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Diário da Cuesta

O Cine Teatro Nelli

está

de volta!!!!!!!!

Em comunicado oficial, o Prefeito Fábio Leite trouxe a excelente notícia para Botucatu: O NELLI ESTÁ DE VOLTA! Sim senhor, essa antiga e justa reivindicação da “intelligentzia botucatuense”

está se tornando uma feliz realidade. A Prefeitura Municipal de Botucatu está realizando uma profunda restauração do prédio do Cine Teatro Nelli. O Prefeito Fábio Leite, com entusiasmo mostrou que será ampla a sua destinação para a cultura e educação dos botucatuenses:

“Ainda consigo sentir o cheiro da pipoca.” Foi a primeira coisa que pensei quando entrei novamente no Cine Neli.

Hoje voltei a esse espaço que marcou a minha juventude e a de tantos botucatuenses. O antigo Cine Neli - no coração da cidade - está renascendo. Um equipamento de cultura que, por muitos anos, foi palco de filmes, espetáculos e memórias inesquecíveis.

Agora, por meio de uma parceria público-privada, estamos recuperando esse patrimônio histórico e cultural com um investimento de R$ 7 milhões. O telhado já está na fase final de restauração e, em breve, seguiremos para as próximas etapas da obra.

Ver esse lugar ganhando vida de novo é mais do que recuperar um prédio. E devolver à população um espaço de arte, cultura, encontros e história. Cultura é identidade, é pertencimento,”

TEATRO AMADOR EM BOTUCATU: 2 MOMENTOS TEATRO ESPÉRIA e CINE TEATRO NELLI (TAENCA)

O TEATRO ESPÉRIA foi um trabalho de reconstrução do antigo Teatro Santa Cruz, totalmente remodelado e com uma fachada inspirada no Teatro Scala de Milão, sob os auspícios da Misericórdia Botucatuense, tendo à frente o seu Diretor, Dr Costa Leite, que era também um entusiasta do Teatro e das artes em geral.

O TEATRO NELLI, surgiu da efervescência cultural da nossa tradicional ESCOLA NORMAL, que tendo à frente da iniciativa o bancário ARMANDO JOEL NELLI, constituiu o TAENCA, em terreno doado pela Prefeitura (parte da Praça XV de Novembro), posteriormente abriu o cinema da Empresa Teatral Peduti.

CÂMARA APROVA URGÊNCIA PARA ANISTIA

O TEATRO ESPÉRIA foi um trabalho de reconstrução do antigo Teatro Santa Cruz, totalmente remodelado e com uma fachada inspirada no Teatro Scala de Milão, sob os auspícios da Misericórdia Botucatuense, tendo à frente o seu Diretor, Dr Costa Leite, que era também um entusiasta do Teatro e das artes em geral.

O TEATRO NELLI, surgiu da efervescência cultural da nossa tradicional ESCOLA NORMAL, que tendo à frente da iniciativa o bancário ARMANDO JOEL NELLI, constituiu o TAENCA, em terreno doado pela Prefeitura (parte da Praça XV de Novembro), posteriormente abriu o cinema da Empresa Teatral Peduti.

O CAMINHO DO TEATRO: ÚNICO E MÁGICO

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O TEATRO NELLI...de volta?!?

Será uma vitória da cultura de Botucatu.

Será uma vitória de Botucatu!

No idealismo de Armando Joel Nelli e seus companheiros, fruto do Grupo Teatral ligado à Escola Normal de Botucatu – o TAENCA – a cidade de Botucatu viu realizado o seu sonho de ter o seu TEATRO!

A Pedra Fundamental em 1962. A inauguração em 1964.

Sediou o Festival do Teatro Amador do Estado (1964). Depois, o cinema com sessões diárias e apresentações teatrais esporádicas... Hoje...fechado...

a r t i g o

José Maria Benedito Leonel

Lá na minha terra, tinha um menininho que brincava com pedregulhos miúdos e coloridos e era feliz. Era eu.

Um dia a mãezinha dele, moça morena e bonita, costurou sobras de panos, de muitas cores e fez uma colcha de retalhos pra ele e ele ficou feliz. Era eu.

