TEATRO! VAMOS AO

tradução Luís Camargo
TEATRO! VAMOS AO
Copyright © Maria Ferretti Rodari e Paola Rodari, Itália, 1980
Copyright © Edizioni EL S.r.l, San Dorligo della Valle, Trieste / www.edizioniel.com, 1991
Direitos adquiridos por meio da Ute Körner Literary Agent / www.uklitag.com
Título original A teatro con Gianni Rodari (peças Il vestito nuovo dell’Imperatore, La finta addormentata nel bosco, La Società della Civetta), de Gianni Rodari, e ilustrações de Giulia Orecchia.
Todos os direitos reservados à EDITORA FTD
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP
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Gerente editorial Isabel Lopes Coelho
Editor Estevão Azevedo
Editora assistente Camila Saraiva
Coordenador de produção editorial Leandro Hiroshi Kanno
Preparação e revisão Aline Araújo (líder)
Preparadora Marina Nogueira
Revisoras Tatiana Sado Jaworski e Tereza Gouveia
Editores de arte Daniel Justi e Camila Catto
Coordenadora de imagem e texto Marcia Berne
Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno
Gianni Rodari nasceu em Omegna, na Itália, em 1920, e faleceu em 1980.
Giulia Orecchia nasceu em Turim, na Itália, em 1954.
Luís Camargo nasceu em São Paulo (SP), em 1955.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Rodari, Gianni, 1920-1980
Vamos ao teatro!/Gianni Rodari; ilustrações Giulia Orecchia; tradução Luís Camargo. – 2. ed. – São Paulo: FTD, 2021.
Título original: A teatro con Gianni Rodari
ISBN 978-85-96-03195-0 (aluno)
ISBN 978-85-96-03196-7 (professor)
ISBN 978-88-6656-440-9 (ed. original)
1. Literatura infantojuvenil 2. Teatro – Literatura infantojuvenil I. Orecchia, Giulia. II. Título.
21-85091
Índices para catálogo sistemático:
1. Teatro: Literatura infantil 028.5
2. Teatro: Literatura infantojuvenil 028.5
CDD-028.5
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
TEATRO! VAMOS AO
Gianni Rodari
ilustrações
Giulia Orecchia

