como se fosse um balão. Os ventos do sul e do norte tinham se encontrado exatamente no lugar da casa. Era ali o centro do ciclone. No meio dele, o ar costuma ser calmo, mas a grande pressão de vento, vinda de todos os lados, elevou a casa ao alto e transportou-a por quilômetros, como uma pena ao sabor da tempestade.

Escureceu, o vento fazia barulho terrível, mas Dorothy, depois de alguns rodopios, sentiu-se embalada com doçura, como se estivesse num berço. Sentou-se quietinha no chão. Mas Totó não parava de correr e latir. Acabou se aproximando demais do alçapão aberto e caiu. A menina chegou a pensar que perderia o amigo. Só quando viu as orelhas dele despontando no buraco, compreendeu que a pressão do vento era tão forte, que ele não poderia cair.

Arrastou-se, pegou Totó pelas orelhas e o trouxe de volta. Fechou o alçapão para evitar mais acidentes.

À medida que as horas passavam, ela perdia o medo. Deixou de se preocupar. A casa balançava, o vento soprava, ela fechou os olhos e adormeceu.

tarja ilu

2. O encontro com os munchkins

orothy acordou com um forte choque. Percebeu que a casa já não se movia nem havia escuridão. Abriu a porta. Deu um grito de surpresa ao olhar ao redor. A visão era maravilhosa. O ciclone trouxera a casa de volta a terra. Estava em meio a um campo de extraordinária beleza.

Olhava o cenário, encantada, quando percebeu a aproximação de estranho tipo de gente. Eram três homens e uma mulher idosa vestidos de modo muito esquisito. Embora fossem adultos, eram da altura dela. Seus chapéus altos, pontudos, tinham as abas enfeitadas com guizos que soavam alegremente quando eles se moviam. Os chapéus dos homens eram azuis, o da mulher era branco. Branca também era a capa que lhe descia dos ombros, salpicada de estrelinhas que, ao sol, brilhavam como diamantes.

A velhinha se dirigiu à menina com uma saudação:

– Seja bem-vinda à terra dos munchkins, nobre feiticeira. Somos gratos por ter matado a Bruxa Má do Leste e libertado o povo da escravidão. Dorothy, espantada, disse:

– Obrigada, mas deve haver engano. Eu não matei ninguém.

– Bem, então, sua casa matou – respondeu a velhinha com uma risada –, o que dá no mesmo. Veja! – continuou, apontando para um canto da casa. – Os pés da bruxa estão debaixo da madeira.

Dorothy soltou um grito ao ver os dois pés virados para cima, calçados com sapatos de prata de bico fino:

– Ai, meu Deus! A casa deve ter caído em cima dela. Que podemos fazer?

– Nada – disse a mulher.

– Quem era ela? – perguntou Dorothy.

– Como disse, era a Bruxa Má do Leste. Manteve os munchkins sob escravidão por muitos anos. Agora, estão livres e agradecidos a você.

– E quem são os munchkins? – perguntou Dorothy.

– São os habitantes da Terra do Leste, que a Bruxa Má dominava.

– A senhora é uma munchkin?

– Não, mas sou amiga deles. Sou a Bruxa do Norte.

– Meu Deus! – gritou Dorothy. – É uma bruxa de verdade?

– Claro, mas sou uma bruxa boa e as pessoas gostam de mim. Não sou tão poderosa quanto a Bruxa Má. Se fosse, já teria libertado essa gente.

– Pensava que todas as bruxas eram más – disse a menina, assustada por estar diante de uma bruxa de verdade.

– Ah, não, esse é um grande engano. Só há quatro bruxas em toda a Terra de Oz e duas delas, a do Norte e a do Sul, são muito boas. Mas as bruxas do Leste e do Oeste são mesmo más. Agora que destruiu uma delas, resta apenas uma bruxa má na Terra de Oz: a Bruxa Má do Oeste.

– Mas tia Ema me disse que as bruxas morreram há muitos anos.

– Quem é tia Ema?

– Minha tia que mora no Kansas, de onde eu venho.

– Não sei onde fica o Kansas – disse –, nunca ouvi falar a respeito. Diga, é um lugar civilizado?

– É, sim – respondeu Dorothy.

– Ah, então é por isso. Acho que, nos países civilizados, não há mais bruxas, magos, feiticeiros, mágicos. Mas a Terra de Oz nunca foi civilizada. Por isso, aqui, ainda há bruxas e mágicos.

– Que mágicos? – perguntou Dorothy.

– Na verdade, um mágico, o grande e terrível Oz – respondeu a bruxa, quase num sussurro. – Ele é mais poderoso que todos nós juntos. Vive na Cidade das Esmeraldas.

Dorothy ia fazer outra pergunta, quando os munchkins puseram-se a gritar, apontando para a casa que havia caído sobre a Bruxa Má.

– O que foi? – perguntou a velhinha. Olhou para o lugar indicado e começou a rir. Os pés da bruxa morta haviam desaparecido completamente. Só restavam os sapatos de prata.

– Era tão velha – explicou a Bruxa do Norte – que logo secou e sumiu.

Os sapatos agora são seus, use.

Apanhou os sapatos, soprou a poeira e estendeu-os à menina.

– São encantados, possuem um poder, mas não sei qual.

Dorothy levou os sapatos para casa. Voltou para o grupo e disse:

– Quero voltar para os meus tios. Devem estar preocupados comigo. Quem pode me ajudar?

Os munchkins e a Bruxa entreolharam-se. Balançaram a cabeça.

– No leste, há um grande deserto. Ninguém sobrevive à travessia.

– Acontece o mesmo no sul – disse outro. – É a terra dos quadlings.

– Dizem – falou um terceiro – que é a mesma coisa no oeste, onde vivem os winkies. A terra é dominada pela Bruxa Má do Oeste.

– No norte, fica a minha terra – disse a velha senhora. – Limita com o grande deserto em torno da Terra de Oz. Acho, querida, que vai ter que viver conosco.

Ao ouvir isso, Dorothy começou a chorar. Sentia-se só em meio àquela gente estranha. Suas lágrimas comoveram a todos. Então, a velhinha retirou o chapéu, balançou-o à altura do nariz e disse, com solenidade:

– Um, dois, três!

O chapéu se transformou em um quadro onde se lia, escrito com letras graúdas: DOROTHY DEVE IR À CIDADE DAS ESMERALDAS.

– Seu nome é Dorothy, querida? – perguntou a velhinha.

– Sim – respondeu a menina, enxugando as lágrimas.

– Então, deve ir para a Cidade das Esmeraldas. Talvez Oz possa ajudá-la.

– Onde fica essa cidade?

– Bem no centro do país. É governada por Oz, o grande mágico de quem lhe falei.

– E ele é bom? – perguntou a menina, ansiosa.

– É um bom mágico. Se é homem bom ou não, não posso dizer, porque nunca o vi.

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