Sim, queremos o TEATRO NELLI de volta! Já devidamente reincorporado ao patrimônio público municipal PRECISA voltar às suas origens e voltar a ser um importante instrumento para a promoção da arte teatral e da cultura em geral. Projeto arquitetônico de Ronaldo Passos é considerado da mais perfeita acústica É uma preciosidade! Vamos contar com a compreensão e a vontade política de nossas autoridades municipais... Teremos, SIM, o TEATRO NELLI DE VOLTA !!!

O DESTAQUE

Um dia o pai dele chegou na mula Pitanga, laço na garupa e faca de palmo na cinta, apeou e chamou por ele e deu-lhe um potro pampa que havia nascido naquela noite no piquete e o menino ficou feliz. Era eu. Esse menininho tinha um riozinho manso e de água limpinha, um cachorrinho branco manchadinho de preto e um pé de amoras rosadas, roxas e maduras. Era eu. Mas teve um dia que o menininho deixou o canto de invernada onde nasceu. Naquele dia ele aprendeu a ser triste. Sou eu.. Assim é a vida da gente, cada um sabe de si. Simples assim.

Em 1966, surgia o GATA – Grupo Acadêmico de Teatro Amador da Faculdade de Medicina, Hernâni Donato destaca:”conforme espírito que começava a emocionar a juventude estudiosa em todo o mundo,

a r t i g o

Na crônica antiga e rica da cidade centenária cabe muito bem um capítulo à parte, dedi- cado ao teatro. Suas origens, perdem-se nas brumas de um passado onde o trabalho je- suítico firmou as raízes cristãs pontilhando suas colonizadoras pegadas com a capeli- nha tradicional, o pátio gentio do adro – si- nal evidente das primeiras representações. Tal como Anchieta e Nóbrega. De lá distante, às manifestações de Alcides Nogueira Pinto, o caríssimo Tide, e Leilah Assunção, inconformada, em uma de suas manifestações à imprensa, sobre a transito- riedade da obra teatral moderna que hoje domina o cartaz e amanhã é relegada ao esquecimento, vai uma longa enfiada de episódios que só enriquece- ram nossa cidade com a beleza de grandes e inolvi- dáveis espetáculos. Já vão longe os tempos em que o salão de festas anexo ao Santuário de Lourdes era o melhor palco para belas e edificantes peças de autores nacionais, representadas por grupos de rapazes e moças orien- tados pela dedicação franciscana daqueles maravi- lhosos capuchinhos que marcaram na memória bo- tucatuense a passagem por esta cidade. Depois, veio o período das festas escolares. En- tão, brilhou na época, o espírito empreendedor de D. Ema de Azevedo, a grande mestra há pouco falecida em São Paulo, no avançado dos seus oitenta anos, como grande médica pediatra, a primeira mulher que transpôs a barreira do preconceito contra mu- lheres médicas. Ela realizou no Casino, em vesperal inolvidável, o teatro opereta : “Rainha das Borbole- tas” com música de Luis Cardoso. As crianças foram

o GATA especializou- -se em peças contes- tadoras da situação política nacional, então sob severo controle de governo militar. Oencenador Clóvis Bueno dirigiu “Eles não usam black tie”, de Guarnieri, su- cesso do momento no país”. No IV Festival de Teatro Amador do Estado, realizado em São Carlos, obteve premiação de melhor peça, além de outras premiações. Foi um sucesso! No elenco: Mar- cão, Marlene Caminhoto, Roberto Sogayar, Maria Enei- da Marcondes Aiello e Thaca.

