O perfil do próximo governador

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Diário da Manhã

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GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2013

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Editora interina: Fernanda Ferreira

O PERFIL DO PRÓXIMO GOVERNADOR O

Batista Custódio Editor-geral do Diário da Manhã

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stamos no tempo de mudanças épicas. A maior delas é a da limpeza moral da Humanidade. Nenhum mal ficará de pé na Terra. O tecido social será despido da inversão de valores nas elites e nas plebes. As vantagens individuais irão caindo para o interesse coletivo nos famosos e nos anônimos. Os cofres cheios nos ricos não mais advirão dos pratos vazios nos pobres. O justo sobreporá os bons aos maus. Sujaram demais a vida. Há dores chorando na alma do mundo. Deus começou passar a limpo a civilização contemporânea. A corrupção come o Planeta. Ela é a droga indutora do incentivo à dependência nos vícios. A todos eles. Os criminalizados e impunes na servidão às clandestinidades. Os condenáveis e legalizados no consenso das permivissidades. O poder perdeu a moral na partilha das culpas. Até as autoridades que vivem bem no bolso estão vivendo mal na consciência. A penúria miserável é a da pobreza no caráter. O cívico foi ao chão das nulidades triunfantes no cínico. Há mitos reluzentes nos ídolos. Estão líderes nas venerações do ilusório. Não são estadistas no cerne da ética. São empenáveis no idealismo. Amoldam-se ao alarido das conveniências de ajeito das negociatas de assessores nos negócios públicos. Às vezes o escrúpulo quer reagi-los. Vacilam. A conivência não os deixa. E passam o resto da vida no gosto amargo do arrependimento. O verdadeiro líder tem bom coração, a cabeça no sonho, noção do justo e obstinação nos atos. É atento à vozeria das imprudências e não se influência dos insensatos. As assessorias são necessárias e profícuas no limite de suas tarefas exercidas, com humildade e obediência, no conjunto do trabalho definido no objetivo do almejado. Essa é a lei na ordem dos valores e seletiva dos méritos diferenciados na mais-valia de cada auxiliar. Hierarquia é imprescindível. Organização é fundamental. Clareza de propósitos e firmeza nas decisões são vitais. Nada funciona direito nos empreendimentos humanos, sem a precisão de uma máquina ajustada nas peças. A identidade no ideal é o fator determinante da unidade entre pessoas de condições sociais diferentes dedicaremse identificadas na mesma luta por uma causa relevante. Caráter é a primazia das prioridades na ética. Onde há caráter, tudo se concerta nos erros. Na pessoa que não tem caráter, nada dá certo no correto. Até as religiões se desonestam na doutrina divina do Cristianismo. Até a ciência política se emburrece nas ideias dos políticos medíocres. A honestidade, mais que uma dádiva da moral, é uma bênção da inteligência.

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retidão de princípios é tão essencial quanto à graduação profissional nos membros de uma equipe. O dirigente precisa ter superioridade de conhecimento e ser inflexível na honradez, para ser respeitado em sua autoridade. É condição intrínseca ao comando. A turveza intelectual e a fragilidade moral estimulam a condescendência com as insubordinações e fomenta a formação de subgrupos nocivos à disciplina dos comandos. O líder vacilante fraqueja na autonomia, perde o controle da situação, tornase refém dos desmandos e faz-se cúmplice dos insubordinados inescrupulosos. Aí é sofrer na espada que o que mais dói nela não é o corte na lâmina, mas a mão que fere no cabo dela. O estadista é um consertador de civilizações, portador das ideias construtivas, reformulador do destino nas nações, restaurador da paz nas guerras, antevedor das mudanças históricas, condutor da evolução no mundo. O estadista é o missionário da perfeição, para o aprimoramento continuo da vida. Nas pessoas e nos animais. Nas pedras e nos vegetais. Nos ventos e nas respirações. Nas sombras e nas luzes. Por que tudo é vida interligada no Universo e tem espirito no corpo físico.

O tempo de agora está se refazendo do ciclo das bonanças estáveis no clima das impunidades. O inexorável realinhamento das condutas humanas consuma-se, como as mudanças atmosféricas nas quatro estações do ano. No início dos períodos chuvosos, primeiro troveja e relampeja, depois chuvisca antes de chover grosso, em seguida vem o temporal com raios e termina em lama escorrendo nas enxurradas. Acontece igual nos céus do poder. Começou com estrondos de escândalos. Relampejaram denúncias nos ares do governos. Nuvens negras choveram condenações pesadas. Rajadas de coriscos fulminaram os alicerces da podridão moral nos povos. As tempestades da moralização rugem e formam-se em sua turbulência tufões varredores dos que desonram a vida para os esgotos da corrupção.

