

Mãe da esperança.
Pe. Simão Cruz
Mãe da esperança.
Para compreender e rezar a Ladainha de Nossa Senhora
Ficha Técnica:
Mãe da esperança. Para compreender e rezar a Ladainha de Nossa Senhora
© 2025 Simão Cruz
Copyright desta edição:
© 2025 Salesianos Editora
Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 geral@editora.salesianos.pt www.editora.salesianos.pt
Cavaleiro da Imaculada Tel: 225 369 618 cavaleiro.imaculada@edicoes.salesianos.pt
Capa: Paulo Santos
Imagens de capa: Drreamstime
Paginação: João Cerqueira
1ª edição: Agosto 2025
ISBN: 978-989-9134-54-6
D.L.: 551163/25
Impressão: Uniarte Gráfica, S.A.
Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.
Ladainhas: o que são?
São a expressão de amor e devoção à mãe do Salvador. Ao longo dos séculos, os cristãos têm manifestado, de muitas formas, o seu carinho e admiração pela Virgem Maria. Embora a mais conhecida seja o Rosário, muitas outras devoções ajudam a transmitir as verdades de fé sobre a Mãe de Deus, de geração em geração. De entre elas, sobressai uma que sintetiza todos os títulos, que podem ser atribuídos a Nossa Senhora: as Ladainhas. Esta palavra vem do grego, litaneuein, e do latim, litania, e significa “súplica”. As ladainhas são uma forma antiga de oração que consiste num conjunto de invocações rezadas pelos fiéis, sobretudo durante as procissões. As ladainhas mais conhecidas na tradição católica são as de Nossa Senhora e as de Todos os Santos, estas rezadas na liturgia do Batismo, das ordenações e na Vigília Pascal. Podemos encontrar diversas ladainhas a Nossa Senhora, mas a mais popular é a chamada Lauretana ou Loretana, por ter sido divulgada a partir do Santuário de Loreto, na Itália, onde ela foi entoada solenemente pela primeira vez no dia 10 de dezembro de 1531. Há quem diga, porém, que tem uma origem mais antiga.
É uma forma de oração ou prece que consiste na recitação sequencial de curtas invocações. A ladainha Lauretana é uma obra-prima de oração popular, que foi aprovada oficialmente pelo Papa Clemente VIII em 1601. Ao longo dos séculos, algumas invocações foram acrescentadas pelos papas, como, por exemplo: “Rainha concebida sem pecado», em 1854; “Mãe do bom conselho”, em 1903; “Rainha da paz”, em 1917; “Rainha assunta ao céu”, em 1950; “Mãe da Igreja”, em 1964; “Rainha da família”, incluída por São João Paulo II, em 1995.
A sonoridade e cadência poética inspirou músicos famosos a comporem belas melodias para as ladainhas. Um deles foi Mozart, que compôs uma melodia para as ladainhas em 1771, depois de ter ido em peregrinação ao Santuário de Loreto. Em 1774, voltou a compor outra melodia para coro a quatro vozes.
Como se formaram?
Em qualquer devocionário cristão, encontramos uma das mais belas formas de nos dirigirmos a Nossa Senhora com a confiança e o carinho, como um filho pode dirigir-se a sua mãe, dando largas à sua imaginação e ternura, cobrindo-A dos nomes mais belos.
Talvez não nos tenhamos dado conta, mas estamos perante uma das orações mais completas. Na ladainha, a Mãe de Deus é invocada 51 vezes com os mais variados títulos. Aos títulos conhecidos, que vêm de há séculos, foram acrescentados outros mais recentes. O que demonstra que a ladainha não é uma oração fechada; os papas podem introduzir outras invocações. Assim, Paulo VI introduziu a de Mãe da Igreja; João Paulo II, introduziu a de Rainha da família. O Papa Francisco acrescentou 3 novas invocações: Mãe de Misericórdia; Mãe da esperança; Conforto dos migrantes.
No entanto, há uma nota importante a destacar, que justifica o dizermos que a ladainha é uma das orações mais completas. Embora o nome de Maria seja adornado de muitos títulos, como jóias incrustadas no seu manto divino, a alma do cristão que as reza, eleva-se em primeiro lugar a Deus, suplicando o seu perdão e benevolência. O que significa que é no grande mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, que nos imer-
gimos. Invocamos Maria para que Ela nos introduza cada vez mais nesse mistério.