PERSONALIDADES DO TEATRO

BOTUCATUENSE

os artistas notáveis. Depois tivemos o período áureo de Genaro Lobo Quem há de se esquecer das magníficas peças : “Bodas de Prata” de sua autoria, “Canário da Terra” e tantas outras? O grupo teatral por ele mantido e formado, compunha-se dos melhores elementos de nossa sociedade : Aurora Perez, Gilberto Pereira Machado, Sebastião de Almeida Pinto, Selma Zeugner, Diva Levy e tantos outros saudosos amadores. Te- mos em mãos uma fotografia histórica que nos foi identificada pelo saudoso Tião. Trata-se de uma cena, num ensaio geral, no palco do Casino O grupo amador pertencia à “Cru- zada Brasileira” fundada pelo Dr. Sylvio Galvão e mantida por um grupo de abne- gados, entre eles, Luis Baptistão. Ali estão em cena : Diva Levy, José do Amaral Wagner, Sebas- tião de Almeida Pinto ( o carteiro da peça ); Henri- que Garboggini ( o galã) ; Altino de Campos Toledo, Gilberto Pereira Machado e Nelson Toledo Ferraz “o ponto” do Ninguémconjunto. que assistiu à fase brilhante do Teatro de Genaro Lobo há de se esquecer, comovido, do alto nível a que chegaram, em Botucatu, as manifes- tações teatrais. Na fase histórica do Seminário São José, no go- verno do saudoso Dom Luís padre Tallarico, hoje uma expressão legitima da música sacra em São Paulo, ensaiou e levou à cena, com os seminaris- tas, a grande opera-cômica num ato e quatro cenas : “Um’ora de vacanzza” cujo autor ora se nos foge. Música de erudição, a grande orquestra, quando en- tão se reuniram os vinte e tantos músicos autênticos que possuíamos. Depois, veio Armando Joel Nelli a quem esta crônica é dedicada num tributo póstumo. Nelli e D. Alice, um casal distintíssimo, revolucionou e reativou

TEATRO NELLI - Já incorporado ao patri- mônio municipal, o Teatro Nelli poderá ser uma importante ferramenta na Cultura de Botucatu. Nas fotos, o seu histórico. Na foto de sua construção, ao centro, Armando Joel Nelli, seu idealizador e fundador.

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

O Caminho do Teatro: Único e Mágico

Outro dia. sentei-me no banco da Praça Paratodos, para contemplar a vida. como se fazia há muito tempo atrás , quando a televisão ainda não roubara as pessoas de suas cadeiras instaladas nas calçadas de suas cidades, para entender o movimento vivo do mundo.

Como não podia deixar de ser, o pensamento foi puxando pela memória e esta, como um fio, veio trazendo as lembranças. Fixei o olhar antigo em nosso Teatro Municipal recém-inaugurado e recordei os primeiros chamados que me conduziram a um caminho único e mágico, de onde jamais se pode voltar. O caminho do teatro.

E me vi menino, ansioso, cruzando o limiar das portas iluminadas dos circos que se instalavam na Rua Rangel Pestana, onde hoje funciona o Mercado Municipal. As tabuletas anunciavam grandes dramas e ingênuas comédias : “O céu uniu dois corações”, “O Conde de Monte Cristo”, ‘’Os Irmãos Corsos”, “Maria Caxuxa”, “Cala a boca, Etelvina”. etc...

Após a primeira parte das apresentações que eram as variedades, o mestre-de-cerimônias anunciava o espetáculo da noite, e nós, espectadores, ávidos do encantamento que se prenunciava, nos atropelávamos com nossas cadeiras par, rapidamente, nos instalarmos dentro do picadeiro, buscando o melhor lugar junto ao palco, para assistirmos às encenações. Após as três célebres marteladas sobre a madeira do palco, ficávamos no mais puro silêncio para poder fluir toda a beleza ingênua, popular e brasileira que se apresentava ali. Como sempre, um telão pintado ao fundo, e, completando o cenário, alguns objetos assinalados pelas múltiplas viagens e abençoados pelo pó de todas os caminhos.

Luzes na ribalta e a casinha do ponto, onde uma pessoa soprava aos atores suas falas, para que não perdessem o fio de seus enredos. Tudo tão ingênuo e tão mágico! Corações de papelão enfeitados de flores de papel cre-

pom desciam do alto para enlaçar os casais enamorados, pais cruéis, donzelas traídas, lágrimas, heróis, vilões redimidos, sofrimentos superados pela nobreza da alma iam formando o caráter das pessoas e um estilo que marcou época.

