O futuro das ITED não será de "cobre"!

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DOSSIER

revista técnico-profissional

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o electricista Modesto de Morais IEP - Instituto Electrotécnico Português

o futuro das ITED não será de “cobre”! As fibras ópticas irão substituir rápido e progressivamente o cobre nas telecomunicações. Esta afirmação apoia-se em três factos emanados da evolução tecnológica e do próprio mercado. Em primeiro lugar, todos reconhecemos que as diversas formas de fibras ópticas existentes no mercado são absolutamente superiores ao cobre no transporte de informação (mais capacidade, maior robustez, maior imunidade, etc.). Em segundo lugar, o preço das fibras ópticas, bem como de toda a tecnologia optoeletrónica que lhe está subjacente, diminuem todos os dias. E por último, embora exista um esforço assinalável por parte de quem desenvolve tecnologia de transmissão, cada vez melhor e mais barata, para funcionar sobre o cobre, os preços do dito metal nos mercados internacionais está a torna-lo demasiado valioso para ser aplicado em cabos de telecomunicações. Até mesmo o último bastião dos pares de cobre (os 100m entre o ATI e os equipamentos terminais) será, pelas razões apontadas neste artigo, ocupado pelas fibras ópticas. NOTA HISTÓRICA A utilização de sinais visuais para comunicar a distâncias consideráveis (entre cidades ou países) remonta a tempos imemoráveis, donde se destacam os sinais de fumo ou as fogueiras sequenciais no cimo das montanhas. Estas eram formas expeditas para transmitir pequenas mensagens de elevada criticidade, tais como o nascimento ou morte de um soberano ou prenúncio de guerra. Mais tarde utilizaram-se sistemas de comunicação visual/ óptica mais complexos com combinações de bandeiras e semáforos com algoritmos de comunicação mais sofisticados, tais como o famoso código Morse. Com o desenvolvimento das comunicações por rádio (radiação electromagnética), na primeira metade do século XX, tornou-se

possível transmitir mensagens mais complexas, em particular a voz e posteriormente imagens (a TV), para grandes distâncias (intercontinentais e interplanetárias). Nessa época existia a convicção de que, para se conseguir transmitir, cada vez mais rapidamente, as mensagens era necessário aumentar a frequência das ondas electromagnéticas (tendo tudo começado com as algumas centenas de kHz’s, chegando hoje em dia às dezenas de GHz, no campo das Microondas), e que um dia se chegaria à necessidade de usar as frequências da luz para se difundirem (à imagem do que estava a acontecer com o rádio) mais rapidamente as mensagens. Na prática, essas expectativas nunca se concretizaram, porque a difusão de ondas de luz comporta constrangimentos físicos que as torna absolutamente não competitivas naquilo que nos é familiar das ondas de rádio, nomeadamente uma aparente omnipresença dos sinais. Por outro lado, a elevada directividade e atenuação da luz a propagar-se no ar faz com que só as comunicações ponto a ponto, para distâncias curtas, sejam efectivamente viáveis, figura [1]. Não obstando os constrangimentos aqui sublinhados, a luz (radiação óptica), porque apresenta frequências incomparavelmente mais elevadas que as ondas de rádio (cerca de 10 milhões de vezes superior), comporta efectivamente um elevado potencial para transportar quantidades muito elevadas de informação por unidade de tempo.


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