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ambientação da decência mudou na natureza humana. Ser honesto e ser bom é ser um ser enviesado do válido no atual. O justo da solidariedade individual manchou-se do injusto na coletivização da cumplicidade. Os impuros arrastaram os puros para a aparência que os iguala nas configurações do indigno. Há horas doídas trazendo dores caladas e remorsos escorrendo gemidos vindo de sofrimentos terríveis. O céus espelham, debruço, e teto amplo de uma prisão repartida em muitas celas, com correrias de consciências fugindo das culpas e, em todas elas, cada qual levando dentro de si o juiz da sentença de sua condenação. Vivemos um apagão moral. A corrupção derreteu nas riquezas o caráter de políticos. Chefes religiosos, a serviço das almas na Terra, trabalharam no dinheiro dos dízimos a ascensão para os céus da política nos mandatos populares. Dirigentes empresariais aplicaram nas licitações das obras públicas a técnica da renda participativa com autoridades nos lucros dos superfaturamentos. A esperteza faz-se soberana nas valias do vencedor. A ética desusou-se na validez das conquistas do sucesso. O postulado das lutas reserva para os idealistas o destino dos mártires. As pinturas dos quadros de Cristo Crucificado no Calvário sugerem comparação com o cenário das ideologias políticas em todas as formas de poder na civilização contemporânea: as pessoas honestas estão sendo crucificadas entre ladrões à direita e ladrões à esquerda. Toda pessoa tem a sua cruz para carregar no próprio destino e precisa da ajuda de companheiros para suportar o peso dela. Por isso é providencial ao líder estar sempre em alerta com às más companhias, para não se desviar da missão nas travessias das grandes amarguras. Jesus era santo, selecionou uma assessoria de 12 apóstolos, e foi traído por Judas, primo de Jesus, num momento de desespero, e negado por Pedro, o príncipe dos apóstolos, num instante de medo. Agora tentem dimensionar a longitude entre as equipes, pelo mérito do plano de lideranças pecadoras e pela virtude das dimensões do líder divino. É a mesma entre os faróis traseiros de um carro e a luz de uma estrela. E as cintilações na inteligência da maioria dos líderes terrenos são fagulhas de pirilampos ante a luminosidade da sabedoria de Jesus Cristo.

líder idealista é um demolidor de atrasos. Traz no luzeiro do sonho a resplandecência que acende os valiosos e apaga os tolados. A sua clarividência irradia a força de um incêndio que tem no fogo a chama que ilumina os bons e queima os maus. Todo avanço da modernidade encontra resistência na rudeza mental dos néscios. E é mais fácil desempenar com a força das mãos um bloco de aço que alinhar uma mentalidade empedrada no atraso cultural. Os luminares do estrelato humano não se impregnam da ação dos fracos. São infensos aos elogios ou às críticas. Nem se alteram nas quedas ou nas reerguidas. Nunca se modelam no apego às coisas da Terra. Não tiram proveito de seus benéficos. A vocação os predestinou com a premunição aberta para o transcendental, de que o bem que fizerem enquanto estão no corpo, só verão a amplidão deles quando já estiveram no espírito. Assim nascem e assim morrem os estadistas. Moisés libertou os hebreus dos egípcios, e não viu a sua Terra Prometida. Platão mostrou a liberdade para as nações, e não viu a sua República. Lincoln acabou com a Guerra de Secessão e aboliu a escravatura, e não viu sua liberdade nos patriotas negros nos Estados Unidos. Moisés, Platão e Lincoln construíram um mundo novo. E morreram pobres. Mas viverão na posteridade. É a Lei do Maktub. Os líderes que, na Terra, chegam pobres e saem ricos do poder, vão milionários para o cemitério e irão da sepultura empobrecidos no espirito para o Céu.

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Brasil começa, dá voltas e termina em Goiás, e é o Estado mais perto de todos os lugares mais longes do País. O futuro está aqui. Os políticos ainda estão lá no passado. Mostram os defeitos uns dos outros e não se marcam nas virtudes recíprocas. Veem a pobreza de suas cabeças e não enxergam as riquezas no coração do Brasil. A estabilidade do clima em todas as estações do ano. A fertilidade das terras em todas as regiões. A abundância das nascentes das águas abastecendo as duas maiores bacias fluviais da América do Sul, a dos rios Araguaia e Tocantins para a Amazônia, e a do rio Paranaíba para o Prata. A variedade abusiva de pedras preciosas e de minérios sobrando na jazidas do subsolo. O desperdício de poemas na planura das planícies e dos planaltos à toas no progresso. A solidão dos sonhos no rosário das águas nas cachoeiras quebrando o silêncio das furnas no curral das montanhas pedindo devoção ao turismo. Mas os líderes políticos não avistam, d’aqui, as potencialidades naturais que as multinacionais já perceberam aqui. Os líderes políticos de Goiás precisam deixar de abanarem as orelhas e abrirem os olhos – se não para ouvirem a canção dos ventos nas colinas e verem a busca de amor na grinalda das manhãs –, mas para escutarem e enxergarem, hoje, os próximos vinte anos: Goiás não estará sendo governado por goianos. Goiás está indo-se embora da província abarracada nos duelos de ódios vazando o continuísmo nos revides das vinganças mútuas em todos os flancos do populismo clientelista. O povo cansou-se da bandidagem das calunias dos que, pisados na lama, enlameiam com a difamação e a injúria os adversários. Impõe-se o critério da civilidade entre eles e o fundamento do respeito deles para o público. O estado raia-se à luz da modernidade. É de toda prudência que os governadoriáveis em oferta nos partidos políticos, façam pesquisas qualitativas para aferir a cotação de suas imagens na aprovação das tendências de votos. Há muita espuma de prestigio flutuante na popularidade volatizada de realidade e massificada pela mídia. Credibilidade não se estampa nas versões do aparente, mas, sim, se insere na veracidade dos fatos palpáveis no concreto. O próximo governador terá de reunir abrangência de conhecimento, de plenitude na seriedade e de altivez na vergonha. Precisa-se de uma pessoa com respeitabilidade na dimensão histórica de sua biografia. Um expoente do talento