Hoje, muitos diretores teatrais fazem uma releitura desse gênero, como por exemplo, Gabriel Vilela e seu grupo “Galpão”. O meu aprendizado foi o de entender a alma viajante desses artistas, sua ternura e generosidade, na entrega ao seu oficio. Mambembes e pobres, buscavam transcender-se pelo brilho da alma. Foi sua poesia e sua garra, seu sonho e sua liberdade que os faziam caminhar sempre. Lição maior de minha vida.

néis de anúncio do repertório que apresentavam. Lá estavam expostas as fotos dos atores “botucatuenses mesmo”, em pose, à moda dos grandes astros da época. Já sonhava estar no palco. Via-me ocupando um espaço daquele painel, me apresentado como um personagem ‘’importante’’ de alguma montagem. Mas, na verdade, era muito mais do que isso. Era entrar para além da porta limiar do circo.

Muitas companhias teatrais, com essa essência passaram por nossa cidade, nas décadas de quarenta e cinqüenta. Lembro-me do Teatro de Alumínio, instalado na Praça do Bosque, onde funcionou o Teatro Espéria, antes do seu incêndio. O Teatro de Alumínio era dirigido e coordenado por Nino Mello, conhecido ator e diretor da época. Suas peças tinham, também, a mesma ótica das representadas nos circos. Quando terminavam os espetáculos, os atores circulavam pela platéia vendendo suas fotos aos espectadores, que as compravam como lembrança e gratidão pelo momento de arte que lhes fora oferecido. Linda cumplicidade! Mais tarde, quando mais moço, cursando o ginásio, comecei a frequentar a casa do Sr.Nelli e de sua esposa, dona Alice, que haviam formado um grupo de teatro amador. Eles traziam o sonho de construir um teatro. E realmente o conseguiram, mais tarde.

O grupo TAENCA, como era chamado, foi formado inicialmente por alunos da Escola Normal. Lembro-me de como ficava fascinado, quando passava pela Rua Amando de Barros e via os pai-

Deixar de ser espectador e fazer parte de um elenco, o que dá a permissão de colocar o pé neste caminho. Conheci e convivi com o Sr.Nelli, esse batalhador das artes de Botucatu, e com ele aprendi que é importante acreditar nas propostas que se pretende realizar. Sua vontade e determinação me impressionaram muito. Seus ensaios eram feitos de forma acadêmica, sem as oficinas, laboratórios e aquecimento que se fazem nas montagens atuais. Decorava-se os papéis e íamos direto para as marcações. Mas havia bastante rigor e disciplina, seriedade no trabalho, elementos importantes para o fazer artístico.

Mais tarde, no começo da década de sessenta, mudou-se para Botucatu o Dr. Otávio Moralles Moreno, com uma certa experiência no profissionalismo teatral de São Paulo. Formou um outro grupo, do qual fiz parte, e nos ensinou novas formas de representar, indicando-nos novas linguagens, novas soluções. A Secretaria de Cultura Estadual começou, nessa época, a promover concursos de teatro amador, e no primeiro certame. Luzia Carmello Ferraz, que depois tornou-se atriz profissional, ganhou o prêmio de melhor atriz em 1963.

Pela cidade, começaram a surgir outros grupos, fomentando ainda mais a atividade cultural de teatro em Botucatu. Surgiu um grupo da Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras, dirigido pelo professor Cury, do qual participavam a professora Maria Lúcia Dal Farra e sua irmã Maria Silvia, o Dr. Marcos Garita, as irmãs Caminhoto, Marlene e Cida. Formou-se ainda nesta década o grupo do hoje famoso dramaturgo Alcides Nogueira, do qual fez parte também a profa.Marly Bonomi, hoje diretora teatral e mestra em Teatro pela USP.

Em 1964, ano da revolução, decidi-me. Fui para São Paulo.

