NO URBANO

MEIO
Clara Pinheiro
INFRAMINCERodrigues
O INFRAMINCE DE DUCHAMP
Se trata da linha entre o estar e o não estar: se trata daquilo que está à beira da existência, de tamanha sutileza que passa despercebido e só é encontrado por aqueles que realmente o procuram. É um fenômeno sutil, efêmero, que não pode ser definido, mas sim percebido e imaginado.
Marcel Duchamp nunca deixou uma definição de seu conceito, apenas uma série de anotações com exemplos do que este considerava como inframince.
Inframince Notes Wall Map, de Rebecca Loewen


TÍTULO
os reflexos da cidade em vidro fazem aparecer três diferentes planos


DISTORÇÃO fios, muros e luzes elementos urbanos se distorcem ao serem refletidos

TÍTULO
uma forma, composta de várias outras e de luz aparece sobre o chão imundo

TÍTULO
a faixa de luz sobre a madeira faz sobrequestionaraorigem do reflexo


DESMANCHE
a tinta antiga na parede se descasca, se desfaz e cai e revela o que já não é.
MARCAS
no espelho se encontram manchas, marcas e digitais que se misturam com reflexos das luzes e sombras

através do tecido gasto em desfoque a luz toma forma e revela círculos de bokeh
BOKEH


PONTOS o sol sobre a formasespalhaparedeecriaesombrasepontosdeluz
SOMBREADO
a luz que atravessa as folhas ao se encontrar com o muro irregular se torna figuras e deformidades criando um tapete de luz e sombra

ILUMINADO
quando a luz do sol atravessa, o emaranhado de ramos e folhas forma uma cortina de luz e parece cair


GALHOS
o emaranhado de galhos confunde a visão e não permite que se distinguam os planos
MANCHAS
formas incertas se formam sobre a tinta e o metal sem origem alguma aparente e sem ter fim


as fibras das cordas se entrelaçam e se toram nós curiosos que não podem ser desfeitos
NÓS

vidro e rolhas e reflexos da luz se destacam no escuro como pequenos faróis
FARÓIS


FIOS os fios da teia destruída se entrelaçam e sustentam uma folha seca e um galho partido


o
FERRUGEM sol que atravessa o metal e a ferrugem forma em outro plano uma nova figura

SPOT
em meio à penumbra e às folhas escuras chama atenção um único local iluminado

TÚNEL
sombras, luzes e postes se afunilam e à frente formam uma clareira urbana

CAMINHO
a luz refletida no metal recém pintado forma um caminho através das irregularidades


em meio a letras e umagradesluz se propaga e com esta se forma a penumbra ao redor
PENUMBRA

CORREDOR os caminhos que desmascaram o escuro levam a uma nova direção, mais distante

RESTOS
restos são deixados e se abaixoacumulamdoportão enferrujado que se decompõe

SOMBRA ângulos e luz formam uma cena em que uma placa aponta para si própria

DIFUSOR
a lâmpada em destaque no escuro se mostra difusa pela forma do toldo


ESCORRIDO o concreto revela marcas do tempo do que já se escorreu repetidas e repetidas vezes

fibras, ramos e galhos ao se misturar ao lixo na calçada suja parecem ter vida
FIBRAS


ESPUMA no canteiro da calçada suja sobre terra e raízes lixo e um elemento incomum o enchimento artificial se destaca


Recorte do Bairro Santa Branca, Belo horizonte, MG Todas as fotos foram tiradas na região em destaque.

Clara Pinheiro Rodrigues
Trabalho final do 1 º período da disciplina Estúdio 01 - Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Instituto Federal de Minas Gerais.
Orientadores: Simone Cortesão e Breno LuizSanta Luzia, 2022.
“O Inframince no meio urbano”