tradução
Luís Camargo
2a edição
São Paulo — 2021

Sumário
Apresentação, por Luís Camargo, 6
Peça 1 – A roupa nova do imperador, 11
Peça 2 – A falsa adormecida no bosque, 43
Peça 3 – A Sociedade da Coruja, 57
Glossário, 70
Fontes bibliográficas, 74
Informações paratextuais, 76
APRESENTAÇÃO por Luís Camargo
Você já foi ao teatro?
O teatro é uma construção, pode ser um prédio com bilheteria e pipoqueiro na porta, que abriga várias artes: a música, a ópera, o balé e –claro – o teatro!
O teatro é também uma arte que reúne vários talentos artísticos: a interpretação dos atores, a criação do cenário, a confecção do figurino, as técnicas da sonoplastia e da iluminação, além da literatura, que aparece em forma de peça de teatro.
Talvez você ainda não tenha ido até um teatro (construção), mas talvez o teatro (arte) tenha ido até você, na escola, em casa, em uma festa, por meio de um espetáculo a que você assistiu ou de uma brincadeira com fantoches. Outra forma de apreciar o teatro é por meio da leitura. É encantador ouvir os atores interpretando suas falas, movimentando-se pelo palco, com roupas coloridas, luzes que se acendem e apagam, música, efeitos sonoros. Mas também é uma experiência encantadora imaginar os personagens falando, fazendo as mais diversas entonações e expressões, os gestos mais diversos e se movimentando.
Como você percebeu, a palavra “teatro” pode ter vários significados: construção, arte ou um tipo de texto. Quando apreciamos o teatro por meio da leitura, é o texto que nós apreciamos. Aqui, a palavra “teatro” refere-se a um tipo de texto, a peça de teatro. Também se diz, nesse sentido, que o teatro é um “gênero literário”.
A peça teatral é um tipo de texto que foi escrito para ser encenado. Mas, mesmo sem a encenação, a leitura de uma peça teatral exige uma imaginação bem criativa na nossa cabeça, diferente da que usamos na hora de ler um conto (gênero narrativo) ou um poema (gênero lírico). Na peça de teatro, não há um “narrador” que conta a história, como acontece em gêneros narrativos como o conto, a fábula e o romance. Os personagens agem sem intermediários. Por conta desse protagonismo dos personagens, toda peça teatral costuma iniciar pela lista de personagens. É o que acontece nas peças deste livro.
O autor da peça também descreve – com menos ou com mais detalhes – o espaço onde acontecem as cenas, as roupas dos personagens, suas aparências, suas movimentações, além de outros elementos que julgar necessários para a encenação ou compreensão da história e para nos ajudar na hora de imaginar tudo isso. Esses textos curtos, que são lidos mas não são ditos nas apresentações, são chamados “rubricas”. Muitas rubricas vêm entre parênteses ou em itálico. Em algumas peças deste livro, os personagens falam consigo mesmos e essas falas aparecem entre parênteses.
Este livro reúne três peças de teatro do grande escritor italiano Gianni Rodari. Todas divertidas e cheias de surpresas. Duas delas são adaptações – ou melhor, recriações – de outras obras. A primeira é “A roupa nova do imperador”, uma recriação a partir de um conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. A segunda, “A falsa adormecida no bosque”, uma recriação, muito divertida, de um conto popular contado por Charles Perrault e os irmãos Grimm. E a terceira peça, “A Sociedade da Coruja”, é uma história original que fala de uma sociedade secreta fundada por um grupo de meninos e meninas que quer tornar mais divertidas suas férias de verão. Mas, diante de um imprevisto, a finalidade da sociedade muda, e a história traz uma lição importante de colaboração e solidariedade, com muita leveza e sempre atual.
Depois da leitura das peças, é bem possível que você queira encenar uma delas ou todas! Ao começar os ensaios da encenação, saiba que não é necessário dizer todas as falas exatamente como estão escritas. Você e seus amigos podem dizê-las “com suas próprias palavras”, ou seja, do modo que soar mais natural e espontâneo para vocês. Mas preste atenção porque
alguma palavra “difícil” ou alguma frase que pareça menos comum pode criar sentidos importantes para o texto.
Como você vai perceber, o autor faz “piada” com as orientações sobre cenário e figurino. Que engraçadinho! Mas fique à vontade para usar o que estiver à mão e confie na imaginação do público!
Esperamos que você se divirta com essas três peças teatrais, que incentivam o prazer de pensar com leveza e usar a imaginação. Escritores como Gianni Rodari desequilibram nossas certezas, incentivando-nos a ampliar nossos horizontes e a nos tornar mais acolhedores e generosos com as outras pessoas e a vida.
Então, vamos ao teatro?
Vamos ao teatro com Gianni Rodari!



A roupa nova do imperador
Personagens
Cortesãos
Secretários
Ministros
Almirantes
Generais
Camareiros
Imperador
Conselheiro secreto
Porteiro
Mordomo
Primeiro tecelão
Segundo tecelão
Rainha
Menino
Multidão
CENA 1
Na antecâmara do quarto do imperador, cortesãos e secretários, ministros e almirantes, generais e camareiros esperam que Sua Majestade se levante. Um põe a orelha na porta, outro espia pelo buraco da fechadura e conta o que vê aos presentes.
Que faz Sua Majestade?
Boceja.
Que beleza!
Respira.
Que maravilha!
Se espreguiça.
Como?
Assim:
Estica os braços imperiais daqui até ali.
Que chique!
E a rainha faz o quê?
Ainda está dormindo.
Ah, uma verdadeira senhora…
Tem um sono tão senhoril…
E agora?
Sua Majestade… levanta-se.
Verdade?
Levanta-se inteirinho?
Sim, mas… um pouco de cada vez.
Excepcional!
Coloca no chão o pé esquerdo…
Ai, ai, sinistro sinal, atrai mal!
Não, perdão, era o direito.
Ótimo, será por certo um dia de sorte.
Ei-lo, que chega.
Viva! Viva!
Abre-se a porta. Aparece o imperador bocejando e espreguiçando-se.
todos
Bom dia, Majestade!
imperador
Bom dia, bom dia, senhores cortesãos, generais, almirantes, secretários.
todos
Beijamos vossa mão.
imperador
Não estou vendo o cavaleiro do espelho.
Um dignitário apressa-se por entre a multidão e mostra ao imperador um espelho oval com moldura de prata (ou quadrado com moldura de ouro, mas pode ser trapezoidal com moldura de lápis-lazúli). Sua Majestade mostra um palmo de língua.
imperador
Como está a língua?
todos Limpa.
imperador
Não está um pouco branca?