Como se formou a oração das Ladainhas? Após uma introdução dirigida à Santíssima Trindade, como acontece em todas as ladainhas, é feita a primeira invocação do próprio nome da Virgem, Santa Maria, seguida de duas invocações que lembram os seus principais privilégios: “Mãe de Deus” e “Virgem das virgens”. As invocações seguintes são divididas em vários grupos: 13 invocações para honrar a sua maternidade; 6 para honrar a sua virgindade; 13 invocações que são figuras simbólicas; 4 invocações da sua misericórdia; e 13 invocações de Maria como Rainha. A ladainha termina com uma súplica penitencial ao “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
Na Ladainha, as invocações iniciais não se dirigem a Nossa Senhora, mas, sim, a Jesus Cristo e à Santíssima Trindade, pois Maria é caminho que nos leva a Deus.
Super-títulos
As invocações da ladainha de Nossa Senhora colocam no topo os nomes mais solenes atribuídos pela Igreja a Maria e que evocam duas verdades de fé (ou dogmas) relacionados com Maria Santíssima: Santa Mãe de Deus; Santa Virgem das virgens. No século XX juntou-se-lhes uma terceira, a do dogma da Assunção ao céu.
Santa Maria
Na missa glorifica-se a Deus pelo «Nome de Jesus», isto é, pela pessoa do seu Filho, porque é no nome de Jesus que está a nossa salvação. Em segundo lugar, Deus é glorificado pelo «Nome de Maria, isto é, pela pessoa da Mãe de Cristo. O seu nome é santo, porque indica a Mulher que foi toda cheia de graça» (Lc 1, 28) e que encontrou graça diante de Deus» (Lc 1, 30). É um nome materno, porque o Senhor, ao morrer na cruz, nos quis dar a Virgem Santa Maria como nossa Mãe, Aquela que Ele escolhera por Mãe, de modo que os fiéis possam ser confortados pela invocação do seu nome.
S. Lucas, considerado o mais mariano dos quatro evangelistas, revela o nome dessa pessoa bendita: «O nome da virgem era Maria» (Lc 1, 27). E ante o anúncio do arcanjo Gabriel, vindo da parte de Deus,
de que vai ser a mãe do Salvador, que a deixa perturbada, ouve de novo o seu nome: «Maria, não temas!» (Lc 1, 30).
A Maria antepõe-se o nome «santa». Santo é quem ou aquilo que está profundamente ligado a Deus. A Virgem de Nazaré é, entre todas as criaturas, a mais santa, porque trouxe no seu seio o Filho de Deus, três vezes santo.
A Virgem Maria é cheia de Deus, cheia do Espírito Santo. A Igreja reconhece na Virgem Santa Maria o membro mais eminente e singular, adornado de todas as virtudes; e porque lhe foi confiada por Cristo no altar da cruz como Mãe, a Igreja ama-A com grande piedade e implora a sua constante proteção; proclama-A como sua companheira e irmã no caminho de fé e nas dificuldades da vida; n’Ela, glorificada junto do seu Filho no reino celeste, contempla a imagem da sua futura glória.
O «Nome de Maria», isto é, a pessoa da Mãe de Cristo, é celebrado por ser um nome glorioso e santo, por indicar a Mulher que foi toda «cheia de graça» e que encontrou «graça diante de Deus» (cf. Lc 1, 28), para conceber e dar à luz o Filho de Deus (cf. Lc 1, 34). Os fiéis, em cujos lábios está com frequência o nome da Virgem Maria, confiadamente olham para Ela como estrela luminosa, e com segura esperança a Ela recorrem nas suas necessidades.
Santa Mãe de Deus
Deus reservou Maria para si, a ponto de A querer como sua Mãe. Desde os primórdios do Cristianismo, a Igreja incluiu nas verdades do credo o título de «Santa Mãe de Deus». Fê-lo solenemente na reunião geral dos bispos, no primeiro Concílio de Éfeso, na Turquia, no ano 431. Para exprimir essa verdade criou uma bonita palavra, Theotókos, na língua grega, (Theo= Deus; Tókos= Mãe); significa que Maria foi «portadora de Deus» no seu coração e no seu seio. Ela é Mãe de Deus. A Igreja celebra o «admirável mistério», pelo qual o Pai misericordioso enviou o seu Filho do céu ao seio da Santíssima Virgem, a fim de que fosse para nós a «palavra da salvação» e o pão da vida. Por isso, a Virgem de Nazaré é para nós um exemplo, a fim de que, à sua imitação, recebamos em nós o Filho de Deus, O manifestemos em obras dignas de santidade e demos testemunho d’Ele por palavras e obras. Maria é verdadeiramente chamada Mãe de Deus, pois realmente é Deus quem Ela dá à luz.
Santa Virgem das virgens
Maria é «Santa Virgem das virgens», pelo facto de Jesus ter sido concebido no seu seio virginal. Esta invocação recorda que Maria, além de ser Santa era, também, Virgem de um modo muito superior a todas as virgens, que consagraram a Deus os seus corpos. De facto, o Verbo de Deus, que é Santidade por essên-
cia, não podia nascer a não ser através de uma Virgem perfeitamente pura. A virgindade perfeita de Maria foi quem preparou a Maternidade divina.