Queria ser ator. Queria entender esta arte e sobretudo fazê-la. Por lá fiquei 27 anos. Fiz escola, atuei. Tomei-me profissional. Senti todas as alegrias e dificuldades que o palco traz. Em 1975, casei-me e tive filhos. Afastei-me do teatro profissional e passei a dedicar-me ao teatro-educação. Tornei-me professor. Descobri então outras maravilhas. Através de meus alunos, retomei meu lugar de espectador. Mas, com outro olhar. Com eles, foi-me dado observar e perceber como o teatro nasce dentro do homem, e como num determinado momento se toma tão necessário a ponto de ser eleito como profissão de fé em uma vida. Entender a sua gênese ampliou-me mais ainda a visão de seu misterioso universo. Foi-me dado, nesse exercício, o presenciar de momentos milagrosos: como um ator fazendo seu primeiro vôo, abrindo sua primeira porta, descobrindo sua maneira de derramar-se em gestos dadivosos para revelar as verdades humanas no ritual pungente que sempre é uma encenação. Foi-me dado a possibilidade de encontrar os meios e as chaves que auxiliam esses seres-atores a se encontrarem. Foi-me dado ver esse começo para entender o fim, que é a busca tão intensa e intrigante desta arte, que é a de representar. Até que um dia voltei. Feliz, constatei que em minha terra havia uma efervescência das artes cênicas. Isto em 1991. Soube que os universitários que aqui chegavam, participavam bastante dessas iniciativas, que muitos outros grupos também vinham se exercitando, nestes vinte e sete anos que estive fora e que, ainda neste período, por aqui passaram companhias famosas, vivificando ainda mais a vida cultural da cidade.

Soube ainda que muitos lutaram por espaços, não só os físicos, mas o de serem aceitos e vistos na dignidade de seu trabalho.

Nestes últimos quatro anos, não sei se por força das marés ou sei lá o quê, os grupos foram se dissipando. Foi um momento triste, mas que acontece sempre, nos movimentos da vida.

E agora, sentado aqui, em frente ao Teatro Municipal, revejo o dia da sua inauguração e ele, festivo, recebendo um mar de gente, gente da Praça Paratodos e todas as praças, artistas desta praça e de todas as praças, num espaço que deve pulsar para todos. E, sejam quais forem as marés, que sejam sempre as do sentimento da comunhão, que acompanha a Arte. Sempre. (Acervo Peabiru)

Viagens # Fé

Na Catedral de Nápoles, o sangue de San Gennaro

Chamada popularmente de Duomo di Santa Maria Assunta, o templo é o principal edifício de culto em Nápoles, a maior cidade do sul da Itália. Sua importância, no plano histórico, ganha realce porque, provavelmente, na antiguidade, em seu lugar estava um templo dedicado a Apolo, uma das divindades mais representativas da mitologia greco-romana.

Idealizada pelo rei Carlo I d’Angiò que morreu em 1285, antes que o seu desejo fosse realizado, a construção da catedral teve início em 1299, no reinado de seu filho Carlo II (1226-1309) e foi concluída em 1314, pelo rei Roberto d’Angiò. Incorporando estruturas do cristianismo primitivo que ali já se encontravam – como a igreja paleocristã de Santa Restituta, o grande templo passou a contar com o Batistério de São João na Fonte, o mais antigo do Ocidente, obra do período do imperador Constantino, no século IV.

Reconstruída por conta de terremotos e redecorada ao longo dos séculos, a Duomo apresenta uma série de diferentes estilos arquitetônicos: do gótico original ao barroco. Localizada entre os edifícios das laterais, como se tivesse sido encaixada, a Sé napolitana conta com uma sóbria fachada de estilo neogótico com três portas.

O pontos mais visitado é a Capela do Tesouro, em estilo barroco, onde fica o busto de prata de São Januário (San Gennaro) e onde são encontradas cápsulas contendo o seu sangue. Todo 19 de setembro, aniversário da morte do bispo santo, o sangue é liquefeito, um milagre que atrai milhares de fiéis anualmente. Após a liquefação do sangue, a procissão ocorre pelas ruas de Nápoles, onde as cápsulas contendo o sangue sagrado são levadas em um belo relicário de prata.

Na mesma capela são conservadas outras 51 estátuas de prata. O tesouro é composto de várias doa-

ções de devotos ricos, entre os quais se destaca a mitra de prata com pedras preciosas doadas pelo ourives Matteo Treglia; devido à sua grandiosidade, seus elementos são protegidos não só na capela, mas também no Museu Tesouro de San Gennaro e em uma câmera de segurança do Banco de Nápoles.

Ao longo da Segunda Guerra Mundial, os bombardeios aliados danificaram as estruturas do edifício e, portanto, entre 1969 e 1972, restaurações estruturais foram realizadas. Durante as obras, vestígios arqueológicos romanos, gregos e medievais foram descobertos.

• Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 55 livros sobre a história regional.

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