empreendedor, e paradigma da honradez. Um vocacionado do dom gestor, e ícone da bondade. Um notável da competência eficiente, e paradigma de reconhecido caráter. Um ilustrado na visão de conjunto da capacitação técnica da equipe, e ícone da misericórdia. Um exemplo comprovado de tino de líder na solução das crises, e paradigma do justo. Um conhecedor dos 246 municípios para fazer um plano de metas baseado na vivência prática das lideranças do interior e não teorizado pelo imaginativo de gabinete, e ícone no senso de responsabilidade. Um estadista que não pareça haver ficado fora de seu governo, e seja paradigma da autoridade que se dá ao respeito e não se nivela a subterfúgios. Um paradigma do sim é sim, do não é não, e ícone da honra como o patrimônio que se vive e se morre por ela. Um líder que simbolize a grandeza no forte: o intrépido na coragem, o divino na bondade, o imutável no caráter, a sabedoria na inteligência, a humildade no poder, o justo nas decisões, a paciência nas tormentas, para não se ilhar no banzeiro das assessorias, infernizantes quais mosquitos nas orelhas do burro que fica parado, batendo a cabeça no ar, não sai do lugar e não se livra dos voos curtos das inteligências como nas asas das moscas. Mesmo os asnos há o indomáveis, pulam as cercas dos currais escapam do assédio da mosquitada. Também os líderes bravos são irrefreáveis no idealismo, saltam das amarras das turbas comuns e planam na imensidão das ideias. O futuro já amanheceu nos horizontes do mundo. E Goiás quer tomar sol no universo das inteligências de um condutor de povo que seja a corporificação do líder que o filósofo Demóstenes procurou com a sua lamparina pelas ruas de Atenas e não viu nos governos da Grécia, e que as pessoas honestas de todas as cidades goianas querem ver no governador do Estado.

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iniciativa de concitar as principais lideranças da sociedade a escreverem artigos assinados, especificando o grau de representatividade dos autores nas entidades, para o OPINIÃOPÚBLICA, nessa edição do Diário da Manhã, – traçando o perfil ideal do próximo governador goiano –, tem o objetivo de contribuir para a modernização da política em Goiás. O propósito não nasceu do pensamento de melindrar quaisquer dos pretendentes ao governo, mas nasceu do pensamento caridoso de evitá-los do constrangimento de virem a ser surpreendidos por uma derrota nas urnas. E, sobretudo, três causas relevantes da razão foram decisivas. Para que os eleitores avaliem as opiniões definindo o perfil ideal para o governador eleito em 2014, e tirem suas próprias conclusões. Para que os pretensos candidatos tenham a oportunidade de aquilatarem o cabedal de suas qualidades enquadrando-os nos quesitos avocados. E se os credencia na versatilidade do saber e na supremacia moral.

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s invocados a subirem na passarela da sucessão estadual em 2014, precisam, antes, dar uma olhada cautelosa no ar das mudanças. São épicas. O ambiente na vida pública está tomado de redemoinhos esmigalhando corrupções e cujos cacos estão quebrando telhas e abrindo goteiras no telhado das casas políticas. Chovem mazelas em umas. Respingam sinecuras em outras. Caem raios das falcatruas às portas de vários, sobem coriscos do ilícito do chão em diversos quintais. Há culpas em fugas, umas tropeçando nas outras em todas. Existem inocentes nos culpados e culpados nos inocentes. E cada qual, dos respingados e dos encharcados, age como se o culpado fosse do outro. A gritaria é geral e ensurdece a verdade.

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de uma coisa?! Nos feudos políticos, está passando da hora de os adultos começarem a ouvir as crianças. Elas são o silêncio dos inocentes. ABEM

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