Em Maria, cumpre-se o que diz o profeta Isaías: «Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um Filho ao qual chamará Emanuel, que significa Deus-connosco» (Mt 1, 23), refere Mateus citando Isaías 7,14. No dizer de Santo Agostinho, «Maria permaneceu virgem ao conceber o seu Filho, virgem ao dá-l’O à luz, virgem ao trazê-l’O ao colo, virgem ao amamentá-l’O em seu seio».
Maternidade Divina e a sua perfeita Virgindade são os dois privilégios de Maria, em estreita ligação um com o outro, e que resumem a sua grandeza e A elevam acima de todas as criaturas. Por isso a Igreja, após tê-l’A saudado como Mãe de Deus, saúda-A como Virgem das virgens.
Mãe de Jesus Cristo
A quarta invocação das ladainhas é: Mãe de Jesus Cristo, «a Mãe de Jesus» (Jo 2, 1; 19, 25). Entre os títulos que o evangelho dá à Santíssima Virgem, sobressai o de «Mãe do Senhor». É assim que Isabel, mãe do Precursor, movida pelo Espírito Santo (cf. Lc 1, 41), A saúda: «De onde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor»? (Lc 1, 42). Na Missa, quando rezamos o Credo, proclamamos esta verdade consola-
dora: «E (Jesus Cristo) encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e Se fez homem».
É maravilhoso pensar como o Corpo de Cristo lhe foi dado por Maria. A Bem aventurada Virgem Maria está assim intimamente ligada ao mistério de Cristo, «nascido da Virgem Maria». Cristo, ao entrar no mundo, disse: «Formaste-me um Corpo» (Hb 10, 5). Este corpo foi-lhe dado pela humilde Virgem de Nazaré. Maria é a mulher em cujo corpo Jesus tomou um corpo.
Nunca agradeceremos bastante a Maria por nos ter dado essa carne da sua carne, o bendito fruto do seu ventre. A esse respeito, o papa Bento XVI, ainda como cardeal Ratzinger, tem um comovedor comentário, onde coloca o próprio Deus como «devedor» da Virgem Mãe. Esta tudo pode, pois o seu Filho “não deixa de satisfazer nenhum dos seus desejos, porque nunca Lhe restituiu o que d’Ela tomou emprestado”.
Foi esta a vontade de Deus Pai desde toda a eternidade: «Quis o Pai das misericórdias que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como a mulher contribuiu para a morte, a mulher também contribuísse para a vida (cf. VATICANO II, Lumen Gentium, n. 56). Deste modo fica definida a missão de Maria no mistério de Cristo. Em Maria, Jesus assumiu a carne humana em tudo, menos no pecado (cf. Hb 4,15). O Concílio usa uma impressionante expressão
para afirmar a humanidade de Jesus: “Por sua encarnação, o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo o homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano” (Conc. Vat. II, Gaudium et Spes, n. 22).
Invocações para honrar a maternidade de Maria
As ladainhas têm 13 invocações para honrar a maternidade de Maria. À invocação “Mãe de Deus” e “Mãe de Jesus Cristo”, juntam-se outras onze.
Mãe da divina graça
Maria é Mãe da divina graça por ser a Mãe de Jesus, o autor da graça e a graça em pessoa: “Apareceu-nos a graça de Deus, nosso Salvador” (Tt 2, 11). Maria é cheia da graça divina, a transbordar: “Ave, ó cheia de graça” (Lc 1, 29) – disse-lhe o Anjo da Anunciação.
A graça é dádiva à humanidade unicamente devida à misericórdia e ao amor de Deus; é um favor imerecido pela humanidade. É dom gratuito e sobrenatural dado por Deus para a humanidade poder aceder a todos os bens necessários à sua existência e à sua salvação.
Em muitos santuários dedicados à Santíssima Virgem, Ela é invocada como «fonte». Basta lembrar, em terras do Oriente, o célebre santuário da Mãe de Deus da Fonte Vivificante, na cidade de Constantinopla. Faz lembrar também o santuário de Lourdes, junto da cova onde a Santíssima Virgem apareceu em 1854 a Santa Maria Bernarda Soubirous e onde fez brotar uma fonte. Deus, por meio da Maria, abriu-nos
a fonte da divina graça, donde brota a água viva, que é o próprio Jesus Cristo.
Mãe puríssima
Revestida da graça divina, Maria é Mãe Puríssima. «Puro» é o que é inteiramente simples, íntegro, sem nada de estranho à mistura. Maria é plena de Deus.
A Virgem Maria foi Mãe do Autor da Graça (Jesus Cristo) e criada por Deus como plena de graça. A Mãe do Filho de Deus é absolutamente pura e santa. No dizer de S. Tomás de Aquino, «quanto mais alguém está perto da fonte das graça, mais recebe dela; e Maria foi quem mais perto esteve do Princípio da Graça, que é Cristo». «Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão; por isso, não é de admirar que os Santos Padres a chamem com frequência Mãe de Deus ‘toda santa’, ‘imune de toda a mancha de pecado’, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e fez d’Ela uma nova criatura» (LG, 56).
A Invocação «Mãe Puríssima» ensina-nos que a Virgem de Nazaré fez doação total do eu corpo, do seu coração e da sua vida a Deus.
Mãe castíssima
O título de «Mãe Puríssima» é reforçado pelo de «Mãe Castíssima». Não só porque Maria viveu em castidade perfeita, mas por ser cheia de amor, sem mancha nem sinal de impureza, que desfeasse n’Ela o
esplendor da graça divina e a beleza do seu ser, espírito, alma e corpo.
O cristão ‘revestiu-se de Cristo’ (Gl 3, 27), modelo de toda a castidade» (CIC, 2348). No combate quotidiano para conservar a castidade, os cristãos têm necessidade da proteção da Mãe castíssima.
Mãe imaculada
A castidade é o adorno maior da pureza da Virgem Maria e que a torna Mãe imaculada, sem mácula alguma. Maria foi Virgem pura, santa, santificada no momento da sua conceição. Para A tornar digna morada de seu Filho, Deus formou inteiramente casto, puro, sem qualquer mancha de pecado, o corpo virginal d’Aquela que Ele escolheu para Mãe de seu Filho feito homem.
Desde o primeiro momento da sua existência, Maria é a imaculada, a toda pura, Aquela que foi saudada pelo Anjo da Anunciação como a cheia de graça ( Lc 1, 28).
Invocando a Mãe de Jesus, os cristãos esforçam-se por conservar a graça batismal que receberam no dia do batismo para serem santos, como lemos na carta de S. Paulo aos Efésios: «Foi assim que Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença» (Ef 1, 4).
A solenidade da Imaculada Conceição da Virgem santa Maria celebra a digna morada que Deus preparou para o seu Filho, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo. Desde a sua Conceição, a Virgem Maria foi preservada da culpa original, por singular privilégio de Deus, como foi definido solenemente pelo papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854.
Mãe intacta
Iluminado pelo Espírito Santo e pela Sagrada Escritura, o povo cristão, ao longo dos séculos, tem proclamado que Maria é sempre virgem: virgem no corpo, virgem na mente e virgem no coração.
Santo Agostinho declara que Maria ficou sempre virgem no momento da conceição do Filho, virgem durante a gravidez, virgem no momento do parto, Virgem Mãe, Virgem perpétua. Ela é a Mãe intacta, a Mãe sempre virgem, a mulher que pôde oferecer a Deus todo o seu ser para que se tornasse templo santo no sentido mais real e verdadeiro.
Mãe amável
A ladainha lauretana prossegue chamando a Maria Mãe Amável ou Mãe digna de Amor. Os pregadores mais famosos da Igreja, aclamam a “amabilidade” de Nossa Senhora, a sua bondade, a sua generosidade, o seu serviço desinteressado.
São Bernardo de Claraval, considerado o «doutor mariano», o devoto de Nossa Senhora por excelência, exclama: “Ave, cheia de graça. Sim, cheia de graça, porque agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, por causa de sua fecundidade; aos anjos, por sua virgindade; a Deus, por sua humildade». «O Senhor olhou para sua humilde serva» (Lc 1, 48), cantamos no Magnificat. É esse olhar de Deus que A torna amável aos seus olhos e aos nossos. A humildade e a simplicidade torna as pessoas amáveis.
Mãe admirável
Quando a Igreja invoca Nossa Senhora como Mãe Admirável expressa o “espanto” diante de tudo o que Deus fez em Maria. Ela própria é a primeira a expressar o seu espanto por causa das coisas que o Pai nela realizou: “O todo poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome» (Lc 1, 49).
A liturgia aplica a Nossa Senhora as palavras do Cântico dos Cânticos (9, 3), quando o Esposo se refere à Amada: “Minha irmã, minha esposa, tu me feriste o coração”. A tradução grega dos Setenta usa palavras um pouco diferentes e diz: “Tu me deixaste estupefato o coração”. Isto é, o meu coração ficou admiradíssimo, atónito, contigo. O espanto, a estupefação é uma forma de intensa admiração. Temos motivos para admirar a Mãe de Jesus, a sua obediência, a sua humildade, a sua fortaleza, a sua
